Day-to-Day

A Meus Pais.

January 14, 2010

Depois de uma temporada indiscutivelmente longa para nossos novos padrões familiares, cheguei a algumas conclusões.

Não tinha memória de quando fora a última vez que meus pais tiraram férias juntos e eu estava em casa, ou que a gente ficou em casa. Em Salvador eu levava uma vida movimentada e estava sempre cercado de amigos ou rodando pela cidade, filmando cenas e planejando coisas.

Tudo bem, forcei um pouco a memória e acho que consigo me situar em Dezembro/2006 e Janeiro/2007, quando terminava o terceiro ano e prestava vestibular pela primeira vez. Pra variar, eu tinha o que fazer nas férias. (Daqui pra frente, vou me referir aos meus genitores e mentores como “vocês”, pois essa é, de fato, uma carta pra eles)

Ah, outra tradição da casa que aos tempos foi se desfazendo foi o hábito de almoçarmos juntos. Era REGRA DA CASA, mas, conforme a gente foi morar mais longe, os horários e o trânsito acabavam confundindo tudo e a gente também perdeu esse hábito.

Sempre tive na cabeça a imagem de pais restritivos, não no sentido literal da palavra, afinal vocês sempre liberaram muita coisa, mas, sempre nos mesmos aspectos, estavam sempre pegando no pé. Estuda, menino! Sai do computador, menino! – Mudei um tanto nesses dois aspectos, é verdade, mas muito do traçado original continua.

Do Natal até o dia 10 de Janeiro (Ano Novo incluído), estivemos reunidos em família, numa casa consideravelmente menor que a usual, numa cidade consideravelmente diferente da usual, com comportamentos – para mim – bastaaaante diferentes do usual ao qual estava acostumado.

O que nos reuniu foi a mesma coisa que separou em 2006. O vestibular. Em 2006 vocês sempre achavam que eu não estava estudando o suficiente, mas, dessa vez foi diferente. Não sei explicar. Não tinha a cobrança de coisas repetidas.

A gente almoçava em horários pitorescos, no meio da tarde, todos os dias, comendo comida congelada e feijão pré-pronto, trocando altos segredos culinários e inventando receitas, ajudando tanto na preparação quanto no ato de almoçar e até na parte de lavar os pratos. Mas sempre almoçamos juntos, na verdade, todas as nossas refeições foram familiares!

Na véspera da prova de Geografia e História da FUVEST, sentamos à mesa para debater possíveis temas de questões. Nunca tinha me sentido tão à vontade conversando com vocês dois, juntos. Percebam, geralmente quando a gente conversava era sobre a mudança pra São Paulo, ou pra resolver questões menos agradáveis e coisas do tipo. Dessa vez a gente debateu de efeito estufa a repúblicas bolivarianas, oriente médio, políticas econômicas, o papel de cada um na sobrevivência da humanidade e tantas outras coisas que nunca falamos sobre!

Mãe, você já processou que a gente assistiu uma temporada INTEIRA de Dexter juntos, e EM DOIS DIAS? Quem diria que um serial-killer seria tão interessante ao ponto de a gente torcer por ele? Hahahahaha!

Apesar de a diferença de idade entre nós ser a mesma, sempre, sinto que estamos mais próximos. Muito mais próximos. Mais do que jamais senti. Agradeço a vocês pela estada na minha humilde residência paulista, agradeço por todos os dias, por todos os almoços, todos os passeios, nossa ida à “Paulista ReveiLLon” e o retorno com direito a brócolis no azeite e alho, fogos de artifício, chuvas, palavras cruzadas, Vinícius de Moraes, cogumelos grelhados, queijos estranhos, desligar a luz antes de dormir, símbolos perdidos, torradas no café da manhã e viagens de metrô para a Vergueiro.

Precisamos fazer isso mais vezes, não?
(Esse post não ficou exatamente como eu queria, mas, acho que ainda estou estranhando as palavras e preciso me reacostumar.)

Amo vocês dois. Claro, o final grudento não podia faltar! Hahahaha!

  • Tito Ferradans January 14, 2010 at 9:08 am

    Lila, não se sinta excluída nesse post! Teremos muito tempo reunidos para passar por experiências transcendentais quando você for pra lá também! :D

  • fatima January 14, 2010 at 5:03 pm

    Tito, sua sensibilidade é comovente (claro que estou em lágrimas). Esse foi mesmo um tempo especial. Um tempo de estarmos JUNTOS, no mais amplo sentido dessa palavra.Não éramos comandados pela rotina, mas pela alegria da convivência. Valeu, valeu e VALEU!!!! Lila não estava, mas estava.

  • Vick January 15, 2010 at 1:17 pm

    Você não existe.

  • ju January 25, 2010 at 9:18 pm

    o tito que lindo. eu chorei aqui.. imagino seus pais!