Nunca tinha ido ao Rio. Admito. E era preconceituoso, o que é pior! Tinha uma imagem de violência, malandragem e samba (convenhamos que não são coisas que estão na minha lista de favoritos) que podiam acabar com a reputação de qualquer cidade, mesmo que ouvindo comentários maravilhosos de pessoas próximas.
O sotaque, que eu achava que seria extremamente irritante, é natural e divertido. As pessoas são bonitas (mesmo), alegres e sorriem para todos os lados e a cidade é de uma beleza inquestionável. Falo pelo que vi, e vi apenas a Zona Sul. Ficamos quase na beira da praia. O taxista que nos deixou no hotel até comentou: “Se tropeçar aqui, já cai na areia!”.
A maioria das construções é antiga, e os nomes das ruas são verdadeiras aulas de história. Toda sorte dos famosos históricos te perseguem aonde quer que você vá. Não vi nenhuma celebridade moderna, graças a deus (Deus?). Cidade recortada de águas e céus, os morros dão um toque verde e colossal em meio aos prédios mais altos, que parecem pequenos perto das obras naturais.
Táxis abundam as ruas cariocas, assim como idosos e pessoas passeando com cachorros. Muito mais até mesmo que aqui em São Paulo. Caminhar pelo calçadão de Copacabana é uma das experiências mais … (me faltam palavras) belas das que já passei. O calor é desmesurado, um mormaço incômodo em certos momentos. Ausência de chuvas e vento só na praia. Falta brisa na cidade.
Não foi uma viagem turística, porque a meta principal era a prova da UFF, no domingo (29), então, não saímos vendo atrações a torto e a direito no mínimo tempo que tínhamos (mesmo porque isso não é a cara da família! hahaha). Fomos à Confeitaria Colombo, no Forte de Copacabana, num calor desgraçado, tomamos um sundae gigante que derretia litros a cada segundo. Andamos pela Av. Atlântica (a mesma do Banco Imobiliário!) até achar a casa de Ferreira Gullar e deixar por lá um kit de cartaz e panfleto do próximo recital da Cia Subversiva. Não encontramos o homem, propriamente dito, mas tiramos fotos com o porteiro do prédio, que já estava se sentindo “celebritoso”.
No domingo, depois de uma prova exaustiva e uma noite mal dormida (o vento, tão ausente, resolveu atacar durante a madrugada e a janela do lado da minha cama – que na verdade era um sofá desmontado – ficou batendo incessantemente sem me deixar dormir), fomos ao Jardim Botânico. Levei as câmeras, e todos deram uma de fotógrafos. “Todos”, leia-se: Tito, Luiz e Fátima. Caminhamos até dizer chega, e não conseguirmos dar mais um passo, então paletamos mais um pouco até a Lagoa Rodrigo de Freitas e nos entupimos de comida árabe.

O taxista da volta disse que ia chover. Grandes coisas, o da ida também já tinha dito isso e, até então, nada de chuva. Choviscou. Corrigi minha prova. 53 acertos de 60 questões. 88%. Considerável, não? Parecia um ENEM dificultado e saído dos infernos. Prova de quarenta e cinco páginas. O tédio bateu com tudo e, com medo de a chuva cair de novo, eu e dona Fátima fomos à banca de revistas e compramos Palavras Cruzadas, nível Médio. Ficamos respondendo os joguinhos até dormir. Literalmente.
Aprendemos que iscas para peixes se chamam ENÍODOS. E que o pai de Madonna (a Pop) era RÁPIDO. Crises de riso até passar mal, literalmente, de novo. Uma mariposa gigante entrou na sala e ficou lá a noite inteira, sem sair do lugar. Gigante mesmo. Fomos com a cara dela. Cara de coruja. Na certa estava fugindo dos pombos que tentavam habitar meu ar-condicionado.
Pela manhã, decidimos que meu pai levaria o último panetone (compramos TRÊS, pra três dias de viagem). Ele esqueceu o dito cujo e tive que prensá-lo até caber na minha mala compacta. Junto com o ovomaltine. E meia dúzia de revistas, cadernos de prova, roupas, sapatos e papéis. Tava uma mala bem preenchida.
Por fim, chegamos ao aeroporto, guiados por um táxi que, CERTAMENTE, estava treinando para ser piloto de racha. O cara era uma bala, fazia as ultrapassagens mais suicidas e, nas curvas, eu tinha certeza que a gente ia ser lançado pela tangente. Enquanto esperávamos a hora de embarque, cada um pra seu canto de origem, fizemos maaaais palavras cruzadas. Viva a Coquetel.
Voltarei ao Rio em breve. E pretendo estar na cidade muito mais do que jamais imaginei antes. Repetidamente o mundo me prova: preconceito não leva a lugar nenhum (só pra terminar o post com lição de moral!).