Day-to-Day

Grouse Grind.

July 13, 2014

Fiquei em dúvida entre tantas opções de títulos para esse post, que vou até colocar mais dois aqui, eliminados por serem muito longos: “Outros 7 Dias, que pareceram durar um mês”, “O Dia Que Voltei Pra Casa Abraçado com uma Lata de Lixo”.

Bom, exatamente mais uma semana passou, dessa vez sem feriados e sem aulas canceladas, então o ritmo foi pesado. Tivemos 13 aulas de 3h cada, entre Segunda e Sexta, o que dá uma média de quase 8h por dia na VFS, socando coisas pra dentro da cabeça. Modelamos um chapéu, animamos uma bolinha e um pêndulo em 3D, pintamos um INFERNO de um robô escorpião (que vai aparecer mais pra baixo nesse post), fizemos várias atividades em equipe, para as aulas de Team Building e vimos trocentos cartoons nas aulas de História da Animação e VFX. Ah, afinal, começamos a brincar com o Nuke! Em casa mesmo, acho que só parei pra dormir.

Quarta feira, não tínhamos a última aula – que foi passada pra Quinta – então combinei de encontrar o Rob. Rob é um camarada que conheci no fórum EOSHD, o das lentes anamórficas, e que, descobri no meio do caminho, curiosamente morava em Vancouver. Melhor ainda, ele trabalha num estúdio de pós-produção pequeno, chamado Lux. Nos encontramos por lá, ele me apresentou um povo, conheci um sul-africano que também fez VFS e que me deu uns conselhos de atitudes úteis ao longo do curso. Depois, partimos para North Vancouver, onde o Rob mora. No caminho, fomos conversando um bocado sobre câmeras e lentes, e sobre adaptação a Vancouver. Paramos brevemente na casa dele para comer algo – pizza! – e conheci o resto da família – ou quase, porque a menininha mais nova, de seis meses, tava dormindo – mas Hailey (de dois anos e meio) ficou interagindo com a gente enquanto conversávamos, e depois foi brincar com a mãe, interessada pelos esmaltes muito coloridos. Conheci também os dois gatos que ele tem lá (ambos muito amigáveis e fofinhos). Depois, saímos no sentido oeste, e ele foi me contando umas idéias de curta que ele tá trabalhando em cima, além de histórias do estúdio, e de como era o mercado de efeitos visuais até alguns anos atrás, e como tudo mudou há relativamente pouco tempo.

Paramos em Whytecliff para apreciar a vista – o Sol tinha acabado de se esconder atrás das montanhas – e tirar umas fotos. Sentamos num banquinho perto de uma parede de pedra que acabava no mar lá embaixo. Ficamos mais um tempão conversando, tirei várias dúvidas que estavam a me atormentar, sobre mercado, sobre o que é bom de colocar no demoreel, como não se comportar, onde procurar material além do oferecido pela escola, onde procurar emprego, assim que me formar, e UM MONTE de coisas técnicas. Felizmente meu conhecimento de câmera vai valer ouro na área que pretendo trabalhar. Infelizmente, ainda vai levar uns meses até ele começar a ser útil no curso.


Praia de Whytecliff

De lá, já tava ficando de noitinha, começamos a voltar mas subimos metade da Cypress mountain, para apreciar a vista lá de cima. Tava escuro demais e não consegui tirar fotos com o celular, mas dava pra ver até bem longe, tudo com as luzinhas de prédios e casas acesas de noite. A lua cheia no céu tava fazendo um mega reflexo prateado na baía lá embaixo, uma coisa linda. O Rob comentou que em Vancouver todo mundo tem câmera, qualquer lugar que você vai, tem uma pá de gente tirando foto, e que isso acabou fazendo com que ele fosse fotografando cada vez menos e procurando lugares menos conhecidos, para ter fotos mais autênticas.

Enfim, ele me deixou no Seabus, e peguei o caminho de casa, já quase às 11pm. Combinamos de nos encontrarmos mais vezes, pra testar câmeras e lentes com mais tempo – e mais luz também.

Quinta feira fiquei 13h na VFS, por conta de aulas, intervalos e reuniões para trabalhos variados. Acho que isso vai acontecer mais vezes nessa semana, e tende a se intensificar, conforme os assignments forem se complicando. Voltar pra casa de noite foi uma alegria, e a bike torna tudo melhor na vida.

Anteontem – Sexta -, já tava começando a surtar com o assignment de pintura – o tal do escorpião – porque tinha investido MUITAS horas nele, e ainda não tava feliz com o resultado. Resolvi arrematar o desgraçado. Concluí que não gosto de pintar coisas, mas fui fazendo tudo com cuidado, pra ficar pelo menos passável. Ó aí o resultado. Queria que tivesse ficado melhor, mas tô em paz com o jeito que está.


12+ horas pintando esse inferno

Ontem de manhã dei uma varrida em tudo, coloquei o lixo pra fora e depois saí pra encontrar o povo no Canada Place, pois estávamos determinados a subir a Grouse mountain (são três montanhas bem próximas da cidade: Grouse, Cypress e Seymour). Partindo do Canada Place, o plano era pegar o ônibus direto das 10h, mas o diabo do ônibus lotou. A opção era esperar até o das 10h30, ou ir de transporte público (Seabus seguido por um ônibus normal). Achamos que o das 10h30 ainda estaria lotado e resolvemos tomar o caminho do Seabus. Ah, sim, eramos cinco, todos da VFS: Rachel, Isaac e Aldo, de Sound Design, Ben, de programação (e quem tirou todas as fotos decentes desse post), e eu, do curso de VFX. Como pegamos o Seabus (chegamos lá faltando UM minuto para a partida, e corremos loucamente pra alcançar o barco), mandei mensagem pro Paul, dizendo pra ele correr e encontrar a gente no ponto de ônibus, que íamos subir a montanha.

O coitado chegou lá todo esbaforido, correndo, por causa da minha pressa, e ainda tivemos que esperar uns cinco minutos pelo ônibus. Esse foi lotado, quase no nível São Paulo, até o sopé da montanha, onde todo mundo desceu. Eu já tava meio preocupado porque tava SOL PRA CARALHO, e eu tava com uma roupa muito quente – por falta de opção, as outras estavam lavando – mas fomos adiante. A subida tava lotada. Vou resumir um pouco a experiência: subir a Grouse Grind é como subir uma escada. Com degraus altos, feitos de pedra e madeira. Em zigue zague. POR UMA HORA E MEIA, incluindo algumas pausas no caminho.


Só caras de alegria no caminho

Uma coisa é fato: quando você chega na marca de 1/4 do caminho concluído, já tá praticamente no topo. Não sei como é essa matemática canadense, mas até 1/4 foi foda. Depois daí… continuou foda mesmo, mas a gente tinha uma noção de tempo e espaço. Em vários momentos, todos achamos que não íamos chegar ao topo. Tem uns trechos que são DO MAL, sério. Sabe a subida da cachoeira da Fumaça? É um passeio no parque, quando comparado com isso aqui. É uma trilha mais longa, sim, mas em termos de inclinação, é um morrinho. A trilha aqui tem só 3km (uma distância que, no plano, é fácil cobrir em pouco mais de meia hora), mas com 850m de variação vertical. Ou seja, pra é quase 2:1, a cada dois metros na horizontal, você tá subindo um na vertical. Esse inferno tem mais de 2800 degraus, e é engraçado ver a cara de exaustão do povo subindo – isso quando você mesmo não tá preocupado em continuar vivo, e continuar subindo. Mas, sério, o que mais esperar de uma trilha que se chama “Moedor”?

Na 1h30 de jornada, não vi ninguém de calça – como eu – ou de manga comprida – como eu, ainda que enroladas. Mas chegamos todos ao topo, sem nenhum morto ou ferido. Ó aqui as nossas caras de comemoração:

Lá no topo dá pra ver até o infinito. Ok, acho que nem tanto, mas dá pra ver até depois do aeroporto. Bate a vista da Cypress, com o Rob, na Quarta feira. Sentamos no restaurante lá no alto, e acho que nunca tinha comido tanto, desde que saí de São Paulo. Tava todo mundo morrendo de fome e de sede. Depois do almoço tardio, o Ben foi caçar mais fotos, Rachel foi com ele, e nós tomamos o caminho pra baixo, pela gôndola. Em cinco minutos estávamos na base da montanha.


Indicações e localizações

Pegamos o ônibus de volta para o Seabus junto com nossos colegas mexicanos (agora não eram só Isaac e Aldo, um terceiro se juntou a nós no topo da montanha). Por motivos desconhecidos, o motorista não deixou ninguém pagar. Depois dessa lição de calor aprendida, descemos – eu e Paul – no Walmart, e fui comprar umas camisas sem manga, de pano mais fino, além de coisas que tavam faltando em casa (do tipo lata de lixo, pendurador de toalha, fita crepe, trena). Quando vi os preços das camisas, comprei logo 6. Depois ficamos um tempão rodando até achar todas as tranqueiras que precisava em casa.


$3 por uma camiseta

Por fim, na saída, compramos dois copos, oito colheres, um potão de sorvete e um potinho de nutella, pra matar a vontade de comer algo gelado, nesse que foi um dos dias mais quentes de nossa estada. Saímos do mercado, sentamos numa sombra de árvore no estacionamento mesmo, e nos empanturramos com nossos doces quitutescos. Essa gula toda custou $5.50 pra cada um.


Sobremesa dos campeões

Daí, fomos voltando para o Seabus conversando sobre a vida. O Paul ficou em casa, e fiquei OITO MINUTOS esperando um trem terminar de cruzar a pista pra poder chegar no Seabus. Claro, perdi o barco e tive que esperar mais quinze minutos. Esse tempo todo abraçado com minha nova lata de lixo, carregada com as compras! Aqui minhas pernas já tavam morrendo, e ainda tinha a viagem de barco, mais metrô e por fim, oito quadras a pé até chegar em casa. Saí largando tudo assim que entrei, e fui direto pro chuveiro, tomar banho, porque tava impossível. Depois, ainda fui tentar ver filme, mas dormi antes das 22h, e acordei hoje de madrugada.

Os planos agora são de ir na IKEA daqui a algumas horas com o Fernão, e possivelmente comprar o resto da mobília da casa por lá, pra gente rachar o frete e depois carregar uns pacotes pesados pela rua até aqui em casa. Durante a semana devo tirar algumas horas pra montá-los. Ou então só no fim de semana que vem. Mas já to dando graças aos céus porque vou ter uma mesa e cadeiras!