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Criação de Personagem.

May 28, 2010

Simões Buonasera, 45. Nativo da Itália, mudou-se para o Brasil, com os pais, quando tinha cinco anos. Seu pai morreu antes que ele completasse oito anos, num acidente de trabalho. A mãe, partiu em seu aniversário de 15 anos. Não tem sotaque na voz.

Simões é um agente funerário. Tem sua própria empresa no ramo funcionando há mais de 15 anos, com uma diminuta equipe de três pessoas. Gosta muito de seu trabalho e definitivamente tem um tato para lidar com pessoas e famílias aflitas, que estão passando por momentos de dificuldade causados pela partida de um ente querido.

Gosta de aproveitar a vida consumindo, sempre que pode, do bom e do melhor, principalmente em termos de alimentos. Tem o hábito de, após o expediente na loja, que termina às 17h, subir para seu pequeno apartamento e tomar uma fumegante xícara de chá ingles que lhe custa uma pequena fortuna. Entretanto, abandona seu prazer se o telefone tocar com um novo serviço. Nunca se aborrece ao ser convocado, seja essa convocação durante a madrugada ou no meio do fim de semana.

Ele mesmo já está acostumado com a imagem da morte e perdeu o medo de morrer. Imagina que passar para o outro lado deve ser uma grande aventura, mas não acha que apressar as coisas seja algo que valha a pena. Costuma filosofar sobre os procedimentos do pós-morte, para os mortos. O que acontece no campo dos vivos ele domina. Se pergunta se a burocracia é parecida, ou se ela sequer existe. Se pergunta sobre a existência de um “céu” ou “inferno”.

Mora sozinho no andar de  cima de sua funerária, nos subúrbios de São Paulo. Passou pela vida sozinho, mas não é triste por isso, vê sua solidão com um certo orgulho, um sentimento de lobo caçador, conhecido e respeitado. Considera que “aproveitou razoavelmente bem o seu tempo no plano dos vivos”, em suas próprias palavras.

Acredita que pode controlar o aspecto final de sua existência humana, ou seja, a forma que vai morrer.