Day-to-Day

Lytro Illum.

June 17, 2014

Então, no outro dia que eu falei que passei a madrugada acordado, acabei me batendo com o mais novo anúncio da Lytro. Para quem não sabe – ou não lembra – a Lytro foi a companhia que anunciou um novo tipo de câmera, baseada numa tecnologia chamada de lightfield (explico um pouco melhor no fim do post, pule pra lá se estiver muito curioso), na qual era possível escolher o ponto de foco da foto DEPOIS de tirá-la. Ou seja, você vai lá, bate a foto, e escolhe depois aonde quer que fique o centro de atenção.

Tem uma galeria no site deles, onde dá pra explorar essas capacidades. A maioria das fotos é muito ruim, mas tem umas que dá pra ver bem o efeito. Algum tempo depois de lançarem a câmera, os caras ainda descobriram que tinha tanta informação luminosa contida nos arquivos que era possível simular uma tridimensionalidade dentro das fotos, e mudar – bem pouquinho, mas o suficiente para ser cool – o ponto de vista da foto. Dá pra sentir o espaço, e o tamanho das coisas, e a distância entre elas, melhor do que qualquer foto.

É bem interessante, devo admitir, mas a câmera em si tinha vários problemas. Por exemplo, parecia uma caixa de biscoito, retangular, compridinha, COLORIDA, com um visor minúsculo, e resolução de UM megapixel (as imagens tinham 1080×1080 pixels). Não usava cartão de memória, então sempre que você queria pegar uma foto, tinha que conectar no computador, e não era muito prática mesmo. Além de todas essas estranhezas, as imagens não podiam ser tratadas em programas de edição normais, como Photoshop e seus concorrentes. Só no software proprietário da Lytro, que era uma porcaria.

Com o preço de US$300 Não se sabe ao certo se a câmera foi um sucesso. Só tive uma nas mãos numa única situação, e quase não deu pra explorar as possibilidades. O ano era XXXX. Depois disso, com a popularização dos smartphones, muitos celulares passaram a usar sua capacidade de processamento para produzir resultados similares, mas através de técnicas muito diferentes (por exemplo, tirar várias fotos em sequência, alterando o foco, e depois refocando “na pós” de acordo com a escolha do usuário). E aí a Lytro foi ficando cada vez mais esquecida, até dois meses atrás.

Em 22 de Abril, a empresa deu início à campanha de lançamento de sua nova câmera, a Illum. Essa, por sua vez, já parece com uma câmera, tem uma lente de verdade (uma zoom 30-250mm f/2), tela articulada, botões de câmera, usa cartão de memória e – vejam só! – tem até um anel de foco. De acordo com a Lytro, a Illum é voltada para fotógrafos mais avançados, que querem fazer experiências com novas técnicas.

É CLARO que a câmera mantém sua capacidade de refocar as imagens depois de fotografá-las, mas – suponho – com um sensor maior, a tolerância da profundidade de campo é menor, diferente de sua irmã mais velha. Então você tem o anel de foco e um sistema de overlay no visor, que pinta a imagem com tons de verde e laranja, em tempo real, indicando o que pode ser refocado com definição, e o que vai além da capacidade da máquina. Parece prático. Além disso, as fotos produzidas podem passar por correções de cor e ajustes menores através de programas comuns de edição de imagem. Isso é um avanço considerável, afinal, quase qualquer foto pode ser beneficiada com um pouco de pós-produção.

A Illum, anunciada por US$1499, pode ser uma câmera para qualquer empreitada pessoal, facilitando e dinamizando o processo de fotografar. Pelo menos, é nesse campo que ela me apela. Ainda não me decidi se a proposta é interessante de verdade, ou se só parece interessante, porque eu tava com muito sono na hora que li. Não consegui me decidir mesmo. Mas já que tem um concurso onde dá pra ganhar uma de graça, vou tentar fazer umas fotos por aqui pra concorrer!

Do jeito que fiz propaganda, os caras deviam me dar uma de graça anyway, mas quando eu fizer as fotos pra concorrer, coloco aqui também. Nesse meio tempo, me decido se ela é interessante mesmo ou se é só delírio!

Ah, sim, e uma breve (até demais) explicação sobre lightfield: sobre o sensor existe um grid de lentes, e a informação armazenada em cada pixel corresponde não só àquela exata distância focal, mas também algumas frações de milímetros para frente e para trás – que no mundo real são convertidas em variações de centímetros ou metros, permitindo que a imagem seja refocada! Ok, não ficou muito claro, mas é só pra explicar que não é magia negra. (daqui a um mês entra no ar a coluna da OLD que detalha melhor essa história toda, ou, se você estiver com muita pressa, dá pra ler aqui, e não esperar aparecer no blog).