Day-to-Day

Para A May.

August 26, 2014

Esse é um post que tá entalado tem tempo, então pode virar uma bagunça pelo meio. Bom, vamos lá.

Não me vejo como “o cara que manja de fazer social”. Todos os meus namoros, flertes e coisas começaram na internet, com pouco ou nenhum contato real até o dia do encontro de fato (e isso tem consequências aleatórias até hoje no meu dia-a-dia, mas não é o assunto em questão). Meu único relacionamento que não começou assim é também o que mais tá durando.

Minha primeira lembrança da May é, acho que na primeira semana de aulas do AV. Um dia aleatório, que a aula seria num auditório, mas tinha sido transferida pra outra sala. Fui pro lugar errado e ela, junto com mais uma galera, me viu pela janela, pegando o caminho errado. Aí ela apareceu por lá, pra me resgatar e explicar o lugar certo. Sabe amor à primeira vista? Então, não foi o caso. Ao longo dos próximos meses, a gente trabalhou em vários curtas juntos além das aulas, e era sempre uma pessoa divertida de estar por perto, conversar e fazer piada. Era também a menina que morava longe pacarai, que usava uma mochila vermelha e SEMPRE carregava um guarda-chuva, mesmo que tivesse um Sol de rachar – se alguma dessas informações não for precisa, é como minha mente recria esses primeiros meses de aproximação.

Fizemos audiovisual juntos. Eu fui pro “visual”, ela foi pro “áudio” e não foi combinado. Era a aspiração de cada um e a gente sempre se apoiou um no outro pra fazer nosso trabalho melhor. Ouvir as histórias e críticas dela me fez atentar pra muita coisa do meu trabalho de foto, de forma a melhorar o trabalho de quem estivesse fazendo som- a rixa Foto VS Som é tradicional, e é bem comum o povo da foto passar por cima do som como se fosse algo natural. Ah, não era isso que eu ia falar, esse parágrafo todo era só pra falar que somos o casal “audiovisual”.

Tem um monte de histórias dessa fase, mas acho que nenhuma delas é de extrema relevância pra esse post. O fato é que a gente começou a namorar mesmo em Agosto, segundo semestre do primeiro ano de AV. Pra ser preciso, tem quatro anos e nove dias que a gente tá junto. Queria escrever várias historinhas pra ilustrar o post, fazer vocês se identificarem com a gente, essas coisas, mas toda vez que eu começo um novo parágrafo, parece falso, então eu vou escrevendo, e foda-se. Ah, e toda vez que eu usar a palavra “estar”, nem sempre eu me refiro a literalmente estar no mesmo lugar. A gente passou um tempão longe, mas estando junto. Vamos adiante.

Não dá pra falar também das coisas que a gente faz junto. Moramos juntos praticamente desde o começo, então a gente faz tudo junto. Muitas coisas são mais de um do que de outro, mas raramente é algo EXCLUSIVO meu, ou dela. A gente vai ao mercado junto, a gente cozinha junto – eu sou assistente, lava-louça e fazedor de sucos -, a gente vê filmes, séries, curtas e ouve música juntos, arruma a casa junto, põe o lixo pra fora, arruma banheiro, faz a cama, bagunça a cama, espana os móveis, faz lista de compras, aprimora a casa, e tudo mais que vocês pensarem, a gente faz junto. Não junto de dependente, mas junto de dupla. Se tiver que fazer sozinho, a gente faz e não acha ruim. Mas quando é junto, não é só obrigação. Tudo é divertido de se fazer quando a companhia é boa, não?

Estar com a May mudou minha vida. Como viemos de lugares, famílias e situações totalmente diferentes, coisas que pra mim são óbvias, pra ela não tem nenhum sentido, ou são uma grande estupidez. O contrário também é válido, e nessas horas é que a gente discute, e cresce mais.

Descobri qual é o problema desse post. Eu tô falando por nós dois. O que eu quero mesmo é falar PARA a May, e que quem quiser possa ler, então vamos mudar de formato.

Meu bem, não vou dizer que foi o simples fato de te conhecer que mudou minha vida. O que mudou minha vida foi termos passado os últimos quatro anos juntos, podendo contar um com o outro, podendo conversar sobre qualquer coisa a qualquer hora, dos assuntos mais pitorescos aos mais cotidianos – como “que mesa a gente quer comprar pro nosso apartamento?” e nunca sentir que o outro não tava dando importância para a questão.

Os últimos dois meses e meio, longe de você, pareceram moleza, mas agora que você tá aqui é que tô vendo como os PRÓXIMOS meses é que vão ser moleza! Não, eu não tava sozinho, nem de longe. A gente conversou de tudo, e não dá pra dizer que tomei nenhuma decisão sem antes passarmos por ela juntos. Sério, a gente escolheu cada móvel da casa online, argumentando prós e contras, pra depois ir comprar. Eu montei boa parte deles conversando com você no skype, no que eu acho que foi o dia mais calorento de toda a minha vida. Eu te mandei uma mensagem quando vi um esquilo atravessando a rua. Eu te mandei mensagem quando vi o preço da Nutella no mercado, eu te mandei mensagem quando me mudei, te mandei mensagem quando cheguei, mandei mensagem na aula, quando tava indo no cinema, de manhã, de tarde, de noite e de madrugada, e nunca fiquei sem resposta.

Eu sei que esses dois meses em São Paulo tavam foda, que era greve, era TCC, eram vários sonhos de vida entrando em conflito, a distância e os fusos horários atrapalhando a comunicação, aulas, internet ruim, compromissos e mais UMA CHUVA DE COISAS PRA RESOLVER, mas você conseguiu, e agora tá aqui. É engraçado pensar nisso – que a gente conversou hoje no mercado. Se não fosse por você, eu provavelmente não estaria em Vancouver agora. Se não fosse por mim, você provavelmente também não estaria em Vancouver agora. Foi graças a uma mega retroalimentação de sonhos e planos mirabolantes em dupla que conseguimos chegar até aqui. E vai ser contando um com o outro que a gente vai conseguir continuar por aqui, e correr atrás das coisas que a gente sonha.

Nesses pouco mais de dez dias que passaram desde sua chegada meu dia-a-dia já ganhou um brilho que nunca teria sem a sua presença – passear de bike pela cidade, se atirar no trânsito, ver pôr-do-sol rosa, comprar bicicleta, andar até acabar as pernas, fazer almoço em casa, tocar violão de noite – só olhar pra você, ou fazer carinho nas suas costas já é mais que suficiente pra me fazer sorrir e ficar em paz.

E quando a gente encontrar desafios, sei que vamos enfrentá-los juntos, seja pra vencer, seja pra perder. O resultado vai ser sempre igual para os dois. Eu nunca vou perder se você ganhar, e nunca vou ganhar se você perder. Quero que você saiba (e se prepare! haha) que se eu for pedir ajuda pra alguém, vai ser pra você. O contrário também é válido e se precisar de ajuda, é só me gritar que eu mergulho de cabeça pra te apoiar.

Toda vez que eu tô sentado nessa mesa e olho pra você na minha frente, não tem como não pensar que a gente tá nesse país sozinho, por nossa conta, e que nossas decisões dizem respeito apenas a nós mesmos. Não tem “fugir pra casa”, “fugir pro pai ou pra mãe”. Nossa casa é essa, casa pra mim é onde a gente (eu e você) é responsável por tudo que acontece, que entra e que sai. A gente não tem que pedir autorização de nada pra ninguém e é uma sensação de independência tão surreal que sou muito feliz de ter você pra dividir a responsabilidade. Tomar todas as decisões é fácil. O desafio é achar alguém que a gente confie tanto a ponto de mudar de decisão e saber explicar porque mudou. Você é essa pessoa pra mim. Acho que começar uma família é por aí.

E te amo por topar começar uma família comigo quando eu perguntei, sem saber direito onde, como e quando:
“Quer casar comigo?”
Você disse que sim.

  • Lana Scott August 27, 2014 at 4:14 pm

    Chorando como um bebê! Só posso desejar tudo de melhor e todo o amor que houver nessa vida pra um casal tão lindo e adorado.

    Beijos e saudade. (:

  • Raissa Baggins September 24, 2014 at 11:04 pm

    Perdoe a minha intrusão, mas que fofo *__*
    Realmente espero que vocês sejam felizes!!