Day-to-Day

[CINE] Raposa.

July 11, 2010

Descobri a resposta para uma pergunta que me atormentava desde que me mudei para São Paulo. “Como pegar um bronzeado sem dedicar o dia exclusivamente a ficar sob o Sol sem fazer mais nada?”. Well, a conclusão saudável: “É só participar de um set com tomadas externas!”

Seguindo a tradição começada com o Prazer Extremo, estava eu, ao longo da semana, participando do segundo Cine do ano, Raposa, como já diz o título do post. Em teoria, eu era assistente de produção, mas acabei caindo muito mais para a equipe de fotografia que tava precisando de mãos.

Equipe de Foto, da esquerda pra direita: eu, Ricardo e André

Em termos técnicos, o Raposa era diametralmente oposto em relação ao Prazer. Enquanto o Prazer só teve tomadas internas, todas filmadas digitalmente (uma Canon 7D), com luz artificial, o Raposa era exclusivamente de externas (cenas feitas ao ar livre), rodadas em película, numa Arriflex Super16, e sem um refletor sequer. Só rebatedores e entradas de Sol. A combinação “equipe de foto + rebatedores” é que garantiu meu bronzeado de baixa qualidade, mas ainda assim, bronzeado.

Isso me lembra de mais uma coisa antiga. No post do Prazer, falei que o Raposa seria na semana seguinte. A greve começou, e mangueou tudo. As diárias tinham horários muito bizarros, começando tarde da noite (perto das 22h) e terminando quase ao amanhecer (4h). Tudo isso porque Paulo, o ator principal, tinha horários muito estranhos, e a equipe precisava se adequar. Bem, acabou a greve, chegaram as férias, todos os Cines foram adiados. Agora, o Raposa ia ser rodado nos dias 6, 7 e 8. Mas o Brasil podia jogar no dia 6. Mudou-se a data de novo, para 7, 8 e 11. Uma pena, queria ter participado dos três dias, mas como vinha pra Salvador, só estive presente na quarta e na quinta.

May, como continuísta.

Aliás, “estive” é um pouco egoísta. Contei com a presença/companhia infalível da May (ou Mayara, para os mais próximos). Na quarta a gente acordou às 4h40, pra estar no set perto de 6h. 5h20 estávamos no ponto (porque o Ricardo, que era nossa carona, enganou a gente. Na verdade, foi só um desencontro mesmo. Hahahaha). Tava frio. Muito frio. Tremendo de frio. O maldito do ônibus levou vinte minutos pra passar, e a gente congelando! Por fim, chegamos, umas 6h20. Encontramos Renato (da foto do post anterior) e ficamos enrolando na cozinha por uns vinte minutos, quando achamos tudo muito estranho e ligamos pra Catarina, que era nossa chefe (Produtora, já que todos éramos Assistentes de Produção).

Catarina então foi resgatar a gente lá. Renato foi pro set, ajudar a armar a barraca, e outras coisinhas, e o resto do grupo então reunido (eu, May, Catarina, e a dupla de som: Fabú e Gustavo – que foi um dos produtores do Prazer) ficou a esperar pelo motorista do caminhão na frente da Reitoria. Quando Josué (o motorista) chegou, fomos para o Estúdio B (onde rodamos o Prazer), para carregar o veículo com quilos e mais quilos de equipamento. Trilhos, 3T, carrinho de travelling, butterflies, rebatedores, tripés, mantas de som e mais um pouco de tripés. Tudo passando de mão em mão até entrar no caminhão (que rima infeliz).

Chegando no set, tivemos que tirar TUDO de volta do maldito caminhão. Dessa vez não foi a rima, mas sim o trabalho que era infeliz. A barraca já estava montada. Encontramos o resto dos nossos coleguinhas do AVX (Renato, que já foi citado antes, Mari Vieira e Vanessa. Matheus, o autor da maioria dessas fotos, só chegou quase no fim da diária) e fomos para o nosso ponto de armazenamento de comida, onde estava servido o café da manhã. Não ficamos muito por lá, pois logo fomos chamados para catar gravetos a fim de alimentar a fogueira cenográfica.

André, um dos diretores de foto, estava doente, então Ricardo tava sozinho por lá no começo da diária. Fui logo gritado para ajudar o camarada. Montamos câmera, medimos distâncias. Dessa vez, os itens básicos de carregar no bolso eram trena, fita crepe e fotômetro. As coisas funcionam muito diferentemente na hora de filmar com película. Toda a luz tem que ser medida com precisão, e as distâncias de foco também. Não existe coisa tal como “fazer foco no olho”. Na verdade, essa foi uma das minhas principais tarefas: medir distâncias entre a câmera e os sujeitos.

Ricardo e a Arriflex. Gabi ao fundo.

Ao longo do dia, montamos trilhos, empurramos carrinho, desmontamos trilhos, alternamos tomadas entre película e 7D, almoçamos cachorro quente duplo, descansamos um pouco deitando nos bancos, cantando musiquinhas dos Beatles. Rodamos quase todas as cenas do acampamento, todas da barraca e umas coisinhas mais complexas, como a mágica feita pela Raposa. No dia seguinte, todas as cenas de trilha e mato.

A diária acabou no horário previsto, sem atraso, e logo carregamos tudo de volta no caminhão. Todo mundo morrendo de preguiça de descarregar aquilo no estúdio, e depois carregar de novo no dia seguinte… Fomos no caminhão, eu e May. Josué perguntou se a gente não queria deixar tudo já dentro do compartimento de carga. Ligamos pra Catarina, ela quase gritou “SIIIM!” em resposta, mas foi um pouco mais contida que isso. Josué deixou a gente na frente da ECA, encontramos o resto da equipe, falamos das novidades sobre o caminhão e todos ficaram felicíssimos.

Chegamos em casa quase 20h. Lila e Lucas estavam vendo Across the Universe. Nos juntamos a eles, o filme já tava no fim. Emendamos com Lilo e Stitch. Dormimos. Acordamos com os créditos finais. É melhor ir dormir direito. E cadê o sono? No fim das contas, depois de uns vinte minutos tentando achar o tédio pra dormir, fomos pro quarto de Lila (de novo) e dormimos “assistindo” Kill Bill. A chamada da diária de quinta era mais tarde, então, acordamos 5h20. A carona também melou, porque só tinha uma vaga no carro. Dessa vez nem esperamos tanto pelo ônibus, e logo rumamos para o set.

Qual não foi a surpresa ao encontrar com a Mari por lá? Mari Chiaverini, a mesma que fez a maquiagem da nossa Morte em Intervalo. Tava lá pra fazer uma picada de cobra no pé da Gabi. Nem deu pra conversar muito, começamos a montar a aparelhagem na trilha, longinho do acampamento, para as tomadas no mato. Montamos um trilho imenso, de três partes, com três pessoas envolvidas. De acordo com Vanessa, “três trouxas no trilho do travelling”. O take ficou bem bonito. Takes com trilho geralmente ficam bem bonitos… Ricardo ensinou pra gente sobre latitude, spot meter e outras coisinhas de fotografia. Foi deveras útil. Se o ritmo de aprendizado ao longo do Cines se mantiver, até o fim do ano, já dá pra escrever um livro!


Gabi, com o pé picado de cobra

Dessa vez, mal tive tempo de ficar ocioso, ou seja, tive que tocar minha câmera fotográfica adiante, pro Matheus (AVX), que tirou trocentas fotos excelentes, algumas delas ilustram esse post. Passei grande parte do tempo da segunda diária metido no meio do mato, segurando um rebatedor prateado, apelidado de Sonrisal, e jogando luz em cima de Paulo, nosso ator-personagem-fotógrafo-de-seres-mágicos. Essa luz toda que ilumina Ricardo na foto abaixo vem do meu rebatedor. Ele me gritava o dia inteiro, por tudo e por nada! Caçando buracos de luz na floresta, era garantido que eu ia conseguir me queimar, nem que fosse um pouquinho!

Ricardo e a 7D

Fomos nos deslocamos ao longo da trilha, e deixando equipamento em todos os lugares que parávamos para rodar. Por fim, perto das 14h30, terminamos a sequência e carregamos tudo de volta pro acampamento, para almoçar. Ah, esse pedaço foi todo filmado digitalmente. Depois do almoço, rodamos mais coisas no acampamento e o cronograma se encerrou pouco depois da 17h, quando o Sol já tava bem baixo. Acho que o montador vai ter um bocadinho de problema com continuidade de luz, e som de carros que passam durante os takes. Tinha uma rua do lado do nosso querido acampamento.

Hoje eles rodaram as cenas faltantes. Entre os destaques do dia, tinha uma fogueira imensa a ser feita. Queria muito ter visto isso e participado das últimas emoções do Raposa. Espero que tenha dado tudo certo, afinal, não tem nada que se compare a um final de set bem sucedido! Que venham os próximos!

Refilmagem de Lost?

  • Ferradans. · Arco Íris. August 2, 2010 at 1:33 am

    […] Catarina que me colocou na jogada. A equipe de foto (da qual fiz parte) era basicamente a mesma do Raposa (Ricardo e André), mas com a adição de Patsy (diretor do Raposa) e Henrique (teoricamente ele […]

  • Ferradans. · Untouchable. August 11, 2010 at 9:14 pm

    […] em breve. Amanhã de tarde começa o Pedro e a Cigana, dirigido pelo Ricardo Miyada (fotógrafo do Raposa e Arco Íris) e Ana Paula Fiorotto (assistente de Direção do Prazer Extremo) e fotografado por […]

  • Ferradans. · [CINE] Pedro e a Cigana. August 17, 2010 at 5:15 am

    […] pela primeiríssima tomada de Pedro e a Cigana – dirigido pelo Ricardo (fotógrafo do Raposa e Arco Íris) e pela Ana Paula (assistente de direção do Prazer Extremo) -, creio que você é […]

  • Ferradans. · [CINE] Zero. September 1, 2010 at 12:24 pm

    […] e Victor ou André (Direção). O André, por sinal, atuou no Pedro e a Cigana e fez Fotografia no Raposa. Tá, não abria todos os planos, mas a maioria deles. Mudava-se a seqüência, o nome do plano, e […]

  • Ferradans. · [CINE] A Vingativa Dra. Vanessa. September 8, 2010 at 12:39 pm

    […] a fazer barulho. Bastante barulho, incomodando a equipe de som, formada por Patsy (diretor do Raposa), Pato (diretor do Arco Íris) e Amanda (roteirista do Arco Íris, e som do […]