Day-to-Day

Histórias (in)comuns.

July 14, 2014

Ao longo do fim de semana testemunhei duas situações incríveis, uma delas me fez bater a cara na parede, com meu preconceito, e a outra é só uma curiosidade mesmo. Vou começar com a menos relevante.

Ontem, voltando pra casa depois do almoço, pingando de suor – suei mais ontem do que na escalada da montanha toda – passei por uma galera na rua que tava pegando água numa fonte, dessas de frente de prédio mesmo, e jogando no rosto, e nos amigos, pra se refrescar, tamanho o calor. E eram canadenses mesmo, não eram turistas, nem mendigos! Acho que eu nunca teria coragem de fazer isso em São Paulo. Primeiro, porque a água estaria podre, segundo porque na hora que eu encostasse na fonte, ia aparecer um guardinha ou segurança pra me enxotar, com certeza.

Agora, a segunda história, mais relevante. Sábado, tava voltando do Walmart, descendo do Seabus, abraçado com meu balde e lixo, e saí logo atrás de um grupo de três jovens (dois rapazes e uma moça), meio mal vestidos, meio com cara de mochileiros, e que riam de tudo, apontando pras pessoas ao redor. Logo pensei que estavam dando uma de malandros, tirando sarro da galera, e fechei a cara.

Como o barco tava lotado, o ritmo de caminhada era lento, e não tive opção senão continuar perto deles. A saída vai direto por um corredor. Nesse corredor, tem uma portinha que você pode passar pra pegar o caminho pra entrar no barco de novo, ou sair pelo lado oposto – vazio. Lá foram os três pela portinha, se achando os espertões, driblando a massa que seguia pelo corredor lotado.

Uma coisa importante de lembrar: sempre que tem gente saindo do Seabus, tem alguém disparado pelos corredores, tentando chegar no barco antes de ele partir. Estava o grupinho atravessando o corredor pelo qual as pessoas vêm, e passa uma mulher a toda velocidade. No que ela passa, o celular dela cai. Pronto, pensei que aí ia confirmar todas as minhas suspeitas, eles iam pegar o celular e partir.

Acabei quebrando a cara. O celular mal encostou no chão, a menina já tava abaixando pra pegar e correndo atrás da mulher, enquanto os dois camaradas tentavam chamar a atenção da moça e dos seguranças, com gritos, pra ela não embarcar sem celular.

Tenho certeza que, do jeito que aconteceu, nada mais passou pela cabeça da menina além de “EITA PORRA, PRECISO ALCANÇAR AQUELA MULHER PRA DEVOLVER O CELULAR DELA!”. E isso me impressionou muito. É claro que eles conseguiram devolver, e apesar de estar redondamente enganado sobre o grupo, fiquei muito feliz em estar errado. De lá pra cá, já tenho olhado tudo ao meu redor de outro jeito, sem o padrão de “não pode vacilar, porque vai ter alguém pra te sacanear”, e isso é muito tranquilizador.

Ah, mais uma pra essa lista, que lembrei agora: a bike de um colega nosso – uma bike novinha, caríssima – tinha sido roubada, na primeira semana de aula, de uma vaga NA FRENTE da escola. Ele tinha ficado só com um das rodas. Prestou queixa na polícia e ficou torcendo pra encontrarem mas, ao mesmo tempo, já se preparando pra comprar uma bike usada, e mais barata. Ontem a polícia ligou pra ele, dizendo que tinham encontrado a bicicleta dele e prendido o ladrão. Nos próximos dias ele vai receber bike de volta. Dá pra acreditar nessas coisas?