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March 2010

Day-to-Day

Los Angeles – Day Ten

March 11, 2010

Here it comes: the end of our journey. Acordamos cedo, umas 6h30, e terminamos de arrumar o que quer que estivesse faltando. O shuttle que nos levaria até o aeroporto internacional de Los Angeles estava reservado para 8h20. Precisamente às 8h20, o carrinho vermelho do Prime Time Shuttle apareceu na nossa rua. Embarcamos com nossas três singelas malas e, pouco mais de uma hora depois, estávamos nas intermináveis filas do LAX.

Fila para fazer check-in, fila para despachar a bagagem, fila para entrar no portão de embarque, fila do raio-x, fila de embarcar no avião. Mais uma vez, ficamos experts em filas. O carinha do raio-x implicou com a lata de filme que eu trouxe na bagagem de mão e mandou inspecionar minha mochila. Só me fez passar mais tempo na fila…

Ah, lembram do nosso primeiro vôo? O de São Paulo direto pra Los Angeles? Então, não lembro se mencionei aqui, mas aquele era o ÚLTIMO vôo daquela rota, que estava sendo cancelada por conta do pequeno número de passageiros. Daí se depreende que, qualquer que seja a rota de retorno, não seria direta. Até aí tudo bem, mas fazer um milhão de conexões foi chato. Atravessamos os EUA da costa Oeste (Califórnia) para a costa Leste (Atlanta, Georgia) num vôo de 4h de duração e mais 3h de mudanças de fuso.

São pertinentes alguns comentários sobre o aeroporto de Atlanta, mais comumente conhecido como Hartsfield-Jackson. É o maior aeroporto do mundo. São seis zonas de embarque/desembarque, cada uma com mais de trinta portões. A gente andou de metrô, DENTRO DO AEROPORTO, para cruzar da zona onde desembarcamos até àquela onde pegaríamos a próxima aeronave.

Depois de chegar no portão de embarque, esperamos por mais ou menos uma hora de meia até decolarmos no vôo para o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Esse sim foi um vôo longo, de aproximadamente 10h de duração. Perto da quarta hora eu já tinha dormido tudo que conseguia e fiquei me dedicando a uma leitura não muito frutífera, fuçar as músicas disponíveis no console, jogar coisinhas no iPod e ir até o fundo da aeronave para pegar copos de água. O Geja não teve o mesmo infortúnio e dormiu quase todo o tempo. Chegamos no Rio às 8h20.

Fizemos check-in com a Polícia Federal, confirmando que retornamos ao país, pegamos nossas malas e começamos o processo de rezar para os agentes alfandegários não implicarem com nossas caras. Uma grande sacola do duty-free disfarçava nossos volumes. Fomos nos aproximando do começo da fila. A agente que determinava os que estavam liberados e os que seriam inspecionados indicou a verificação da bagagem de uma senhora um pouco mais adiante. Na nossa vez, o refrão do iPod repetia “We don’t need no more trouble”. A frase mais emocionante do dia foi dita por essa bendita mulher da alfândega. Era mais ou menos assim: “Vocês estão liberados”.

Passada a euforia do momento, fizemos check-in nos próximos vôos – eu para São Paulo, o Geja para Salvador – sentamos e começamos a traçar paralelos entre o país onde estávamos e o país onde moramos. Resolvemos rir para não chorar. Nos despedimos, já ansiosos pela próxima viagem, sem previsão, rota ou qualquer tipo de planejamento em mente, só o desejo de viajar novamente no futuro.

No momento que aterrissei em São Paulo, completava exatamente vinte e quatro horas de jornada, tempo esse que ganhou um bônus, ultrapassando a marca de um dia por conta do ônibus que tomei de Guarulhos até minha humilde residência. O calor é infernal por aqui. Cheguei e espalhei logo todo o conteúdo das malas pelo chão do quarto. O caos perdurou até agora há pouco, quando organizei tudo, coloquei os livros na estante, os eletrônicos sobre a mesa e a roupa suja numa grande pilha encostada na parede.

Ainda sinto como se o chão sob meus pés estivesse em movimento, por conta de tanto tempo sendo transportado – sentado – de um lado para o outro. Sensação essa que já terá se esvaído pela manhã. Aproveitando, prometo para amanhã uma revisão geral da jornada, sob um olhar mais crítico e muito pouco narrativo, afinal, foi a primeira vez que saí do país.

Ah, e amanhã tem aula. Já estão me chamando de “lenda” na faculdade, por não ter aparecido por lá nesse tempo todo…

Day-to-Day

Los Angeles – Repescagem Fotográfica

March 10, 2010

Revisei as fotos da viagem, selecionando algumas boas – e não postadas antes – para vocês se divertirem enquanto eu também me divirto no extraordinário vôo de doze horas de duração (duvido que as fotos divirtam por todo esse tempo). A maioria delas é do museu de cera, mas temos algumas de estúdio, outras de rua, enfim, tudo que prestava.















Day-to-Day

Los Angeles – Day Nine

March 9, 2010

Well, you see, today foi um dia fora de precedentes. Por um simples fato: NÃO ERRAMOS NENHUM CAMINHO! Oh yeah! A prática traz a perfeição. A Metro – empresa de transportes de Los Angeles – não é mais páreo para nossa navegação!

Acordamos cedo para estar nos estúdios Paramount a tempo de nossa visita, para não perder nada. Com uma hora de antecedência, estávamos lá. Ficamos andando pela rua, para cima e para baixo, até 10h30. Passamos na lojinha de souvenirs, a mais barata entre todas dos estúdios que visitamos e compramos lembrancinhas simbólicas.

Vimos sets imensos, reproduções da cidade de New York, passamos por diversos soundstages construídos e montados como Glee, NCIS, Community, Cheers, Everybody Hates Chris. Se o set de The Mentalist – da Warner – parecia impressionante, aqui passamos por uma escola inteira montada dentro de um galpão, um apartamento construído ao lado de um bar com carros estacionados, ficticiamente situado em New York, mas com placas da Califórnia, e outras coisas absurdas. Ganhamos latas e rolos vazios – pesados pra caramba – de filmes 35mm antigos como souvenirs, estivemos MUITO perto de sets rodando e ouvimos um tanto da história do estúdio para alegrar nossa manhã.

Pra variar, o estacionamento do estúdio também tem funções pitorescas, e aqui é um imenso tanque que pode ser enchido em aproximadamente 24 horas. Ao fundo, um enorme backdrop, como vocês vêem na foto abaixo. Fora isso, nenhuma graande novidade, mas foi o segundo melhor studio tour que fizemos, perdendo só para o da Warner.

Perto de 13h, terminamos o giro que começou às 11h, e tínhamos que correr para a Universal City, do outro lado do mundo, para pegar nossa sessão de Alice, IMAX 3D, às 2h30. Acertamos o ônibus, acertamos a hora, entramos no trem e saímos na estação próxima ao parque carregando mochilas pesadíssimas. O shuttle que faz o transporte da estação até o parque – subindo uma ladeira imensa – estava parado no acostamento, então todos começaram a correr. Já vi essa cena antes, duas ou três pessoas correndo para pegar um ônibus, mas dessa vez eram bem umas dez.

Todos correndo, feito trouxas – como descobrimos depois – para pegar o ônibus quebrado e sem previsão de hora para voltar a funcionar. Já eram 2h15 quando descobrimos essa informação. Subimos uma ladeira cruel, cruel mesmo, debaixo de Sol, usando casacos e com peso nas costas. Às 2h25 entramos na sala do cinema. Foi tenso. Bem tenso, mas deu certo. O filme é muito bom, coisa fina, com o clima que só Tim Burton sabe fazer. Vou ver novamente, com certeza, porque vale a pena. Foi “the cherry on top” na nossa excelente viagem.

Voltamos de metrô, já com o shuttle funcionando, na maior tranquilidade do mundo. Comemos a mesma pizza no mesmíssimo restaurante da primeira noite e passamos por algumas outras lojinhas de utilidades fotográficas e cinematográficas em Hollywood Boulevard Vimos também uma parte do processo de desmontar a estrutura armada para o Oscar. A galera trabalha rápido, eficiência total.

Pagando a promessa antiga, olhem aí a cara do nosso hotel! Totalmente My Name Is Earl, tanto que apelidamos a arrumadeira (maid) de Catalina, em homenagem à personagem de mesmo nome, do seriado, vinda do méxico. Todas aqui são mexicanas. Fizeram um excelente serviço durante nossa estada – apesar de um dia nos deixarem absolutamente sem toalhas – e mereceram a nossa gorjeta milionária. Amanhã de manhã cedo nos despedimos do hotel e entramos no décimo dia de viagem, constituído basicamente de “O Retorno Para Casa”. Torçamos para que tudo corra bem. Postarei novidades assim que estiver de volta à minha querida casa paulista.

Day-to-Day

Los Angeles – Day Eight

March 8, 2010

Well, the big day has come. Acordamos tarde, quase 9h, comemos donuts no café, junto com nossos iogurtes e sanduíches de queijo 100% natural – diz na embalagem, a gente acredita. Ficamos enrolando até 11h, quando começamos a montar nossos disfarces de roupa social. Perto de 13h saímos em direção a Hollywood/Highland.

Ruas isoladas por fitas policiais, carros patrulha e oficiais fardados por toda parte, vento cortante, Sol brilhando no céu. Entramos numa fila colossal para chegarmos mais perto dos portões da cerimônia. Todos tinham suas mochilas e sacolas revistadas e então eram checados com detectores de metal. Enquanto esperávamos na fila, fomos observando a enorme estrutura de segurança no local. Policiais ainda mais abundantes, e não paravam de chegar em pequenos ônibus. Carros blindados da SWAT, esquadrão anti-bombas, grades altas, policiais em bikes, etecétera.


Mesmo com toda essa segurança, ainda tivemos um disposto a brilhar. O sujeito pulou a grade protetora, num momento de cegueira dos patrulheiros, e foi andando em direção aos portões, bem pelo meio do tapete vermelho. As pessoas nas ruas aplaudiam e gritavam para cena tão inusitada. Lá pela metade da caminhada, um enxame de policiais derrubou o cara e o separou de sua mochila, algemando-o e revistando. Infelizmente, perdi a seqüência do cara pulando a grade e só consegui uma foto limpa quando os policiais já estavam em cima dele. Cenas raras, oh yeah.

Passado esse momento emocionante, quase uma hora escorreu, sob Sol, chuva, sombra e mais vento gelado, até que as coisas começassem a se animar. Vimos muitas limosines, flashes e câmeras. Comparado com o carnaval de Salvador, a multidão do Oscar pode ser comparada a um baile de formatura. Pessoas calmas, tranquilas e educadas. Pena que muito longe do VERDADEIRO tapete vermelho. Vimos algumas celebridades saindo de seus carros, de costas para nós. Não dava pra filmar nada legal, nem fotografar nada que prestasse. O vento gelado tava de matar.

Chegou um momento que eu tava lá pelo Geja, e vice-versa, só que a gente não sabia. Quando debatemos nossa permanência, que os fatos foram mencionados, partimos de volta para o hotel, comprando os últimos souvenirs de Hollywood Boulevard e pegando os últimos itens alimentícios na 7-Eleven. Por fim, estamos aqui, até agora, diante da TV, assistindo a cerimônia e reclamando da divisão dos prêmios entre The Hurt Locker e Avatar. Na verdade, reclamando do absurdo e supervalorização de Hurt Locker, agora que já foram anunciados Best Directing e Best Picture.

Depois disso, vou até parar de escrever. Até amanhã. PORRA.

Day-to-Day

Los Angeles – Day Seven

March 7, 2010

Já que recebi críticas de que estamos ficando acomodados, vai aqui um dia bombasticamente aventuresco, salpicado de absurdos e improbabilidades matemáticas, companhias conhecidas, caixas de compras e metrôs.

Fica comprovado hoje que, quando não somos nós mesmos que damos um jeito de esculhambar nossas rotas, o acaso providencia os desvios. Acordamos de madrugada – 6h30 – para encontrar com Juliana no Aquarium de Long Beach. Saímos, entramos no metrô, linha vermelha. Na teoria, ao chegar na estação 7th/Metro Center, poderíamos fazer uma baldeação para a linha azul e descer no Long Beach Transit Mall. Pois bem, ao chegarmos na tal baldeação, descobrimos que a linha azul estava em reformas. Seguimos pessoas que procuravam o mesmo trem que nós. Depois da experiência com o japonês e o Griffith Observatory, aprendemos a lição. Entramos nesse tal ônibus que nos levaria até a Washington Station. Percorremos três estações da linha azul, num ônibus lotado de pessoas tão perdidas como nós. Por fim, chegamos a nosso destino. Sentamos.

Trem japonês, em operação desde 1989. A nossa era a última estação, literalmente. Pela janela víamos grandes nuvens negras no céu e promessas firmes de chuva pesada. Marcamos com Juliana às 9h. Já eram 8h20. Iríamos atrasar. O trem se pôs em movimento e no trajeto atravessamos uns seis ou sete municípios do condado de Los Angeles. Cada um totalmente diferente do anterior. Nas últimas estações a chuva desabou e já fomos nos preparando para nadar até o Aquarium. Quando descemos, as gotas já estavam bem reduzidas e a rota era clara como água (tô cheio de trocadilhos, notaram?). O Geja avistou Juliana de uma distância humanamente impossível. Enquanto comprávamos o ingresso de nossa querida acompanhante, ela comentou que a única coisa que lembrava do Aquarium foi a refeição que ela tinha feito lá na última visita, três anos atrás. Achamos um absurdo. Ah, e não estávamos tão atrasados assim, porque Ju atrasou vinte minutos, então ela só nos esperou por dez breves minutinhos.

Entramos, fomos tirando foto de tudo. Vimos um tanque de tubarões de várias espécies (tinha até um sorridente, estilo Bruce de Procurando Nemo). Toquei em um tubarão tigre jovem. É uma textura estranha, lisa, mole, macia e agradável. Quente, apesar da água fria. Primeiro momento mágico do dia.

O segundo momento mágico veio quando entramos na gaiola dos Lorikeets. O que são Lorikeets? Esses bichinhos multicoloridos e barulhentos da imagem abaixo!

Assim que entramos, olhei para um papagaiozinho e coloquei a mão diante do bicho. Ele pulou para meu dedo, alegre e espontaneamente. Pronto, ganhei o dia aí. Depois passei ele pro Geja, pra Ju, e de volta pro meu ombro. Alguns minutos depois, ele resolveu voar e, quando tentei pegar outros passarinhos, nenhum quis vir comigo. Na verdade, os dois outros que analisei tentaram arrancar meus dedos e por pouco não conseguiram. Tenho marcas para provar. Entretanto, o carisma da primeira experiência é que marcou a memória. Olha quanta simpatia.


Vimos mais tubarões, raias, leões marinhos muito divertidos e interativos, que gostam de nadar com a barriga pra cima e não tiram o pijama depois que acordam. A chuva ameaçou cair e saímos da área aberta do aquarium. Passamos por águas vivas, polvos e cavalos marinhos. Vimos uma reprodução, em tamanho real, de uma baleia azul, suspensa no teto do Aquarium. Sapos venenosos, ovos de tubarão e peixinhos de todas as cores e ambientes que conseguirem imaginar. A luz não era exatamente adequada então tive que apelar nas fotos. Gostei de muito poucas.



Na parte relativa a mares tropicais vimos aglomerações incomuns de crianças. O motivo? Aquários com peixes palhaço e linguados, os personagens de Procurando Nemo. Depois que o enxame de infantes se dispersou, consegui fazer umas imagenzinhas. Na mesma seção, vimos um polvo abrindo um pote com seus tentáculos para pegar a comida, localizada na parte de dentro do frasco.


Para o prêmio “Foto do Dia”, escolho essa de cavalo marinho. O bicho tem uma espécie de leme motorizado nas costas, uma nadadeira bem pequena e fininha, que bate o tempo todo, direcionando seus movimentos desajeitados em meio às algas e águas. Os filhotes são um caso a parte, miniaturas escuras dos adultos, e muito preguiçosos. Vimos também um modelito alien, com uma camuflagem muito louca. Parecia que o bicho tinha várias folhinhas nascendo nele. Surreal.

Por fim, o estômago reclamou e fomos verificar a tal “única lembrança” de Juliana. Um prato chamado Fish and Chips, constituído de… peixe frito e batatas fritas. Uau, não? Também acho meio contraditório venderem peixe frito num aquário, mas deixa pra lá. Ô comidinha deliciosa. Não é a toa que ela lembrava. Parecia pouco, a princípio, mas foi o suficiente para nos deixar satisfeitos. Cansados de tanta peixaria, tomamos o rumo do estacionamento onde estava o carro de Ju. Saímos e nos perdemos, quase indo parar num contâiner de navio e sendo contrabandeados para a Indochina. Sério, chegamos aos píeres da zona portuária de Long Beach. Saímos de lá numa jogada relâmpago pela Freeway (menos de vinte segundos, Juliana entrou em pânico) e encontramos nossa rota de volta para Torrance – casa de Ju, onde iríamos ensacar todas as nossas comprinhas virtuais que foram entregues por lá.

Empacotamos tudo, coisa para caramba, mais do que imaginávamos, mas ainda assim uma quantia aceitável para nossas malas e mochilas. A seguir, na programação iríamos ver Alice, no IMAX em 3D, mas tal coisa não aconteceu. Todas as sessões estavam lotadas, até a meia noite. Ficamos rodando pelo Del Amo mesmo, por um tempo, vendo lojas e mais lojas. Por fim, saímos rumo ao ponto de ônibus que começaria nossa (colossal) jornada de volta para Hollywood. O vento estava tão forte que Ju quase foi arrastada ao longo do estacionamento aberto. Fomos nos segurando até o carro. Quando fechamos as portas, a chuva caiu.

Ficamos esperando no ponto, dentro do carro, até o ônibus aparecer. A chuva aliviou, nos despedimos de Ju e fomos CORRENDO para dentro do nosso novo transporte, teoricamente até o LAX (Aeroporto Internacional de Los Angeles). Ah, nesse momento eram 17h10. O ônibus não foi pro LAX, descemos em um shopping totalmente desconhecido e embarcamos num outro ônibus que, de acordo com a placa, iria para uma estação de metrô. Mais uma vez agradecemos ao Metro Day Pass, que é nosso fiel companheiro contra dinheiro desperdiçado em transportes errados. Quase uns quarenta – talvez mais – minutos se passaram até que descêssemos na estação que, por sinal, não era a que imaginávamos. Entramos no trem e fizemos uma baldeação para a Metro Red Line. Mais duzentas horas andando de metrô até chegarmos em nosso destino.

Ao sair em Hollywood Boulevard a chuva caía com intensidade, o frio era cortante e cruel. Tememos pela saúde de nossas bagagens e pelas nossas, mas não desistimos da empreitada. Fomos andando e correndo, escolhendo sempre o caminho com a sinaleira aberta, até chegarmos no hotel depois das 20h, ensopados. As bagagens chegaram a salvo, secas. Ligamos o aquecedor e alternamos no banho (o Geja foi primeiro), porque ficar gripado no dia do Oscar é algo que ninguém merece. Eu, particularmente, não quero tossir na cara de Tarantino quando ele aparecer por lá.

Arrumei nossa contabilidade enquanto o Geja pegava no sono e agora estou aqui, terminando o post diário e detonando um cacho inteiro de uvas sem caroço.

Continuo devendo a foto do hotel, e aumento a dívida para um post inteiro dedicado aos novos brinquedos que estavam na casa de Juliana. Sério, tô com um arsenal completamente arrasador.

Day-to-Day

Los Angeles – Day Six

March 6, 2010

“Gooood morning, america!”. Hoje tivemos um dia bem mais light do que o costumeiro, e bem menos fotográfico também, para a infelicidade nossa e de vocês.

Acordamos cedo, bem cedo, às 6h50, para sairmos rumo ao nosso tour pelos Sony Studios. Nossos tickets estavam comprados para 9h30, então tínhamos muito tempo. Saímos do hotel umas 7h40, compramos nosso Day Pass (agora é moda) e entramos no primeiro ônibus. Descemos no entroncamento entre Fairfax e Venice (o mesmíssimo entroncamento do primeiro dia, quando estávamos desorientadíssimos), afinal, o estúdio fica em Culver City, para onde rumava o ônibus que pegamos no aeroporto.

Nesse entroncamento, agimos cegamente e pegamos um ônibus errado. Na verdade, era o ônibus certo, só que indo pro lado errado. Só percebemos o engano depois de uns quinze minutos, quando descemos, às margens de Downtown (o bairro mais perigoso de L.A.). Estávamos calmos, porque ainda era cedo, 8h50, e dava tempo de consertar o erro. As coisas foram ficando mais tensas quando nosso retorno foi se adiando em função do veículo que não aparecia. Quando apareceu, que conseguimos embarcar, uma das três funções a seguir estava sempre ativa, com objetivo de retardar a viagem:

1 – Os sinais estavam fechados, e tínhamos que parar nos cruzamentos.
2 – Alguém queria descer do ônibus.
3 – Se ninguém queria descer do ônibus num determinado ponto, alguém certamente queria SUBIR.

Acabamos parando em todos os pontos e sinaleiras entre Crenshaw – onde percebemos que estávamos indo na direção errada – e Jazmine, onde deveríamos descer. Quando desembarcamos já eram 9h40 e ambos estávamos relaxados (no nível de “aceitação da desgraça”). Fomos caminhando tranquilamente até a entrada, que erramos também, pra variar – no caminho, passamos pela frente de uma igreja onde um coral se posicionava e pessoas ligavam câmeras, luzes e microfones, sem comentar o trilho colocado na calçada. Paletamos mais um pouco até achar o centro de visitantes. Olha só que sorte: nossa tour ainda não tinha saído! As pessoas estavam vendo um vídeo que contava parte da história do estúdio e anunciava filmes e séries que ainda estão por vir. Entramos nos últimos trinta segundos de projeção. Viva os anjos de Los Angeles.

No nosso grupo, um casal belga, um casal de Baltimore, um sujeito de Long Island, um casal que morava algumas quadras abaixo, naquela mesma rua, uma mocinha da Alemanha, quatro brasileiros, dois sendo eu e o Geja. Os outros dois eram lucky guys! Áthila, vencedor do concurso You Pop You Rock, parceria entre Sony Music e YouTube, e seu acompanhante. O sujeito fez um clipe para uma música dos Detonautas e acabou sendo agraciado, entre outros prêmios, com uma viagem pra Los Angeles, com tudo pago, e direito a uma visita aos estúdios da Sony Pictures Entertainment. Conversamos bem pouco durante o tour.

Logo na entrada, passamos pela pequena cidade cenográfica do estúdio, menos versátil que a da Warner, mas mais útil também. Enquanto a da Warner é puramente cenográfica, na Sony, por trás das fachadas há dezenas de Production Offices, onde são arquitetadas todo tipo de produções. Vimos Will Smith e acenamos para ele, que falava ao telefone, ele retribuiu o gesto, comentando com quem quer que seja que estivesse do outro lado da linha “I’m weaving at the tour here!”. De acordo com Tony – nosso guia -, Will entra na categoria de Friendly Stars, e que, de certa feita, abraçou uma moça do grupo que fazia a tour. De acordo com Tony, “hugging, definetly, is a friendly act”.

Entramos no Thalberg Building, onde doze oscars ganhos pelo estúdio, por melhor filme, estão em exibição. A partir daqui, tivemos que manter as câmeras desligadas ao longo de toda a jornada. Na frente desse prédio foram filmadas todas as cenas de Spiderman em que aparecia a escola de Peter Parker, além de ser o cenário da formatura da turma. Uma pequena alameda de cimento, cercada de grama, já fez o papel de Central Park (em New York) diversas vezes, e que o truque está no Stablishing Shot, uma tomada, geralmente aérea, que mostra características bem definidas do local onde a ação se passa. No caso, uma tomada aérea do Central Park, seguida por uma tomada feita nessa pequena alameda, a milhares de quilômetros de distância.

Caminhamos um bocado, passando por alguins soundstages, inclusive aqueles em que foram gravados Singing In The Rain, The Wizard Of Oz e outros clássicos. Tony é um cara que gosta de músicas, então, entre o começo e o fim da jornada, tivemos referências de vários filmes e programas a partir de sua trilha sonora, improvisada na hora. Entramos no Stage 11, onde é filmado Jeopardy!, o quiz show mais famoso e mais antigo na história da televisão. Desde 1964, ele está no ar, e o criador do programa já faturou mais de 80 milhões de dólares só com o jingle de abertura. Isso mesmo, ele vendeu o programa para o estúdio, tudo, todas as idéias, mas como exceção, manteve os direitos para o jingle. Então, toda vez que alguém toca a musiquinha, ou toda vez que o programa vai ao ar, ele recebe um pagamento. Forma bem interessante de se viver, não?

Também ficamos sabendo que em Jeopardy!, todos os três competidores têm exatamente a mesma altura. As diferenças entre as alturas naturais são compensadas com uso de pequenas plataformas sob os mais baixinhos, permitindo assim que a câmera faça planos fechados sem ficar alterando de altura a cada concorrente. Sílvio Santos, essa dica é pra você! Descobrimos também algumas outras curiosidades sobre o show, mas como é coisa típica de americano, acabou não fazendo muito sentido para nós.

Saindo do palco do show, passamos por um estacionamento, onde Agers (funcionários do departamento de pintura responsáveis pelo envelhecimento e veracidade de um set) trabalhavam numa calçada e um Greener (sujeito exclusivamente responsável pela parte das plantas do cenário) literalmente colava galhos e folhas numa árvore, tornando-a mais “real”. A estrutura representa uma rua de New York, toda (paredes, chão, tudo) com base de madeira, sustentada por três containers localizados na parte de trás da construção. Esse local vai ser utilizado no filme Burlesque, com Cher e Christina Aguilera, que está sendo rodado no estúdio.

Passamos por um stage aberto, onde vários carpinteiros trabalhavam na construção de um ambiente para as filmagens do novo filme de Jennifer Aniston e Adam Sandler, com lançamento previsto para o ano que vem. Música alta e muitas ferramentas espalhadas, além das tradicionais estruturas de madeira. Por sorte, vimos um cabaré utilizado nas filmagens de Burlesque, cujas cenas já haviam sido concluídas e, portanto, estava sendo desmontado, parte por parte. Realmente incrível o trabalho desse processo de construir coisas para depois desmontá-las, reciclá-las, reutilizá-las, enfim.

Passando pelo Stage 15, entramos rapidamente para detalhes sobre o mesmo. Lá dentro, várias mesas retangulares estavam dispostas, lado a lado, com cinco cadeiras de cada lado, além de outras tantas mesas, preenchidas com pratos, bandejas, copos e talheres, sem mencionar a comida, incrivelmente cheirosa e bela. Tony ressaltou que é fundamental, em grandes produções, providenciar comida para toda a equipe, sem exceções. Eu já tinha escutado isso antes, mas nunca tinha visto a cena. Esse também é o maior soundstage da Sony, onde foi montada toda uma pista de corrida de cavalos, para o filme A Day At The Races. Debaixo do assoalho, o maior tanque de água , com capacidade para mais de um bilhão de litros, levando quatro dias até ficar cheio. O tanque foi construído por incentivo de Esther Williams, nadadora olímpica de nado sincronizado que depois passou a fazer filmes sobre o mesmo assunto.

Para encerrar nossa visita, fomos ao prédio Barbra Streisand, onde trabalham todos os artistas de áudio, de músicos a foley. É aqui que são gravadas boa parte das trilhas sonoras das produções. John Williams tem o estúdio à sua disposição a qualquer momento que desejar!

Como cereja no bolo, entramos numa sala caótica, precedida de uma ante-sala com a maior mesa de som que eu já vi na vida. A sala caótica era constituída de diversas estantes, abarrotadas de sapatos velhos, dos mais variados tipos, e com o chão forrado por vários pavimentos diferentes. Madeira, concreto, cimento, azuleijos, areia, grama. Por todos os lados víamos cadeiras, escadas, pedras, correntes, TVs antigas, um projetor no teto, panos e uma grande tela. No centro da sala, um suporte para microfone. Descobrimos, minutos depois, que esse era o escritório de Vincent Guisetti, artista de foley, responsável por (re)criar todos os sons que ouvimos ao longo de um filme.

Nos despedimos do grupo e fomos falar com os responsáveis pela tour para pegarmos nossas mochilas de volta. Ao descobrir que éramos brasileiros agradeceram em português, com um desajeitado “obrigadôu”. Rimos um tanto, tentamos explicar onde ficava a Bahia e tudo fez sentido quando dissemos que era “the land of carnaval”. Ganhamos até uma camisa de brinde!

Na saída, vimos as filmagens na igrejinha em frente, um pouco diferente do que existia na hora que entramos – aquele coral cantando gospel, lembram?

Pegamos nosso ônibus, ficamos famintos e descemos na primeira placa de PIZZA que avistamos. Depois pegamos mais ônibus para fazer feira e por fim voltamos pro hotel. Abortamos a programação da tarde em virtude da preguiça/cansaço. Griffith Observatory, aí NÃO fomos nós!

Relax, take it easy, folks! Tô devendo a vocês uma foto do hotel.

Day-to-Day

Los Angeles – Day Five

March 5, 2010

Saudações do surfista da madrugada para todos vocês que por aqui acompanham nossa jornada! Hoje tivemos algumas cenas antológicas e mais mudanças de programação. Planos originais eram, pela manhã, ir ao Zoo, localizado no Griffith Park – não muito distante daqui, mas também não tão perto – e depois dar uma passadinha no Observatory, de onde é possível ver grande parte da cidade.

Chegamos no Zoo antes de abrirem os portões e ficamos tomando chá de fila (nossa segunda especialidade, logo depois de errar o ônibus/metrô). Vimos um verdadeiro engarrafamento de School Buses no estacionamento do local, e assim que se abriram as portas, uma enxurrada de crianças invadiu o Zoo sem preocupação. Quando eu digo ENXURRADA, eu literalmente quero dizer isso, não é metafórico. Nunca vi tanta criança junta em minha vida. Na hora que chegamos ao guichê para comprar nossos tickets descobrimos um combo com o Aquarium de Long Beach, que estava nos planos originais da viagem e depois foi abortado. Essa descoberta nos incentivou ainda mais a comprar o combo. Dito e feito. No sábado estaremos no Aquarium.

Até o dia de ontem, eu achava que essa lente de zoom nova tinha sido só uma “boa aquisição”, mas depois dessa ida ao Zoo, com olhos um pouco atualizados, a estou considerando uma “EXCELENTE aquisição”. Dou logo agora algumas justificativas, e outras espalhadas pelo post. Colaboração do Geja na última dessas quatro fotos abaixo, imitando o som de capivara para atrair a atenção do predador. E sim, eu gosto de aves de rapina, como já deve dar pra perceber.




Fomos nos orientando pelo mapinha do local, tentando ver o máximo de bichos possível. O elefante estava fora da exibição, porque estão, literalmente, construindo uma selva no meio do parque só para ele. A seção de répteis e insetos também estava em reformas, portanto vimos majoritariamente aves e mamíferos. Quase todos os mamíferos eram muito bonitinhos e davam vontade de pegar. Marsupiais, esquilos e felinos.

Passamos pela Narceja de UP, que é muito parecida com o desenho (porém menos elegante), e faz o mesmíssimo barulho. Sério, eu fiquei impressionado! Esperamos horas para ela sair da sombra e virar de cara para o público, mas isso simplesmente não aconteceu, então infelizmente não consegui nenhuma foto da dita cuja. No ambiente ao lado, como um funcionário local nos indicou, alguns cangurus estavam com filhotes nas bolsas. Nesse momento, o Geja teve que me impedir de invadir a jaula e levar o bichinho para casa.

Tinham umas quatro espécies diferentes de canguru por lá. Esse do filhote, o grande – clássico -, que é mais folgado do que vocês podem imaginar, e uns beeeem pequenos, ainda mais carismáticos. Ficamos – eu, o Geja e todo mundo mais que aparecia – babando para que os Koalas dessem o ar da graça e parassem de devorar enfaticamente folhinhas verdinhas. Tinha uma com um filhotinho nas costas que era a coisa mais linda do mundo. Perambulando nas redondezas, vi o primeiro esquilo de verdade da minha vida! Não perdi a oportunidade e o cliquei enquanto ele fugia levando a comida na boca.


Foi só falar no canguru clássico – e folgado… Sim, retomando, andando por lá, avistamos um sujeito com uma lente gigantesca. Era quase do tamanho de um braço! Fiquei horas babando e assistindo o camarada fotografar os bichos, enquanto o Geja dava risada e tentava tirar uma foto da minha cara. Foto perdida: eu e o Geja conversando no ponto de ônibus. Ops, me enganei, são os chimpanzés.

Como o dia estava muito ensolarado (estou com a cara toda queimada), a maioria dos predadores estava dormindo ou na sombra. O leão, tigre, gorila e lontras foram bastante atormentados por crianças gritadoras. A jaguatirica, também dormindo, me lembrou dos gatos de Salvador. Muito igual, só que mais amarela, ao invés de ocre. Ah, esse bicho aí embaixo é o tigre, e não a jaguatirica, ok?

Entre os seres alucinados que encontramos, uma lontra canadense (não atormentada, nem compreendida, pelas crianças) que ficou dando cambalhotas na água por muito tempo. Ficamos esperando ela cansar, pra tirar uma foto, mas isso não aconteceu. Depois de dez minutos assistindo a criatura dar cambalhotas de barriga para cima, no mesmíssimo lugar do tanque, a gente desistiu dela, que não desistiu das cambalhotas. As girafas, por sua vez, estavam bem sociáveis, fazendo até pose para as fotos.

Depois de umas três horas andando para cima e para baixo, com direito a pausa para detonar umas cenouras, resolvemos partir. Mas, antes disso, resolvemos comer uma comida decente. O que se entende a partir disso? Exatamente, pessoal! Um cheeseburger enorme, numa lanchonete de nome bastante dúbio. Zoo Grill. Preferimos não averiguar a origem da carne. Não nos levem a mal, o plano original era de comer pretzels, mas a banquinha tava muito longe.

Pegamos o ônibus que nos levaria a parte do caminho de nosso próximo destino, o Griffith Observatory. Um japonês muito doido entrou no mesmo ônibus, indo para o mesmo lugar, com o mesmo mapa que nós. Num dado momento, ele saltou do segundo ônibus em que estávamos. Qual foi nossa burrada? Não seguimos o rapaz. Acabamos descobrindo que nosso plano original era furado, e que o TERCEIRO ônibus, disponível numa estação de metrô, direto pro observatório, só rodava durante finais de semana. Maldito japonês esperto. Isso sem comentar que ficamos rodando para cima e para baixo na Vermont Avenue, até achar a estação de metrô.

Já que tínhamos comprado um Day Pass da Metro (empresa que gerencia os transportes do condado de Los Angeles), podíamos pegar quantos ônibus e metrôs quiséssemos. Começamos a considerar que estávamos arriscando nossa ida aos estúdios Paramount. Era necessária uma reserva por telefone, e nosso aparelho, no quarto do hotel não estava funcionando pela manhã. Resolvemos voltar, porque o estúdio era mais importante que o observatório.

De volta ao hotel, descobrimos que era mais caro ligar daqui do que de um telefone público – o próprio gerente do local explicou! – então partimos novamente para fazer nossa ligação. Compramos um cartão telefonico de dois dólares e andamos metade de Hollywood Blvd até encontrarmos um telefone público, numa esquina em obras. Devido a nosso desespero (eram 16h40, o estúdio fechava às 17h e queríamos a reserva para o dia seguinte) resolvemos arriscar nessa esquina barulhenta mesmo.

Batemos “Par ou Ímpar” e eu fui o encarregado de fazer a reserva, enquanto o Geja ficou com a função de entender o funcionamento do cartão, diferente de todos os outros que já existiram no Brasil. Depois de uns cinco minutos tentando e digitando números, ele conseguiu completar a chamada. Peguei o telefone. Uma voz informatizada conversou comigo, me indicando “for information about the studio tours or reservations, press 1”. Pressionei 1, mais mensagens eletrônicas. “To make a reservation or for more information, stay on the line”. Permaneci na linha até que Jessica, do setor de tours atendeu minha ligação. Aí começou a graça.

Na hora que ela disse que ia precisar de nossos nomes e sobrenomes, eu já me preparei para soletrar tudo. É bem fácil explicar que a primeira reserva é em nome de “Tito Ferradans” e a segunda para “Getro Guimarães” SE VOCÊ ESTIVER ESCREVENDO UM E-MAIL. Agora, tente fazer isso por TELEFONE, num país que o idioma não tem nem a mesma raíz do seu! Eu engasguei várias vezes enquanto soletrava, só de ver o Geja rindo da cena.

– D as in Dog?
– No! As in Tiger!
– Ooh, “Tito”… Phew! That makes much more sense!

Aparentemente eu ainda estava inspirado pela ida ao Zoo, e usei “E as in Eagle”, na explicação do “Guimarães”.

– Sorry, we’re not very good at names here! – ela disse, rindo.
– Yep, no problem, specially if there aren’t quite EASY NAMES! – rimos mais um pouco enquanto ela completava a reserva.

Não conseguimos para amanhã (Sexta) – só tinha UMA vaga – mas estamos agendados para Segunda, a partir de 10h30 da manhã. Aproveitando que já estávamos na nossa rua favorita, fomos exterminar nossas listas de compras e presentes. Tudo muito bom e muito tranquilo, pesquisar preços não deu muitos resultados, porque é quase tudo na mesma faixa (ou exatamente o mesmo valor), independente da loja. Ao fim da tarde, resolvi adiantar as coisas e comprar um memory stick de 8gb para a nova filmadora.

Fomos na loja de um indiano, que ofereceu de cara um desconto de $20, derrubando o preço de $60 direto pra $40. Dispensamos a proposta e passamos para uma outra loja, de outro indiano, menos de dez metros adiante. Esse sim rendeu boas risadas e vai render história por muito tempo. Entre as tiradas, quando comentamos que o vendedor da loja ao lado tinha feito o mesmo produto por $40, ele desatou a falar, irritado: “He doesn’t even HAVE IT! He doesn’t even have it! I’m the only licensed Sony dealer in Hollywood Boulevard!”. Depois, para enfatizar a garantia de CINCO anos, internacionalmente, a palma da mão aberta do homem parou a alguns centímetros de meu nariz.

Ele foi baixando o preço e fazendo outras propostas, e outras, e outras, por fim, quando resolvemos ir embora, ele gritou “Ok, thirty nine, I’ll do it for you, my last customer of the day. I’ll sell you this and go home!”. Pronto, consegui o memory stick pelo preço merecido. O cara descobriu que erámos brasileiros só pelo sotaque. No fim das contas, já no caixa, o Geja resolveu desistir da compra e o sujeito contraargumentou rindo “Is I’ll pass the offer all the english words you know?”. Saímos praticamente às gargalhadas no caminho de volta para o hotel, encerrando o dia.