Day-to-Day

Por que AV?

October 15, 2012

A pergunta que você mais ouve, quando passa no vestibular e começa a cursar audiovisual é: “e por que audiovisual?”. Professores perguntam, seus colegas perguntam, seus familiares, amigos, etc, etc. As respostas são as mais diversas. A minha sempre veio acompanhada de uma história, mas nunca foi uma justificativa de fato. A historinha, pra quem nunca ouviu, é mais ou menos essa aí embaixo.

Ah, eu fazia computação, na UFBA, mas, no fim do primeiro ano, comecei a fazer umas coisas com vídeo e percebi que dava mais certo pra isso do que pra computação. Aí, larguei e vim pra São Paulo prestar USP, porque não ia ficar em Salvador, e universidade tem que ser pública.

Passei esse fim de semana na casa da May, e lá eu não consigo trabalhar. Nem que eu queira. Me faltam as ferramentas – amém! – então, aproveito para incorporar essa impossibilidade à saída de casa, e fico a pensar na vida e aproveitar coisas que acabo não percebendo em São Paulo. Dessa vez, o que me ocorreu foi a resposta pra essa pergunta título.

Sempre tive facilidade em me entreter com as coisas. Mas quando a brincadeira fica repetitiva, cansava e deixava de lado. Pode-se dizer que Computação foi assim – meus queridos do DACOMP, me perdoem se lerem isso! Tinham as aulas, que até eram boas, e o tempo livre. Como minha casa é do outro lado da cidade, no primeiro semestre eu morava na UFBA. Fazia projetos, organizava o DA, estudava com a galera, organizava campeonato de esportes, eleição de chapa, e por aí vai. Mas aí eu consegui fazer um pouco de tudo que encontrei por lá. Empresa júnior, desenvolvimento web, programação em código, tudo eu já tinha testado e obtido relativo sucesso – tinha dado certo.

Nessa mesma época, começava a ascenção da famigerada Paperball Productions – nascida no terceiro ano do ensino médio, entre os bróderes e a galera que frequentava a minha casa. Durante o meu segundo semestre de Computação, a gente começou a filmar coisas com mais freqüência, e eu fui percebendo como isso era divertido.

Depois de algumas empreitadas que deram certo em seus objetivos, mas não renderam qualquer lucro, percebi que se eu queria fazer essa coisa de vídeo de verdade, era melhor me mandar. Junta isso àquela vontade de sair de casa e conhecer lugares diferentes, e ficar longe dos pais, enfim, São Paulo entrou no mapa. Toda a família de meu pai fez USP, então USP seria.

E aí eu vim, e estudei pra cacete, que nem um condenado. Mentira. Estudei um bocado, mas nunca abri mão de nada pra estudar. E mesmo sozinho, continuava brincando de vídeo. Filmava minhas coisas por conta própria, e meus tópicos de distração durante um ano e meio de cursinho foram: efeitos especiais e fotografia digital. O grande ponto é que esses dois assuntos são infinitos! E eu me divertia muito com eles na época.

De 2010 pra cá, acho que já passei em pelo menos uma centena de sets, e a cada nova experiência, tenho mais certeza que fiz a escolha certa. Eu faço AV porque é divertido. É divertido pra caralho. Envolve interagir com um monte de gente que faz um monte de coisa que você não entende e nem quer entender, mas todo mundo anda junto por um objetivo comum e se diverte no processo. Me perdoem aqueles que passaram “para contar histórias” ou “para expressar o que passa na minha cabeça”, mas eu passei para me divertir. E é isso que tenho feito, e pretendo continuar fazendo, porque quando eu parar de me divertir com AV, eu vou largar e inventar algo novo pra fazer.

  • fatima October 18, 2012 at 5:38 pm

    Interessante como cada um registra de maneira diferente o que vive. Eu poderia jurar que você se lembrava que desde bebê seu tio fazia filmes macabros com você: colocava dentro do baú de roupas e, quando a tampa se abria, de lá saía um minúsculo menino falando: ”mamãe, olha minha ‘quípta'”. Isso sem falar nos filmes de assombrar corações: o bebê adormecido com uma pilha de coisas se equilibrando sobre a cabeça. Maiorzinho vieram os filmes na sala do apê, com Lila, Leo e Ju, e Fábio e Renato. Já perto do vestibular, ouvi muitas vezes: “Quero fazer cinema, e computação é para fazer os efeitos especiais dos meus filmes de ficção.”…, nunca foi sua computação a escolha… apesar de você gostar de computadores, sempre se interessou mesmo foi Com-puuuuta-AaaaçÃo!!