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January 2010

Day-to-Day

Efeitos Colaterais.

January 30, 2010

Fim de temporada é sempre a mesma coisa. Dois dias de sono intenso e mais três dias ouvindo voz de crianças a todo momento chamando “Tio” e “Tia”.

Saudade dos amigos, dos jogos, das risadas e das piadas.

“Alvo-reggae, alvorada, alvo-reggae,
Hoje o meu alvo é brincar.
Sem ressalvas, estou a salvo.
Sob o Sol pro céu eu vou cantar!

E se eu perder ou se eu ganhar,
Nem vou ligar
E se eu cair, e seu chorar,
Alguém vai me ajudar.

Hoje vai ser um dia tão especial
Nada vai me fazer mal com
Alvo-reggae, alvorada!”

Day-to-Day

Indigesto.

January 20, 2010

Sonhei que estava morrendo. Definhando gradualmente, de dentro pra fora, de forma visível. Vi meus olhos opacos num espelho de metrô, encontrei conhecidos no caminho e fugia deles, ante meu estado. Senti saliva empapar meus cabelos que grudavam insistentemente sobre o rosto. Sabia, (in)conscientemente, que era um sonho e sabia que tinha a escolha de acordar, mas perseverei até onde dava, para saber se superaria o obstáculo. Não consegui chegar ao final e acordei antes do tempo. Não foi algo agradável, mas foi interessante, admito.

Acordei com saudade e preocupado com minha irmã. Me esbarrei nela assim que saí do escritório e trocamos um abraço apertado. É, a vida é bonita demais.

Day-to-Day

Do Outro Lado.

January 20, 2010

Quando comecei a vir pro Arraial, em Junho de 2002, eramos, no máximo, trinta acampantes, divididos em dois ou três grupos de idade, poucos monitores, algo num clima bem “familar” mesmo. Hoje são cento e oitenta crianças em seis grupos de idade. Pode-se dizer que o acampamento cresceu um bocado nesses oito anos.

Eu nunca tinha parado pra pensar como seria estar do outro lado. A única idéia constante é que deveria ser divertido do mesmo jeito.

Dá pra afirmar, com muita margem de acerto, que os acampantes fiéis da nossa época foram tão apaixonados pelo espírito do Arraial que todos voltaram, assim que puderam, do outro lado da equipe. Antes, acampantes, hoje, monitores. Era comum falar que queria voltar como monitor, mas não dava pra prever que nossas promessas e vontades seriam tão determinadas assim. Olhando a mesa de reuniões ontem, pude reconhecer todos os rostos que cuidaram de nós quando menores, lado a lado com os nossos, numa mesma família, num mesmo intuito de fazer felizes também muitas crianças como fomos feitos um dia.

O sítio estava silencioso e cada um contava como tinha sido seu dia, suas dificuldades, dúvidas, comentários. Apesar da larga experiência como acampantes, essa era a primeira temporada, para muitos, como monitores. Acreditem, é algo completamente diferente. Eram agora monitores, lado a lado com os monitores que foram seus monitores!

Estar no time do Arraial é mais que um trabalho, é mais que um compromisso, é uma alegria indescritível. É todos os dias acordar e pensar que o dia vai ser mais animado e cansativo que o anterior, e isso ser motivo mais do que suficiente pra levantar e encarar a legião de crianças no café da manhã. É tomar banho frio todos os dias sem nem considerar uma reclamação e usar um shampoo diferente a cada dia, emprestado dos acampantes que nem sequer sabem disso. É dar risada de todas as piadas (sem exceções), sejam elas engraçadas ou não, é sorrir o dia inteiro, é gargalhar nas conversas da madrugada. Ser acampante e depois entrar pra equipe é relembrar os velhos tempos, tentando sempre fazer melhor que nossos mestres que agora são colegas.

Sem sombra de dúvida, o Arraial é minha aldeia, e todos que passam por aqui são irmãos, de sangue e de história (ou seria “de sangue e de selva”, de acordo com Zen – Jan2009). Não abro mão de nenhuma temporada, por mais difícil que ela seja – por motivos internos ou externos. A memória torna impossível cantar a última alvorada, no último dia, sem tremer a voz ou derramar uma lágrima. O Arraial é minha aldeia.

Trilha: Jarbas Bittencourt – Aldeia Arraial (Alvoradas e Outras Canções)

Day-to-Day

Relax, take it easy.

January 18, 2010

Terceiro dia de temporada, tô morto, quebrado. Todos os meus músculos doem, mas isso não é incentivo suficiente pra desistir de jogar espirobol ou praticar frisbee e poi.

Passei bem umas seis horas ontem na frente desse computador, preparando listas de equipes e de idades (que não param de mudar, causando fúria e indignação nos pais), então o mote de hoje é o título do post. Só o blog será minha preocupação hoje, e o resto que se exploda – eu sempre digo isso, mas nunca adianta. Acho que o pior já passou, agora tenho que ir porque alguém acabou de gritar “CAFÉÉÉÉÉÉ” e eu tenho mesa pra cuidar.

Day-to-Day

A Meus Pais.

January 14, 2010

Depois de uma temporada indiscutivelmente longa para nossos novos padrões familiares, cheguei a algumas conclusões.

Não tinha memória de quando fora a última vez que meus pais tiraram férias juntos e eu estava em casa, ou que a gente ficou em casa. Em Salvador eu levava uma vida movimentada e estava sempre cercado de amigos ou rodando pela cidade, filmando cenas e planejando coisas.

Tudo bem, forcei um pouco a memória e acho que consigo me situar em Dezembro/2006 e Janeiro/2007, quando terminava o terceiro ano e prestava vestibular pela primeira vez. Pra variar, eu tinha o que fazer nas férias. (Daqui pra frente, vou me referir aos meus genitores e mentores como “vocês”, pois essa é, de fato, uma carta pra eles)

Ah, outra tradição da casa que aos tempos foi se desfazendo foi o hábito de almoçarmos juntos. Era REGRA DA CASA, mas, conforme a gente foi morar mais longe, os horários e o trânsito acabavam confundindo tudo e a gente também perdeu esse hábito.

Sempre tive na cabeça a imagem de pais restritivos, não no sentido literal da palavra, afinal vocês sempre liberaram muita coisa, mas, sempre nos mesmos aspectos, estavam sempre pegando no pé. Estuda, menino! Sai do computador, menino! – Mudei um tanto nesses dois aspectos, é verdade, mas muito do traçado original continua.

Do Natal até o dia 10 de Janeiro (Ano Novo incluído), estivemos reunidos em família, numa casa consideravelmente menor que a usual, numa cidade consideravelmente diferente da usual, com comportamentos – para mim – bastaaaante diferentes do usual ao qual estava acostumado.

O que nos reuniu foi a mesma coisa que separou em 2006. O vestibular. Em 2006 vocês sempre achavam que eu não estava estudando o suficiente, mas, dessa vez foi diferente. Não sei explicar. Não tinha a cobrança de coisas repetidas.

A gente almoçava em horários pitorescos, no meio da tarde, todos os dias, comendo comida congelada e feijão pré-pronto, trocando altos segredos culinários e inventando receitas, ajudando tanto na preparação quanto no ato de almoçar e até na parte de lavar os pratos. Mas sempre almoçamos juntos, na verdade, todas as nossas refeições foram familiares!

Na véspera da prova de Geografia e História da FUVEST, sentamos à mesa para debater possíveis temas de questões. Nunca tinha me sentido tão à vontade conversando com vocês dois, juntos. Percebam, geralmente quando a gente conversava era sobre a mudança pra São Paulo, ou pra resolver questões menos agradáveis e coisas do tipo. Dessa vez a gente debateu de efeito estufa a repúblicas bolivarianas, oriente médio, políticas econômicas, o papel de cada um na sobrevivência da humanidade e tantas outras coisas que nunca falamos sobre!

Mãe, você já processou que a gente assistiu uma temporada INTEIRA de Dexter juntos, e EM DOIS DIAS? Quem diria que um serial-killer seria tão interessante ao ponto de a gente torcer por ele? Hahahahaha!

Apesar de a diferença de idade entre nós ser a mesma, sempre, sinto que estamos mais próximos. Muito mais próximos. Mais do que jamais senti. Agradeço a vocês pela estada na minha humilde residência paulista, agradeço por todos os dias, por todos os almoços, todos os passeios, nossa ida à “Paulista ReveiLLon” e o retorno com direito a brócolis no azeite e alho, fogos de artifício, chuvas, palavras cruzadas, Vinícius de Moraes, cogumelos grelhados, queijos estranhos, desligar a luz antes de dormir, símbolos perdidos, torradas no café da manhã e viagens de metrô para a Vergueiro.

Precisamos fazer isso mais vezes, não?
(Esse post não ficou exatamente como eu queria, mas, acho que ainda estou estranhando as palavras e preciso me reacostumar.)

Amo vocês dois. Claro, o final grudento não podia faltar! Hahahaha!

Day-to-Day

Férias!

January 8, 2010

Putaquepariu, nem lembrava mais que isso existia. Mente branca e sem preocupações. Tenho que postar novidades cotidianas por aqui, mas agora eu to caindo de sono. Fica pra amanhã.

Specials

Especificidades.

January 8, 2010

Questão 03 – Você chega num ponto de ônibus, encontra um celular sobre um banco e aperta a tecla de rediscagem.
Continue a história a partir desse ponto. (até 30 linhas)

Logo na primeira tentativa o aparelho treme e o visor indica “Bateria Fraca”. Ouço a ligação chamar uma, duas, três, várias vezes até uma voz eletrônica me informar:

– O número que você ligou encontra-se fora de área ou desligado.

Desapontado, sento no banco e deixo o celular ao lado. Para a decepção de minhas pobres pernas cansadas, meu ônibus se aproxima. Embarco. Ao passar pela catraca, dou uma última olhada para o aparelho, que treme e cai no chão.

– Está chamando! – penso alto enquanto o cobrador me olha com uma cara estranha e o motorista coloca o veículo em movimento. – Espera aí, motor! Eu vou descer, esqueci meu celular no ponto!

Já estávamos quase uma quadra adiante quando consigo sair pela porta traseira do ônibus ainda em movimento, correndo desesperadamente e atraindo olhares de passageiros e transeuntes. Chego de volta ao ponto, quase sem fôlego e atendo o celular que toca insistentemente.

– Alô?
– Ritinha? – me pergunta uma voz de homem, do outro lado da linha.
– Não, olha, aqui é o Marcos, a Rita…
– Marcos? Que Marcos? – ele me interrompe, levantando o tom da voz.
– Você não me conhece. Olha, cara…
– Não conheço e NEM QUERO CONHECER! Cara… – ele acrescenta com desprezo – Depois de tudo que a Ritinha me fez passar, ela ainda tem a cara de pau de telefonar e me colocar pra falar com o “novo namoradinho” dela?
– Não é nada disso – tento contra-argumentar, sem sucesso.
– Pois você, “senhor Marcos”, ouça bem, ou melhor, coloque no viva-voz pra a canalha da Ritinha ouvir também! Vocês durmam os dois com os dois olhos abertos, porque se eu encontrar qualquer um na rua, JURO que acabo com a raça de vocês!
– Espera! – grito, mas a única resposta é o telefone batendo do outro lado.

Ainda meio aturdido, caminho até o banco e coloco o telefone de volta, enquanto o aparelho dá seu último suspiro de bateria. Entro no ônibus sacodindo a cabeça e resmungando.

– É demais pra mim, aí é demais…