Day-to-Day

Lista de Chamada.

December 13, 2014

Entre todos os meus anos de escola, faculdade e afins, sempre tem uma coisa em comum que me desagradava: a ordem alfabética na chamada. Ok, se fosse só pra chamada era tranquilo, mas era também pra apresentações, entrega de prova, entrega de trabalho, então duas opções eram cenário comum e as duas envolviam expectativas baseadas em terceiros. Ou todo mundo ia bem, e eu ficava preocupado de ter ido mal, ou todo mundo ia mal e eu ficava preocupado de ter ido mal também, ou era absolutamente aleatório, e uns muito bem outros muito mal, e não tinha parâmetro do que esperar.

Acho que foi por isso que eu parei de ver trailers de filme: expectativas destruindo tudo. Eu adoro trailer, mas se o filme me interessa de verdade, eu não vou ver trailer de história, só teasers, que mostram planos legais, mas totalmente fora de contexto. Depois de ver trailers e filmes o suficiente, dá pra antever 95% da trama, inclusive com as revelações bombásticas, só assistindo o trailer. Se o filme é baseado num livro, ou qualquer coisa assim, menos mal, porque o fim já tá lá, e muita gente sabe, mas se é roteiro original, costumo evitar. Duas experiências recentes me provaram errado nessa teoria, porém. A primeira delas foi Edge of Tomorrow, que postei aqui uns meses atrás, que eu achei que ia ser só ação desenfreada e nada demais, mas o filme é absolutamente incrível, e depois Gone Girl, que vi com a May e o trailer te encaminha numa direção, mas o filme faz as coisas totalmente de outro jeito, e a sensação de surpresa, de não-esperado, é absolutamente maravilhosa.

Enfim, como e por que eu comecei a escrever sobre isso? Porque aqui na VFS a lista de chamada não segue ordem alfabética. Não sei qual é a ordem que eles seguem, talvez de matrícula, sei lá, mas sei que sou um dos primeiros, quase pelo meio, num lugar bem sossegado. Querem mais desvantagens de estar no fim da chamada? Enquanto seus coleguinhas Albertos, Alexandres, Andrés e similares são chamados primeiro, eles já começam a conversar, e você tem que ficar lá, prestando atenção na conversa e na chamada ao mesmo tempo, pra não tomar uma falta ou perder o nome na hora e mandar um grito depois de “ô professor! não ouvi meu nome! tô aqui!”, tipo aquele que a gente lança na hora que o ônibus tá lotado e você precisa descer, mas ainda tem seis infelizes entre você e a porta, e você corre se espremendo e se acotovelando enquanto o motorista começa a andar, aquele grito de “peraê motõ, que eu ainda vou descer!”.

Tá, falei mais um parágrafo inteiro e não expliquei como cheguei nesse assunto. Pelo menos falei da VFS, que era a origem do tema. Durante as apresentações de ontem, eu fui o penúltimo de todos. Ser penúltimo, previsto pra feedback às 2h30 é uma coisa, mas quando a história toda atrasa mais uma hora e meia, ficar esperando e pensando em tudo que você fez errado ou podia ter feito melhor começa a dar nos nervos. Nessas situações eu sempre acho que o resultado vai ser pior do que eu quero que seja. Não sei por que, talvez algo relacionado a “sempre se preparar para o pior”. Engraçado que essa sensação é pra quando as coisas estão terminando. Quando estão começando, eu sempre vou todo “ah, é tranquilo, vai ser moleza!”, e quebro a cara repetidas vezes – porque quase nunca é moleza mesmo.

Enfim, falei um monte de groselha que não é relevante pra ninguém. Vou pensar em um assunto ainda menos produtivo pra escrever.