Day-to-Day

Ponto de Saturação.

July 18, 2012

Pela primeira vez em muito tempo sinto que coisas estão mudando. Consegui atingir um nível de atividades, interesses e obrigações que dá uma impressão de avalanche. Não sei se todo mundo é assim, mas vou ilustrar como funciona pra mim: tem certas coisas que minha cabeça não consegue desligar. Coisas simples até, mas que ficam martelando até serem resolvidas. Alguém pode virar e dizer “ah, mas isso é ótimo! você deve ser uma pessoa muito responsável!”. Sim, sou – não vou mentir, nem disfarçar -, chego a pontos extremos para cumprir com o que me proponho, mas isso também vale pras coisas bobas, como ia falando antes, como “colocar maçanetas nas portas”.

Agora é a hora que eu defendo que isso não é exatamente uma vantagem, e sim um problema, no nível atual. Ultimamente, tivemos uma série de problemas com as maçanetas do apartamento, que não tinham fechaduras, e funcionavam num sistema de pressão – a do banheiro se soltou da porta quando May tava lá dentro, puxando para sair, e não tinha ninguém em casa. Felizmente ela foi criativa e conseguiu escapar. A do quarto de Lila caiu faz muito tempo, e a minha já começava a apresentar sinais de folga. Resolvemos então, trocar as maçanetas fajutas por fechaduras de verdade. Isso foi mais ou menos há um mês. Voltei pra São Paulo tem pouco mais de uma semana, e NÃO TEVE UM BENDITO DIA QUE ESSAS FECHADURAS ME SAÍRAM DA CABEÇA. Chamei o chaveiro aqui pra olhar as portas no segundo dia depois de chegar, e comprei as fechaduras – na net, claro – horas depois. Então, eu só tinha que esperar as referidas chegarem. E MESMO ASSIM EU CONTINUAVA PENSANDO NESSA BAGAÇA, que ainda não tava pronta. Chegaram as fechaduras hoje, e CLARO, isso não poderia ser o fim. Consegui marcar com o chaveiro pra hoje mesmo, e o bróder veio aqui, furou as portas e instalou tudo bonitinho. Qual não foi minha surpresa ao perceber que UMA das maçanetas tinha vindo errada? Pois é. Ainda não tá resolvido. Já liguei pra loja, e vem alguém aqui trocar, em 3 a 5 dias úteis. E minha cabeça, pra descansar nesse tempo?

Essa história das maçanetas é só um exemplo. Ultimamente tenho incontáveis pendências para com o apê, que – pra variar – não se resolvem completamente de primeira, e são coisas que não dependem de mim para se resolverem. E pra resolver as coisas de casa, o que você precisa? Estar em casa! Mas quando você precisa estar em casa, o que acontece? Te chamam pra sair! No caso, trabalhar. Dos sete dias que passei desde que cheguei, trabalhei em quatro. E ia trabalhar amanhã e depois, mas infelizmente o trampo foi cancelado.

Audiovisual tem essa coisa engraçada, quando se trabalha de freelancer. Ou você não tem NENHUM TRABALHO, e nenhuma perspectiva de trabalho, ou TODOS OS TRABALHOS DO MUNDO resolvem aparecer no mesmo período, e fica bem complicado estar em todos eles, e manter-se saudável ao mesmo tempo. Agora é a fase da overdose. E promete se estender até o meio de Agosto, o que é algo ruim, porque quero estudar umas coisas por fora do curso, e aposto que depois desse rush, vai vir uma enorme maré de ócio. Ao mesmo tempo, isso é bom porque não entra muito no semestre, e financia minhas pesquisas mais recentes.

“Pesquisas recentes? Que pesquisas recentes, menino? Você tá na faculdade, vai pra aula e estuda pras provas!”. Digo logo – mais uma das verdades mais sabidas por quem faz AV – que o que a gente aprende por fora da faculdade é tão (ou mais) valioso do que o que a gente aprende por lá. O que se aprende por conta própria então, vale ouro, porque não tinha ninguém pra ensinar, e você acaba virando uma referência no assunto. Então, retomemos as pesquisas. Aproveitei que tinha alguém nos EUA, e trouxe uma caralhada – queria usar uma palavra mais delicada, mas dado o volume das coisas, não dá pra ser muito sutil – de equipamento que pretendo alugar, e fazer render uma grana. 5D Mark III, 24-70L, 16-35L, 100L Macro, 135L f/2, 45mm TS, 8mm Cine, Lensbaby PRO, Viewfinder Zacuto, mais baterias, mais cartões, e por aí vai.

Uma vez que algumas dessas lentes estavam esgotadas/sobrecotadas nos sites que olhei, recorri ao eBay, que ao mesmo tempo – olha só, isso tá recorrente no texto – foi minha salvação e minha desgraça. Achei as lentes que queria, sim, mas despertei uma curiosidade adormecida há muito tempo. Lentes Anamórficas.

“E o que diabos são lentes anamórficas?”. Lentes anamórficas são uma espécie rara, que têm um vidro convexo na frente, e espremem a imagem no sensor da câmera. Elas abrem o campo de visão da lente horizontalmente, mas não verticalmente. Essa espremida tem diversas medidas, dependendo da lente (variando de 1.33x a 2x), e a grandiosa maioria delas parou de ser fabricada em algum momento entre 1970 e 1990. Por muitos anos, elas permaneceram por aí, como itens exóticos, coisas de colecionador, peso de papel, etc. Até que algum infeliz – não sei se quero ser irônico nessa palavra -, em meados de 2009, resolveu colocar uma dessas na frente de uma câmera DSLR. E viu que funcionava. E viu que ficava bonito pra caramba, e dava MUITA personalidade, além de abrir as possibilidades criativas de uma ferramenta já muito ampla. E então, de lá pra cá, os preços subiram três, cinco, DEZ vezes. Uma porcaria que custava 30 dólares, hoje sai por 400. As mais cobiçadas passam de US$3000 (chamadas Iscoramas).

Dediquei bem umas três semanas de leitura incessante ao assunto, pesquisas de preço, e mais leituras, e conversas pela internet, pechichas com vendedores, dúvidas em fóruns, etc, até resolver entrar na brincadeira. Sabe aquilo de virar referência? Então, tô tentando esse caminho. Até onde eu procurei, as experiências com anamórficos na área de vídeo no mercado tupiniquim são NULAS. Achei UM site em português, de um bróder que começou a experimentar, encheu o saco e desistiu. Bem, tendo em consideração o fato de que já comprei quatro lentes – uma já chegou, três estão a caminho – e mais uma série de tralhas necessárias para o trabalho, não pretendo desistir da experiência. E aposto que vou encontrar quem vai querer tentar também. É nessa hora que eu fico rico! Hahahaha. Ok, não, esse não é o plano – mas eu não ia reclamar se acontecesse. O plano é achar mais gente interessada, e depois, sei lá, ter o que discutir com os gringos, e fazer coisas de qualidade, e inovar com essa técnica numa terra onde não tem ninguém que o faça.

E como essa pesquisa colabora com meu ponto de saturação que intitula o post? Porque ela gera gastos. Essas porqueirinhas são raras, e vira e mexe aparece uma oferta imperdível no eBay. Segunda feira mesmo, eu tava na casa da produtora, esperando o resto da equipe chegar, quando pedi a senha do wi-fi, porquê tinha um leilão acabando em alguns minutos, e queria garantir que a oferta vencedora era minha. Não é uma coisa que dá pra se programar muito na hora de comprar. Felizmente, acho que já completei minha lista de necessidades para experiências sérias (lentes, filtros, anéis adaptadores, clamps).

Agora, preciso cobrir os gastos dessa pesquisa – até que ela se sustente sozinha! – e por isso, tô aceitando tudo que é trabalho que aparece. E tem aparecido bastante coisa boa. Mas, tudo um pouco mais pra frente. E isso puxa de volta o começo do texto. O que é mais pra frente, e é obrigação, não me sai da cabeça. Mesmo que eu só vá começar um trabalho X de animação daqui a duas semanas, até lá, eu vou pensar nele TODOS os dias, e isso não é muito saudável. Aparecem umas idéias legais, e simplificações, mas de forma geral, é só ansiedade se acumulando até o prazo de entrega.

Acho que é por isso que eu não faço planos a longo prazo. Tipo essas coisas de “onde quero estar daqui a 5 anos”. Já me dá um trabalho infernal pensar no que eu tenho pra fazer AMANHÃ, quanto mais EM TODOS OS DIAS QUE ESTÃO POR VIR, EM CINCO ANOS! Sério.

Enquanto isso, espero meus pacotes chegarem pelo Correio – tá demorando demais! -, vou adiantando meus trampos, resolvendo as coisas da casa e tentando vender a 7D – tá difícil demais! Agora, deixa eu ir, que amanhã é dia de ir no DETRAN, Polícia Federal e cobrar pagamentos atrasados!

  • Fiuza August 14, 2012 at 1:45 pm

    Tá fodido hein, jovem? hahahaha!!! Sorte!