É de praxe a gente ter músicas escritas e não gravadas. A depender da equipe, aqui no Arraial sai uma música nova por dia. Peixe apareceu aqui um dia de noite, coincidindo com o dia que Dan tava aqui, e pronto, aproveitamos pra montar aquele estudiozinho no escritório e gravamos logo cinco músicas numa tacada só, pra registro e com qualidade. Essa primeira foi o Bolero, no estilo hino de quarto, que nem o que a gente fez na última temporada, só que não só da Comunicação, e sim de todas as áreas.
Arraial [Coordenação] – Bolero da Não Monitoria
Essa segunda é a melhor alvorada de todas. Também obra de Peixe, e que pode ser cantada em qualquer situação. Não tem que não goste dela.
Arraial [Peixe] – Alvoreggae
Na temporada de Janeiro de 2011, Tito (acampante, não eu), desafiou Peixe a fazer uma alvorada para ele, e a obra é essa aí. A gente tem isso filmado, mas só depois de seis meses é que conseguimos gravar o som de verdade.
Arraial [Peixe] – Acorda Tito
Dan explica essa última: Em Janeiro de 2010, teve uma oficina de música nossa com o Serpentina, a música é deles também. Os bastidores foram que Joca, como sempre, me mandou pra oficina de música do nada, com braço quebrado, em cima da hora. Só consegui pensar em “alguém-chama-Peixe-pelo-amor-de-deus”. Enquanto Peixe vinha com a viola, eu, enrolando, estava falando sobre a importância do silêncio na música. Eles estavam incrivelmente atentos, e como a onda era a sonorada, não deu outra. Fizemos e cantamos juntos.
Arraial [Serpentinas, Dan e Peixe] – Deixa o Silêncio Vir
Por hoje é só, pessoal. Depois volto com novas aventuras arraialescas pra vocês se divertirem com esse trabalho de férias que tanto me agrada.
Jogo aqui do Arraial também. Fizemos TUDO em uma tarde, no melhor estilo Scotland Yard, para ser jogado durante a madrugada, com o grupo dos mais velhos. Tivemos um na temporada passada – O Sol Que Queima e Arde – mas sem tanta produção de material.
No jogo, fui o cangaceiro Timóteo Ferradura, tocando o terror em todo mundo, e fugindo do Delegado Cedilha.
A radioficção foi toda feita em um dia, claro, e propunha interatividade com os pais, mas pelo visto, ninguém se interessou em resolver o crime…
Compomos, gravamos em canais separados enquanto filmamos tudo em HD, editamos, mixamos e postamos, tudo em menos de 2h. Peixe e Daniel, destruindo tudo no que diz respeito à música de acampamentos!
Tô com vários sets atrasados pra postar, mas estou me esforçando. O fim do semestre coincidiu com uma vinda corrida pra Salvador pro Arraial, e depois voltamos direto pro Paraguaio. Por enquanto, se divirtam com essas fotos do Phipho, que depois eu volto com mais. E com as fotos do Arraial passado!
Para entender melhor o filme dos irmãos Maysles, é preciso estar familiarizado com o contexto histórico de seu lançamento. O ano de 1968 é um ano de transformação em todo o mundo, com a tensão da Guerra Fria, o American Way of Life sendo exportado a torto e a direito, para combater o comunismo. Salesman mostra o lado negativo do mundo dos negócios, discutindo a decadência dos ideais mercantis e o apreço americano pela religião.
Os caixeiros viajantes desempenhavam um ofício ultrapassado, obsoleto, resquício do “american dream” (cada um, por si só, é capaz de garantir seu sucesso e ascensão). No mundo corporativo já era possível lucrar mais com menos gastos, tanto de tempo como de capital.
Salesman é inspirado na abordagem ficcional/real do livro A Sangue Frio, de Truman Capote, que gira em torno de um assassinato real. A forma mais eficaz de criar a narrativa é se aproximar de seu assunto (Paul, nesse caso). É um filme representante do cinema direto. É um drama não-ficcional.
Um pesquisador foi contratado para escolher os caixeiros ideais, e ficaram decididos os quatro que formam o grupo. A apresentação dos personagens ressalta a estrutura narrativa, inclusive com seus apelidos (cada um é um animal), mas os apelidos não são explicados imediatamente. Ao longo do filme, o público divaga sobre eles, até que Paul os explica, ao final.
A montagem ressalta os sentimentos de Paul, mesmo que ele fale pouco. O exemplo mais claro disso é a cena da convenção dos caixeiros, onde Turner vai citando as características dos maus vendedores, e acompanhamos as reações de Paul. Ela se faz clara nesse momento, da mesma forma que quando Paul comenta coisas para a câmera. Ele é o único que faz isso, e definitivamente está falando com a câmera, já que não há mais ninguém com ele no carro. Mas muito da essência da obra vem da própria filmagem, e menos da edição.
Eu, Um Negro e Salesman são fundamentais na subjetividade dos personagens. Só que Eu, Um Negro é subjetivo a partir das interpretações dos personagens e Salesman porque Paul Brennan deixa seus pensamentos e sentimentos transparecerem para a câmera, sem que ele mesmo perceba. Posteriormente ao filme, ele confirmou os sentimentos mostrados pela câmera, surpreso com a transparência dos mesmos ao longo do filme. Esses medos de Paul ampliam a identificação do público com o protagonista.
Os Maysles não deram atenção especial para o lado artístico do filme, recorrendo a uma fotografia mais discreta, não procurando belos planos e composições – “planos de perfumaria”, sem função narrativa, apenas estética – eles estavam mais interessados no que as imagens contavam, e não em derivações e múltiplas interpretações a partir da película. Nesse aspecto, ele se aproxima de Primary e Don’t Look Back, mas se afasta, logo em seguida, pois não acompanha uma personalidade pública, famosa, e sim pessoas comuns.
Um dos pontos que permite maior debate sobre o filme é: ele teria funcionado se Paul não tivesse passado por essa crise ao longo das gravações? Afinal, ele é o personagem principal, a linha guia da obra! Sua estrutura mistura o dia-a-dia dos quatro, a conferência em Boston, as tentativas de venda e, especialmente, Paul.
Por fim, um dos símbolos máximos do filme são as portas. Elas representam a construção de uma conexão, e na maioria das vezes, o que Paul encontra são portas fechadas.
O filme deseja tratar da falência do “american dream”. Todo o tempo, Paul parece tentar se aproximar das pessoas – na última casa, por exemplo, ao invés de se concentrar na venda, ele presta atenção e brinca com a criança. Mas esse vínculo é impossibilitado pelas relações criadas pelos negócios. Eles estão sempre representando, quando tentam fazer uma venda. A linguagem dos negócios acaba com a identidade das pessoas. Se eles fracassam, a culpa é inteiramente individual.
Depois de fazer uma descrição breve do que pretendíamos e tentaríamos nos ETS que iríamos fotografar, o Joel pediu um relatório comparando as expectativas com os resultados, e como as imagens foram alcançadas. Vamos a ele, sim?
Partindo da proposta de uma fotografia ao estilo Cisne Negro, acho que chegamos bem perto do que procuramos. Para construir o clima, usamos a PL, o foco de 200w e, principalmente, a lanterna chinesa, que foi nossa luz principal em quase 80% do filme. Também tivemos uma luminária pequena na mesa, e a luz azul do monitor, amplificada pela própria PL daylight.
Em parceria com as diretoras (May e Bárbara), a decupagem foi estruturada de forma a colaborar bastante com a proposta de fotografia, das distorções causadas pela lente, e câmera na mão. Fizemos um teste de luz uma semana antes da captação que foi muito bom para tirar as idéias da cabeça e colocá-las em prática. Colaborando com o clima (e com a idéia original), conseguimos usar pouca luz e socar a ISO para cima (18dB), diminuindo contrastes e ganhando uma imagem bastante granulada, como queríamos.
No plano de aparição da Dona Edith, queríamos apenas sua silhueta, coisa obtida com testes anteriores e apresentada no clipe. Para criar o efeito, usamos o fundo infinito do estúdio, com o foco de 200w apontado para ele, e a personagem na frente. Como era uma porta, fomos ao CAC caçar a porta em si, e cobrimos as laterais com grandes pranchas de madeira fina encontrada na cenografia do próprio CTR.
O plano seguinte é a sua apresentação, onde temos uma câmera quase subjetiva, com a lente bem angular, na qual ela se aproxima até a mesa onde o personagem (câmera) está, aumentando vertiginosamente de tamanho, e sendo iluminada pela chinesa, que representa a luz do quarto. Para preencher o fundo e detalhar a parede, a PL, corrigida para tungstênio foi mais que eficiente.
Mais adiante, tínhamos um plano que era um travelling circular começando na frente dos personagens e indo até suas costas. Como a chinesa ficava bem em cima da mesa que era o palco central da ação, tínhamos que desviar do tripé, e a única forma que encontramos de fazer isso foi passando a câmera de um para o outro. Eu fiz a primeira parte do giro, e depois, o Plínio terminou o movimento do outro lado do tripé.
Nossa referência seguinte, para o momento seguinte à queda de Marcelo, era a Pietá, de Michelangelo. Para fazer a luz na mãe já abraçando o filho, usamos a chinesa diretamente sobre eles, mas sustentada por um cabo de vassoura, ao invés do braço extensor, para a entrada da mãe, colocamos a garra jacaré, com o braço extensor e o Omni por cima da porta, criando a sombra da mãe no chão, enquanto o 200w continuava fazendo a luz de fundo de silhueta.
O vertigo-shot foi onde tivemos o maior desafio, porque envolvia movimento de câmera (travelling in) e de lente (zoom out). Para o travelling, usamos uma cadeira do LMA, empurrada com velocidade. Foram necessários dezenove takes até acertarmos o efeito. Começamos errado, com pouca distância entre o ator e a estante de livros.
A idéia do efeito era justamente aumentar a distância aparente entre ele e a estante, portanto, como a distância real já era pequena, o efeito era imperceptível. Portanto, tivemos que começar o plano bem mais de longe, e ele caía bem afastado da estante. Ainda assim, o take definitivo ficou rápido demais, e desaceleramos a ação na pós produção, pois é um momento muito dramático.
Em termos da fotografia do filme em geral, gostei bastante do resultado, que funcionou de acordo com o planejado. Não tivemos imprevistos, e o máximo que tivemos que improvisar, no dia, foi o Omni por cima da porta para melhorar o desenho de luz no chão.
Algumas coisas experimentais do Muletas. Planos sem corte, correções de cor e previews. Em breve, relatório de fotografia completo, comparando o que queríamos e o que conseguimos.
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