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[SET] Eternal Starlight Of A Dad’s Heart.

March 5, 2011

Pensem numa experiência conturbada. Agora piorem o quadro, e tirem energia elétrica. Pronto, é esse set. Ok, não foi tão terrível assim. Sentem-se, e aproveitem a narrativa, agora que já sabemos que o resultado saiu, e não estamos concorrendo nos finalistas. Pra você ter idéia, esse treco ficou pronto no dia 21 de Dezembro, mas só agora eu consegui criar coragem de escrever o post.

Alguns meses antes, a Lud tinha falado de um tal festival Starlight, que premiava curtas que valorizavam o céu noturno. Pensamos em diversas possibilidades de história, da comédia ao drama, passando por animação e algumas coisas totalmente inviáveis quando finalmente nos assentamos no argumento de um pai que tenta se aproximar de seu filho com as atividades tradicionais, de quando ele era pequeno, mas é constantemente ignorado pelo garoto, que se interessa mais por seus eletrônicos e tecnologias. Por fim, o pai tem uma idéia brilhante, que pode mudar a situação. Pra saber mais do que acontece, é só ver o filminho no fim do post.

Passei algumas horas a mais ontem na USP, pra renderizar em HD e postar no Vimeo. A versão do concurso era resumida a 20mb, no máximo. Falando em USP, tenho que entrar no tema da trilha sonora, gravada também na USP. Chamamos o Cauê, mais uma vez, e o Rodolfo (amigo da Lud), que fizeram umas coisas bem bonitas usando guitarra, violão e teclado. Foi engraçado, que a gente tava no estúdio, no lado dos equipamentos, eu, May, Lud e Camila, do lado da gravação, o Cauê e o Rodolfo. Deixamos eles lá um tempo, conversando, tocando, trocando figurinhas para a trilha, enquanto nós mesmos conversávamos do outro lado.

Pra ter uma idéia do que estava vindo, deixamos o microfone deles aberto, de forma que ouvíamos o que eles tocavam. Em um determinado momento da nossa conversa todos fizemos silêncio e ficamos apreciando a música da mesma forma que apreciamos o céu. Foi algo totalmente natural e só depois de alguns instantes é que reparamos que a conversa tinha sido vencida pela melodia. Já que somos muito liberais e legais, deixo aqui as músicas para vocês ouvirem e baixarem.


Abertura


Decepção


Starlight

As filmagens foram marcadas para o dia 14 de Dezembro, exatamente uma semana antes da deadline de envio do arquivo. No elenco, Renato Baragão (dos Profissão Repórter) e Léo Palhano, encontrado através de um vídeo seu no Youtube! As nossas locações eram: USP para a última cena, que seria feita logo de começo, e depois a casa da mãe da Lud, na Zona Leste, a quase (mais?) de uma hora de viagem.

Eu e o Felipe, responsáveis pela fotografia da coisa, saímos da USP no meio da tarde e fomos até a Quanta, pegar duas PLs, um fresnel, uma coleção de tripés, prolongas e coisas menores. O carro até ficou mais lento, de tanto peso. Esse dia estava um inferno. O temporal era incessante, e a certa altura, começamos a questionar a viabilidade da externa a ser feita na USP. Além disso, ainda passamos na casa do Ricardo pra pegar uma 24-70mm f/2.8 e na casa do Serpa pra pegar a 16-35mm f/2.8 e a 100mm f/2.8. Algumas horas depois, descarregamos o carro no CTR e esperamos a galera chegar.

A Lud foi imprimir roteiros, decupagens, e coisas. Ficamos na copa, conversando e comendo enquanto não estávamos prontos pra rodar. O Vitor Coroa também era parte da equipe, como microfonista. Não me lembro mais exatamente o motivo, mas lembro claramente de que estávamos passando mal de rir de alguma coisa. Se algum dos leitores lembrar, favor refrescar minha memória!

Pegamos o rumo das rotatórias, para encontrar a mais adequada/iluminada para nossa tomada. Dessa empreitada, resultaram os planos inciais do filme, e os finais. Curioso, não? A gente levou uns vinte minutos nessa brincadeira, que foram os únicos vinte minutos secos do dia. Embarcamos todos – eu, Felipe, May, Camila, Lud, Léo, Vitor e Cláudia (mãe do Léo) – nos carros e partimos rumo à ZL.

Muito tempo depois, chegamos a nosso destino. Jantamos uma comida fartíssima e deliciosa, preparada pela mãe da Lud, e fomos arrumar o quarto para filmar. Posicionamos o fresnel entrando pela janela, de forma muito grosseira, mas eficiente, e fomos movendo as coisas de lugar, colando estrelas, separando figurino, testando câmera, essas coisas. Na hora de ligar as PLs, descobrimos que estávamos com problemas. Quando saímos da Quanta, não reparamos que todo o equipamento era 220V. Para nosso azar, a casa só tinha tomadas 110V. A solução? Consideramos filmar com tudo subvoltado mesmo, a um quarto de potência, mas ao passo que essa conta era válida pro fresnel, as PLs nem ligavam. Solução encontrada: arrumar um transformador. Lá perto das onze, Lud corria de um lado pro outro da cidade procurando uma loja de equipamentos aberta. Chegou com um transformador com potência máxima de 1200w. As PLs somavam 1000w. Sucesso, vamos rodar! Já era quase uma hora da manhã.

Fresnel subvoltado. Yeah!

Com o fresnel subvoltado mesmo, rodamos a seqüência do videogame, e na hora que começou a chover, corremos atrás de uma cobertura para a lâmpada. Céus, foi tenso. Tivemos muuuitos (incontáveis) problemas com o som também. Microfone estalando, cabo estalando, confusão na hora de entender os equipamentos, tudo isso tava valendo, mas o Vitor e a May fizeram tudo funcionar, e no fim das contas o som ficou muito bom (claro, né?).

Olhem a fita crepe no microfone!

Quando estávamos chegando ao fim das filmagens, chegava também o amanhecer. A última cena que rodamos foi a que o garoto e o pai olham para o teto. Aí já tinha até luz do Sol entrando pela janela, pra a gente conseguir enxergar com tão pouca iluminação, sem criar sombras.


Atenção extra, na primeira foto, para a cobertura de chuva do fresnel (janela). Na segunda, o transformador, perto da tomada, com caixa e tudo.

Ah, até esqueci de comentar! Lá pelas quatro horas da manhã, o Erick se juntou a nós. Ele tava naquela celebração da Cool Magazine, recebendo nosso prêmio pelo Missão Possível e fazendo discurso por todos nós. Sua presença foi fundamental nos acontecimentos pós-filmagens.

Encerrada a diária, Léo, Cláudia e Renato pegaram seus rumos, e nós ficamos ali, arrumando tudo para sua formação original. Eram umas seis horas da manhã. A gente deu tanta volta pelo mundo – pegando gente num canto, deixando em outro, devolvendo equipamento, dando mais carona, se perdendo, engarramentos, cantorias – que só chegamos em casa depois das 10h. Lud, mais uma vez, mostrando sua determinação, não se deixando abater pelo cansaço enquanto dirigia. Passamos mal de rir mais algumas vezes com comentários do Erick (amém). Por fim, chegamos em casa, eu e May, e imediatamente capotamos. Só acordei quando já era de noite, e imediatamente comecei a providenciar meus meios.

Esse móvel era marrom, foi forrado com papel contact azul.

Desde essa época meu computador já estava apagado, então precisava encontrar uma plataforma pra me salvar. Essa salvação tem nome: Gustavo Fattori. O camarada me emprestou o Mac por alguns dias, e foi um tempo mais que suficiente pra montar o filme todo e fazer a primeira passagem de correção de cor e aprimoramento de efeitos. Depois, passei a ir para a USP todos os dias, chegando cedo e saindo tarde, até conseguir fechar o alucinado céu falso, e todos os outros detalhes. Enviamos no último dia, 21 de Dezembro. Algumas horas depois, recebemos um email do festival, avisando que eles tinham prorrogado as inscrições até o começo de Janeiro…

Ah, vale lembrar que no dia seguinte a essa loucura, tínhamos o set do Descartes. Pois é. Agora, chega de papo, e se divirtam com o resultado supremo do surto da Colher. Nas aulas, sempre dizem pra a gente evitar algumas coisas nos nossos filmes: crianças, animais, noturnas e chuva… Como diria Hans Landa, “It’s a bingo!”. A gente gosta do perigo e combinou tudo numa coisa só.

Todas as fotos mostradas nesse post foram tiradas pela Cláudia, mãe do Léo, e eu sutilmente copiei, tratei um pouco, e postei. Não são da minha responsabilidade.

  • May March 5, 2011 at 8:36 pm

    A gente (ainda) tava rindo do Homem Araaaaanha e das outras coisinhas do Climão SP! Hahahahaha! Estávamos contando pro Vitor!

    Já te disse isso, mas toda vez que lembro do processo do Starlight, me dá um pequeno desconforto… Você mesmo justificou isso: é culpa de todas essas atribulações!

    Mas aí assisto ao filme (vi de novo hoje) e isso passa! Gosto muito, muito. :D

  • ludmila March 9, 2011 at 10:45 am

    Até que para o quarteto: animal, criança, externa e noturna – o caos foi razoavelmente controlado. -)

  • May March 9, 2011 at 12:29 pm

    Na segunda foto, meu braço, no canto direito, parece uma pintura do Salvador Dalí.

  • Tito Ferradans March 9, 2011 at 12:47 pm

    HAHAHAHAHAHAHA

  • May March 9, 2011 at 1:13 pm

    E a mão do Tito parece a de um ET.

  • Cláudia (mãe do Léo) March 9, 2011 at 9:19 pm

    Pessoal só achei este post agora e amei! Ri muito com o bom humor do Tito!
    Passei só para dizer que amamos tudo; o Léo curtiu muito este trabalho e a equipe de vcs vai longe!
    Parabéns e bjuss a todos!

    PS: no teto do quarto do Léo tem estrelas, que ele ganhou de vocês ao final da gravação!