Day-to-Day

24 Horas de Aeroportos e Aviões.

January 3, 2015

A jornada de volta pra Vancouver foi longa e cansativa, acho que pelo simples fato de termos que ficar parados, sentados, por literalmente um dia inteiro até chegarmos em casa. Embarcamos dia 31 de Dezembro, o que, em São Paulo, é um pedido de engarrafamento, então saímos de casa super cedo e chegamos no aeroporto às 16h30. O vôo era 22h30. Tava tão cedo que tivemos que esperar o guichê da AirCanada abrir pra podermos despachar as malas. Lá dentro, toneladas de café, leite condensado, feijão e doce de leite.

O tempo ocioso abriu a cabeça pra muitos pensamentos e reflexões latentes dos últimos dez dias, e vou tentar colocá-los por aqui de forma razoavelmente organizada.

Primeira impressão ao chegar no Brasil, dia 20 de Dezembro: caramba, como a gente fala alto nesse país! Só de desembarcar eu já sentia que sabia em detalhes a vida de todo mundo ao meu redor. As pessoas falam aos gritos mesmo, ou foi só uma impressão minha? Talvez seja a familiaridade com a língua, que me faz entender coisas mesmo sem prestar atenção, mas o bombardeio de informações foi surreal, e a sensação durou até voltarmos pra cá. As conversas são umas coisas loucas, de um falando por cima do outro, assuntos totalmente não relacionados rolando simultaneamente entre as mesmas pessoas, crianças literalmente berrando por qualquer coisa, uma loucura. Acho que nunca teria reparado nisso se não tivesse passado esse tempo aqui, e e não fosse um sujeito quieto como sou. Definitivamente é mais caloroso, mas tem horas que o juízo cansa, acho que por falta de prática mesmo. Nessas horas eu fugia pro meu quarto e ia ler – mas sempre acabava dormindo.

Outra coisa: o clima! Falei no título do outro post, mas não cheguei a aprofundar. Cara, como esse calor tropical é a coisa mais maravilhosa do mundo. Me recusei a usar o ar condicionado em Salvador, e quando acordei pingando suor o primeiro pensamento era “que coisa maravilhosa é essa temperatura!”. São Paulo tava mais abafada, e de vez em quando dava uma sensação de forno, sem a brisa soteropolitana. Aí era um pouco demais, mas ainda assim, preferível mil vezes que o frio de zero graus que é a temperatura padrão do inverno por aqui.

Já no caminho do aeroporto pra casa da May, tivemos ótimas experiências de trânsito, com fechadas, ultrapassagens pela direita, buzinas, farol alto e tudo mais que se tem direito. É bizarro, mas senti alguma falta disso aqui também. É tudo tão calmo e tudo funciona tão bem que acaba faltando aquela válvula de escape onde você xinga todo mundo e qualquer um dentro do carro de janelas fechadas sem correr nenhum risco e sentir que tem toda a razão do mundo. Trânsito é, sem dúvida, quando eu mais xingo e fico puto no dia-a-dia brasileiro, e aqui nem trânsito existe, pra começar.

Mais uma observação curiosa, meu volume de roupas indo de Vancouver pra São Paulo: calça jeans, calça fina por baixo, meias grossas, bota, blusa térmica, dois casacos e duas luvas (uma por cima da outra). Chegando em São Paulo, me livrei de tudo isso. O plano era ir pra Salvador de calça, bota e camisa de manga comprida, porque eu sempre passava frio no avião, mas tava tão quente e tão agradável no nosso apartamento que resolvi correr riscos e fui de bermuda, chinelo – de Lila, quatro números menor que meu pé, amarelinho! – e camiseta – da Paperball, claro. Não me arrependo. Acho que a gente acostuma mesmo com o frio, e enquanto tinha uma galera de calça e casaco do meu lado, eu tava super de boa naquele ar condicionado furreca. Só a chance de usar bermuda ao invés de calça já é uma bênção!

Levei uns dias pra acostumar com as seis/cinco horas de diferença no relógio, e quando tava começando a entrar na linha, voltamos. Agora tenho que reacostumar com a loucura daqui, e rápido! Era engraçado só começar a sentir sono lá pelas cinco da manhã, e agora continua estranho acordar completamente às 4, porque a sensação é de 10 da manhã.

Falar português com todo mundo também é uma grande diferença. Não ter a necessidade de pré-traduzir tudo que se quer comunicar acelera o processo mil vezes, e as palavras vêm MESMO com muita facilidade. O mais diferente mesmo não era nem em casa, porque aqui a gente sempre fala português em casa, mas sim coisas pela rua, lojas, mercado, serviços. Diego até me corrigiu, porque eu tava falando português com a ordem das palavras em inglês, no nosso natal Paperball.


Paperball e minha magreza num encontro natalino.

Passei raiva em casa e nos aeroportos por causa do maldito padrão louco de tomada. Claro que eu não tinha lembrado disso, e fiquei sem bateria em diversas ocasiões.

Tenho mais coisas loucas pra falar sobre estar nos lugares que estive, casa, apartamento, casa da May, mas vai ficar pra um outro post, que a bateria tá morrendo, pra variar.