Anamorphic Day-to-Day

[Anamórficos XXIII] – Filtro Streak/Flare

August 5, 2013

Ao longo dos últimos meses, fiz alguns posts de itens que ajudavam a criar o visual anamórfico sem necessariamente passar pelos grandes gastos, testes excessivos, prática e paciência decorrentes do uso das lentes que verdadeiramente esticam a imagem. Alguns desses itens foram o filtro Cinemorph, modificações em lentes arrancando o anel de abertura original, a FlareFactory, que deu uma aprimorada na Helios 44 original e usa o método de substituição da abertura, ou até mesmo o MagicLantern, com o uso de cropmarks customizadas, para um formato de tela idêntico a um criado após o stretch.

Nesse post, vou apresentar um outro item dessa categoria de farsas, que é o filtro Streak, também conhecido como filtro de flare. Seu efeito é justamente a combinação desses dois nomes: ele cria streak flares, ou flares que se esticam numa linha reta a partir da fonte de luz. E como é a cara desse filtro? Tradicionalmente é um quadradinho de vidro com muitas linhas bem fininhas, todas num mesmo sentido. Existem diversas variações desse treco, determinadas por dois fatores.


Filtro Tiffen 4×4 – Streak 2mm

O primeiro desses fatores é a cor. O meu é neutro, então as linhas têm a mesma cor da fonte de luz. Se for uma fonte azul, os flares são azuis, e assim por diante. Existem versões onde o flare é colorido, que podem enganar melhor, afinal a grande maioria das lentes não muda a cor do flare, independente da fonte de luz.

O segundo fator é o espaçamento entre as linhas, dado em milímetros. Esse meu é de 2mm. Quanto mais próximas, mais fortes ficam os flares – é só clicar na foto do filtro aí em cima pra ver essas linhas melhor. Dá pra ver também a diferença no efeito criado por essas distâncias nessa página da Optefex, que é a fabricante dos filtros. Também dá pra ver que é um brinquedo caro. Esse meu eu peguei no eBay inglês, por um preço bem legal – muito abaixo desse no site do fabricante -, há uns quatro ou cinco meses. Desde então nunca mais achei um usado à venda. Aparentemente os filtros estão esgotados há bastante tempo nos fabricantes, e só locadoras de equipamento têm esses aparatos.

As duas fotos abaixo são uma comparação, a primeira foi feita com uma lente anamórfica – Century WS-13 – e a segunda usando o filtro streak. Olhando com cuidado, a diferença é grande, mas sem atenção aos detalhes, digo que o efeito convence o suficiente.


E se você for hardcore, e quiser forjar ainda mais, com o desfoque ovalado? As próximas fotos desse teste foram todas feitas usando a FlareFactory 58. Como o filtro tem tamanho 4×4, não dá pra rosquear na frente da lente, e é necessário um mattebox para utilizá-lo corretamente. O bom é que é super simples de alinhar, ou modificar a direção dos flares, simplesmente girando a bandeja de filtro.


Woody sempre alerta

O atropelamento de Woody

Como dá pra reparar na última foto, o filtro tem um efeito colateral parecido com o Cinemorph. Se vocês olharem bem pras luzes ovais desfocadas do lado esquerdo, elas têm muitas linhazinhas verticais. São as linhas do filtro, por onde não passou luz suficiente para “preencher” o desfoque igualmente. Outra situação hardcore em que ele falha é para grandes fontes de luz. Não tenho imagens pra ilustrar esse caso, mas quando fui tirar uma foto da lâmpada chinesa da sala (aquela redonda e branca), metade do quadro era uma mancha horizontal estranha, com várias linhazinhas finas. Tudo por conta do filtro. Para fontes pequenas como lanternas, LEDs, faróis, ou lâmpadas sem difusão, o efeito é bem convincente.

Assim como o Cinemorph, dá pra ajustar facilmente a direção dos flares, mostrado nas fotos abaixo.


Woody e os vagalumes (OP1)

Woody e os vagalumes (OP2)

Vou tentar fazer um teste em vídeo nas condições ideais pra melhorar esse post, mas enquanto isso, tem esse outro post aqui, num blog chamado Visual Cinema, falando do filtro, com um teste muito louco, onde aparece uma moça fazendo pole dance com lingerie cintilante – flares.