Day-to-Day

Los Angeles – Day One

March 1, 2010

Não sei se ficou claro o suficiente, mas, estou em Los Angeles, mais precisamente no bairro de West Hollywood. Para chegar até aqui entretanto, percorremos um longo caminho que começa a ser narrado neste exato instante.

Para mim as coisas começaram às 6h30 do dia 27, quando saí da minha confortável residência em direção ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. Pouco depois de minha chegada, o Geja chegou e fomos tomar as providências necessárias para saírmos do país. Foi algo meio “parque de diversões”, com várias atrações emocionantes, e que todas tinham filas acirradíssimas. Logo na primeira parte, atravessamos o aeroporto até o Customs Office (ou “Receita Federal”) para declarar os equipamentos que estávamos levando para fora. Câmera, câmera e… mais uma câmera. Pegamos duas filas aqui, uma para o brinquedo “Pegue e Preencha seu Papel”, outra para a diversão “Entregue seu Papel e Prove Que Transporta Seus Itens”. Saímos de lá e cruzamos o aeroporto todo de volta, rumo a Asa A (Guarulhos estava lotado de gente, e foi quase um “pular carnaval com mala na mão”, tamanha era a multidão).

Por fim, chegamos à Delta Airlines, e entramos numa nova fila, dessa vez para o incrível “Mostre Seu Passaporte, Passagens e Vistos”, seguida da fila de “Despache suas Malas e Responda Perguntas Cretinas”. O sujeito que fez nosso check-in perguntou se iríamos FICAR nos EUA. Eu entendo “FICAR” como algo de caráter permanente. Respondemos que não, ele então perguntou se a gente tava fazendo Bate-Volta, de ir pra um aeroporto fora do país e em seguida retornar para OUTRO aeroporto dentro do Brasil. A gente só não riu de tal disparate porque estávamos um pouco tensos.

Despachadas nossas malas pitorescas (a minha é estilo Forrest Gump, a do Geja tem um espartilho em volta), fomos pra a incrível aventura de “Checar a Passagem no Portão de Embarque”. Aqui pegamos uma fila colossal, cheia de estrangeiros dos mais diversos países. Por fim o carinha passou o leitor de códigos de barras em nossas passagens e entramos na fila do “How Much Metal do You Carry On You?”, onde as pessoas mais rápidas são aquelas que consegue tirar de seus trajes mais agilmente seus pertences metálicos. Para fazer o julgamento dos competidores, são usados portais que apitam quando o cara tá com uma chave no bolso, ou moedas.

Depois, dessa, fila para pegar o certificado de que você venceu todos os desafios até agora. Pegam seu passaporte e olham pra sua cara, por fim, a mulher (ou homem, no meu caso) levanta e grita “Você é um vencedor!”, fogos de artifício explodem, confete cai sobre sua cabeça, as pessoas ao redor cantam e comemoram e por fim ele carimba seu passaporte. Tá, só desconsiderem a parte das festividades.

Depois… fila no portão para o brinquedo mais emocionante: “O Mais Longo Simulador de Vôo da História”. Essa até foi rápida. Passamos por novos “Desafios de Metal”, agora com sensores portáteis, e não fui vencedor logo de primeira por causa dos fones de ouvido balançando no peito. Por fim, vasculharam nossa bagagem de mão à procura de líquidos. Não perdi nada, mas o Geja perdeu o desodorante e nosso creme de barbear. Droga.

Um ônibus nos levou até um Boeing 767. Embarcamos e sentamos fora de nossos lugares após um japonês afirmar categoricamente (em inglês) que o vôo iria vazio – o cara tava certo. Aqui tive uma série de surpresas desagradáveis. Pensem comigo. O vôo decola 23h30, aterrissa 7h30. Quanto tempo tem aí? 8h, não é? Engano seu. Para ir até a Califórnia você viaja CONTRA O TEMPO. Então o Geja me desiludiu dessas 8h de viagem e atualizou a informação: 11h de viagem. Assim que o piloto do avião nos passou as primeiras informações, fui desiludido de novo. Tempo de Vôo Definitivo: 12h46m. Assim que soube disso, me levantei e fui para o fundo da nave à procura de um banheiro, afinal a jornada seria longa. Perguntei para uma aeromoça no meu caminho:

“Oi, tem banheiros nessa direção?” – ela me olhou com uma cara de dúvida profunda e me pediu confirmação da pergunta com um sonoro “What?”. “Oook, here we go”, pensei já me adequando ao novo idioma. “Are there any bathrooms this way?” apontando ao longo do corredor que eu estava descendo. “Oh, yes! Just go ahead!”.

Agora umas coisinhas que escrevi no meio da noite de doze horas. Estavam no caderno, só estou transcrevendo, sem alterações, para cá.

“Acordando depois de 7h de viagem: ‘Aêê, já passou da metade!’. Novas informações, nossa previsão de chegada diminuiu em 2h. Vamos chegar às 5h da manhã.”

“O céu noturno lampeja de estrelas e a Lua cheia vai alta na dianteira da aeronave, iluminando tudo com sua luz branca. As nuvens cobrem quase todo o mundo lá embaixo, dando a sensação de estarmos em outra realidade, mais calma, dominada por enormes tubarões reluzentes que ocasionalmente mergulham até o solo.”

“Raros buracos nas nuvens revelam manchas escuras de superfície. Ainda mais raramente são visíveis lá embaixo as luzes de alguma região habitada.”

O dia nasce cedo na Califórnia. Às 5h30 o Sol já tá bem forte, como vi pelo avião e confirmo enquanto escrevo isso.

Após o pouso, no horário previsto inicialmente (7h30), pegamos filas para entregar um formulário que preenchemos durante a viagem, fila para autorizar de fato a entrada no país, fila para encontrar as malas (que uma pessoa gentil, mas não muito esperta tirou da esteira antes que as víssemos então ficamos lá com cara de tacho um tempão) e fila para sair do Luggage Claim (essa paradinha das malas). Uma vez fora do terminal do LAX, encontramos nosso contato local. A primeira palavra que Juliana nos dirigiu foi “Caralho!”, seguida por animadoras “achei que tinha gasto combustível à toa vindo até aqui!”. Ainda bem que não gastou. Peguei mais uma câmera que estava com ela, entreguei as duas barras de Laka que ela pediu e passamos por um momento negociativo com Sra. Suzi (vulga “Mãe de Ju”) em função do carro, um Ford Explorer 1991.

Fomos até o pier de Redondo Beach, onde vimos diversos tipos de aves, vivas. E pessoas pescando. Fiquei tirando foto de tudo enquanto o Geja e Ju conversavam sobre a existência americana. Passamos um trote para Dona Fátima, ligando do telefone mágico de Juliana, que faz ligações para fixo de graça. Vimos pelicanos! MUITOS! Até uma moradora das redondezas comentou que aquilo era raro. “I’ve never seen so many of them in just one spot, like this!”.

Depois, Starbucks Coffee e Del Amo Fashion Center. Ficamos por lá, rodando e conversando até o horário do carro com Ju estar bem próximo do final. Fomos então para a casa dela, descobrir uma rota segura até nosso hotel, via transporte público de Los Angeles. Conversamos com Suzi sobre a experiência de morar aqui. Vimos Jolie (a gata de Juliana) e achamos o caminho. Aproveitei para pegar uma lente nova para a câmera, que já tinha chegado na casa de Ju.

Nota do Autor: Sinceramente, se vocês estavam achando que até aqui estava sendo aventuresco, vos preparo: “Não viram NADA!”. O que está por vir é simplesmente inimaginável.

Juliana nos levou até o ponto de ônibus e ficou nos fazendo companhia por aproximadamente 40 minutos. Nesse meio tempo, as dúvidas existenciais e outras questões de menor importância afetaram a bexiga do Sr. Getro, que saiu correndo pelo estacionamento do shopping DUAS vezes até o banheiro, rezando para o ônibus não passar. Na primeira vez ele se perdeu e não achou o banheiro. Voltou. Ju explicou o caminho e ele foi novamente. Ao chegar na porta do shopping, uma mulher numa cadeira de rodas tomou um tombo tremendo ao abrir a porta. A voz do juízo apertou a cabeça do nosso aventureiro apertado.

Ele sabia que se ajudasse a moça, perderíamos o ônibus. “Porra, eu não tô com essa pressa toda!”. Ele parou e a ajudou, enquanto NINGUÉM apareceu. A mulher agradeceu e disse que já estava acostumada a cair ali naquele mesmo lugar.

Ao tempo que ele voltou pro ponto, onde eu estava com as malas, Juliana já havia partido e o ônibus já havia passado. O próximo só às 2h10 – dali a uma hora. Ficamos pelo shopping mesmo, enrolando, com nossas malas. Pontualmente às 2h10 o ônibus passou e embarcamos de volta para o LAX (aeroporto internacional de Los Angeles), de onde tomaríamos um shuttle que nos levaria direto pro hotel.

Simples. Só parece. Para chegar até a área dos shuttles teríamos que andar MUITO com nossas malas. Pedimos informações e um rapaz nos recomendou entrar num ônibus verde, que fazia a rota de Culver City. Se eu soubesse que anjos eram reais, garanto que dois deles estavam dentro desse ônibus. Ao entrarmos, perguntamos para a motorista se aquele ônibus nos deixava em West Hollywood. Com isso, causamos grande comoção. Ela perguntou se eu era estudante, para que pagasse só meia passagem e depois a moça começou a nos explicar os passos que deveríamos dar para chegar a nosso destino, que estava FAR, FAR AWAY.

Ela disse para ligarmos para o hotel e perguntar o melhor ponto para chegar lá de ônibus. Perguntou se tínhamos um telefone pra isso e EMPRESTOU O TELEFONE DELA para que fizéssemos a ligação. Falei com o bróder do hotel e descobri o cruzamento de duas grandes avenidas onde deveríamos descer. Ela disse que teríamos que pegar mais dois ônibus até chegar lá. Nesse momento o segundo anjo se manifestou, uma japonezinha que sugeriu uma rota ainda melhor que a da motorista, e as duas foram debatendo um bom tempo até chegarem num acordo de qual seria o melhor caminho a seguirmos.

Por fim, a motorista disse que precisaríamos trocar dinheiro para não perdermos 20 cents num dos transfers, e a japinha disse para descermos no mesmo ponto que ela, pois pegaria o mesmo próximo ônibus que nós deveríamos pegar. Agradecemos profundamente (MUITO, mais do que já agradeci a qualquer um nesse mundo) a motorista, por sua ajuda. Nesse meio tempo, entre ir de um ponto de ônibus a japinha se prestou a passar num Car Wash e trocar um dólar para nós, assim por espontânea vontade, afirmando “It’s just a dollar!”, insistindo para que não pagássemos a ela. O geja entregou a ela seu lucky-dollar (aquela nota de um dólar que muita gente leva na carteira, há muito tempo, acreditando trazer sorte), em retribuição ao favor.

Entramos no ônibus com nossas malas e a moça, que ainda explicou nossa situação para o motorista e pediu para ele nos avisar o ponto em que deveríamos descer, só por segurança. Venice and Fairfax. A japinha desceu não muito depois de embarcarmos e ainda prosseguimos nesse ônibus por um bom tempo. No próximo ponto, descobrimos que não tínhamos mais transfers e dinheiro trocado. Pagamos $5 no lugar de $3, e tomamos esse prejuízo. Mesmo assim, com todas essas viagens e prejuízo, ainda foi muito mais barato do que seria o shuttle ($25 por pessoa).

Depois de umas três horas de jornada após embarcar no primeiro ônibus, perto da casa de Ju, indo de um lado pro outro, chegamos na nossa esquina. Famintos e cansados, percorremos o caminho faltante num piscar de olhos, nem ligando mais para o peso das malas.

Fizemos check-in e pegamos diversos panfletos de atrações hollywoodianas. O quarto era bem maior, mais confortável e agradável que o previsto. Espalhamos as malas, testamos os brinquedos novos, tomamos um banho (alaguei o banheiro todo, além de molhar as roupas que estava usando até então…) e caímos na rua de novo, para jantar. Nossos estômagos reclamavam, e tínham motivo. Logo na primeira esquina, entramos numa pizzaria de mexicanos e detonamos uma Havaiana bastante saborosa. Fomos rodar por Hollywood Boulevard olhando as lojas e tirando fotos. Essas duas aí embaixo, por exemplo, são no Chinese Theater, de frente para o El Capitan (esse letreiro brilhante ao fundo), já com a lente nova de fotos.

Por fim, marcamos algumas lojas para irmos hoje e retornamos ao hotel. Na 7-Eleven fizemos umas compras alimentícias básicas para nosso frigobar, que preenchemos quando entramos no quarto. Dormimos cedo, antes das 23h, mas o dia foi puxado. Aí o sono passou, por volta das 4h30 da manhã e vim aqui pro PC escrever a primeira narrativa – agora que estou terminando já são 6h da manhã e o dia é claro lá fora. Voltarei para meu cochilo, até umas 9h, se me permitem. Mais novidades em breve, provavelmente durante a minha noite e a madrugada de vocês.

  • fatima March 1, 2010 at 11:35 am

    fantástico! Assim narrado só você e seu eterno bom humor! Já estou curiosa esperando mais aventuras. Anjos de ‘Los Angeles’, a cidade é deles, peçam licença, proteção e sobretudo agradeçam mesmo (como fizeram). Um beijo de good luck

  • Mila March 1, 2010 at 4:14 pm

    VEI, COMO ASSIM VOCÊ TÁ EM LOS ANGELES?
    PERA, VOU ALI DAR UMA MORRIDINHA.

    *-*

  • Vick March 1, 2010 at 8:11 pm

    Hum.

  • Diego Orge March 2, 2010 at 11:23 am

    Maaaan! Muito boa sua aventura nos EUA! Estarei esperando por mais!

  • Fiuza March 2, 2010 at 6:25 pm

    \o/

  • Jules March 7, 2010 at 3:39 am

    Tava na segunda linha, quando não aguentei mais ler antes de corrigir.
    WEST HOLLYWOOD NÃO É UM BAIRRO!!!!!!!!!!!!! É UMA CIDADE!!!!!!!!!!

  • Jules March 7, 2010 at 3:49 am

    Segundo erro: O nome de minha mãe é SuzY.

  • Jules March 7, 2010 at 3:57 am

    Pronto! Terminei finalmente! A foto do meu carro da buita. Ele agradece por você ter deixando ele tão charmoso.

  • Ferradans. · Linha Amarela. October 10, 2010 at 10:50 pm

    […] dá gosto. Descemos um milhão de escadas até chegar aos trilhos, o que me lembrou um tanto a jornada em Los Angeles. Mas aqui a coisa ainda é mais bem cuidada que lá, talvez por ser muito novinha, e funcionar bem […]