Day-to-Day

New York – Day Eight.

March 26, 2013

Chegamos por fim ao último dia da jornada. Não consegui postar ontem mesmo porque era tarde, e hoje fiquei o dia com a May e resolvendo coisinhas bagunçadas em casa. Enfim, vamos aos eventos.

Acordei cedo. Bem mais cedo do que esperava, às 5h40am. Fiquei tentando voltar a dormir mas não tava rolando, então fui enrolar no computador. Fechei a mala com tudo que seria despachado, botei o computador na mochila, conferi se não tava esquecendo nada, tomei um café da manhã rápido e, por segurança, coloquei uma maçã e uma garrafinha de água na mochila também. Às 8 em ponto eu tava saindo na rua, em direção ao metrô. Esses cinco minutos foram os únicos de céu aberto que tive. Daí pra frente, foi só com teto na cabeça. Trem, estação subterrânea, mais trem, transferência subterrânea para o Airtrain, terminal com teto de vidro, salão de check-in, portões de embarque, avião. Pelo menos foi tudo quentinho!

Minha mala tava consideravelmente mais pesada do que na ida. Antes, tinha 15kg. Chutei que deveria estar com uns 25, e torci pro limite de peso ser 32kg, e não 23 (sempre troco a ordem dos números). Na hora de pesar, para despachar, acertei na mosca. O limite era 32, e a mala pesava exatamente 25 quilos. Acreditem, foi bem desafiador carregar ela pelos trens e trechos à pé. Ah, que alívio foi despachar aquilo sem ter que pagar um centavo a mais!

Os americanos são meio surtados com bagagem de mão. Tem três pessoas em pontos diferentes pra conferir sua passagem e seu passaporte, depois, no detector de metais, tem que tirar os sapatos e qualquer coisa metálica (até cincos com fivela de alumínio, que passam sem problemas no Brasil), tirar os líquidos da mochila, tirar notebooks e câmeras, fazer uma pose na máquina de raio-x e pegar tudo correndo na esteira pra se recompor lá atrás.

Pelo menos o aeroporto tava vazio. Comentário rápido: o AirTrain, que é um metrô só do JFK, que atende todos os terminais, tem MAIS estações que a Linha Amarela de São Paulo. Fica aí a informação pra pensarmos a respeito. Depois do stress do detector de metais, devorei minha maçãzinha, bebi aguinha e fiquei enrolando por uma meia hora com open wi-fi. O embarque começou e, assim como na vinda, o vôo tava bem vazio. Demoramos quase uma hora pra decolar, porque começou a nevar um pouco e, por motivos de segurança, a equipe de manutenção do aeroporto passou um anti-congelante nas asas do avião.

Logo no começo do vôo, acabei com minhas parcas páginas de quadrinhos da Forbidden Planet. O nome da série é Wasteland, tem 7 capítulos, e ainda não acabou. Li os dois primeiros e tô aqui me coçando pra arrumar o terceiro, porque é MUITO bem feito. Os desenhos são sensacionais e a trama em si, personagens e diálogos, mantém o nível lá em cima. Muito me surpreende ninguém ter adaptado isso pra filme/série ainda. Nessas trezentas páginas, a tensão só aumenta em torno dos personagens (são vários) que lutam para sobreviver num mundo pós-apocalíptico (sinto que nunca vou cansar desse tema).

Depois que acabaram os quadrinhos, as horas restantes de vôo se arrastaram. A sensação foi de muito mais demora que a ida. Escrevi, vi filme, dormi em todas as posições possíveis e imagináveis até que, por fim, chegamos. O desembarque em São Paulo foi infinitamente mais rápido. Check-in de passaporte, as malas já estavam na esteira, peguei a minha e fui enfrentar a alfândega. Como tava com relativamente pouca coisa, e tudo usado – as coisas novas não batiam nos 500 dólares permitidos, fui na cara e na coragem, primeiro do vôo a sair.

No corredor de “Nada a Declarar” tem uma bifurcação, e um camarada bem no meio. Ele indica se você vai pra “Saída” ou “Verificação de Bagagem”. E lá fui eu, apontado para a Verificação de Bagagem. Ê beleza! Ok, as coisas eram usadas, mas se não fossem com a minha cara, dava pra perder uma graninha boa ali. Na Verificação de Bagagem tinham umas seis pessoas operando um par de máquinas de raio-x. Como fui o primeiro, eles ainda estavam muito concentrados no papo, e acho que só queriam terminar o turno – já eram 22h. Botei a mala na esteira, a mochila também. As duas passaram pela máquina e saíram do outro lado. Ninguém nem olhou na minha cara. Acho que ninguém nem olhou no monitor. Peguei as coisas, disse um “boa noite” tímido – responderam! – e fui embora sem maiores incômodos ou taxas. E o coração quase saindo pela boca.

Peguei um táxi e, ainda não sei como, o bróder fez o caminho de Guarulhos até aqui em casa em 25 minutos, sem correr feito um alucinado – à lá taxistas do Rio. Esse turbo me fez recuperar o tempo perdido antes da decolagem, e cheguei em casa exatamente na hora que tinha previsto: 23h30. Lila tinha acabado de chegar também e ficamos conversando um pouco na sala. Vim pro quarto, desarrumei a mala – sou dessas pessoas que desfaz a mala assim que chega – e, devido à absoluta falta de sono, dei boa noite pra May e fiquei na sala arrumando os novos equipamentos (logo mais faço um post só pra explicar as novidades) e jogando fora um monte de lixo acumulado ao longo do tempo.

Lá pelas 3h o sono veio e apaguei. E assim acabou a saga novaiorquina.

Se algum dia esses posts virarem um livro, seria absurdo não agradecer a uma série de pessoas, então, vamos a elas. Em primeiro lugar, claro, meus pais, que me deram mil dicas do que providenciar – desde seguro-viagem à me entupir de vitamina C pra não gripar -, minha mãe, por buscar e despachar meu passaporte de Salvador pra São Paulo, que só ficou pronto uma semana antes da viagem, Alessandro, que me deu muitas dicas e arrumou uma casa pra eu ficar, e May que me deu coragem pra providenciar tudo – da compra das passagens ao retorno pro Brasil – em menos de um mês. Agradeço também a Lico e Lilian pelas dicas de programas pela cidade, a Ju, por mais outras tantas dicas e a Lila, pelo guia e mapa que mais usei na vida.

Por fim, agradeço à Kimi e seus amigos brasileiros (Ricardo, Nicolas e Otávio), pelo dia divertidíssimo em Poughkeepsie, e agora só à Kimi, por receber trocentas mil caixas que enviei pro endereço dela e ainda me fazer criar vontade de viajar! E, por último, ao Richard, por me receber em sua casa, mesmo sem me conhecer, e me ajudar em tudo que precisei! Tristan, meu caro, espero não ter te acordado todos os dias, quando tava de saída!

FIM