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August 2013

Day-to-Day

Ultrapassagem X.

August 13, 2013

Mais uma OLD, e mais uma coluna pra vocês se divertirem. O tema desse mês foi exótico, com lentes catadióptricas – uma palavra que por si só já faz valer a escrita!

Day-to-Day

Tipografando – Parte 3

August 11, 2013

ESSE POST VEIO DIRETO DO TÚNEL DO TEMPO
Escrito em 01 de Dezembro de 2009.

Achei vários outros perdidos pelo mundo e vou colocá-los aqui semanalmente. Acho que vai render uns dois meses de brincadeira. Sempre colocarei as datas originais do texto.


Tenho que admitir que muito da inspiração e informação para fazer minha primeira Tipografia vieram desse post em particular do The Crooked Gremlins, indicado pelo, sempre presente, Paul, pouco mais de um ano atrás. Pra falar bem a verdade, esse foi o ÚNICO tutorial de tipografia que eu já vi por aí.

Minha grande discordância desse tutorial é no que diz respeito à sincronização do áudio. Uso um método particularmente arcaico e trabalhoso, mas garantidamente preciso. Num editor de áudio qualquer, anoto com precisão o tempo de CADA PALAVRA, ouvindo repetidas vezes o arquivo de som, pausando e repetindo. Depois, uso as anotções para apenas sincronizar com o aparecimento das palavras no After Effects. Isso acelera o processo de montagem, pois não é necessário ouvir milhares de vezes o mesmo trecho até encaixar certinho a imagem com o som, já no After, que é naturalmente um programa pesado. Para facilitar o entendimento do processo, coloco um arquivo exemplo que é o resultado das anotações.

Passemos para uma nova etapa: importar sua composição do Illustrator para o After Effects. Antes de qualquer coisa, verifique se todos os seus elementos estão contidos no Artboard. O Artboard é aquele contorno original onde você começou a fazer sua estrutura (se não me engano, o padrão é 1024x768px). Se você conseguir se manter dentro do Artboard sem ter elementos microscópicos, parabéns, você é um gênio. Se você é um humano normal, é mais fácil editar as dimensões do dito cujo. Clique em “Document Setup”, na segunda barra de navegação, em cima, e em seguida “Edit Artboards” na janela que se abre. Com o mouse, redimensione o quadro até que toda a sua tipografia esteja contida dentro dele. Salve o arquivo e vamos para o After.

Ainda não vou disponibilizar o projeto de After pra download. Só no próximo passo, então vamos sem stress. Iremos agora importar seu arquivo. (Ctrl+I ou “File”>”Import”>”File”). Encontre seu arquivo de Illustrator e o selecione, SEM IMPORTÁ-LO ainda. No menu dropdown, selecione “Composition – Cropped Layers” e mande bala. Dependendo do tamanho do seu projeto, isso pode levar alguns vários segundos.

Abra a composição que acabou de ser criada. Ela é bem grande e provavelmente, difícil de ler, imaginando que seu texto é preto. Ela está com o background preto, por padrão, então, podemos modificá-lo de acordo com a necessidade (Ctrl+Shift+B ou “Composition”>”Background Color”). Não se preocupe, não é ESSA a composição que você vai mover de um lado para o outro. Isso será feito com uma “simulação” de câmera. Nessa composição, entretanto é que você vai fazer os movimentos de cada palavra e objeto, organizados nas inúmeras camadas.

No próximo passo, vou explicar como dividir o trabalho, para as coisas ficarem menos confusas e mais ágeis. Antes disso, entretanto, é preciso marcar DUAS opções em todas as camadas. Motion Blur e Continuoulsy Rasterize (os dois quadrados vermelhos na imagem abaixo). A primeira opção a ser marcada dispensa explicações. A segunda é exclusiva para vetores. Como você vai modificar as dimensões dessa camada arbitrariamente ao longo da animação, se esse quadrinho não estiver ativado, seu resultado vai ficar dividido em pixels, e não funcionará adequadamente como vetor, reescalável para qualquer tamanho. Para marcar isso em todas as camadas de uma vez só, simplesmente ative na primeira, não solte o botão do mouse e arraste-o para baixo, ativando todas as outras. Ah, o Motion Blur só vai ser visível (e devorador de memória, pois é um efeito muito pesado) se você marcar a opção indicada pelo quadradinho azul na imagem abaixo.

A última parte de After desse passo é criar o vignette. Essas bordinhas mais escuras no canto da imagem final. Para tal resultado, alguns métodos são possíveis e demonstrarei dois deles. Outros vários existem, mas abordá-los ia extender demais o post (que já é grande). Crie uma nova composition (Ctrl+N), que será de fato a utilizada na animação, e um sólido (Ctrl+Y). Defina a cor do sólido de acordo com a cor que você deseja no background da animação.

OPÇÃO 1: Exposure
Por cima de seu sólido, crie uma Adjustment Layer (Ctrl+Alt+Y) e aplique sobre ela o efeito “Exposure”. Em “Effect Controls”, vá diminuindo os valores de Exposure, até que algum lhe agrade para ser a parte mais escura das bordas.

Então, crie uma máscara elíptica nessa camada. Para selecionar outras formas de máscaras, simplesmente segure o botão do mouse enquanto clica na máscara, no menu superior. Depois de selecionar a elipse na lista, clique duas vezes sobre o botão das máscaras e isso criará a maior elipse possível de caber na sua camada. Inverta a máscara, para que as bordas fiquem escuras e o miolo, claro. Já é um visual interessante, mas muito definido. Queremos algo mais suave, macio, agradável.

Para amaciar nossa máscara, vamos mexer no “Mask Feather”, esse mesmo que aparece na imagem acima. Vá testando valores ou simplesmente clique e arraste o mouse sobre os números, aumentando ou diminuindo de acordo com seus movimentos. Dou logo a dica que 250px de feathering oferecem um excelente resultado. Pronto, terminado o primeiro método.

OPÇÃO 2: Ramp
Aplique o efeito “Ramp” sobre o sólido criado. Nas configurações, escolha as cores de seu agrado, sendo normalmente uma das cores apenas a versão escura da primeira. No menu de “Ramp Shape”, selecione “Radial Ramp”, para que seu gradiente fique num formato arredondado.

Clique nas mirazinhas de “Start of Ramp” e “End of Ramp” para definir os (óbvios) início e fim do gradiente. Para uma transição suave, recomendo posições mais ou menos parecidas com essas, sendo o Start no meio da composição e o End um pouco além de suas margens.

Vale ressaltar que prefiro o primeiro método (Exposure), pois acredito que os resultados são mais elegantes e customizáveis. Um pequeno detalhe é: na animação de Kill Bill, não utilizei nenhum desses dois métodos. Vocês verão no projeto de After. Foi algo mais arcaico.

Como alternativa, seu background pode não ser uma cor lisa, e sim uma textura. Recomenda-se a utilização de uma imagem em alta resolução Você pode conseguir diversas excelentes em CGTextures. É só se cadastrar e você terá uma cota diária de 15mb para baixar em texturas das bibliotecas quase infinitas. Lembrando que, se você optar por uma textura no background, é ideal associá-la ao Null Object que controlará o movimento geral da câmera, a ser explicado no próximo passo, para que ela se mova junto com a câmera, não ficando estática enquanto o texto se move. Ah, e você ainda pode usar o vignette, se quiser!

Por fim, nosso bônus de Illustrator. Breves dicas de como utilizar o Live Trace e Live Paint para adicionar imagens às tipografias.

Para explicar as duas técnicas, vamos usar como modelo essa imagem de silhueta. Salve-a no seu computador, importando-a para o Illustrator em seguida. Repare que é uma imagem simples, com apenas uma cor (desconsidere o branco, pois ele será eliminado) e uma resolução alta. Quanto maior a resolução, melhores serão os resultados do Live Trace.

Selecione a imagem, cilcando sobre ela, e o menu superior irá mudar. Surge a opção do Live Trace. Clique sobre ele e a primeira parte do processo já está concluída. No caso de imagens mais detalhadas, ou menores, ou com mais cores, recomendo dar uma olhada no menu ao lado do Live Trace, que oferece outras opções de vetorização.

Agora, ao Live Paint, que transformará seu “quadrado vetorial” numa imagem completamente editável e, mais importante, eliminará o fundo branco. Na mesma barra onde havia o Live Trace, com a imagem selecionada, agora há o Live Paint. Clique sobre ele. Surgirá um contorno detalhado ao redor do homem e um mais obtuso, ao redor do quadrado original da imagem. Este é o fundo branco. Com a Direct Selection Tool (A), clique sobre o contorno branco, reto. Opa, ele foi selecionado separadamente. Isso não é uma maravilha? Agora é só deletá-lo, e você terá sua silhueta totalmente vetorial, livre para ser editada, redimensionada ou o que mais passar por sua cabeça! Essa técnica funciona particularmente bem com brushes em alta resolução no Photoshop, salvos em PNG de fundo transparente. Elimina etapas no processo.

Preparem-se para a próxima, e última, etapa. É a mais confusa de todas e trata de tudo que é relativo à movimentação das palavras e da câmera!

Day-to-Day Tudo AV

Tutorial: Igor Caricaturas!

August 11, 2013

Algumas semanas atrás, recebemos uma proposta da Lud de fazer um vídeo-tutorial para o site do Igor – cujo serviço é fazer caricaturas! – explicando como deve ser a foto enviada para a confecção de uma caricatura. Eles disseram que muita gente não mandava as fotos como deveriam, e isso acabava gerando um grande atraso no desenvolvimento dos desenhos. Agora, prevendo um crescimento, eles resolveram trabalhar nessa padronização do material que chega, a partir das encomendas.

Para tal, tínhamos um roteirinho bem simples em termos de decupagem e texto, onde a May fez papel de modelo e locutora. Aí passamos pra montagem e desenvolvimento das animaçõezinhas. Desde o começo já tinha sentido uma grande abertura pra inventar coisas aqui – filmamos os poucos planos em RAW, na 5D3 -, e segui por esse caminho, aprendendo e aplicando vários truques novos no After. Conseguimos terminar tudo – da gravação à entrega – em uma semana, e a Lud e o Igor ficaram muito felizes com o resultado – eu e a May também.

Curtiu? Vai lá no site Igor Caricaturas e pede uma caricatura então! Só lembre de seguir os passos na hora de tirar e enviar a foto!

Anamorphic Day-to-Day

UP01 – Lentes Anamórficas

August 10, 2013

Se você tem acompanhado os últimos documentários da OLD, deve ter percebido que a tela deu uma esticada. Não percebeu? Vai lá dar uma olhada, pois vamos falar disto nessa coluna de estréia. A origem do esticamento não é digital, é ótica e é o nosso tema. Esse resultado mais comprido foi atingido com o uso de lentes anamórficas. Anamorfose é o processo de alterar apenas uma das dimensões da imagem. No nosso caso, a dimensão horizontal. Essas lentes de vidros curvos se tornaram famosas na década de 50 quando surgiu, na indústria do cinema mundial, a necessidade de manter sua identidade diferenciada da recém-nascida TV, sem precisar trocar todo o seu equipamento milionário. Emergia o Cinemascope nos faroestes de John Ford e seus grandiosos horizontes.

Uma lente anamórfica na frente de uma câmera vai modificar seu ângulo de visão horizontal e comprimir mais imagem sobre o filme/sensor. O material produzido dá a impressão de que o mundo foi espremido. A pós-produção cuida de esticar de novo e o resultado desse esticamento nos remete imediatamente à tela de cinema. Somos impactados pela (des)proporção da imagem, que fica bem diferente da TV e internet.

Reafirmando sua origem, essas lentes têm muita personalidade. Além do ganho de resolução, seus flares são um fetiche particular de quem lida com elas, é um efeito, e não um defeito, na imagem. São azuis ou amarelos, compridos, bem compridos, e de formato bem definido, diferentes dos flares das lentes convencionais. Até aqui, falei da distorção horizontal porque é a mais comum, mas… É também possível alterar o eixo de distorção para a vertical, ou qualquer diagonal, transformando uma única foto em uma infinidade de possibilidades: “como distorcê-la?”.

Acontece que é bem difícil encontrar anamórficas. Depois da década de 80, com a ascensão do vídeo, elas caíram no esquecimento, e hoje só existem no mercado de lentes usadas. Movido pela curiosidade de testar suas intrigantes características, trouxe vários exemplares – pelo correio! – de muitas partes do mundo para fazer experimentações e descobrir se é mesmo possível fazer cinema com uma câmera fotográfica. Se essas lentes despertam sua curiosidade também, manda uma mensagem pra gente!


Coluna Ultrapassagem, Publicada originalmente na Revista OLD #15, em Outubro/2012

Day-to-Day

Seu Roberto.

August 9, 2013

Como contei no post abaixo, tava providenciando uma tampa pra lente. Como a parada é quadrada, achar algo adequado que não seja uma tosqueira de papelão exige algum esforço. Levei primeiro na Sapataria do Futuro, onde fiz a tampinha da outra lomo, em Fevereiro, por R$70. Achei caro, mas como não tinha mais idéia de onde procurar, foi lá mesmo. E ficou pronta em dois dias.

Aí ontem eu fui lá com a lente nova. Cheguei umas 11h, expliquei a situação e a menina que me atendeu disse que quem ia fazer era uma tal de Rosângela, que só ia chegar ao meio dia. Ela disse para eu deixar a lente e voltar outro dia para resolver os detalhes do projeto. Ela claramente não sabia o quanto eu ainda tô apaixinado pela lente, e o quanto quero o kit afinal completo, protegido na segurança do lar. Pois bem, falei que voltaria mais tarde. Aí fui pro centro da cidade, resolvi uma pá de coisas e voltei. 12h30.

Entrei, e a primeira coisa que a menina me disse foi: “Ih, ela ainda não chegou. Tem como você vir outro dia?”. “Não, moça, não posso vir outro dia. Minha agenda é complicadíssima, preciso resolver isso HOJE. Façamos assim: quando ela chegar, você dá um toque no meu celular e eu retorno a ligação pra falar com a Rosângela, ok?”. E assim ficou combinado. 17h e nada de ligação. Pensando que o lugar ia fechar a qualquer momento, resolvi ligar. Falei com OUTRA moça, que não tinha a menor idéia do assunto. Quando ela começou a entender, disse que a Rosângela AINDA não tinha chegado. Sinceramente, putaquepariu, hein? Ela então se ofereceu pra me mandar uma mensagem no celular com o orçamento assim que infeliz chegasse. Concordei, e esperei.

19h30, fui ver no celular se tinha alguma novidade de orçamento e nada. Sabendo que a sapataria fechava às 20h, liguei novamente. Quem atendeu foi a tal Rosângela. Expliquei detalhadamente o que eu precisava, e ela disse que eu tinha que ir lá hoje – novamente! – pra explicar mostrando na lente. Ela disse também que só chegaria ao meio dia. Esse truque eu já tinha aprendido. Perguntei então, despretensiosamente, quanto ela achava que isso ia me custar. A resposta já praticamente resolveu a questão: “Ah, vai ser barato, uns R$150.”. Não deu nem tempo de conter as palavras. “Iiih! Então acho que amanhã eu vou passar só pra buscar! HAHAHA! Fiz uma aí um tempo atrás e custou R$70.”. “Ah, meu filho, mas isso tem muitos anos!”, “Não, não! Foi em Fevereiro mesmo!”. “Ah, então eu acho que não tô entendendo o que você quer fazer”. Beleza, fiquei de voltar lá hoje – Sexta – pra explicar a parada, e ver se fazia ou não.

Hoje não foi surpresa. Vacinado, só cheguei depois das 13h, e já encontrei de cara a infeliz. Expliquei DE NOVO o que eu queria, e ela disse “é, isso vai ser uns 150 mesmo”. “Bom, então eu vou levar de volta, e achar outra pessoa que faça, pelo preço certo”. Peguei a lente e me piquei. Subindo a Augusta, passei de volta na sapataria onde deixei a mala desinfetando, para resgatá-la. Não tá totalmente resolvida, mas deu uma melhorada. O conselho foi deixar no Sol, O MÁXIMO DE TEMPO POSSÍVEL. Providenciei um canto no térreo, atrás da garagem, que pega Sol quase o dia todo e vou deixar a mala por lá todos os dias, e recolher à noite.

Apresentei o problema da tampinha da lente e as duas mulheres de lá disseram que não daria pra fazer direito com a máquina que elas usam pra fazer os sapatos, mas que – afinal, o título do post – o Seu Roberto, aquele que me cobrou um cafezinho para arrumar a mala, poderia ter uma boa solução. Nessa hora eu já tinha subido muito a rua e tava carregando a lente, cinco quilos de arroz (almoço, oras) e a mala de novo. Tava meio pesado, resolvi vir em casa antes de sair novamente. Deixei a mala no Sol, o arroz na cozinha, e peguei a lente.

Para liberar a consciência, passei numa oficina de costura que fica aqui na esquina. Conforme eu ia explicando o que queria, a mulher do balcão ia ficando mais e mais aterrorizada, e quase chorou quando disse que não tinha a menor idéia de como fazer aquilo, que aquele serviço eles não faziam ali. Saí pensando que ela era um pouco dramática, e rumei para a oficina do Seu Roberto.

Ao mesmo tempo que reclamava do Sol, porque tá fazendo um calor infernal, pensava que era uma coisa boa na recuperação da mala. Cheguei, novamente à loja oculta, e encontrei Seu Roberto na mesmíssima posição que da última vez: sentado em seu banquinho, fumando um cigarro e olhando para o Sol do lado de fora. Cumprimentei-o, falei da mala, e disse que tinha ali uma parte do que viera DENTRO da mala. Quando coloquei a lente na mesa, ele foi arregalando os olhos, e juro que se tivesse orelhas de gato, elas estariam de pé, analisando com muita curiosidade e gosto aquele objeto.

Ele perguntou pra que servia, o ano que tinha sido fabricada – disse que adora antiguidades, e que as coisas de hoje em dia não são mais feitas com a qualidade de antigamente – e, por fim, o que eu queria fazer. Expliquei a idéia da tampinha que tinha, e ele rebateu com algumas sugestões. Aí ele já emendou, com brilho nos olhos, falando de uma época que a Canon fazia capas decentes para as câmeras, que usava um couro muito duro e especial, que você precisava cortar num dia, depois molhar e aí deixar exposto ao tempo durante uma noite inteira. No dia seguinte, o diabo do couro parecia uma massa, incrivelmente maleável, e ficava na posição que fosse colocado.

Com isso você usava um molde de câmera, fornecido pela Canon, e fazia a costura nos pontos necessários. “Era uma superproteção, naqueles tempos as coisas eram de outro jeito! Hoje em dia… hoje em dia o pessoal só quer o óbvio, ninguém tem mais curiosidade pra fazer sobre as coisas…”. Contei pra ele minha saga da Sapataria do Futuro. Assim que falei o nome da loja, ele fechou a cara e disse que “lá eles não tem gente competente pra fazer isso! Eu vejo sempre os serviços de mala que eles fazem lá, uma porcaria, uma porcaria, mas acho bom porque sempre vem pra cá depois, pra arrumar de verdade”.

Já encerrando a conversa, perguntei se dava pra fazer, ele disse que sim, que adora inventar essas coisas, mas que quase nunca aparecem pedidos desafiadores, ou interessantes por lá. Comentei que fazer coisas estranhas é minha especialidade, e que ele podia ficar tranquilo que logo mais eu certamente teria algo pra azucrinar a cabeça dele. Seu Roberto riu e balançou a cabeça em aprovação. Disse para eu voltar mais tarde – “Ah, umas quatro horas já deve estar pronto, só não digo pra você esperar aí mesmo porque se eu errar vou ter que desfazer tudo e arrumar de volta”.

Saí rindo e já pensando em qual vai ser o próximo desafio que vou levar para Seu Roberto. Esse ano eu tô sendo premiado com os velhinhos que dominam suas áreas. Depois escrevo sobre o Clóvis, que tá no topo da lista dos gênios.

Anamorphic Day-to-Day

LOMO Foton-A 37-140mm T/4 – Delivery!

August 9, 2013

Buscando Lila no aeroporto ontem (04 de Agosto), finalmente chegou a minhas mãos essa lente, comprada no meio de Março. A partir da foto ela parece BEM maior do que de fato é. Na real, fiquei impressionado com o tamanho e peso real da menina. Estava esperando um foguete e ganhei um traque. É bem pequena e levíssima, especialmente se comparada com a irmã LOMO maior. Ela completa, com a parte anamórfica, deve medir uns 25cm e pesar perto de 1.5kg. A mala é um pouco maior – e até o presente momento, incrivelmente fedorenta, com um cheiro de carniça abominável – mas ainda assim, perfeitamente transportável. Alguém tem sugestões pra tirar cheiro das coisas? Os acessórios que vieram lá dentro também estão empesteados.

Atualização: Quando escrevi o post esse problema ainda não tinha sido resolvido, mas consegui arrumar as travinhas da mala por R$5, pagando um cafezinho para o tio que arruma malas aqui do bairro – o único comentário dele foi “essa mala tem quase minha idade, rapaz!” – e deixei o “desempesteamento” a cargo de uma sapateira que identificou a origem do problema como as partes emborrachadas da mala. Deixei o elemento anamórfico por lá também, para fazer uma tampinha de couro para a frente, similar àquela que fiz pra LOMO 50mm. Os acessórios e a lente estão tomando Sol e vento há alguns dias e seu quadro já apresenta melhoras!

Testei colocá-la na 50D, e já tive resultados positivos. Todos os serviços realizados por Olex estão perfeitos – colimar, desclicar a abertura, mudar o encaixe, instalar anéis de foco e zoom e corrigir o encaixe entre a parte esférica e a anamórfica – assim como o envio também foi totalmente de acordo com o combinado. Por ser um volume muito grande e pesado, resolvemos dividir em dois pacotes a serem enviados para Lila antes mesmo de ela embarcar para a Espanha. O primeiro chegou rápido, o segundo está congelado no site dos Correos até hoje, mas a super-irmã conseguiu resolver a situação indo ao correio mais próximo, e perguntando pelo pacote. Chegando aqui, nada de stress com alfândega, o aeroporto estava entupidíssimo – ela só conseguiu sair duas horas depois do pouso – então a fiscalização era leve para agilizar a saída dos passageiros.

Ó aí a cara do brinquedo.


Agora ó aí umas coisas feitas com ela. Para esse material, acabei comprando uma 50D, câmera de 2008, que se revelou de grande utilidade nas filmagens em raw a partir do MagicLantern. O sensor APS-C, metade da 5D3, é do tamanho de um fotograma 35mm, ou seja, perfeito para essa lente e para a 35OPF18-1, que foram projetadas exatamente para esse tamanho de película. Na 5D3 elas não cobrem o sensor todo, deixando bordas pretas imensas.

Por fim, depois de um papo com o Plínio Higuti, estou considerando bastante ter um adaptador PL para essa lente e para a 35OPF18-1, permitindo que elas sejam usadas em câmeras atuais, como Alexa, RED ou Blackmagic. E aí dá até pra tirar um troco alugando as preciosidades. Só falta um pouco de coragem mesmo!

Ah, de “brinde” – brinde é o cacete! O conjunto foi bem caro – no kit vieram dois desses close ups enormes, feitos exclusivamente para essa anamórfica, que hoje são raridades e valem uma boa grana. Tô considerando seriamente ficar com um deles e vender o outro, porque serve perfeitamente em uma lente como o LA7200, por exemplo, como o Andrew Reid explica nesse post – post tal que foi a causa do desaparecimento dos close ups.

Anamorphic Day-to-Day

[Anamórficos XXIII] – Filtro Streak/Flare

August 5, 2013

Ao longo dos últimos meses, fiz alguns posts de itens que ajudavam a criar o visual anamórfico sem necessariamente passar pelos grandes gastos, testes excessivos, prática e paciência decorrentes do uso das lentes que verdadeiramente esticam a imagem. Alguns desses itens foram o filtro Cinemorph, modificações em lentes arrancando o anel de abertura original, a FlareFactory, que deu uma aprimorada na Helios 44 original e usa o método de substituição da abertura, ou até mesmo o MagicLantern, com o uso de cropmarks customizadas, para um formato de tela idêntico a um criado após o stretch.

Nesse post, vou apresentar um outro item dessa categoria de farsas, que é o filtro Streak, também conhecido como filtro de flare. Seu efeito é justamente a combinação desses dois nomes: ele cria streak flares, ou flares que se esticam numa linha reta a partir da fonte de luz. E como é a cara desse filtro? Tradicionalmente é um quadradinho de vidro com muitas linhas bem fininhas, todas num mesmo sentido. Existem diversas variações desse treco, determinadas por dois fatores.


Filtro Tiffen 4×4 – Streak 2mm

O primeiro desses fatores é a cor. O meu é neutro, então as linhas têm a mesma cor da fonte de luz. Se for uma fonte azul, os flares são azuis, e assim por diante. Existem versões onde o flare é colorido, que podem enganar melhor, afinal a grande maioria das lentes não muda a cor do flare, independente da fonte de luz.

O segundo fator é o espaçamento entre as linhas, dado em milímetros. Esse meu é de 2mm. Quanto mais próximas, mais fortes ficam os flares – é só clicar na foto do filtro aí em cima pra ver essas linhas melhor. Dá pra ver também a diferença no efeito criado por essas distâncias nessa página da Optefex, que é a fabricante dos filtros. Também dá pra ver que é um brinquedo caro. Esse meu eu peguei no eBay inglês, por um preço bem legal – muito abaixo desse no site do fabricante -, há uns quatro ou cinco meses. Desde então nunca mais achei um usado à venda. Aparentemente os filtros estão esgotados há bastante tempo nos fabricantes, e só locadoras de equipamento têm esses aparatos.

As duas fotos abaixo são uma comparação, a primeira foi feita com uma lente anamórfica – Century WS-13 – e a segunda usando o filtro streak. Olhando com cuidado, a diferença é grande, mas sem atenção aos detalhes, digo que o efeito convence o suficiente.


E se você for hardcore, e quiser forjar ainda mais, com o desfoque ovalado? As próximas fotos desse teste foram todas feitas usando a FlareFactory 58. Como o filtro tem tamanho 4×4, não dá pra rosquear na frente da lente, e é necessário um mattebox para utilizá-lo corretamente. O bom é que é super simples de alinhar, ou modificar a direção dos flares, simplesmente girando a bandeja de filtro.


Woody sempre alerta

O atropelamento de Woody

Como dá pra reparar na última foto, o filtro tem um efeito colateral parecido com o Cinemorph. Se vocês olharem bem pras luzes ovais desfocadas do lado esquerdo, elas têm muitas linhazinhas verticais. São as linhas do filtro, por onde não passou luz suficiente para “preencher” o desfoque igualmente. Outra situação hardcore em que ele falha é para grandes fontes de luz. Não tenho imagens pra ilustrar esse caso, mas quando fui tirar uma foto da lâmpada chinesa da sala (aquela redonda e branca), metade do quadro era uma mancha horizontal estranha, com várias linhazinhas finas. Tudo por conta do filtro. Para fontes pequenas como lanternas, LEDs, faróis, ou lâmpadas sem difusão, o efeito é bem convincente.

Assim como o Cinemorph, dá pra ajustar facilmente a direção dos flares, mostrado nas fotos abaixo.


Woody e os vagalumes (OP1)

Woody e os vagalumes (OP2)

Vou tentar fazer um teste em vídeo nas condições ideais pra melhorar esse post, mas enquanto isso, tem esse outro post aqui, num blog chamado Visual Cinema, falando do filtro, com um teste muito louco, onde aparece uma moça fazendo pole dance com lingerie cintilante – flares.