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June 2014

Day-to-Day

Como Treinar Seu Dragão 2(x).

June 20, 2014

Hoje foi um dia mais produtivo do que eu esperava. Além das economias com Catan, fui ao mercado reabastecer meu armário e geladeira, porque tava correndo risco de ficar sem comida amanhã de manhã. Peguei mais uns Hungry Mans também, que parecem ficar cada vez melhores. Alguma chance de eu estar fazendo melhor uma comida de microondas? Acho que não, né? Anyway, resolvi dar uma última chance ao tênis, antes de ir lá trocar, e hoje saí com uma meia mais fina. Aí o sapato virou outra coisa. Corri, pulei, dancei e galopei pelas ruas de Vancouver de tanta alegria.

Depois de ir ao mercado, recebi a resposta de um camarada para quem tinha proposto uma troca de jogos. Aceito. Sucesso. Fui encontrá-lo para concluirmos o negócio. Mais uma vez o tênis provou seu valor. O dia não tava a coisa mais bonita do mundo – nublado, meio ventando demais, mas não tava chovendo, então, ótimo.

Cheguei em casa já eram quase 15h30. Recebi então a resposta de um camarada dono de uma loja de aluguel de equipamentos fotográficos, para quem eu tinha proposto acrescentar os Iscoramas à sua gama de ofertas (afinal, se der pra alugar a lente, é melhor que ela ficar pegando poeira aqui no armário). Também queria alugar uma outra lente (14mm), para experimentar, e tentar filmar algo pra colocar aqui no blog, então combinei de passar na loja logo mais. O lugar fechava às 17h.

Saí de casa logo depois de almoçar, entupido de frango, purê e milho, com vinte minutos pra percorrer 2km, senão o Dylan ia ficar puto com a minha cara – a tolerância pra atrasos aqui é radical. Dei umas corridinhas, apertei o passo e peguei todos os atalhos que consegui imaginar pra evitar semáforos de pedestre. Cheguei com UM minuto de antecedência. Subi, peguei a lente, paguei ($20 pra três dias!), mostrei o Iscorama, ele achou bonito e lamentou que são poucas as pessoas que filmam em anamórfico no mercado Indie (que é o público principal dele). Saí de lá em direção ao cinema, pra ver o filme que intitula o post.

Aí descobri que a sessão era 17h05, e não 17h25. Descobri também que o cinema ficava 1km mais longe do que eu calculara. Putamerda. 17h05 É AGORA! E aí, voltar pra casa, ou arriscar tentar comprar atrasado e perder os trailers? Segunda opção, claro! Saí correndo loucamente, com o equipamento na mochila, em direção ao Odeon Cineplex. Cheguei lá 17h15, e subi CORRENDO as escadas. Na bilheteria, ainda fiz cara de pena. “Alguma chance de eu conseguir ingresso pra sessão das 17h05?” “Claro! Os trailers devem estar acabando agora!”. AE! Comprei o ingresso, comemorei, e corri para a sala. O sujeito que tava recebendo os ingressos também comentou que os trailers estavam acabando, e que eu nem teria perdido nada do filme. Maravilha.

Aí eu fui, alucinado, procurando a sala 10. Cheguei no fim de um corredor, e vi um cartaz do filme. Sons de dragão, e aventura. PUTAMERDA, JÁ COMEÇOU!! Entrei rápido, no escuro, e sentei numa cadeira da ponta. Botei meu óculos 3D e fiquei vendo o filme. Parecia o comecinho, uma revelação interessante, depois de coisas apresentadas no primeiro (se você já viu o filme, é o flashback da mulher, lá!). Depois de 45 minutos, trilha sonora épica, várias coisas emocionantes acontecendo, eu me empolgando, pensando “caralho, se esse filme tá assim em 45 minutos, O QUE É QUE PODE ACONTECER?”. Achando maravilhoso. Eu realmente não conseguia pensar em pra onde a trama ia seguir no fim daquela cena.

Aí a criança do meu lado espirrou no colo da mãe. E eu olhei. PRA QUÊ? Reparei que nem a menina nem a mãe estavam com óculos. Estranho. Tirei o óculos, tudo parecia em foco. Olhei pra trás, todo mundo sem óculos. Olhei o ingresso, sala 10. Olhei o número na parede, SALA OITO! NÃÃÃÃO!

Saí correndo, antes de ver o fim absoluto, e furtivamente me enfiei na sala 10. Agora sim, tudo escuro de novo, a galera já tava vendo o filme, todo mundo de óculos, 3D bombando, a única parte ruim era: tava NO MESMO PEDAÇO que eu tinha começado a ver na outra sala. Então, perdi o começo DUAS VEZES. Dessa vez, vi até o fim. Acabou o filme, e confirmei que ia começar uma nova sessão 2D dali a cinco minutos, na sala que eu tinha entrado errado. Aí já tinha até ensaiado o discurso que ia fazer pro funcionário do cinema, explicando que eu tinha feito a proeza de perder o começo do filme duas vezes, e tal. Antes de explicar tudo, resolvi tentar ser furtivo.

Saí da sala, devolvi meu óculos 3D nas caixas que ficam nas saídas, e ao invés de sair do complexo de salas, caminhei inocentemente para a bendita Sala 08 de novo. Ninguém me impediu, ninguém me olhou feio, na verdade, acho que ninguém nem me viu. Entrei, e fiquei lá, de boa, esperando alguém vir reclamar. Ninguém veio, fui me concentrar no filme que, ENFIM, começava. Aí consegui ver direitinho, até a parte que já tinha visto (duas vezes). Alegre e contente – porque o filme é bem divertidinho e muito bem feito, e tem um respeito cronológico ótimo, porque esse se passa 5 anos depois do primeiro, assim como o intervalo entre os dois filmes no mundo real – saí do cinema aliviado porque não tinha ficado sem ver o diabo do começo. Tinha até considerado procurar um release bem porco na internet, mas tô evitando pirataria a todo custo, então, ia preferir a abordagem diplomática de implorar para um funcionário do cinema, se preciso fosse.

Saindo do shopping, descobri que tava caindo um pé d’água absurdo. Maravilha hein? No SEGUNDO DIA usando o tênis novo, me aparece uma chuva sem precedentes, derrotando todo o propósito de eu ter trazido uma puta bota à prova d’água. Foda-se, ou melhor, foda-me. Saí na chuva mesmo, a passos rápidos, dando corridinhas de quadra em quadra. Cheguei em casa são e salvo, em 20 minutos. Nem um pouco seco, porém. Tinha água até os ossos.

Peguei um VARAL emprestado com o Wyll, e estendi as roupas por aqui, e mochila, e meias, luvas, tênis, cabelo… Essas coisas que ficam pesadas com banho de chuva. Só não tive que pendurar mesmo a alma, porque essa sempre fica mais leve. Tomei um banho quente pra ser saudável, e vim testar a lente – e me apaixonar ainda mais por ela. Pronto, foi isso o meu dia, e eu ainda queria escrever mais três posts sobre outros assuntos, que não sei se vou conseguir.

Concluo: sempre escrevo perto da meia noite, o que equivale a 4h da manhã no Brasil, então o número de leitores é pífio. Vou começar a programar os posts para aparecerem entre 10 da manhã e meio dia. Vamos ver o que acontece.

Ah, e pra melhorar o espírito da coisa, uma musiquinha do filme, que é linda. E quem tiver paciência, tem um cover muito bonitinho também.

Day-to-Day

Settlers of Vancouver.

June 19, 2014

O Amazon tava enrolando pra despachar os Catans, aí hoje cedo fui passear pela Craigslist, e consegui achar opções mais baratas pra três dos quatro pacotes que tinha comprado (e economizar $17 no processo)! Mandei um pedido de cancelamento pro Amazon, e Sábado vou buscar tudo na casa das pessoas. Nada como o mundo real batendo o virtual, sendo mais rápido e mais barato!

Day-to-Day

The Wanderer.

June 18, 2014

Vou dar uma animada por aqui, porque pelos últimos posts parece que eu só tô em casa, jogando loucamente, e escrevendo sobre isso, ou sobre coisas da internet. Bom, não é EXATAMENTE assim, na verdade, no Domingo eu terminei o último dos jogos de PS4 e agora o próximo que me interessa só sai 29 de Julho, então, nada de muita jogatina no futuro próximo.

Minhas programações de rua estavam reduzidas porque tivemos alguns problemas – demorados, mas já resolvidos! – com o banco, no Brasil, na hora de mandar qualquer dinheiro pra cá. Então, passei os últimos dez dias com US$300, pra tudo. Sobrou, claro, mas não dava pra ficar inventando moda, ou providenciar as outras coisinhas que estão faltando na vida. Como na quinta feira esse rolê da transferência já estava garantidamente resolvido, decidi que ia pegar um tempo da Sexta pra explorar, e adiantar as buscas de itens faltantes na lista de sobrevivência (tênis, bike e catan, resumidamente). Lembram daquele dia que eu andei pra caralho, passeando pela Cambie?

Pois então, a ÚNICA loja de sapato que tinha o sapato que eu queria era pras bandas de lá. Fazer o quê? Saí de downtown de novo, dessa vez pela Burrard Bridge (que está passando por reformas, e todas as plaquinhas informativas são muito meigas, de verdade). Os avisos de “cuidado, operários trabalhando” tem fotos de bebês, e os dizeres de “Drive carefully, my daddy works here!”. Achei muito mais empático que o padrão “Atenção! Obras a 500m”. Enfim, atravessei a ponte, e andei até a loja de sapatos. Claro que me perdi no processo, e andei umas quatro quadras na direção errada, mas nada muito grave.

Na loja, achei o sapato, mas tava tão cheia que acabei nem ficando pra experimentar. De lá, parti para uma loja de discos (que não era nada perto), pra ver se tava rolando um sorteio que a May queria participar. Aí eu caminhei. Putamerda, como caminhei. Logo no começo dessa etapa, resolvi comer uma das maçãs que tô carregando sempre na mochila. Delícia, sucesso. Agora preciso jogar fora esse miolo de maçã. E nada de aparecer uma lata de lixo. Andei QUILÔMETROS, e não achei uma porra de uma lata de lixo! E também não achei nenhum lixo na rua! Como não ia me render, embrulhei o bagaço num papel e coloquei no bolso mesmo. Já tinha virado uma questão pessoal, e eu ia jogar aquela porcaria no lixo nem que fosse EM CASA!

Bom, aí eu andei. Andei quase uma hora e vinte sem parar. Cheguei numa pracinha na Main Street, achei um lixo!!, e sentei para descansar. Pensei “Céus, tô mal, nunca precisei sentar pra descansar!”. Fiquei lá, bebendo água e pensando na vida por uns quinze minutos. Depois tomei coragem e me arrastei até a loja, 500m mais à frente. Lá, não achei a urna pro sorteio. Fui perguntar pro bróder da loja, e emperrei no inglês, porque não tinha a MENOR IDÉIA de como é “sorteio” em inglês, mas depois de uma ajuda do google – é “raffle”, fica a dica -, consegui terminar a pergunta. Preenchi um papelzinho sem vergonha e joguei numa urna muito escondida pro meu gosto. Respirei fundo, bebi mais uma água, e pensei em qual seria o melhor caminho pra voltar pra casa, com minhas pernas moídas. Ônibus? Nenhum por perto. A pé? Nem fodendo. Táxi? Se eu não tinha dinheiro, qual o propósito de pegar um táxi? Só sobrou mesmo o SkyTrain, a 1km de distância.

Mandei um Infected Mushroom nos fones de ouvido e ativei o piloto automático mental. Quando percebi, já tava na estação King Edwards, embarcando para casa. Só de sair aqui em downtown de novo já me deu um resto de energia pra conseguir chegar em casa. Fiquei preocupado, porque nunca tinha cansado tanto andando. Será que eu tô me alimentando mal? Aí fui fazer uma gracinha pra May, e calcular quantos quilômetros tinha percorrido. Fui marcando no google maps o caminho exato que fiz e… DEU DEZ QUILÔMETROS (tirando o pedaço de metrô, CLARO). Nessa hora o cansaço fez sentido, e fiquei bem menos preocupado com minha alimentação.

Pensa uma noite bem dormida. Foi essa. Dormi cedo, acordei tarde, descansei tanto que até me senti bem.

Tinha reservado o Sábado e Domingo para caçar móveis e coisas pra casa nova, mas Vancouver deu uma de São Paulo, e já que tinha feito sol a semana toda, caiu uma tempestade pavorosa nos dois dias, com direito a trovões com quase um minuto de duração – 46 segundos cronometrados. No fim não deu pra procurar móvel nenhum. Só deu pra ir num mercado que fica longe de casa (3km, ida e volta), mas é mais barato, pra comprar a comida congelada, e mais umas outras paradinhas alimentícias. Isso quando a chuva deu uma trégua, e fui tomando garoa no juízo. Domingo o Paul veio pra cá, contar da primeira semana de aula, e ficamos conversando muitas e muitas horas, animados com a vida. Domingo também foi o dia que escrevi um monte de posts por aqui, e terminei o último jogo (Call of Duty: Ghosts). Tava chovendo, que mais eu podia fazer?

Segunda também foi um dia light, consegui assistir um filme inteiro sem dormir – “Oculus” (“O Espelho”, em português), que é bem legal, e tem muitas sacadas boas de montagem e desenvolvimento, mas o final mais previsível do MUNDO, o que enterra bastante tudo que eu tinha gostado antes. Segunda eu só caminhei DUAS quadras, pra resgatar uma mesinha na casa de outros brasileiros, pra mobiliar nosso futuro apartamento. Ô mesinha pesada dos infernos! Meus braços estão doendo até agora! E só carreguei ela por uma quadra, parando de dez em dez passos. Foi mais cansativo que andar os 10km… Mas vai ficar bonita no apê, e é isso que importa.

Aí chegou hoje. Hoje o dia começou bem, com a confirmação do banco dizendo que a transferência tinha entrado. Pronto, já posso continuar a resolver minha vida! Fui no Amazon, e tava rolando uma MEGA promoção nos Catans. Comprei o bendito e já temos jogos marcados, pra começar a forçar o juízo de forma mais social do que no Playstation. Saí, fui no banco sacar um dinheiro, e voltei pra casa pra ver o jogo. Essa parte já tá contada. Não sei por que diabos fiquei achando que o dia já ia estar acabando quando o jogo chegasse ao fim. Como fui tolo…

O dia estava acabando, de fato. Acabando de começar! Tava caçando um telefone amarelo pra May, e mandando mensagens pra um povo da craigslist (preciso escrever um post sobre a craigslist, é tipo um “MercadoLivre da cidade”, uma invenção divina). Uma boa opção de compra era, adivinhem pra que lado? Aeee, exatamente, pro lado da Cambie! Aproveitei que tinha que comprar meu tênis – e devolver o do Wyll, que já tava emprestado há três semanas – e calculei uma nova rota.

De novo fiz a besteira de comer uma maçã sem achar o lixo primeiro, e fiquei carregando o miolo por muitos quilômetros. Tem coisas que a gente não aprende, né? Cheguei na loja, pedi pra experimentar o sapato. Achei que era tamanho 9 e meio. Não tinha. Só 9. Experimentei, e ficou bom. Parecendo um pouco folgado, na verdade. Aí o vendedor me convenceu a experimentar o 8 e meio. Ficou certinho, e decidi levar. Já saí calçado, que era pra ter conforto máximo na caminhada.

Depois de muitos quarteirões, comecei a sentir o sapato apertado. Não na ponta, como é normal, mas sim nas laterais. “Vamos ver se acostuma”. Continuei andando, passei pela Best Buy, parei no mercado porque já tinha almoçado, comido duas maçãs e ainda tava com fome. Comprei uns cookies (yummy!), e sentei lá por perto, pra folgar os cadarços. Não deu muito jeito, e acho que vou voltar na loja amanhã pra trocar pelo tamanho 9 mesmo.

Do mercado, é claro que eu podia pegar o metrô pra casa. Mas, qual seria a graça, não é mesmo? Qual seria a graça de chegar em casa com tranquilidade, conforto e segurança? Resolvi voltar andando – por outro caminho. Dessa vez não me perdi. Só escolhi uma rota um pouco não-otimizada, e vaguei mais que o necessário. Nesse tempo todo, fiquei checando o celular, esperando a bróder do telefone da May me responder. Nada. Cheguei em casa, e vi que um dos Iscos tinha chegado aqui, mas não tinha ninguém em casa pra receber na hora, e o cara deixou um aviso.

Desci pra tentar pegar o aviso, pra ir buscar no correio, e nada. Minha chave não funciona na porrinha da caixa de correio! Peguei a chave do Wyll e voltei, todo vitorioso. Nada de aviso. Ô inferno. Peguei o código do pacote e paletei até o correio. Lá fui muito bem atendido, e a moça disse que não tinha nada no meu nome. Dei o endereço e ela disse que tinha um pacote, mas que eu precisaria de um documento original e um comprovante de residência. Voltei pra resgatar o passaporte, e dei graças aos céus por já ter uma conta de telefone pra pagar. No correio, a mulher me entregou um pacote maior que minha mala de viagem. Eu esperava uma embalagem bem feita, mas não TÃO bem feita!

Em casa, gastei uns quinze minutos cortando fita adesiva e plástico bolha usando uma chave, até conseguir chegar à caixa, no centro de tudo. A lente tá perfeita, linda e maravilhosa, mas ainda não deu pra testar porque faltam anéis adaptadores. Estou trabalhando nisso. Ela é tãããão bonita! Aí deitei um pouco, pra descansar.

Foi só encostar na cama que a infeliz do telefone responde. Pediu pra ir encontrá-la… Do lado da CAMBIE! AAAAAAHHHH! NÃÃÃÃÃO!

Bom, queria resolver tudo hoje, então calcei o sapato – apertado – de novo e saí. Quando tava na metade do caminho, ela me liga, perguntando se eu já tava no SkyTrain, e se tinha como ser um pouco mais tarde, porque ela tinha que apagar as coisas dela do celular, e resgatar fotos, etc. Disse que vinha me encontrar em Downtown. Comemorei o fim das caminhadas. Claro, fui tolo novamente.

Dali a 40 minutos ela liga de novo, dizendo que conseguiu resolver tudo em casa, e não teve que vir pra Downtown. Pediu pra eu encontrá-la lá mesmo. Pelo menos era mais perto do SkyTrain do que o endereço anterior que tínhamos combinado. Já fui pro skytrain quase me arrastando, ouvindo tudo que é música alucinante pra criar forças. Cheguei na casa dela às 20h. Nessas horas que a gente vê como o mundo é foda, e é preciso estar atento às coincidências.

A mulher trabalha com cinema, tem uma empreitada em LA, e tá abrindo uma filial aqui. Tava vendendo o telefone porque não tinha conseguido se acostumar, preferia um outro, maior, que facilitava as tarefas dela como produtora. Comentei que vim pra Vancouver trabalhar com cinema, que me formei na USP, e tava indo pra VFS. Ela disse que conhece quase todos os professores de VFX de lá, e que é uma ótima escola. No fim, ainda disse assim: “salva meu número, e quando quiser trabalhar, me dá um toque, que eu te apresento pra um monte de gente aqui. A gente tá sempre precisando de alguém pra VFX e motion”. Contou que a namorada do sócio dela é brasileira, e que ela é super amiga de várias pessoas da américa latina aqui em Vancouver também.

Aparentemente, todo mundo aqui trabalha em cinema! O Paul também já encontrou um cara da indústria no SeaBus, quando ele tava absolutamente perdido, nos primeiros dias. Essa conversa de menos de dez minutos com a Jen me fez ter certeza que é aqui mesmo que o circo vai pegar fogo e que eu só volto pra São Paulo se for obrigado! Quando percebi, já tava em casa, muito mais animado do que nunca para as aulas começarem, e muito menos cansado do que quando saí. Menos cansado, mas morrendo de fome though. Aí descobri que os DEZESSEIS iogurtes que comprei na semana passada só eram válidos até o dia 12. Fiquei puto. Abri um. Não tinha virado sabor umbu ainda – como dizia minha bisavó. Mandei pra dentro, sem culpa. Depois dele, ainda mandei mais dois. O objetivo é, quando (se?) esse negócio estragar, ter o menor prejuízo possível!

Ah, no total do dia, hoje andei 16km. Ainda queria ir ao cinema, mas não vou obrigar minhas pernas. Vai ficar pra amanhã.

Post sem fotos. Tá difícil andar isso tudo e ainda carregar a câmera nas costas. Mas estou trabalhando nisso, aguardem.

Day-to-Day

Delivery de Sofá.

June 17, 2014

Assistir o jogo no Canadá tem suas bizarrices. Nesse não rolou gol, mas no outro, era preciso atenção para saber que foi gol. O narrador é um cara muito discreto, nunca grita, e fica dando informações estatísticas sobre copas passadas. Na hora do gol ele fala tipo “and goal! Brazil scores and now leads the game”. Não repete, nem fica até ficar sem ar. Também não toca musiquinha quando é gol. Na verdade, não toca musiquinha at all. Se você estiver só ouvindo, não pode se distrair, senão acaba perdendo os gols!

Aí, hoje eu tava aqui, assistindo a partida, quando toca o interfone. Era o tal delivery de sofá – porque o anterior tava com defeito e precisava ser trocado. Ok, eu não consigo imaginar alguém trabalhando direito durante um jogo, na verdade, eu não consigo conceber alguém trabalhando longe de uma tv ou rádio. Os camaradinhas subiram, totalmente alheios ao que tava rolando, e eu fiquei por perto, vendo a partida e eles carregando os sofás, sem saber decidir no que prestar mais atenção.

No fim das contas, deu tudo certo, e um dos entregadores resolveu me agradecer dizendo “Muchas gracias”. Quase gritei com o carinha, dizendo “I AM NOT MEXICAN, DUDE! I’M FROM BRAZIL, AND I HOPE MEXICO LOSES THE GAME! DON’T THANK ME IN SPANISH!”. Mas me controlei, e só agradeci em inglês mesmo.

É engraçado estar tão longe de casa, a ponto de as pessoas nem saberem direito o que é que significa um jogo pra gente. E foi isso, meu resumo do jogo, somado a uma percepção mais do que prática de que coisas que são importantes para milhões de pessoas podem não significar absolutamente nada pra outras milhões. Na teoria é fácil, mas na prática é bem curioso, mesmo.

Day-to-Day

Lytro Illum.

June 17, 2014

Então, no outro dia que eu falei que passei a madrugada acordado, acabei me batendo com o mais novo anúncio da Lytro. Para quem não sabe – ou não lembra – a Lytro foi a companhia que anunciou um novo tipo de câmera, baseada numa tecnologia chamada de lightfield (explico um pouco melhor no fim do post, pule pra lá se estiver muito curioso), na qual era possível escolher o ponto de foco da foto DEPOIS de tirá-la. Ou seja, você vai lá, bate a foto, e escolhe depois aonde quer que fique o centro de atenção.

Tem uma galeria no site deles, onde dá pra explorar essas capacidades. A maioria das fotos é muito ruim, mas tem umas que dá pra ver bem o efeito. Algum tempo depois de lançarem a câmera, os caras ainda descobriram que tinha tanta informação luminosa contida nos arquivos que era possível simular uma tridimensionalidade dentro das fotos, e mudar – bem pouquinho, mas o suficiente para ser cool – o ponto de vista da foto. Dá pra sentir o espaço, e o tamanho das coisas, e a distância entre elas, melhor do que qualquer foto.

É bem interessante, devo admitir, mas a câmera em si tinha vários problemas. Por exemplo, parecia uma caixa de biscoito, retangular, compridinha, COLORIDA, com um visor minúsculo, e resolução de UM megapixel (as imagens tinham 1080×1080 pixels). Não usava cartão de memória, então sempre que você queria pegar uma foto, tinha que conectar no computador, e não era muito prática mesmo. Além de todas essas estranhezas, as imagens não podiam ser tratadas em programas de edição normais, como Photoshop e seus concorrentes. Só no software proprietário da Lytro, que era uma porcaria.

Com o preço de US$300 Não se sabe ao certo se a câmera foi um sucesso. Só tive uma nas mãos numa única situação, e quase não deu pra explorar as possibilidades. O ano era XXXX. Depois disso, com a popularização dos smartphones, muitos celulares passaram a usar sua capacidade de processamento para produzir resultados similares, mas através de técnicas muito diferentes (por exemplo, tirar várias fotos em sequência, alterando o foco, e depois refocando “na pós” de acordo com a escolha do usuário). E aí a Lytro foi ficando cada vez mais esquecida, até dois meses atrás.

Em 22 de Abril, a empresa deu início à campanha de lançamento de sua nova câmera, a Illum. Essa, por sua vez, já parece com uma câmera, tem uma lente de verdade (uma zoom 30-250mm f/2), tela articulada, botões de câmera, usa cartão de memória e – vejam só! – tem até um anel de foco. De acordo com a Lytro, a Illum é voltada para fotógrafos mais avançados, que querem fazer experiências com novas técnicas.

É CLARO que a câmera mantém sua capacidade de refocar as imagens depois de fotografá-las, mas – suponho – com um sensor maior, a tolerância da profundidade de campo é menor, diferente de sua irmã mais velha. Então você tem o anel de foco e um sistema de overlay no visor, que pinta a imagem com tons de verde e laranja, em tempo real, indicando o que pode ser refocado com definição, e o que vai além da capacidade da máquina. Parece prático. Além disso, as fotos produzidas podem passar por correções de cor e ajustes menores através de programas comuns de edição de imagem. Isso é um avanço considerável, afinal, quase qualquer foto pode ser beneficiada com um pouco de pós-produção.

A Illum, anunciada por US$1499, pode ser uma câmera para qualquer empreitada pessoal, facilitando e dinamizando o processo de fotografar. Pelo menos, é nesse campo que ela me apela. Ainda não me decidi se a proposta é interessante de verdade, ou se só parece interessante, porque eu tava com muito sono na hora que li. Não consegui me decidir mesmo. Mas já que tem um concurso onde dá pra ganhar uma de graça, vou tentar fazer umas fotos por aqui pra concorrer!

Do jeito que fiz propaganda, os caras deviam me dar uma de graça anyway, mas quando eu fizer as fotos pra concorrer, coloco aqui também. Nesse meio tempo, me decido se ela é interessante mesmo ou se é só delírio!

Ah, sim, e uma breve (até demais) explicação sobre lightfield: sobre o sensor existe um grid de lentes, e a informação armazenada em cada pixel corresponde não só àquela exata distância focal, mas também algumas frações de milímetros para frente e para trás – que no mundo real são convertidas em variações de centímetros ou metros, permitindo que a imagem seja refocada! Ok, não ficou muito claro, mas é só pra explicar que não é magia negra. (daqui a um mês entra no ar a coluna da OLD que detalha melhor essa história toda, ou, se você estiver com muita pressa, dá pra ler aqui, e não esperar aparecer no blog).

Day-to-Day

UP11 – Fisheye

June 16, 2014

Quando eu era pequeno, morávamos num apartamento em Salvador. Ocasionalmente, recebíamos visitas, e meus pais logo me ensinaram que antes de abrir a porta, era muito importante ver quem estava lá fora. Para isso, instalaram um olho mágico bem baixinho, quase no meio da porta, de forma que eu minha irmã pudéssemos alcançá-lo. Desde sempre eu achei esse aparato muito curioso, porque quando olhava por ali, via todo o hall do elevador, e a pessoa que estava ali fora, dos pés à cabeça. Quando abria a porta, sem mexer a cabeça mal conseguia ver metade da pessoa, quanto mais o hall e os sapatos de quem tava ali, tudo de uma vez! Como então, com aquele vidrinho mixuruca, minha visão era tão ampliada?

Só foi muitos anos depois, quando comecei a me interessar pela fotografia, que essa questão voltou à tona com as famigeradas lentes Olho de Peixe. Pouca gente já usou de fato uma dessas, mas todo mundo, sem exceções, sabe o que elas fazem. Essas lentes imitam o que seria o campo de visão dos olhos de um peixe embaixo d’água, com aproximadamente 180 graus, obtidos através de intensas distorções. O termo foi cunhado por Robert W. Wood, seu inventor, em 1906, e apesar do nome relacionado a água, sua primeira utilização foi para o estudo meteorológico de formações de nuvens.

Existem dois tipos de Olho de Peixe, a primeira produz uma imagem perfeitamente redonda, com bordas pretas. A segunda, é capaz de cobrir todo o sensor/filme. Vamos falar mais do segundo tipo, porque seu uso é mais comum e variado. O ponto em comum entre as duas, além do enorme ângulo de visão, é que ambas atingem esses resultados dobrando as linhas de perspectiva e produzindo imagens não-retilíneas. Essas imagens tem uma enorme carga dramática quando bem executadas, e permitem fotografias incríveis dentro de espaços minúsculos como armários, elevadores ou eletrodomésticos (!), passando a sensação de que o espaço é bem maior do que na realidade.

A Olho de Peixe cai na categoria de super grande-angular e funciona de forma semelhante ao conjunto dos nossos olhos. Quanto mais próximo um objeto se encontra da lente, maior ele parece em relação ao ambiente, exatamente como acontece na nossa visão, sem falar no ângulo, que é tão parecido que, quando um filme (ou jogo) tem como objetivo provocar a imersão em primeira pessoa, colocando o espectador no lugar do personagem, é a Olho de Peixe que é utilizada, e vemos braços, mãos e pernas do personagem como se fossem nossos. É por essa imersão que atualmente as Olho de Peixe têm sido tão empregadas em câmeras de esportes radicais e aventura, como a famosíssima GoPro. Ao assistir um desses vídeos, você sente a adrenalina bombando nas veias porque a lente te transporta para dentro daquilo que está acontecendo na tela.

Utilizar essas lentes também envolve alguns cuidados especiais, principalmente no que diz respeito ao que está em quadro como: pés, tripés e dedos. Estes três são particularmente propensos a aparecerem como convidados indesejados nas fotos. Uma vez que a perspectiva é tão diferente de uma lente normal, acabamos não prestando atenção nesses detalhes até a hora de tratar as imagens. É preciso atenção com a mão que faz foco, porque é bem fácil de algum dedo acabar aparecendo, sem falar nas pernas do tripé que sustentam a câmera, ou as suas próprias pernas. Já fui vítima de todos esses indesejados e, acreditem, é muito chato tentar resolver isso na pós-produção.

Outra coisa bem diferente é a profundidade de campo, que é enorme, e temos foco desde coisas muito próximas da câmera até onde a vista alcança. Isso pode ser um tanto incômodo a princípio, mas depois que nos acostumamos à estética da lente, é uma excelente ferramenta para acrescentar informação e narrativa às imagens.

Uma das mais famosas Olho de Peixe foi fabricada pela Nikon, na década de 1970, para uma expedição à Antártida. A lente pesa mais de cinco quilos e tem vinte e três centímetros de diâmetro. Sua distância focal é de 6mm e tem um ângulo de visão de 220 graus. Dessa forma, era possível fazer uma foto apontando diretamente para cima, e ao mesmo tempo capturar um grande panorama do chão ao redor da câmera até o horizonte em todas as direções. A título de curiosidade: essa lente foi recentemente vendida por mais de 150 mil dólares!


Coluna Ultrapassagem, Publicada originalmente na Revista OLD #25, em Setembro/2013

Day-to-Day

Battlefield 4

June 16, 2014

Battlefield 4 NÃO é o quarto volume da franquia First Person Shooter Battlefield, é o décimo. Iniciada em 2002 e mantida pela EA Games e Digital Illusions CE (DICE), as primeiras versões eram apenas multi-player. O jogo saiu em meio à toda febre em torno das lan-houses, no início dos anos 2000, e competia com outros shooters populares como Counter Strike, e, em ambientação, com as séries Medal of Honor e Call of Duty, também baseadas em cenários da segunda guerra mundial. O grande diferencial de Battlefield para seus concorrentes era o tamanho dos mapas, e a enorme variedade de veículos e opções de estratégia. Não era uma correria alucinada como Counter Strike, nem tão perto de tanta violência e sangue voando para todos os lados.

A primeira engine usada no jogo foi a Refractor (Battlefield 1942 e Battlefield 2), que acabou substituída pela engine “da casa”, Frostbite, desenvolvida pela DICE, e que a cada nova versão traz inovações na interação e física do jogo. Essa é uma das partes mais divertidas – e dignas de destaque – em Battlefield 4: TUDO pode ser destruído. Um inimigo está escondido dentro de uma casa, atirando pela janela? E por que não mandar a parede pelos ares? Ou melhor, por que não mandar a casa toda pelos ares? Se na maioria dos jogos existe um limite para o estrago que balas podem fazer, Battlefield se esforça para não seguir esses limites.

Essa “ausência” de limites, combinada com mapas de até 64 jogadores, objetivos variados, muitos veículos e arsenal praticamente infinito fez surgir na internet a gíria dos Battlefield Moments, que são situações possíveis apenas NESSE jogo e que nenhum outro é capaz de proporcionar (“an unbelievable, intense moment of action involving daring feats, wicked stunts and, of course, lots of explosions”). E é comum as pessoas gravarem suas partidas, para fazer edições de seus melhores Battlefield Moments.

Mas, como coloquei nos outros posts, não vou falar de multi-player, porque não é minha praia. Só fiz um pouco de propaganda porque é realmente muito absurdo, e tenho acompanhado o jogo desde a primeira versão, sem nunca me decepcionar. As primeiras versões, jogava nas lan-houses, depois, jogava sozinho contra milhões de bots (que solitário!), e ainda assim me divertia muito.

A partir de 2010, com a versão Bad Company, a série começou a introduzir campanhas single-player, mas não cheguei a jogar essa. O primeiro single-player de Battlefield que joguei foi em BF3, e é avaliado por muitos como uma das piores campanhas de shooters recentes. Gostei bastante, ainda assim, impressionado com a acuidade visual, o clima de cinema, e ação fazendo sentido, em missões ao redor de todo o globo, numa corrida contra terroristas nucleares que tem seu ponto de partida no Iraque, passa por Paris, com agentes russos disfarçados e termina em New York.


Isso é um screenshot, não uma animação!

O jogador entra na pele de Daniel Recker, um soldado da marinha americana, esquadrão Tombstone, a bordo do navio de guerra USS Valkyrie. Saímos então dos clichês de terroristas islâmicos do oriente médio e agora temos uma China super militarizada, comandada pelo Almirante Chang, que pretende afundar toda a tropa americana ao seu alcance, provocando assim uma nova guerra mundial. A chave para impedir essa crise é Jin-Jié, um homem resgatado logo no começo da história, mas que não sabemos ainda ao certo o seu papel. Diferente de seus predecessores, em Battlefield 4 não temos combates de grande escala. Temos combates menores, cujo objetivo é evitar o começo da provável guerra. Você não vai encontrar hordas infinitas de inimigos em nenhuma missão, mas passa por alguns lugares mais bem protegidos do que outros. Os cenários são Baku, no Ajerbaizão, Xangai, uma prisão secreta nas montanhas do Himalaia, Singapura, uma fuga cruzando o pequeno vilarejo de Tashgar e mais duas a bordo de barcos – uma no USS Titan e outra pela sobrevivência do USS Valkyrie.

Battlefield 4 ainda não tem uma campanha incrível, são apenas 7 missões, onde cada uma dura aproximadamente 30-40 minutos, jogando no Hard e apanhando dos controles do PS4. Ou seja, é uma coisa curtinha, e meio desencontrada, as missões não são muito amarradas, e os personagens secundários são realmente rasos. Os personagens que participam ativamente das missões (Hannah, Irish, PAC, Dunn e Recker – o jogador) são mais profundos e você consegue se identificar com eles em vários momentos, trazendo uma característica de relacionamento, questões de confiança e contato humano em meio a toda camada base de tiroteios e ação, e muitas vezes com discussões acaloradas em meio aos combates – geralmente os personagens de shooters são retratados como máquinas de matar, que não pensam muito sobre o contexto geral da história, ou sobre as coisas que fazem. Então, é um grande ponto positivo.

Acabei de ver também que os personagens têm A MESMA cara dos atores (o que é algo bem comum em animações para cinema, mas bem menos frequente na indústria de jogos. Vejo com bons olhos, uma vez que não cria “personagens ideais”, impossíveis de existirem no mundo real.

Bom, voltemos ao que interessa: uma das missões conta com a participação de um personagem da campanha de Battlefield 3, Dima Mayakovsky, em uma intrincada fuga da prisão. Dima, assim como Garrison, Kovic, Jin-Jié e o Almirante Chang compõem o time de personagens secundários, e são clichês ambulantes. Chang é um supervilão, que só aparece em uma cena curta, mas todas as tropas chinesas obedecem ao seu comando. Jin-Jié é uma versão de Ghandi chinês, Garrison é o comandante do USS Valkyrie, e representa a lógica militar, sem emoção. Todos bem fuleiros, e felizmente nenhum fica muito tempo presente.

Como tinha falado de Killzone, que faltavam momentos mais emocionantes, Battlefield tem de sobra. O jogador participa de perseguições terra-ar, tem explosões em câmera lenta, barcos partindo no meio, explodir uma represa, cruzar uma cidade inimiga abrindo o caminho na base da bala, aviões explodindo e turbinas voando em direção à câmera, tudo com um nível de realismo e imersão que te fazem rir e curtir cada situação de forma mais intensa do que num filme, afinal, você não tá acompanhando alguém se meter naquelas enrascadas, você tá participando ativamente em tudo que acontece, e se a missão dá certo ou não, isso tem relação direta com escolhas que você fez – mas isso já é tema pra outro post.

Agora, chegamos à parte que mais colabora para minha imersão em Battlefield: o visual. O nível gráfico é fantástico, e o jogo conta com várias escolhas estéticas muito bem sucedidas, especialmente no que diz respeito a luz e câmera. Temos muito contraste, backlights lindíssimos, flares anamórficos e partículas desfocadas para dar e vender – nesse ponto, do alto da minha nerdice, percebi a maior diferença entre a versão para PC e para PS4: o bokeh produzido pela “lente” que vê o jogo. No PC, tudo é desfocado como se fosse uma lente catadióptrica, em círculos ocos, enquanto o PS4, por questões de processamento, não é capaz dessa opção, além de apresentar menos profundidade de campo, para lidar melhor com margens duras e esconder um pouco das – poucas – imperfeições gráficas do jogo.

A inteligência artificial dos adversários é bem eficiente no Hard, e eles usam cobertura, suppressing fire para dificultar seu avanço, se escondem para recarregar, tem boa pontaria, apelam para granadas e mísseis, e em muitos momentos você vai se esconder atrás de uma pedra, preparado para sair correndo para outra, enquanto recupera um pouco de vida, e foge de tiros inimigos. Battlefield 4 não é aquele jogo que você vai avançando a todo custo, e os inimigos vão caindo a seus pés. É preciso ter um pouco de estratégia antes de cada investida, mesmo que seja “inventando enquanto corre”, e ficar sempre de olho em cobertura, porque qualquer mureta pode salvar sua vida, e também pode ser mandada pro espaço pelas balas adversárias. Não há lugar 100% seguro num tiroteio de BF4.

Nota: 9.5/10

Tô elaborando (mais) um post mais detalhado sobre jogos e filmes, mas enquanto isso, não tem como negar que essa primeira missão é MUITO cinematográfica. Não só em termos visuais e sonoros, que são absurdos, mas em termos de eventos, viradas e surpresas, como tá difícil achar em um único filme de ação. E olha que dura menos de vinte minutos! A coisa é rápida: apresenta os personagens, apresenta a situação, tem clima, tem adrenalina, escolhas difíceis, boa trilha musical, e uma dose de interatividade pra mandar tudo goela abaixo. O desenvolvimento do arco longo pode até ter seus problemas, mas esse começo é imbatível.