Day-to-Day

Lynn Park e Extras.

November 3, 2014

Tô querendo fazer esse post há uma semana – que longa semana – e não tinha conseguido começar ainda. Ontem saí pra acompanhar colegas que iam em Lynn Park, fazer pesquisa de locação, e aproveitar o Sol. O lugar é um inferno gelado, mas o inferno gelado mais bonito que já tive o prazer de visitar. Stanley Park fica no chinelo.

Bom, pra não começar o post pelo fim, vamos voltar até Sábado passado. Arrumamos a casa e depois resolvemos dar uma saída, pra explorar a cidade. Passamos no Pacific Center, mas já conhecemos o lugar como a palma da mão, então não tinha nada novo por lá. Pegamos o SkyTrain para o Sul e descemos perto da Oakridge and 41st. Tem um shopping muito doido lá, e achamos que podia ter algo divertido, já era oficialmente o dia mais feio do mundo. Rodamos um pouquinho, olhamos a Apple Store, passamos no mercado e compramos mini-cenourinhas pra lanchar, quando descobrimos porque o destino tinha nos mandado àquele lugar remoto: UMA LEGO STORE. O lugar é um sonho, desmontável e remontável. Sério, acho que é uma das lojas mais legais que já fui. Tinha uma chuva de crianças jogadas pelo chão, montando e desmontando coisas. A única coisa não muito feliz é que a parada é meio cara.

Fomos atraídos por um set do Lego Movie, pequenininho e barato. Descobrimos que tinha um cinema no shopping, e resolvemos enrolar pra ver o filme. Nesse meio tempo, ficamos montando uns pedaços do lego. O que nos leva à minha pior decisão da vida, acho, nos idos de 2005, quando nos mudamos do apartamento para nossa casinha, eu abandonei o lego na casa velha. LITERALMENTE abandonei. Toneladas de lego. Sério, não entendo até hoje porque fiz isso, especialmente considerando o quanto brinquei com essas pecinhas ao longo de pelo menos dez anos (esse post tá cheio de superlativos, mas foi um dia extremo, me ajudem aqui!).

Deu perto da hora do filme e fomos procurar o cinema. Aí descobrimos que o cinema tava fechado há seis meses. SEIS MESES. Como diabos tinha uma programação normal, só Deus e o Google podem explicar. Tristes e arrasados com essa descoberta, resolvi que merecíamos um encorajamento para a vida e voltamos para loja do lego. Compramos um super carro dos Caça Fantasmas e passamos duas horas montando, em casa. Aí minha saudade de lego bateu com força, e desde então, estou a vasculhar a internet, no tempo livre, procurando bons negócios, e sets incríveis, sem quebrar o banco.

Citando o Lego Movie – é inevitável – “everything is awesome!”.

No Domingo, ficamos metade do dia ouvindo “Vermelho” da Fafá de Belém, e a outra metade do dia atualizando as páginas do segundo turno da eleição. Ah, como a gente comemorou quando apareceu lá “Eleita”! Até fomos encontrar o Nicko pra passear na praia, mas tava absurdamente gelado, então ficamos só tomando café mesmo. Depois voltamos pra casa pra umas rodadas de Catan, que todo mundo merece. Até apareceu por aqui o Vitor (um dos Vitors), colega da May no Sound Design, pra jogar com a gente.

Depois disso, na Segunda já começavam as aulas mesmo, e meus horários estão ridiculamente mais leves do que no term passado, tenho uma aula só, na maioria dos dias, e duas aulas de vez em quando. Sem falar que, como agora já estamos na fase das especializações, a gente só vê as aulas que são voltadas pra nosso stream. No more modeling classes. Mas ainda temos lighting, que tá sensacional, com quatro aulas interessantíssimas. Na real, a primeira aula de todas ERA Lighting, e o tema era linear workflow, uma parada que ajuda muito no funcionamento das luzes virtuais e é muito mais fotorrealista do que o workflow normal. Nosso primeiro assignment era iluminar uma biblioteca, aplicando o linear workflow, e criando atmosfera. Seja positiva, negativa, qualquer sentimento vale.

Depois de umas seis versões que tava achando uma porcaria, fiz uma que achei razoável e mandei pro Craig – instrutor de luz. Ele respondeu com várias sugestões, e fui ajustando. Foram mais umas quatro ou cinco versões, algumas com grandes mudanças, outras mais sutis, até chegar nessa aqui embaixo, que é a final, e vou entregar hoje. Acho que foi um dos assignments de lighting que fiz com mais cuidado, e pensando nas coisas, além de que o feedback ajudou muito a identificar coisas que pra mim nem eram perceptíveis, mas que fazem grande diferença no espírito da imagem final. Cada dia eu fazia um pouquinho e deixava renderizando enquanto trabalhava em outras tarefas.

Na primeira aula de VFX, demos a partida no tão comentado spider assignment, que é um dos mega trabalhos desse term. Para essa semana, era preciso texturizar o modelo da aranha e escolher três opções de locação para filmar e integrar a parada. As minhas três ficam a dez metros de distância uma da outra, aqui perto da garagem do prédio. Quero fazer uma aranha robô vira-lata, que revira o lixo à procura de comida, e se esconde quando pessoas aparecem. O clima é de câmera escondida, observando a criatura. Para me ajudar nessa tarefa – e também para o demoreel, passei boa parte do dia de ontem modelando uma lixeira grande, em escala exata, nos mínimos detalhes. Ao longo da semana vou trabalhar no surfacing e logo mais ela aparece por aqui. Não vou falar muito do reel porque vou fazer isso em inglês, pra usar como ferramenta extra de trabalho, explicando meus processos. Aqui embaixo tá a tal aranha, que no vídeo vai ter uns 60-90 centímetros de altura.

Continuando um pouco no assunto do reel, saí pra tirar umas fotos de locação no Sábado de manhã, no pós-Halloween e quando meus dedos já estavam quase congelados – mesmo de luva – me aparece um bróder completamente bêbado e cansado, voltando pra casa depois da festa e fica me observando. Como sou uma pessoa alerta, fico também prestando atenção no sujeito e na minha bike, alguns metros mais além. De repente o camarada se aproxima e fala “hey mr. photographer! Take a picture with me in it!”. E o resultado foi essa graça aí embaixo. Foi muito inusitado e engraçado na hora. Minutos depois ele volta, com o celular na mão. “You know what, could you take one using my phone, so I have it too?”. Tirei mais uma e ele foi pra casa enquanto eu terminava meus testes.

Depois dessa graça, voltei pra casa e o plano era trabalhar em assignments até o fim do dia. Mas aí me mandam uma mensagem chamando pra ir em Lynn Park – afinal, o do título!. A Daniela tava indo fazer pesquisa de locação também, e tinha uma galera indo junto. Olhei para a janela e vi um solzão lá fora, então achei que era uma boa abandonar os assignments um pouco e aproveitar o clima. Grande erro achar que ia estar calor. O lugar é GELAAAAAADO, mas lindo. Tô com poucas fotos aqui, porque na pressa de sair, acabei esquecendo de trocar a bateria da câmera, então posso levar uns dias até postar essas fotos/se postar, porque elas não ficaram lá grande coisa.

O parque é realmente lindo, e tem um puta clima de filme, com neblina, rios, floresta de pinheiros e o escambau. Foi um bom passeio de Sábado.

Ontem, fiquei o dia em casa, arrumando coisas, fazendo assignments (ainda tenho alguns pra arrematar!), lavando roupa, e fugindo do fogo. Quando subi com a roupa seca, senti um cheiro estranho dentro de casa, de coisa queimada. Achei que era o computador (essa é sempre minha primeira reação, desde 2005), depois fui na cozinha, achei o cheiro mais forte no closet. Fui na varanda, e vi que tinha uma FOGUEIRA na sacada do apartamento ao lado. Dali a uns minutos, ouço batidas fortes na porta, através das paredes. Depois de algumas rápidas tentativas, os bombeiros derrubaram a porta, e o alarme de incêndio do prédio todo disparou. Aí as pessoas TODAS desceram de suas casas para o térreo, até ter confirmação que tudo tava bem e que elas já podiam voltar.

Admito que fiquei impressionado com a velocidade entre o começo do fogo, a chegada dos bombeiros e a solução do problema. Tá bom que o fogo tava só na varanda, mas ainda assim foi impressionante. E esse foi o fim do Domingo. Depois a May chegou por aqui, e ficamos tirando o atraso de todas as séries que não vimos ao longo da semana!

Ah, nos últimos dias também apareceu no facebook, postado pelo Padu, um trechinho do vídeo de reabertura do Alberta #3, em São Paulo, para o qual eu ajudei a testar e emprestei a sensacional LOMO Foton-A. No fim das contas, eles acabaram comprando a lente, e fiquei muito feliz por ela ter acabado nas mãos de amigos tão cuidadosos e apreciadores da arte anamórfica!