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April 2015

Specials

Paperball Productions, para J.G. Fiuza.

April 16, 2015

Numa aula de Team Building – que é uma coisa louca, que não vou entrar na discussão agora – nosso professor explicou que é moleza pra gente contar as piores situações que já passamos. Fazer graça da desgraça é fácil, difícil mesmo é a gente falar das coisas que tem orgulho de nós mesmos. Não por arrogância, mas por ser genuinamente orgulhoso de ter feito algo específico. Então nos reunimos em círculo e cada um foi falando do momento que mais tinha orgulho de si mesmo, de achar que fez a coisa certa, de ter conquistado algo que outros disseram ser impossível e por aí vai. Bom, o meu vai aparecer nesse post aqui, que tem um nome tão emblemático, mas vou tentar contextualizar melhor, e aprofundar em detalhes que acho que só eu mesmo sei ou pensei a respeito.

Esse post começou a ser escrito no dia 24 de Julho do ano passado, mas foi nessa madrugada que me veio a inspiração pra terminar. Na verdade, a inspiração pra passar do primeiro parágrafo. Na verdade, o título já tá equivocado, porque falar da Paperball não é algo muito preciso ou exato. Nessa mesma matéria, de Team Building, Kieron, que era o professor, falou que se ele sentar pra conversar com alguém, ele consegue identificar os elementos chave na história daquela pessoa que fizeram ela chegar onde está nesse exato momento de sua existência. Fiquei com isso na cabeça por meses (literalmente), achando meio claro que eu sabia esses momentos, mas destilar direitinho cada um deles não é fácil. Sempre que eu falo ou lembro da Paperball, a tendência é dizer que éramos um grupo de amigos que fazia um monte de coisa doida, inclusive vídeos e atividades culturais de diversos gêneros. Bem amplo e vago, o que esperar de um bando de adolescentes?

Sempre achei que a entidade “Paperball” fosse uma das cartas responsáveis por me colocar em Vancouver, hoje, estudando efeitos especiais. Depois de muitos minutos revirando na cama e pensando sobre isso, na falta de algo mais produtivo pra pensar, concluí que não foi “A Paperball”. Na verdade, essa coisa toda de Paperball só começou porque em 2004 eu fiquei muito amigo de um camarada apelildado de Donk, mas que hoje em dia eu raramente chamo pelo apelido, por motivos que desconheço.

Bom, pra começo de conversa, eu não faço idéia do que deu partida na amizade. Eu não sou de muitos amigos e geralmente lembro como as coisas começaram, mas nesse caso tá difícil. Não to a fim de fazer um post narrativo, porque ando meio fraco nesse aspecto, mas vou dizer o porquê eu acho que a amizade deu certo. Fazer em terceira pessoa também não tá rolando, e como foi aniversário dele anteontem, vai como se fosse uma cartinha, porque ele merece, e o correio não vai me ajudar sendo que eu já comecei a escrever atrasado.

Véi, em primeiro lugar, a menos que eu tivesse uma idéia MUITO imbecil – e olha que a marca pra definir esse nível de imbecilidade é beeeem baixa -, você nunca virou pra mim e disse “man, não faça isso, porque é tosco”. Podia ser tosco, podia ser burro, podia ser puramente engraçado, a gente nunca foi de se dizer não, e sim de comprar a idéia e ir até o fim, especialmente se não tivesse nenhuma obrigação de chegar a lugar nenhum e não passasse de uma piada. A gente sentou pra estudar logaritmo um dia, pra passar numa prova de Matemática, e – juro por deus – acho que esse dia é o único motivo pelo qual eu sei Log até hoje. O objetivo dessa citação é meio que se a gente ia fazer alguma coisa, não ia ser pela metade, ia ser pra ficar foda, mesmo que a referida coisa fosse… estudar log.

Ao logo de 2004, 2005 e 2006 a gente levou isso a níveis mais altos com INCONTÁVEIS trabalhos de literatura, apresentações sobre qualquer assunto, mentiras orquestradas de forma minuciosa, regs de adolescente- onde eu nunca bebi, e você mesmo bêbado sempre foi uma excelente companhia. Na verdade, o fato de sermos tão diferentes a respeito de muitas coisas, de visão de mundo, de história de vida, opiniões, somado à sua grande facilidade de expressão – leia-se: você fala pra caralho, sobre qualquer coisa que você tenha uma opinião a respeito, ou seja, tudo – mas ao mesmo tempo, aberto a ouvir meus argumentos, muitas vezes sem pé nem cabeça, muitas vezes mais acertados que os seus, heheheh, não é algo comum de se encontrar.

O texto tá indo rápido e já cheguei na parte de me contradizer. Lembra quando eu falei que você nunca virou e largou um “man não faça isso porque é tosco”? Bom, não era exatamente o que eu queria dizer. Na real a gente disse isso um pro outro uma pá de vezes mas a conversa nunca acabava aí. Geralmente esse era o ponto de partida pra chegar em algo possivelmente menos tosco (algumas vezes era algo mais tosco), que ambos concordassem. A gente projetou um carrinho de rolemã e foi buscar a desgraça na puta que pariu, depois do mototáxi mais absurdo de toda a minha vida (possivelmente o ÚNICO mototáxi da minha vida), e eu nem lembro mais pra que era o diabo do carrinho! Gincana? Alguma coisa dessas?

Aprendi um monte de coisa com você, Fiuza. Aprendi a falar em grupo, aprendi que minha opinião tem valor e que muitas vezes importa mais o “como” se diz do que o que está sendo dito de fato, aprendi altos truques de direção (“MÊTA!” com acento circunflexo e tudo), aprendi muito mais do que jamais saberia sobre Salvador, aprendi que não posso odiar todos os advogados do mundo, que generalizações geralmente te levam pra um erro crasso, que ir tomar sorvete na Cubana no meio da semana num intervalo do trampo é sempre uma opção válida. Que tomar sorvete na Cubana é sempre uma opção válida, com trampo ou não. Aprendi onde ir pra arrumar uma janela de carro arrombada, quais os melhores amigos pra um reveillon completamente sem noção, aprendi que uma amizade de verdade não morre com a distância e que o tempo longe é bom pra ter novas histórias incríveis pra contar.

Putamerda, com você eu aprendi a contar histórias. Verbalmente. Aprendi a xingar, porque palavrões são elementos chave em qualquer história, aprendi que a mesma história pode ser contada toda semana, com várias atualizações e upgrades e ainda render um monte de gargalhadas, aprendi que se apropriar das histórias dos bróders não é crime, e que quando alguém reconhece o evento, fica ainda mais engraçado por causa da cara de “ei, mas você não tava lá, tava?” do sujeito.

Derivando de contar histórias, um dia a gente resolveu brincar de filmar coisas com uma Sony Cybershot que tinha lá em casa. Photoshop era divertido, mas por que não colocar movimento nas coisas? Assim nasceu “Apanha Mas Não Morre”, seguido por outros clássicos de churrasco mas nenhum sinal concreto de que aquela brincadeira de filmar palhaçadas ia levar a algum lugar. Quase dois anos passaram até que ficasse claro pra mim que aquilo era MESMO o que eu queria. Dois anos de reg quase todo fim de semana ao redor da mesma mesa de pedra preta, conversando e comendo o que quer que estivesse ao alcance até altas horas da madrugada. Depois de um tempo brincando de vídeo, começaram a surgir chances de ganhar uns trocados com material pra aulas de… literatura. Tinha que ser, acho que era uma ironia divina, sei lá.

Nesses trabalhos, sempre foi você que definiu o fio da meada. Por onde seguir, que opinião a gente tava defendendo, porque ficar em cima do muro não leva a lugar nenhum, e por aí vai. Eventualmente eu larguei Ciência da Computação e resolvi que ia fazer Cinema. Cinema, com letra maiúscula, porque era isso mesmo que eu achava que ia acontecer. Promessa de primeiro milhão aos 25. Bombamos essa. Ainda tenho três dias sobrando no meu calendário, mas não tô achando que vai rolar. Anyway, fui pra São Paulo, fazer cursinho e depois USP. Você nunca achou que eu tava fazendo errado – diferentemente de sua opinião sobre minhas ex-namoradas. hahahaha – e de São Paulo, agora tô aqui em Vancouver, mais longe de minha cidade natal do que jamais estive antes.

Trabalhando no meu projeto final – que pra mim tá sendo muito mais tenso do que o TCC na USP – percebo que tô precisando de umas fotos de referência de luz de faróis de carro. Pqp, não tenho carro aqui, então a primeira coisa que me vem na cabeça é pedir ajuda no famigerado Chat PBP. Você e Piu respondem quase de imediato e me mandam coisas incríveis, muito melhores do que eu esperava – ou precisava! Acho que foi isso que eu me toquei enquanto rolava na cama de madrugada: a gente sempre soube quando o que quer que estivesse em questão era muito importante pro outro. Não precisava ser algo verdadeiramente importante pro mundo, ou pra vida, mas para aquela pessoa, naquele momento.

Passou seu aniversário e eu tava tão imerso aqui nos trabalhos de fim de Term que nem mandei parabéns, então, depois desses sei-lá-quantos parágrafos, te agradeço por tudo que a gente fez junto (highlights memoráveis para Reveillon em Morro e São João em Cruz, que não foram mencionados acima) e tudo que a gente ainda vai fazer – aquele rolê de Kombi pelo Nordeste?. Parabéns por tudo que você conquistou até aqui, te desejo todo o sucesso do mundo, sorvetes da Cubana, nascentes e poentes nessa vista incrível da sua janela, tudo de bom com Piu (Piu, o que você decidir eu assino embaixo) e uma cachacinha, que pra você quase sempre vai bem.

Bejo!

Piu, não me mate. Eu não quero roubar ele de você. ;)

Day-to-Day

Matei o Blog?

April 14, 2015

Tenho pensado muito nos últimos tempos, se trazer o TCC pra esse blog não acabou me inibindo de continuar a escrever histórias pessoais de forma tão pública. Ainda que a maioria dos interessados não entenda porra nenhuma de português, fica uma sensação estranha, de misturar as duas coisas, parece que não é mais um caderno de anotações, e sim que eu tô exibindo qualquer fato que seja. Ou é só meu jeito de interpretar as coisas.

Bom, o ponto desse post é meio que pra mim mesmo, dizendo que foda-se, e eu vou continuar com posts totalmente não-técnicos nem relacionados com a pesquisa, ao mesmo tempo que intercalo com vídeos e testes. É ideal? Não, mas enquanto o rolê anamórfico não tiver sustança sustentar seu próprio blog/portal/o que quer que seja, esse é um espaço pras histórias de Tito, que também gosta de lentes, e não o contrário. Já tô me repetindo.

Por aqui, tô vivo, esse Term foi ridiculamente rápido e puxado, tô fazendo um assignment de Maya Fluids. Já sei até quando vou – por livre e espontânea vontade – trabalhar de novo com esse treco: JAMAIS. É muito complicado e praticamente impossível de entender o que cada coisa faz, porque tem parâmetro pra tudo, e é a combinação deles que dá o resultado, então mexer num parâmetro pode não mudar nada até a metade do processo e depois foder tudo no final. A entrega do assignment é amanhã (quarta), e já tá tudo pronto, lindo e maravilhoso, menos o inferno dos fluidos.

O demo reel também tá evoluindo, nessa semana (passada) consegui fazer um plano muito divertido usando sombras e luzes com ajuda do Fernão na animação do meu querido alien, e logo mais tá acabando. Ainda tem muito terreno pra cobrir e coisa pra fazer funcionar, mas o prazo acaba e não dá pra ficar enrolando sem terminar até o infinito. O break tá chegando e vamos ter duas semanas de folga, na cara do verão. Pra ficar melhor, a temperatura média podia subir de 10 pra 20 graus. Sei de um sujeito que não ia reclamar.

Ontem fomos ver um show do Gil aqui em Vancouver e deu uma saudade boa da Bahia, daquelas de lembrar de coisas e gostar das memórias, não daquelas que dá vontade de voltar correndo.

Opa, o Maya começou a fazer barulho aqui, vou voltar pra ver se termino essa desgraça!