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Day-to-Day Specials

Seis Meses em Retrospectiva – um título que não representa nem metade do post.

December 6, 2014

Ok, tem seis meses e umas duas semanas, mas ainda tá valendo, tá perto o suficiente. Esse post é uma montanha russa, então, nem se empolguem muito nas partes eufóricas ou se preocupem nas depressivas!

O que me motivou a começar esse post foi a arrumação de arquivos de ontem, quando comparei o tanto de material produzido ao longo desses três terms de VFS.

Term 1 – 06gb
Term 2 – 25gb
Term 3 – 60gb

Achei a gradação curiosa, e resolvi escrever um apanhado muito doido, como verão.

Quando me mudei pra Vancouver, em Maio, vim mentalmente preparado pra um curso puxado, pra ter aulas infinitas todos os dias da semana e várias tarefas para fazer no tempo livre. Vim pensando em comprar uma bike e não andar de ônibus, vim pensando que aqui não neva e que ia ser tranquilo aguentar o frio. Carreguei comigo duas malas tão pequenas que todo mundo que viu achou surreal. Trouxe o mínimo possível. Só roupas práticas, finas e quentinhas, roupas o suficiente pra durar uma semana e meia se não desse tempo de lavar num fim de semana. Trouxe UM livro, muito relacionado com o assunto a ser estudado. Até minha toalha era daquelas de camping, que seca guardada e é menor que uma camiseta. Planejei meticulosamente todos os meus passos pra, se tudo desse errado, e eu ficasse preso num aeroporto por dez dias, minha malinha tinha tudo que eu precisava. Se eu não achasse onde ficar definitivamente nesse tempo, também dava pra sobreviver na cidade.

Trouxe dinheiro em dinheiro, porque nunca se pode confiar totalmente num cartão de crédito, trouxe meu único casaco de frio de verdade e dois pares de luvas que esquentam e ao mesmo tempo não me impedem de trabalhar. Pensando agora, acho que eu devia ter trazido mais tralha.

Além de todas as minhas coisas, ainda trouxe na malinha quatro caixas de café para o Wyll, que me recebeu por aqui.

Computador, comprei aqui, porque não dá pra viver sem. Acho que a ÚNICA coisa da minha bagagem que realmente me representava era a câmera, e mesmo assim, em sua configuração mínima. Me empenhei em vender TODO o equipamento fotográfico exceto peças chaves e lentes com extremo valor sentimental (e financeiro! hahaha). Mesmo no que eu sou sangue quente, eu fui sangue frio.

Cheguei por aqui e a vida foi bem fácil nos três primeiros meses. O term 1 era puxadinho, muita coisa nova, mas rolou numa boa. Muita gente nova, gente de toda parte do mundo, com pensamentos e culturas totalmente diferentes, falando uma língua diferente, que também é diferente de sua língua nativa, inclusive eu. O rush de “tudo novo” era incrível e dava gás pra fazer as coisas com muito ânimo. O verão ajudou um bocado também, com dias que começavam às 4 da manhã e que o Sol só descia às 10 da noite, calor de sobra, nada de chuva, uma brisa boa de praia, tudo perto de tudo, pessoas bem humoradas e dispostas a ajudar em qualquer situação (a gentileza canadense é real, mas tem suas exceções), a vida era só beleza.

Logo antes de começar o term 2 a May chegou por aqui também. Fiquei ansioso, passei uma semana comendo quase nada, só esperando ela chegar. Saudade da porra, dois meses longe é foda. Decidimos até casar, o que também foi (e ainda é) grande motivo de alegria. Acabou o break e as aulas da May começaram. As minhas recomeçaram.

Puta que pariu, o term 2 foi pesado. Tão pesado que quando a gente conversa na sala, e lembra dos idos do term 1, a sensação é que tem mais de um ano. O verão tava acabando e começava a chover mais. As árvores iam ficando amarelinhas. Deixei de fazer muita coisa porque tava correndo contra os assignments e apanhando de algumas aulas que eram difíceis de acompanhar. Quando o term 2 acabou, e tivemos um break de 4 dias, as coisas ficaram meio confusas. Era estranho num dia ter um bilhão de tarefas altamente complicadas e elaboradas pra entregar e no dia seguinte não ter nada. NADA. Bateu um puta vazio. Sabe, qual o sentido disso aqui? A gente quer ficar aqui pra sempre? Qual o objetivo? E aí eu fiquei mal. Fiquei bem mal.

No último dia do break, um domingo particularmente dramático, deprê, de chuva e frio, chorando e conversando com a May, achei um fiapinho de luz pra me agarrar e seguir. O term 3 foi meio descompassado. Em termos de aulas e assignments, foi bem mais tranquilo. Fiquei amigo de muita gente na sala também – até então era só colega, foi aqui que começou a mudar. O que ia bem em termos de trabalho e estudos ia caindo e quebrando em termos da vida. Fui parando de comer, não tinha fome ou não tinha vontade de colocar nada na boca. Ficava enjoado de comer meia fatia de pão, ficava enjoado de ansiedade pra qualquer coisa, tinha dias terríveis de fim de semana, onde o único objetivo do dia era esperar o dia acabar.

Logo no começo do term, comecei a fazer terapia via skype. Até começar a primeira sessão, não tinha botado muita fé na experiência. Ao fim da primeira sessão, fiquei me perguntando porque não tinha começado antes. O processo ainda tá avançando, mas já descobrimos coisas bem relevantes. O que eu tinha feito com minha malinha, seis meses atrás, eu tava fazendo comigo mesmo agora. Se tem chance de ser desnecessário, é descartável. Tava ficando vazio de mim mesmo, corpo sem recheio (física e espiritualmente) enquanto a cabeça lógica e calculista mantinha tudo funcionando no limite. “Você precisa voltar a investir nos seus desejos, Tito”, Paulo, o analista, me falou. “Como é isso, Paulo? Eu não tenho vontade de nada!”, “Tem sim, só tá bem fraquinha. Você vai perceber, nos próximos dias, que algumas coisas te chamam. Não ignore, siga. Aos poucos, vai voltando ao normal”. Putamerda, que parada abstrata. Na lata, a única vontade nessa hora era de chorar, e então foi isso que fiz, e foda-se.

Essa conversa foi terça feira dessa semana. De lá pra cá, de fato, achei coisas que me chamavam. Andei pela cidade como não fazia há meses, sem a pressa e preocupação de ter que prender a bike em nada, assistindo o mundo enquanto o ônibus vai de um lado pro outro, gastando tempo em coisas que não tem NADA a ver com meus assignments (passei uns quarenta minutos numa loja de quadrinhos, só olhando as capas), providenciei um adaptador para uma lente que tava na mochila há seis meses, COMPREI uma lente (e viajei uma hora e meia de trem pra buscá-la…), coisas que não eram parte dos meus deveres, só desejos.

Na semana passada eu comecei uma viagem de que como eu tô sempre enjoado e nada quer entrar é porque algo tem ou quer sair, então comecei a falar e agir de acordo com minha vontade e sem me preocupar muito em agradar os outros. Tive uma mega conversa com meus pais, falei que tava morrendo de saudade, chorei daqui, eles choraram de lá, falei que tava magro, que não tava comendo direito, que o frio desgraçado fazia tudo parecer pior. Eles foram as pessoas mais incríveis do mundo, ficamos horas conversando sobre providências possíveis e o que eu mais gostei disso tudo é que eles nem tentaram me obrigar a nada. Sei lá porque a gente tem essa impressão de que os pais querem obrigar a gente a fazer as coisas… Depois de alguns muitos minutos já estavam eles de lá, falando que era muito bom comer chocolate, mas chocolate do bom, porque é bom pro raciocínio, tem gordura, tem leite, e por aí vai. Nos dois dias seguintes, meu pai ligou pra cá de manhã cedinho – que pra ele é perto de meio dia – pra conversar sobre nada. Nos outros dois dias, conversei longamente com minha mãe, também sobre nada específico. Conversar em português faz falta, conversar com gente conhecida faz mais falta ainda. Percebi que só escrevo em português aqui nesse blog. Em quase quatro meses de aula, fiz UMA anotação em português no caderno.

Voltando aos desejos e à terapia, hoje eu reparei uma coisa em comum com tudo que me animou nesses dias: foto. Caralho, hein? Eu digo pra mim mesmo que vou deixar essa vida pra trás e ela me persegue! Acho que não é saudável tentar dosar o que fala com nosso eu-de-dentro e vou passar a apostar nisso. Eu achei que meu conhecimento de foto ia ser uma grande ajuda pra entender coisas de 3D e compositing, mas não é bem assim. Pessoas de 3D e compositing tendem a ser um tanto simplistas quando a conversa se chega perto de uma câmera. É um “mínimo para fazer funcionar”, e só em termos práticos. A maioria das coisas não tem interpretação nem justificativa.

Aquelas aulas de história e baboseiras teóricas da USP que eu tanto desci a porrada, lembra? Pras várias pessoas que eu falei que “audiovisual só vale a pena pelos contatos”? Eu retiro essa opinião. Não é um curso perfeito, nem de longe, mas o que a gente aprende com as aulas de história, e nas discussões, e conversas de corredor, e desenvolvendo projetos e tentando justificar nossas idéias, amarrando a técnica na teoria (“aqui a gente usa bem pouca profundidade de campo porque é mais ou menos assim que o personagem tá nessa cena”, e por aí vai), isso tudo é de um valor imensurável.

A técnica se aprende na marra, penando e se esforçando. A teoria é mais refinada. Decidi andar na corda bamba entre as duas coisas e ver pra onde isso vai me levar.

Voltando pro mundo da foto, depois de seis meses, finalmente fui testar o diabo da lente (comprei o adaptador errado ontem, e fui hoje trocar, depois tenho que escrever sobre andar de ônibus em Vancouver). É tipo um Iscorama 54, só que com stretch de 1.33x ao invés de 1.5x. Eu só queria tirar uma foto pra checar se o foco tava funcionando direito, se a lente tinha algum defeito, essas coisas. É uma anamórfica bem incomum e tem pouca informação sobre ela na net. Liguei a câmera, apontei pra quina do quarto e gostei da composição. Meu objetivo inicial: apertar o botão e pronto. Quinze minutos depois eu tava ligando abajur, fechando cortina pro quadro ficar mais bonito, escolhendo os objetos em cima da bancada e elaborando o workflow depois que a foto estivesse no computador. Foto é demais pra mim. Eu não CONSIGO só apertar o botão, e eu não acho que isso seja ruim.

Enfim, o resultado do teste, a UMA foto, foi essa aqui:

Que além de representar uma pá de testes técnicos que eu não vou descrever aqui (não nesse post, pelo menos), tem vida, mesmo não tendo nada vivo em quadro. Essa foto sou eu e a May, juntos. Ela é o vermelho, é o violão, é o toca discos, é o calorzinho. Eu sou a lentezinha, o azul da janela, o abajur achado no portão da garagem, o formato anamórfico.

Acho que falei isso nos post anteriores, mas a May é genial. Ela tá praticamente morando na VFS pra dar conta do term 2 (que também é super pesado pro Sound Design), eu geralmente tô em casa trabalhando ou na VFS também (campus separados), mas mesmo assim, nunca me senti tão em sintonia com alguém na vida. É uma coisa tão louca que não dá nem pra botar em palavras (clichêêêê), é um porto seguro, é onde eu sei que posso ser absolutamente eu mesmo, e ela pode ser ela mesma, é jogar donkey kong antes de dormir e xingar as porras das fases de carrinhos e foguete, é arrumar o café da manhã no piloto automático e gostar de acordar 7 da manhã, é ter as conversas mais loucas e honestas do mundo no meio da madrugada, é aquela vozinha que diz que vai ficar tudo bem, quando o mundo é uma tempestade de desgraça, e que você acredita, porque vai ficar mesmo.

Antes que eu comece a viajar, pra fechar o post, esses somos nós, sem nós, com a lente que eu fui em Surrey buscar.

Não sei se ficou tudo amarradinho como eu queria, mas definitivamente é um dos posts mais pessoais desses seis anos de blog, então foda-se.

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Lila.

October 21, 2014

Sabe aquela coisa de “irmão é assim mesmo, briga por qualquer coisa”? Eu não sei como é. Não sei se foi sorte ou se é muito amor mesmo, mas pra mim a frase vai “irmão é assim mesmo, ajuda pra qualquer coisa”. Crescer junto não é coisa fácil, e eu sinceramente não sei como a gente fez. Sei lá, acho que em algum momento a gente percebeu que era melhor pros dois se a gente trabalhasse junto do que competisse – tem uma história envolvendo palmadas que prova esse ponto, mas minha mãe seria a pessoa mais indicada pra contar.

Só de pensar em como eu sou e como Lila é, eu vejo e reconheço TUDO de meu pai e minha mãe. Falando em pai e mãe, sempre tem aquela coisa que a gente não pode contar pros pais, né? Mais uma das vantagens de ter uma irmã incrível é que a gente nunca tem um assunto restrito. Achou que o outro fez besteira? Fala! Achou que fez certo? Fala também! Tem um quê de comunicação telepática de dona Fátima e meticulosidade calma de doutor Luiz, onde um sempre tá lá pra ajudar o outro, seja com a louça na pia, dando carona, ajudando na figuração de madrugada, emprestando lente ou fazendo qualquer coisa no Arraial. Se um aparece com uma idéia muito louca, a primeira reação do outro não é “por que?” e sim “quando a gente começa?”. Eu sei que posso contar com ajuda de minha irmã pra qualquer coisa, mesmo sem pedir, e acredito que ela sinta a mesma coisa. Sei disso porque sempre que eu começo uma piada a partir de uma mentira e a história chega até Lila, ela vai aumentar. Aumentar a piada E a mentira, do mesmo jeito que eu faria (agradecimentos especiais para o Geja nesse aspecto!).

Minha irmã é a única pessoa no mundo na qual eu confio cem porcento quando o assunto é filmes de terror. Sobrinhos de Tio Geja, fomos escolados cedo na arte do suspense e é muito difícil achar um filme que assuste de verdade. Se Lila diz que um filme é bom, é porque o negócio deve ser bom mesmo. A gente gosta do mesmo “tipo” de terror, que segue as regras do gênero – porque é impossível fugir -, que não decepcione na história e tenha (pelo menos) um pouquinho de criatividade, pra se diferenciar dos outros.

Parceira número para fazer trabalhos em grupo de escola (fossem os meus, fossem os dela), presença ilustre em festas de fim de semana com meus mesmos cinco amigos TODA semana, e longas conversas sem sentido sentados à mesa de jantar. Quando eu tava aprendendo a dirigir, Lila era a cobaia mais alegre para passeios pela rua e caronas a qualquer hora. Parte fundamental do trio Vega/Taj Mahal, envolvida em rodadas épicas de esconde-esconde, madrugadas em Itapetinga, colecionar sapos no quintal, infinitas temporadas de Arraial, filmes e fotos completamente loucos (e outros muito bem feitos também!),

Lila tem um olhar diferente pras coisas. Eu sei que ela tem um mundinho próprio dentro da cabeça, que ela disfarça muito melhor do que eu! É uma criatura de um perfeccionismo absurdo, chegando a se sabotar as vezes. Sabe as histórias que minha mãe precisa contar? Lila tem as fotos que ela precisa mostrar, e eu vou fazer tudo que for possível pra ajudar nessa aventura.

Pra fechar, um curtinha que minha mãe achou por acaso. Pra variar, enrolei mil anos pra assistir, e chorei pra me acabar quando finalmente vi. Acho o título deveras adequado.

Eu queria muito que esse post ficasse incrível, no nível da minha irmã, mas as palavras não tão tavam vindo direito, acho que é saudade. Tô escrevendo esse post e chorando, porque quase seis meses longe de casa é moleza, mas quase seis meses longe de Lila é foda.

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Segunda Parte do Piloto – Zona S.SP.

May 31, 2014

Quase seis meses depois da primeira parte, postei a segunda no Youtube e no blog da série, mas esqueci de postar aqui! O semestre (que ainda nem acabou!) tá sendo uma loucura, e só agora tô voltando a prestar atenção no blog!

Chutem o balde da qualidade, e vejam em 1440p, que é bem mais legal!

Como explicado no post anterior, esse episódio foi feito com muita raça, tendo como objetivo atrair atenção e encaminhar esse universo de ficção para algo mais denso do que um único vídeo. O resultado é que a coisa cresceu e estamos trabalhando numa temporada completa, voltada para a web, com produção da Astronauta Filmes. É importante ressaltar que o que vem pela frente não vai seguir essa mesma história, ou os mesmos personagens.

Agora, as novidades palpáveis sobre a série: temos roteiros para oito episódios, com duração entre seis e sete minutos cada. Nossas roteiristas são Carol Rodrigues e Ludmila Naves, ambas também do curso de Audiovisual da USP, e autoras de roteiros vencedores em alguns editais de curta-metragem. Acreditem em mim, não tem nada que essas duas escrevam (juntas ou individualmente) que seja chato de ler.

Na produção e direção geral da série estamos eu, o André Vieceli e o Bruno Nicko (que também já tiveram participação em prêmios e editais, inclusive no famigerado Matrix de Baixo Orçamento, que assolou a internet brasileira anos atrás). O André e o Nicko lidando com a parte financeira, organizando cronogramas, acertando a equipe, garantindo que tudo vá de acordo com os planos, sempre com os pés no chão, para a saúde do projeto. Eu estou encarregado de lidar mais de perto com os diretores de cada episódio sobre o clima da série, comandar a direção de fotografia de todos os episódios e trabalhar feito louco na pós-produção (nessa parte final o Nicko também tá metido até o pescoço).

Para fechar o post, não posso deixar de indicar que vocês curtam a nossa fanpage e se inscrevam no nosso canal no Youtube para novidades! E, como indicado no começo do post, fiquem de olho no blog oficial da série, porque nem tudo vai aparecer por aqui, e tem MUITA coisa pra vir!

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[Título Provisório] – Proof of Concept

December 28, 2013

[Título Temporário] é uma websérie de ficção científica ambientada no Brasil e feita por brasileiros.

Numa realidade distópica, a partir da intensificação dos conflitos originados durante as manifestações e protestos de Junho de 2013, a região metropolitana de São Paulo foi evacuada às pressas e grandes muros foram erguidos, prendendo do lado de dentro manifestantes, policiais, e cidadãos alheios.

Quem conseguiu fugir, fez a coisa certa. Os que ficaram, foram abandonados à sua própria sorte.

Depois de anos em guerra e milhões de vidas perdidas, a sociedade começa a se restaurar. Sem água, energia, gás ou suprimentos, é preciso sorte e cautela para continuar vivo.

Essa é a nossa proposta audaciosa. Os dois primeiros episódios foram desenvolvidos ao longo da matéria mais aleatória que peguei em quatro anos de USP, e não recomendo para ninguém: Produção Audiovisual e Periféricos. É roubada na certa, mas com muita disposição e coragem, conseguimos tocar o projeto adiante graças à empolgação da turma. Tivemos diversos reshoots, correções e improvisos, sem contar alterações em relação ao roteiro original, mas tenho bastante orgulho do resultado.

Dei uma de peão e cobri muito mais funções do que seria saudável, justamente por ter vontade excessiva de que desse certo. Fiz o argumento, escrevi o roteiro, arrumei a ordem do dia, dirigi (mal), fotografei (bem), sincronizei o som (sem claquete), montei e fiz toda a pós (efeitos, cor, raw, créditos, abertura e vinheta). O tempo entre o set e o produto final foi de exatamente seis semanas, competindo com TCC, porque pretendia apresentar tudo junto – os dois episódios feitos serviram imensamente para ilustrar tudo que tá escrito no trabalho.

À equipe, já agradeci infinitamente, e agradeço novamente, assim como registro minha gratidão aos nossos atores, Lucas Durão e Larissa Orlow, que toparam todas essas roubadas, de ir no Paço abandonado diversas vezes, pra fazer um ou dois planos que ficaram faltando ou falharam na montagem. Obrigado, meus queridos. Isso não teria sido possível sem a coragem e disposição de vocês.


Victoria, Alexandre, Lari e Luciana


Eu, Chou e Luciana

Depois do lançamento público do primeiro episódio, conversei com um bocaaaado de gente animada e interessada em participar, e fico muito feliz de dizer que estamos trabalhando numa primeira temporada completa para o ano que vem. Os detalhes ainda são secretos, mas assim que tudo for se confirmando e encaixando, vou colocando por aqui pra vocês! A aposta é tanta que até mudei a temporada no blog! Chega de lenga-lenga, e vejam aí o referido episódio.

Como o treco foi feito em anamórfico e raw, a resolução máxima é um pouco brutal. Marquem 1440p na caixinha do Youtube, para melhores resultados!

O segundo episódio já tá quase pronto, só falta arrumar a trilha musical, e será publicado!

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Trabalho de Conclusão de Curso

December 17, 2013

Título alternativo: “A compilação definitiva sobre Lentes Anamórficas”.

No passado escrevi um pouco sobre meu TCC, e até coloquei um link pra um google doc, onde qualquer um poderia acompanhar o progresso da coisa, e mandar sugestões em tempo real. Algum tempo depois dessa idéia, o Google Drive resolveu me sacanear e bagunçar minha formatação. A solução foi migrar pra um Word normal, e terminar o texto sem essa participação colaborativa. Essa finalização se arrastou bastante, e levei mais tempo para escrever a Conclusão do que levei pra escrever as primeiras cinquenta páginas.

Por conta da greve, os dois curtas que eu ia fotografar, Rascunhos e Sinistro, foram respectivamente cancelado e adiado, tive que improvisar uma solução. Solução essa que se revelou muito mais elaborada do que eu jamais imaginava, com a realização dos episódios iniciais da websérie [Título Provisório], utilizando anamórficas e raw no processo. Foi intenso, e cobri mais funções do que deveria, mas foi suficiente pra dar um pontapé inicial na idéia.

Depois da apresentação do TCC, na Quinta (12/12), o Scavone me passou algumas sugestões de coisas a corrigir, e já retrabalhei esses pontos. Abaixo estão, então, a compilação mais completa e organizada sobre lentes anamórficas para o mercado independente. Acho que afinal vou parar com os posts técnicos sobre lentes e coisas ópticas/numéricas bizarras, passando pra outros tipos de estranheza. Isso não é uma promessa, é uma possibilidade. Não garanto que vou me controlar se algo muito incrível aparecer!

Chega de papo, tá aí o link pro PDF, recheado de ilustrações, adjetivos e maluquices, mas ainda assim, uma pesquisa. Futuramente pretendo traduzí-lo para inglês, mas preciso pesquisar qual será o inve$timento necessário! Pra quem acompanhou o blog ao longo do último ano e meio, é provável reconhecer bastante coisa aí no meio, mas agora muito revisada e aperfeiçoada. O objetivo inicial, proposto pelo Scavone, era fazer um manual prático para utilizá-las. Acho que o objetivo tá cumprido.

DOWNLOAD!
Lentes Anamórficas no mercado de baixo orçamento

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Mãe e Só.

November 30, 2012

Uma coisa muito curiosa que sempre foi clara na nossa casa é: eu sou muito mais ligado à minha mãe, e Lila a meu pai. Sempre tive essa sensação, e muitos e muitos anos confirmam. Todos os quatro se relacionam muito bem, mas existe essa ligação mais forte. Nunca escrevi sobre minha mãe. Nunca me veio o que dizer. Esse ano, entre todas as outras coisas, trouxe a gente mais próximo, em pensamento, apesar de distante, na geografia. São textos que a gente troca revisão por email, um do outro, telefonemas, e – vocês não imaginam o quanto – acertos financeiros, dívidas e balanços, apostas e metas.

Aí, agora, acordei no meio da madrugada e me veio o texto. Me senti na obrigação de levantar e escrever, antes que ele fosse embora. Me acompanhem enquanto é tempo.

Já tinha comentado com algumas pessoas, inclusive com minha mãe mesmo, que tenho um preconceito sem explicação em relação a muita coisa que ela me indica, ou diz que tenho que ouvir ou ler. Acho que apesar de tanto em comum, nossos gostos para arte são bem diferentes. Se ela me diz pra ver um filme, eu até providencio uma cópia, mas fico enrolando meses, e muitas vezes não assisto.

Uma das tradições de casa sempre foi “passear de carro ouvindo música e conversando/resolvendo coisas do dia a dia”, como ir ao mercado. Desde pequeno. Foi de minha mãe que peguei meu gosto por dirigir sem obrigação de chegar logo, de aproveitar o caminho, perceber que ele é mais importante e duradouro que o destino. Agora a história pode ficar um pouco confusa, mas espero que faça sentido. Minha mãe sempre escolhia as músicas que a gente ouve no carro. E minha mãe é Brasil até o fundo. Só fui ouvir e conhecer, descobrir e gostar de pop internacional em meados de 2005, aos 15 anos. Até então, não conhecia nada ou quase nada de fora. A trilha sempre fui Gonzagão, Amelinha, Caetano, Gil, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Zeca Baleiro e por aí vai. Um disco, porém, sempre esteve presente ao longo dos anos, e era um disco de Maria Bethânia que eu sempre achei muito chato. Ouvia, claro, minha mãe adorava, mas sempre que podia, evitava. Só concordava com a cabeça e ia adiante (não queiram me matar ainda, sigam a leitura!).

Sempre achei Bethânia meio chata. Uma música muito parada, blasé, essa coisa de poesia, enfim, ouvia, mas não era dos favoritos (calma, ela volta mais adiante).

Entre as indicações de minha mãe nesse ano, teve Moonrise Kingdom. Eu tava num ponto de ônibus, indo buscar um pagamento, – era meio de Setembro – e a descrição do filme foi mais ou menos “é lindo, a história de um menino que some num acampamento de escoteiros, às vesperas de uma tempestade, e todo mundo fica à procura dele. Mas é muito lindo!”. Ok, baseado nessa descrição, baixei o filme, mas fiquei enrolando pra assistir. Esperava algo parado. Chato, que me dissesse muito pouco ou quase nada.

No ócio do feriado, entre uma diária e outra do Asfalto, tava sozinho em casa e com muita preguiça de ver um filme repetido, pensei: “tenho que dormir de dia mesmo, pra noturna, vamos colocar esse filme”. E foi aí que eu não dormi mesmo. Na verdade, mal conseguia piscar. O filme ia caminhando pro fim e lá estava eu, sozinho em casa, chorando pra me acabar no sofá, e sem saber por quê. Até hoje não sei exatamente o que me pegou, mas algo fez muito sentido. Dessa vez, o chato tinha sido eu.

Nesse semestre, uma música tem estado estranhamente presente. É O Trenzinho do Caipira, de Villa Lobos. Me encontrei com ela num job, pra um mega congresso de Psicologia. Para quem não sabe, minha mãe é psicóloga. “Aaaah! agora tudo faz sentido, Tito!” – faz mais. Calma. Nesse job, era uma versão instrumental. A segunda vez que me encontrei com essa música foi no disco Música dos Dois, que May apresentou pra gente enquanto estávamos em Salvador, onde há uma citação também instrumental à música de Villa Lobos. Nesse disco tem uma música, que é essa que intitula o post, e que quase me fez escrever esse post, mas não era a hora, pelo visto. A terceira vez que o trenzinho me acertou foi ontem, quando fui, novamente com a May, numa apresentação de Mario Adnet, no Ibirapuera, sobre Villa Lobos, revisitado. Orquestra e tudo, uma coisa maravilhosa. E aí veio a música, interpretada por Edu Lobo. Ficou bonita, mas me lembrou da outra versão cantada que eu conhecia.

Voltei pra casa insistindo pra May que eu conhecia uma versão ainda mais maravilhosa que aquela que ouvimos, e interpretada por uma mulher. Chegamos em casa e finalmente lembrei que era uma versão de Bethânia. Coloquei pra carregar no youtube, mas a internet não quis colaborar. Fiquei puto e resolvi apelar pro iTunes. Não deu certo, porque só vendia o disco completo. Adivinha que disco? Exatamente, aquele que eu falei lá atrás. Botei pra baixar, e enquanto isso, ia ouvindo prévias das outras músicas.

Meu único pensamento era: “por que diabos eu não gostava disso?”. Ouvimos o Trenzinho do Caipira, que de fato, é uma coisa de outro mundo na voz dessa mulher. Ouvimos também outras do disco e hoje ele não saiu da cabeça. E de novo, lá estava eu, chorando por motivo desconhecido, que não era tristeza – muito mais provavelmente beleza. E depois de mais de dez anos ouvindo esse cd, ao longo da vida, só agora ele fez sentido.


Mãe e Pai

Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar

E lá sigo eu, no trem, que em seu caminho, nos aproxima e afasta sem que muito percebamos. Acho que nunca tive consciência disso, mas aposto que minha mãe sempre soube.

Depois escrevo um post mais clássico, explicando quem é essa figura dos cabelos brancos e um pouco da suas histórias. Esse se encerra por aqui, e é mais uma carta particular, só que pública. Agora, se vocês me permitem, vou voltar a dormir, porque daqui a pouco tem trabalho para apresentar.

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[VINHETA] AVX.

September 6, 2010

Como primeiro trabalho de Grafismo Eletrônico (a matéria mais mangueada do mundo), tínhamos que desenvolver, individualmente, vinhetas englobando a integração entre Illustrator e After Effects.

Entrando na vibe de quase todo mundo da turma (todo mundo resolceu fazer vinhetas pro mesmo tema), dediquei minha experiência à própria galera, AVX. A parte de som tá meio estranha, suja demais – quase incômoda, até pra mim -, mas quero testar umas coisas nessa pegada mais “danificada”.