Day-to-Day

Hello, Vancouver!

June 1, 2014

Era pra ter começado a escrever por aqui no primeiro dia, mas tinha muita coisa pra fazer e acabou não rolando! Então, comecemos atrasados para colocar o assunto em dia!

Dia 27, parti de São Paulo. Diferente de quanto me mudei para Salvador, e tive 40kg de excesso de bagagem, na mudança do Atlântico para o Pacífico, meu peso TOTAL de bagagem deu 17kg, num mala pequena, e uma mochila de câmera com algumas preciosidades dentro. Foi muito malabarismo pra conseguir vender tudo – livros, lentes, revistas, acessórios, etc! – a tempo, e olha, ainda ficaram algumas coisinhas, mas, felizmente, nada de muito valor, que atrapalhasse a mudança. Até a LOMO gigante achou uma casa, com o Padu!

No aeroporto, conheci pessoalmente um camarada com quem já conversava há quase dez anos, pela internet. O Paul, de Almenara (interior de Minas), também tava vindo pra Vancouver, estudar animação numa escola relativamente parecida com a VFS, a Think Tank Centre. No avião, entre os filmes e séries disponíveis, tinha um que eu tava enchendo a paciência de todo mundo pra assistir, e não tinha conseguido até embarcar: The Lego Movie. Ri e me diverti horrores, lembrando de muitas loucuras que eu mesmo já tinha feito com Lego, e trazendo uma nostalgia muito louca. O filme em si também é sensacional, não apelando só para esse lado, e trazendo muita coisa boa na animação – inclusive no roteiro, com uma virada totalmente inesperada!

Depois de um vôo de dez horas de duração rumo a Toronto, e mais uma escala de 4h30 e cheguei em Vancouver. Contando com o tempo de espera em Toronto, essa brincadeira levou 18h, das quais dormi pelo menos metade. Chegando aqui, o Wyll – amigo do Renato, amigo da Carol (claro que tinha que ter a Carol no meio!) tava me esperando no aeroporto. Como o Paul ia rumo a North Vancouver, nos separamos nesse ponto. Aí a coisa começou a ficar impressionante, quando o Wyll entrou numa limosine imensa, e eu – claro! – segui atrás, afinal, nada como começar a vida nova em grande estilo! No caminho, ele comentou que alugar a limosine por um curto período de tempo era praticamente o preço de ida e volta ao aeroporto num táxi convencional, e que ele tinha descontos no aluguel. Não vou reclamar, certo?

Em seguida, fomos pra rua, resolver questões como telefone, banco – que tava com todos os horários lotados! – e para o Wyll me apresentar a vizinhança. É uma região bastante gay-friendly, e todo mundo (não só por aqui, mas pela cidade toda) é muito atencioso e educado. Ontem eu e o Paul estávamos andando a pé, perdidos em North Vancouver, e não sabíamos como atravessar uma ponte. Passaram duas ciclistas, que devem ter visto nossas caras de perdidos, e perguntaram “do you wanna get across?”. A gente nem tinha olhado pra elas, e elas já tavam perguntando se a gente queria ajuda. Me senti um trouxa, por todas as vezes que achei que tava sendo amigável quando alguém me perguntava algo na rua, em São Paulo, e eu respondia sem nem parar direito pra responder…

Depois de passear um tanto, o Wyll foi almoçar, e eu ainda tava bem cheio do café da manhã, então nos separamos e fui explorar. Tinha que chegar no nosso possível-apartamento até 16h, e ainda eram 14h30. Caminhei. MUITO. Até chegar na Cordova St, foram uns quarenta minutos. Aí, o apê ficava na East Cordova, e minha cabeça deu um nó, e eu continuava indo para West Cordova, sem entender porque o número não existia por ali. Quando percebi o erro, tive que sair correndo quase 2km pra não chegar atrasado. Conheci então o Peter, dono do apartamento, que me mostrou o lugar e explicou as regras.

No caminho, enquanto corria, achei meio estranho as ruas desertas, apesar de ser um dia de semana, e estarmos bem no meio da tarde. Na volta, peguei a Hastings, que é a rua da VFS, e passei pela região que é conhecida como “o pior IDH do Canadá”. Muitas lojas fechadas, casas abandonadas e gente jogada, moradores de rua, viciados, turistas perdidos (eu?) e uns tantos transeuntes. O quadro se estende por quadras e mais quadras, chegando a incomodar a cabeça, só de passar e ver a multidão. Mas, como possível morador, também tinha que ver se era perigoso, ou se as pessoas só estavam ali por falta de opção mesmo – e isso a gente vê em São Paulo. Depois passeiem por lá no Google Maps, e vejam com seus próprios olhos (apesar de não chegar nem perto do tanto de gente que vi).

Conversando com a May e o Nicko, considerando que íamos passar por lá tarde da noite, voltando das aulas, resolvemos mudar de planos e aceitar um apartamento mais caro, mas numa região mais central. Por outro lado, a East Hastings foi o ÚNICO lugar que vi mendigos e viciados por aqui – e isso não acontece em São Paulo. Nesse processo, vamos contar com a ajuda do Wyll de novo, para mobiliar o apartamento, e conseguir indicações que somos jovens atenciosos, silenciosos e que não gostam (muito) de bagunça. No meio tempo, tô alugando um quarto aqui na casa do Wyll, e fico por aqui até resolvermos o nosso, definitivamente.


Vista da janela do quarto!

Retomando a história, tava tão acabado de caminhar que ao chegar em casa, às 17h, deitei na cama e dormi. Aqui é tão louco que, no verão, os dias começam às 4h40 da manhã e o Sol só se põe às 21h30. Não é de se admirar que tantas coisas venham filmar aqui, considerando todo esse tempo de luz natural!

Acordei para o segundo dia, e devo dizer que foi o menos movimentado até agora. Depois de árduas pesquisas no celular – que os céus abençoem esse Moto G – cheguei a uma conclusão sobre custo/benefício em relação ao computador que queria comprar. Por conta das aulas, mobilidade, e tudo mais, já tinha decidido que seria um notebook, e pra fazer as coisas que precisarei, tinha que ser uma máquina forte. Basicamente, um notebook de jogos, por causa da memória RAM, e placa de vídeo. Comecei com um Macbook Pro na cabeça, mas o preço e a incompatibilidade de muitas coisas me fez desistir desse caminho. Aí surgiu o drama: Samsung, Dell, Asus, Razer Blade, Alienware, Sony, que marca confiar? Sério, fiquei muitas e muitas horas pesquisando, pesando prós e contras, lendo trilhões de reviews de compradores, até por fim fechar com o Alienware 14. É um monstrinho, chega a ser mais alto que um notebook padrão, e com a tela de 14 polegadas, dá pra carregar pra cima e pra baixo.

Por sorte ou por milagre, quando terminava as pesquisas, descobri que esse exato modelo estava em promoção na Future Shop. Jogando no mapa, uma não era muito longe daqui. Partimos pra lá, e nem caí na tentação de olhar ao redor: peguei o primeiro vendedor que me apareceu pela frente, e disse que queria o computador. Ele sorriu, e disse que só tinha mais UMA unidade, e por isso estava em promoção. Pronto, era meu! Nesse meio tempo, ele falou que o maior público de Alienware é brasileiro, e é uma afirmação que faz sentido. No Mercadolivre, o computador que paguei $1550 custa
R$5800…


A caixinha discreta do monstro.

Aí eu paguei, fiquei pobre, e voltei para casa debaixo de uma chuvinha fina, ao melhor estilo paulistano, carregando a caixa do computador como uma maleta. Perto de casa, um camarada na rua bate o olho na caixa e comenta comigo, de passagem “cool choice, man!”. Passei o resto da tarde instalando programas e atualizando o bicho, para poder me comunicar adequadamente com todo mundo. Passar 48 horas sem computador, só com o celular foi difícil. Muita coisa que podia ser feita com agilidade no PC levava horas no telefone! E abas, e multitasking, e tudo mais. Céus!


Felizmente, não levou esse tempo de fato!

Ah, nesse mesmo dia, enquanto íamos para a Future Shop, passamos no banco, e em menos de vinte minutos abri minha conta. A Sharon, que nos atendeu era muito atenciosa – pra variar… – e explicou tudo que eu precisava saber, inclusive sobre as transferências vindas do Brasil. Além disso, o banco é tão pertinho daqui que, se der qualquer pepino, eu apareço lá pra encher o saco!

Depois de terminar de instalar tudo, e responder todas as mensagens atrasadas, ler emails gigantes, organizar fotos, pastas, entender como funciona o Windows 8, fui tentar assistir um filme aqui em casa, perto de 21h. Às 21h10 eu já tinha apagado, e só ia acordar no outro dia de manhã…

Assim acabaram os eventos dos dois primeiros dias por aqui, e pra encerrar essa loucura de começo, a trilha principal, saída diretamente do Lego Movie: EVERYTHING IS AWESOOOOME!