Day-to-Day

[Imagem III] Relatório Final.

June 19, 2011

Depois de fazer uma descrição breve do que pretendíamos e tentaríamos nos ETS que iríamos fotografar, o Joel pediu um relatório comparando as expectativas com os resultados, e como as imagens foram alcançadas. Vamos a ele, sim?

Partindo da proposta de uma fotografia ao estilo Cisne Negro, acho que chegamos bem perto do que procuramos. Para construir o clima, usamos a PL, o foco de 200w e, principalmente, a lanterna chinesa, que foi nossa luz principal em quase 80% do filme. Também tivemos uma luminária pequena na mesa, e a luz azul do monitor, amplificada pela própria PL daylight.

Em parceria com as diretoras (May e Bárbara), a decupagem foi estruturada de forma a colaborar bastante com a proposta de fotografia, das distorções causadas pela lente, e câmera na mão. Fizemos um teste de luz uma semana antes da captação que foi muito bom para tirar as idéias da cabeça e colocá-las em prática. Colaborando com o clima (e com a idéia original), conseguimos usar pouca luz e socar a ISO para cima (18dB), diminuindo contrastes e ganhando uma imagem bastante granulada, como queríamos.

No plano de aparição da Dona Edith, queríamos apenas sua silhueta, coisa obtida com testes anteriores e apresentada no clipe. Para criar o efeito, usamos o fundo infinito do estúdio, com o foco de 200w apontado para ele, e a personagem na frente. Como era uma porta, fomos ao CAC caçar a porta em si, e cobrimos as laterais com grandes pranchas de madeira fina encontrada na cenografia do próprio CTR.

O plano seguinte é a sua apresentação, onde temos uma câmera quase subjetiva, com a lente bem angular, na qual ela se aproxima até a mesa onde o personagem (câmera) está, aumentando vertiginosamente de tamanho, e sendo iluminada pela chinesa, que representa a luz do quarto. Para preencher o fundo e detalhar a parede, a PL, corrigida para tungstênio foi mais que eficiente.

Mais adiante, tínhamos um plano que era um travelling circular começando na frente dos personagens e indo até suas costas. Como a chinesa ficava bem em cima da mesa que era o palco central da ação, tínhamos que desviar do tripé, e a única forma que encontramos de fazer isso foi passando a câmera de um para o outro. Eu fiz a primeira parte do giro, e depois, o Plínio terminou o movimento do outro lado do tripé.

Nossa referência seguinte, para o momento seguinte à queda de Marcelo, era a Pietá, de Michelangelo. Para fazer a luz na mãe já abraçando o filho, usamos a chinesa diretamente sobre eles, mas sustentada por um cabo de vassoura, ao invés do braço extensor, para a entrada da mãe, colocamos a garra jacaré, com o braço extensor e o Omni por cima da porta, criando a sombra da mãe no chão, enquanto o 200w continuava fazendo a luz de fundo de silhueta.


O vertigo-shot foi onde tivemos o maior desafio, porque envolvia movimento de câmera (travelling in) e de lente (zoom out). Para o travelling, usamos uma cadeira do LMA, empurrada com velocidade. Foram necessários dezenove takes até acertarmos o efeito. Começamos errado, com pouca distância entre o ator e a estante de livros.

A idéia do efeito era justamente aumentar a distância aparente entre ele e a estante, portanto, como a distância real já era pequena, o efeito era imperceptível. Portanto, tivemos que começar o plano bem mais de longe, e ele caía bem afastado da estante. Ainda assim, o take definitivo ficou rápido demais, e desaceleramos a ação na pós produção, pois é um momento muito dramático.


Em termos da fotografia do filme em geral, gostei bastante do resultado, que funcionou de acordo com o planejado. Não tivemos imprevistos, e o máximo que tivemos que improvisar, no dia, foi o Omni por cima da porta para melhorar o desenho de luz no chão.