Anamorphic Day-to-Day

[Anamórficos 0] Vendendo o Peixe.

September 6, 2012

E então eu decidi que esse ano seria de experimentações extremas e fugiria do tradicional mesma-coisa que vinha fazendo nos últimos anos. E a lista de experimentações é longa, mas isso não vem ao caso. Assim como “aprender 3D” – que eu tento a cada dois anos, desde 2006 – “filmar em Cinemascope” estava na minha lista de experimentações.

No entanto, sempre que considerei o Cinemascope, me batia com um problema sério: filmar em Cinemascope em minidv, ou DSLR envolve jogar fora quase metade da imagem captada, o que, convenhamos, é um desperdício. Pra fazer um quadro decente, ou você vai num extremo grande-angular, com muita profundidade de campo, ou você assume que tá jogando imagem fora, e corta pedaços importantes dos seus personagens. Sem falar que para conseguir um plano geral o suficiente é um sacrifício.

Em meados de 2010, me bati com alguns artigos que falavam de lentes anamórficas, que tornavam possível filmar em Cinemascope, sem ter que jogar imagem fora. Tudo que li na época – ou tudo que lembro – era maravilhoso.

A imagem é comprimida no sensor, fazendo com que sua resolução horizontal final não seja de 1920px, e sim de 2550px, ou até mesmo de 3840px – convenhamos, 4K numa DSLR é uma coisa bem difícil de se imaginar. Você não joga fora partes da imagem e sim incorpora coisas que estariam além do campo de visão da sua lente original. Além disso, flares ganham uma cara maravilhosamente diferente do borrão/estrela tradicional, e os desfoques (bokeh) se tornam ovalados, com muito mais cara de cinema.


Comparação entre as diferentes resoluções. (ampliável)

Sério, lendo coisas assim, e vendo vídeos-teste que nem esses aqui embaixo, quem não se convence que é uma idéia interessante?

Deixei o tempo passar e acabei esquecendo desses brinquedos excêntricos, até que agora em Julho, lendo uma matéria num site que acompanho, me bati de novo com as ditas cujas. Só tive um pensamento: “E por que não?”

De lá pra cá, li trocentos artigos, fórums, emails, leilões no ebay, e até um livro dedicado ao assunto, pra entender melhor essas coisas. Não é só a maravilha que parece no começo, mas é bastante do que promete. Tem complicações diversas, mas nada que não possa ser incorporado ao método de trabalho. Procurei usuários anamórficos no Brasil, lentes para venda, troca, teste, enfim, e não achei nada nem ninguém até o momento – só um bocado de gente interessada. Posso estar enganado, mas acho que minha coleção de 5 anamórficas é a maior do país! Por favor, alguém me prove errado nesse ponto, apareça! Tô à procura de alguém pra trocar idéias!

Vocês devem ter reparado o número no título do post, o que indica a minha vontade de fazer uma série deles. A idéia não é ser chato sobre o assunto, porque tive trilhões de dúvidas ao longo do processo, e muitas das respostas eu não encontrei em lugar algum, e só consegui entender mesmo quando tava com a lente na mão, olhando na câmera. Meu objetivo com a série é explicar tudo – ou quase tudo – que puder, sobre essas lentes exóticas e raras, e quem sabe, achar alguns projetos para colocá-las em prática.

Sério, Cinemascope decente numa 5D, quando?

  • Tito Ferradans September 7, 2012 at 10:07 pm

    Atualizei esse post com uma imagem apresentando as diferentes resoluções de imagem!

  • Ferradans. · Anamórficos III – Bokeh, Focus Through e Pós-Produção. September 8, 2012 at 12:00 am

    […] já com o tamanho horizontal final correto – coloquei uma imagem com as dimensões, lá no Vendendo o Peixe, e um link para ela aqui também – 2550px, 2880px ou 3840px, e então ir em Scale dos clips […]