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August 2009

Day-to-Day

O Último – 4:42 A.M.

August 31, 2009

Assim que acordou naquela madrugada de terça-feira, Maurício teve certeza que aquele seria o último dia da sua breve vida. Não havia nada especial no ar, nem homens misteriosos de plantão ao lado da sua cama. Nada estava fora de lugar e ainda assim, ele conscientemente sabia que o fim estava marcado no tempo.

“Sensação estranha, essa. Tem muita coisa a ser feita, mas… de onde vem toda essa Paz?”

Day-to-Day

Sabedoria de Professor.

August 29, 2009

“A partir do momento que a gente sai do útero da mãe, as coisas só pioram. Acho que essa é a aventura de viver!”

Thomas – História.
– Lições que só se aprendem assistindo aula aos sábados.

Day-to-Day

Tipo…

August 29, 2009

Peguei, tipo, raiva dessa, tipo, palavra. Tipo assim… Faz, tipo, sentido?

Day-to-Day

Sala!

August 26, 2009

Nossa casa agora tem sala!
Nossa sala tem uma cama!
Nossa sala é laranja!

Acho que isso garante estranhezas suficientes pro cômodo. E uma das cortinas é feita com sacos plásticos, dando um tom azulado para o ambiente. Isso sem comentar a varanda estrategicamente posicionada!

Specials

Co-Respondentes – Parte VI

August 25, 2009

Co-Respondentes

Na manhã do dia 29 de Abril, Rafael entrava elegantemente na agência no seu horário habitual quando foi interrompido por Marina, a recepcionista.

— Bom dia, Nina!
— Bom dia, Rafa. Olha, a Luísa já chegou. Está esperando na sua sala.
— Luísa?! É algum contrato novo? Marina, pelo amor de deus, não me diz que eu deixei uma cliente esperando!
— Que cliente, rapaz! É sua estagiária!
— E… Estagiária? Que estagiária?
— Hm… Então foi isso que o Carlos quis dizer com “dê as más notícias ao Rafael”… –
a moça murmura para si mesma, num tom alto o suficiente para o rapaz ouvir.
— Ô Marina, que história é essa? Más notícias? Estagiária?
— A chefia tava procurando alguém que fosse paciente e que pudesse receber uma mãozinha. Aí seu nome apareceu. Novo na empresa, recém formado, ótimo profissional pra acompanhar uma estagiária sem traumatizar a moça!
— Ma-ra-vi-lha!
– completa Rafa, ironicamente – Então acho que não tenho opções, certo?
— É, mais ou menos isso. Boa sorte.
— Obrigado, Nina. Acho que vou precisar.

Muitíssimo mau humorado, Rafa seguia resmungando em direção a sua salinha no fim do corredor enquanto ouvia piadinhas e assobios de todos os colegas, sem distinção de gênero.

— Aí, publicitário-modelo! Mostra pra galera que você ainda sabe cuidar de uma estagiária! – um colega grita do último cúbiculo pelo qual passara.

Com base na expressão da garota e no tom de vermelho em seu rosto, sim, ela havia escutado perfeitamente o que o “colega” gritara.

Bom dia – Rafael diz, sério, como se nada da balbúrdia tivesse acontecido.
— Bom dia – ela responde, passando as mãos no rosto e tentando expressar normalidade.
— Luísa, né?
— É…

— Então, primeiro de tudo, sejamos honestos. Eu não pedi pra ter uma estagiária, nem sei como você pode me ser útil.
— Já que é pra ser honesta, eu também não pedi um chefe resmungão!
– a moça responde ofendida – E não acho que ficar discutindo vai adiantar muita coisa. Essa é uma oportunidade importante pra mim.
— Importante? Você tá falando sério? Qual a importância de ser estagiária de uma agenciazinha de publicidade, de um sujeito recém formado que não pega um contrato que preste? – Rafa encara o quadro-storyboard atrás de sua mesa enquanto fala. A moça está sentada numa cadeira atrás dele e ele não repara seus olhos marejados enquanto ela sai sem fazer barulho.

Ela cruza os corredores a passos largos, sob os olhos de todos, estupefatos, silenciosos e um tanto quanto arrependidos. Para ela, nada daquilo existe e toda a sua concentração está em sair daquele lugar horrível. Ele se vira ao ouvir o estalo da porta se fechando. Pelo vidro fosco, consegue distinguir a garota já longe, perto da recepção.

Porra, Rafael, você é um ignorante!“. Ele fica na sala, ainda sem reação enquanto o telefone começa a tocar. É da recepção.

Day-to-Day

Fábrica.

August 25, 2009

Concluo hoje que tenho milhares de engrenagenzinhas dentro da cabeça, sempre girando e trabalhando incansavelmente, amarrando pontas soltas e idéias sem sentido. Olhando de cima, acho que é um tear gigante que costura meus pensamentos, ligando uns aos outros, sem deixar nenhum de fora.

Todo e qualquer pensamento tem mais de uma referência associada. No mínimo uma entrada e uma saída, distintas. Não existe um botãozinho de “Desliga”. Só o de “Liga”, que tá ativado há longos anos sem descanso.

Os ciclos das engrenagens se alternam com frequência. Ora mais acelerado, ora mais pacífico. Procuro com esforço, mas até hoje não encontrei alguém que funcione nos mesmos ritmos e seja capaz de decifrar boa parte do que me passa.

Antes de dormir, consigo ouvir o “tic-tac-tic-tac” contínuo, terminando os pontos do dia e puxando a seda dos sonhos.

Profunda sensação de que tenho muito a oferecer para o mundo, muito para tentar aliviar as infelicidades do caminho. Meio pão e circo, mas um tanto quanto intrincado.