Day-to-Day

[EQS] Pedro Morreu.

May 17, 2011

E então recomeçam os Cines/EQS! Para abrir com chave de ouro, Pedro Morreu, roteiro da Piera e do Vitor Coroa, que já teve, até o momento, três diferentes títulos (Se Fizesse Sentido, Incompreensível e, por fim, Pedro Morreu). Como dá pra adivinhar, tem um Pedro no filme, e ele está morto. Pedro, era Paulo, esse rapaz sorridente da foto abaixo, mas, o filme não teria muitos acontecimentos se ele aparecesse morto mesmo, não é?

Interagindo com esse fantasma/memória/coisa parecida, há Alice, já conhecida pelas bandas desse blog como Mari Rattes, que, com a gente, no ano passado fez o Arco Íris, Pedro e a Cigana e o Final Feliz.

A direção ficou por conta da Bia Pomar e Felipe Mafasoli, que colocaram toda a história num número mínimo de planos (16, estou errado?), mas quase todos de grande complexidade, trazendo desafios para toda a equipe e, claro, também para os atores. “Perfeccionismo” é pouco pra descrever o funcionamento da dupla de diretores. Exemplo especial para o tavelling out com zoom out, com passagem de foco e entrada de personagem em quadro, além de diálogos e saída num único plano, e um “morto” em cima da mesa (perdoe-me, Régis, por diminuir sua função, colocando-a entre aspas!).


Já que os planos eram tão poucos e complexos, as diárias tinham (claro) poucos planos. Na primeira, eram quatro ou cinco, na segunda, dez, e na terceira, apenas três. Dilson era o dono do set, controlando o tempo de cada um deles, e sempre apertando a equipe de foto para cumprir os horários. A gente sempre atrasava, mas o plano era feito. Pedro (não o que morreu), era o fotógrafo, e cumpriu muito bem sua missão, com quadros espetacularmente belos.

Por conta das aulas, não pude participar ativamente da primeira diária, e o Manfrim tava por lá, pra fazer as correções de foco e tomar conta da câmera – o que ficou sob minha responsabilidade nos próximos dois dias. Nessa primeira diária foram rodados os planos da funerária. Ok, mais um pouco de rasgação de seda, dessa vez para o Renato Sircilli, que comandava a direção de arte. Os cenários estavam incrivelmente convincentes e muito cuidadosamente detalhados.

Na segunda diária, eu e a May – que ficou com a função de logger – chegamos na USP às 6h da manhã. Era sábado, então estava tudo deserto, mas a equipe de foto e elétrica e som, já estava praticamente terminando de carregar o caminhão. É dia de externa. Externa é uma coisa terrível, sempre. Você tem que brigar com o sol, brigar com barulho (entenda-se: carros, helicópteros, aviões, caminhões, pessoas, ciclistas, baterias, reatores nucleares – estávamos filmando em frente a um prédio da Física), e torcer para não chover. Tudo ao mesmo tempo.

Pra piorar nossa situação, a Yolanda, que trazia o café da manhã, se perdeu, e a gente tinha que continuar a montar butterflies gigantes, com cuidado para que eles não voassem, enquanto o Marcute puxava energia elétrica de dentro do prédio com pelo menos uma dezena de extensões. Para aquecer (literalmente) e depois quase queimar os atores com 7000w de luz quente nas costas! O ponto é, ficou bem convincente na câmera, durante o dia todo.

Não dá pra dizer que o Sol foi nosso maior inimigo nessa externa. Tínhamos os butterflies montados cobrindo toda a ação. O problema era o som. Carros, caminhões, helicópteros, aviões, rádio (os cabos funcionam como antenas, captando interferência e jogando direto na gravação), tornando a diária um verdadeiro pesadelo para o Vitor e o Mister X (o operador de boom pediu para não ter seu nome mencionado), com direito a motoqueiros radicais parando para assistir, e bandos de ciclistas parando para descansar do lado do set. Lá pro fim do dia, descobriu-se que as mantas de som ajudavam a bloquear a interferência, mas até uma abordagem ao estilo “Sinais” teve chance, embrulhando o zepelim em papel alumínio!

Mister X

O Sol resolveu então ser bondoso, e criar a luz perfeita, para casar com a iluminação falsa do dia inteiro, possibilitando um master-over-ultra-plano geral, que exigiu que tudo fosse retirado e escondido da pracinha onde estávamos rodando. foi uma correria organizada e eficiente, contra a descida da luz natural, onde nossos queridos assistentes de elétrica foram parte fundamental da ação. Todos (Fran, João Pedro, Henrique, Flávio, Ana Laura, Albanit e Matheus) mandaram muito bem ao longo de todas as diárias, e parece que se divertiram no processo, que é o mais importante.

Estou sendo sincero quando digo que foi master-over-ultra-plano geral.

Dilson, o homem do relógio.

A diária terminou exatamente na hora prevista, com descarregamento de caminhão e tudo. Uma das caixas de cabos (aquelas extensões infinitas, mencionadas antes) era tão pesada – sem parecer ser tão pesada – que quando a gente foi tentar pegar, quase caiu no chão. Foram cinco cabeças pra carregar, e o Marcute só dando risada.

Isso nos leva diretamente à terceira diária, com uma chamada um pouco mais tarde. “Equipe reunida às oito. Oi, você é de foto? Ah, sete horas, pra vocês!”. Fiquei deveras surpreso ao conferir com o Dilson e descobrir que tínhamos apenas três planos para rodar. Um no necrotério, aquele, mencionado no segundo parágrafo, com travelling out, zoom out, mudança de foco e entrada de um personagem em quadro. O trilho tava bem complicadinho de não sacodir, mas o resultado ficou bem convincente. Qualquer coisa, é só aprimorar com umas estabilizações de pós produção!


Mari e Paulo cantam, Régis se finge de morto.

Depois desse, saímos correndo para o segundo andar, levando toneladas de equipamento de foto, para isolar a luz do Sol e fazer a que o Pedro tinha planejado. Foi complicado, e demorado, mas deu certo. A melhor forma de definir a estrutura montada é dizer que estávamos brincando de cabaninha, com recursos que as crianças invejariam. Tripés, sarrafos, panos pretos, crepe, janelas, mantas de som, garras jacaré e (muitos) sacos de areia foram muito bem empregados nessa estrutura de fazer inveja a engenheiros – mas que ainda assim desabou na cabeça do Marcute, que xingou todo mundo.

Escrito assim, em um parágrafo, parece que foi coisa rápida, mas a gente levou bem umas duas horas pra montar essa coisa. E éramos cinco trabalhando sem parar. Se foram cinco pra montar, na hora que acabou, eram pelo menos dez pra tirar tudo. TUDO mesmo, e voltar o corredor à condição original. Esse processo todo levou mais algumas horas, e as pessoas foram indo embora aos poucos. Sempre sobra a equipe de foto na desprodução final. Dessa vez, o Vitor e o Mister X ficaram também, ajudando e colaborando com a cota de risadas do dia.

Foto de equipe é fundamental, não?

Claro que fizemos a piada mais repetida ao longo do set, colocando o Pedro (dessa vez o Pedro Pedro mesmo, e não o Paulo Pedro) num caixão. Tem umas cinquenta fotos nessa seqüência, mas essa é de longe a melhor.

  • Pirata May 17, 2011 at 9:43 am

    uahuhAUHuahuhAHUhuauuAHUHuahuh
    Ri horrores!
    E muito sexy esse Mister X, hein?! E misterioooooso!
    auhauhauhahauhua

    Sucesso, Tito!
    Abraços

  • Vitor Coroa May 20, 2011 at 1:35 pm

    Sucesso absoluto, Tito!

    Obrigado pela competência e pela dedicação com esse curta, mesmo.
    Como diria João Godoy: esse menino vale oouro!=)

    Abraço

  • Ferradans. · [EQS] Takeshi November 14, 2011 at 5:17 am

    […] pude participar de todos os dias, mas fui em dois deles (ou teriam sido três?). Em contraponto ao Pedro Morreu, esse tinha 110 planos, dentre eles, uma quantidade enorme de detalhes. Para casos de perda de […]