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October 2012

Anamorphic Day-to-Day

[Anamórficos VIII] Adaptações.

October 11, 2012

Vocês já devem ter enchido o saco de me ouvir falando (ler?) que anamórficas precisam de dióptros para uma melhor performance. Um dos casos mais marcantes é o Panasonic AG-LA7200. O elemento frontal é imenso, e só é coberto por dióptros de 105mm. Com uma lente base mais fechada (em torno de 60mm numa Full Frame), um ângulo menor de sua área é utilizado, então filtros de 86mm também resolvem o problema. Mas, como fazer pra encaixar esses filtros de rosca na superfície plástica plana da lente?

Claro, a gente sempre pode apelar pra fita crepe, e eventualmente os filtros caem no chão. Ou velcro, que é feio que só o diabo e não tão prático de lidar nesse caso (imagina só: todas aquelas pontinhas afiadas perto do vidro da sua lente cara). Conversando com o Nicko, ele me sugeriu fazer peças de alumínio, que é resistente que só o diabo, e um material possível de se trabalhar nas condições certas.

A parte fundamental nesse processo é projetar as peças direito. Pra isso, é preciso tirar medidas com décimos de milímetros de precisão. Peguei ferramentas com o Scavone – nosso querido professor de imagem, e gênio nas horas vagas – sendo elas um paquímetro, e um micrômetro. É, um troço muito preciso. Munido dessas duas, saí tirando medidas da LOMO e do Panasonic pra fazer as peças.

Pro Panasonic, só preciso mesmo de uma chapa com uma rosca de 105mm que possa ser alterada para 86mm sem complicações. Esse foi bem fácil, e vamos parafusar na frente plástica da lente, tornando o trabalho mais prático.

Pra LOMO, comecei pelo mais complexo: uma clamp original. Não existem clamps adequadas a seu elemento anamórfico, então fiz a minha do zero. A primeira versão levou umas 3h pra ser modelada. Aí não fiquei satisfeito, tinha vários problemas, e fiz uma nova em 10 minutos, muito melhor, tanto em projeto, como em precisão.

Aproveitando o embalo da LOMO, fiz um encaixe para tripé, que já vai em uns buracos de parafuso que ela tem, e uma alavanca para o foco – falando nisso, tenho que remarcar o foco dela, porque alguém montou ela errado, e tá tudo fora de lugar… Além desses, tô planejando um anel adaptador com furos calculados para rosquear dióptros de 86mm nela também. É o Toyotismo meus caros, quanto mais customizado, mais interessante.


Esses modelos todos eu tô fazendo pelo Google SketchUp, que é o programa 3d mais fácil do mundo de trabalhar. Sério. A partir daí, eles são convertidos no formato de arquivo adequado e vão para uma máquina CNC, que replica o modelo digital em alumínio, à perfeição.

Assim que tudo estiver funcionando direito, e os modelos estiverem confirmadamente corretos – AKA quando as peças forem feitas mesmo e a gente juntar com as lentes – posto os arquivos aqui (open source, né?) pra quem tiver acesso a máquinas CNC fazer os seus também! Brincar de anamórfico já tá muito caro pra ter que comprar mais e mais peças.

Day-to-Day

[TCC] Isabel.

October 11, 2012

Já faz tanto tempo que esse filme rodou, que não tenho condições de lembrar detalhes do processo – e eu que tinha efeitos visuais pra fazer depois que a montagem estivesse pronta, até já os fiz!. Só achei que seria um desperdício não postar essas fotos em aqui!









Anamorphic Day-to-Day Tudo AV

[Anamórficos VII] Play Time!

October 11, 2012

Com a chegada do Iscorama M42 e de algum tempo livre entre jobs intermináveis, consegui chances de testar as lentes em campo. Filmamos os dois últimos documentários da OLD com elas. O do Juvenal Pereira já tá online e vocês podem assistir logo abaixo.

Como foi a primeira experiência, encontrei alguns problemas mal-calculados – rodamos com uma 38mm combinada com o LA7200 e uma 135mm com o Kowa – descobri então que a imagem do Panasonic tinha ficado meio sem definição, porque a iris estava muito aberta, e descobri também que o Kowa tem uma distorção insana em closes e lentes mais abertas. Não testei mais a fundo, mas notei isso quando combinei ele com a 58mm e ficou parecendo uma olho de peixe no centro, e uma grande angular invertida nas bordas (curvatura para dentro, e não para fora, como o tradicional). Bizarro, de fato. Então, taquei o sharpness lá em cima no After e seguimos adiante.

Além disso, como filmamos com dois stretches diferentes (1.33x no Panasonic e 2x no Kowa), alguma coisa das laterais do Kowa seria perdida, pois o quadro final seria Cinemascope (2.4:1). Isso também foi meio no chute, e dediquei algumas horas nessa semana trabalhando numa solução: cropmarks anamórficas para o MagicLantern, englobando TODAS as combinações possíveis de stretches. Como sou um camarada do open source, o link pra download tá aqui.

DOWNLOAD – Cropmarks Anamórficas para ML

Os nomes dos arquivos são um pouco confusos a princípio, mas depois eles fazem sentido. O primeiro número é a proporção de tela do vídeo final – determinada por um valor de esticamento. 1,33x, 1.5x ou 2x. O segundo número é o fator de esticamento da lente em uso. No caso, se eu estiver filmando com um Isco (1.5x) e um Kowa (2x), e o formato final de tela for Cinemascope (1.33x), com o Isco eu uso a cropmark chamada 1.33x-1.5x, pro Kowa, 1.33x-2x. Fez sentido? Existem até cropmarks para simular esses aspectos de tela em lentes comuns, esféricas. São os de nome terminado em “norm”.

E é claro que antes de postar isso aqui pra todo mundo, eu tinha que testar e ver se dava certo, né? Foi isso que fiz com o documentário da OLD que deve sair no começo da semana que vem, com o Alexandre Schneider. Filmamos com o Isco, combinado com uma 200mm, e o Panasonic, combinado com a mesma 38mm do Juvenal, mas dessa vez ao ar livre, e com a iris muito mais fechada. A proporção de tela final desse vai ser de 2.66:1, que é o formato nativo do Iscorama, portanto, na câmera com o Panasonic, fechei o quadro usando as cropmarks.

Além desses dois usos mais públicos, passei o fim de semana brincando com o Isco no set do TCC Diários do Apocalipse. Algumas fotos – repetidas e novas – vocês podem ver abaixo. O triste é que o bichinho tá quase cego de tanto arranhão no elemento frontal. Parece muito que é uma lente com catarata – o que é um problema para externas diurnas, mas totalmente trabalhável para internas, ou noturnas, ou estúdio. Depois falo mais sobre ele.









De forma geral, o post é só pra provar que elas podem – e vão – ser utilizadas no mundo, e não só em testes! Tô com um projeto pessoal – totalmente pessoal mesmo, à lá Insight – pra usar as de stretch 2x. Além disso, com algumas dicas do Nicko e ferramentas do Scavone, comecei a modelar pecinhas que vão tornar as lentes mais trabalháveis, mas disso eu falo logo mais.

Além de tudo, agora tenho uma coluna na OLD, para falar de tudo quanto é experimentação que passar no caminho. A desse mês é sobre as anamórficas, claro, mas pro mês que vem, teremos algo diferente na jogada.

Day-to-Day

Pentax Osawa MC 1:4.5 70-180mm Macro

October 9, 2012

Comprei um adaptador Pentax-EF, porque encontrei por aqui umas lentes da câmera que meu pai usava quando tinha minha idade, e achei que valia o investimento de US$10 para adicionar duas lentes ao conjunto. A 50mm f/1.4 tava ótima, linda e arrumada. A 70-180mm tava toda bichada. Fungo, poeira, o escambau. Me veio então o pensamento: “por que não desmontar ela, e limpar cada elemento separadamente, pra tirar a sujeira?”. Fui então caçar o conjunto de mini-chaves de fenda/philips. Desmontando a lente, ela se separou em uns 10 pedaços, entre eles alguns só de vidro, trocentos parafusos minúsculos, anéis, marcações, etc. O mecanismo das lâminas de abertura é uma coisa linda. Limpei tudo bonitinho, mas, a princípio, não consegui entender o mecanismo de foco. E um dos pedaços fazia um barulho engraçado, como se algo tivesse solto dentro.

Na hora de montar de novo, percebi que a peça solta era… a helicoidal do foco! Por isso ele não fazia sentido, e precisava ser encaixado de volta. Depois de muita luta para conseguir colocar ele no lugar e fechar a lente, percebi que o anel de foco não funcionava. Não girava nada. “Merda, devo ter encaixado alguma coisa errada”. E penei mais um tanto pra conseguir abrir a desgraçada de novo. Aí percebi que o encaixe da helicoidal tinha que ser um poooouco mais folgado. Mas não muito. Fiz o mais justo possível, pro segundo elemento ficar bem próximo do primeiro quando no infinito. Fechei de novo e fui testar. Meu infinito era a 2m. Em 180mm. E o modo MACRO era inacessível – faltava espaço físico pra deslocar as coisas lá dentro – “Lente dos diabos! Vamos abrir essa bagaça de novo!”. E abri.

Vários minutos depois, e muita força na vista pra parafusos microscópicos, fechei a lente. Agora o infinito tá quase certo. Tá um pouquinho mais curto do que deveria. E todas as outras marcações também (a de 3m significa 2.5m, e por aí vai). Desisti, por ora, não abri a lente mais uma vez. Vou esperar o adaptador chegar e, enquanto isso, ficar matutando um jeito mais prático do que abrir e fechar a lente (tirando o elemento frontal) trocentas vezes até arrumar esse pequeno desvio. Mas já me sinto muito feliz com ela limpa, e conhececendo mais da mecânica interna! Foco é um conceito pequeno-burguês!