Day-to-Day

Paraguaio – Ep3 – Externas Conturbadas.

August 8, 2011

Acordar cedo era a rotina, então só vou comentar quando tiver sido um dia em que acordamos mais tarde, por circunstâncias especiais, ok? No dia 08, retornamos ao cinema. A ordem do dia previa toda a ação que acontecia antes de Mel entrar no cinema, e mais os poucos planos que sobraram do dia anterior, do conflito entre Mel e Homem Sombrio

Aproveitamos o horário mais cedo, mais vazio, para adiantar as externas – que consumiriam o dia todo – já que não teríamos tanto trânsito e movimento de pedestres (oh, como fomos tolos). O Cine São José fica no centro MESMO da cidade, então é garantia de muito movimento. Tivemos que prender uma vaga de idoso para o Homem Sobrio estacionar, afinal, ele é muito mau, e só caras maus estacionam em vagas de idoso!

Conforme a necessidade, fechávamos o trânsito por alguns instantes para rodar o plano, e depois liberávamos o fluxo. Ao longo do dia, passaram incontáveis viaturas da polícia civil, militar, e da engenharia de tráfego, e era certeza de que alguma delas ia parar pra dar bronca na gente. Mas, só tivemos um ocorrido do gênero, que vocês podem acompanhar abaixo.

É um filme de ação, e essa é uma cena de ação. Todos os capangas empunhavam armas enquanto corriam pela rua. A câmera tava ali no meio, mas mesmo assim, algumas pessoas ainda se assustaram. A Mari já tinha avisado anteriormente à polícia que estaríamos usando armas de brinquedo nas filmagens, portanto, não havia necessidade de desespero. O problema é que só a polícia CIVIL estava sabendo. A tensão se instaurou quando alguém fez uma denúncia anônima e policiais militares apareceram, pra quase levar o Vi preso. Ok, menos, mas na hora a gente acreditou muito que isso fosse acontecer. Vejam, nessas imagens impressionantes captadas pela Lola.

Depois desse susto, os policiais nos instruíram a ligar, todo dia de manhã, pro 190, e dizer onde estaríamos rodando, para evitar que a situação se repetisse. Quando já era quase meio dia, entramos novamente na bilheteria, para fazer o que ficara faltando. A Mari Chiaverini se encarregou de ensanguentar a calça da Fernanda, onde ela é baleada. Rodamos os planos rapidamente, pois o horário do almoço se aproximava. Como no dia anterior, deixamos a Bruna (AV10) e a Alexandra (AV12?) cuidando dos equipamentos, até uma parte da equipe voltar (geralmente a equipe de Foto), e elas saírem pro almoço.


Depois, retomamos com planos da chegada dos carros. Mel estaciona seu Peugeot e vê que está sendo seguida por outro carro, que para logo atrás. Ela desce, olha ao redor, os capangas aparecem e ela corre para dentro do cinema. A ação é basicamente essa.

Ah, tivemos problema num plano geral, onde víamos o movimento de todos os capangas correndo para dentro do cinema. Era preciso parar pedestres, carros, o escambau. As justificativas que demos para as pessoas foram as mais diversas. “É um filme”, “É um trabalho”, “É uma novela” – essa foi a grande campeã -, etc. E num take desses, um dos capangas deu um tropeção gigantesco no último instante do plano, causando gargalhadas gerais com direito a playback em câmera lenta.

Porém, o grande problema foi: a Fernanda não tava conseguindo dirigir o Peugeot sob nenhuma circunstância. Para os planos fora do carro, o Vi teve que assumir a direção duplamente, para estacionar, e então teremos um corte para um plano no qual a Fernanda sai de dentro do carro.

O problema maior foi quando a gente tentou fazer um plano de dentro do carro, que não saiu de jeito nenhum! Eu fiquei no banco do carona, operando a câmera que ia grudada na janela, dizendo para a Fê o que ela tinha que fazer, mas um longo período sem dirigir atrapalhou drasticamente até essa tentativa. O carro morria, não andava, ia muito devagar, entre outras coisas, e acabamos por desistir desse plano que visualmente era tão elegante.

Era o meio da tarde, e os planos dali haviam terminado. Queríamos adiantar algo, mas o grande movimento nas ruas, tanto de carros como de pedestres, impedia essa idéia. Acabamos encerrando a diária mais cedo, e voltando pro hotel (toda vez que eu falar “hotel”, leia-se: escola, porque o otimismo era fundamental). Fiquei responsável por pilotar o carro do Vi, e lá dentro encontrei um chapéu, pelo qual me apaixonei imediatamente. Nunca fui de usar coisas na cabeça, mas esse chapéu me conquistou, pelo menos por um mês. Desse momento em diante, era raro estar sem ele.

O transporte foi um tanto conturbado, com direito a várias viagens em carros pequenos. Acabou que só chegamos todos mesmo na escola perto das 17h. Logo depois, saímos para o restaurante do almoço, para aproveitar um rodízio de sopas e pastéis que nos foi oferecido. Finalmente de volta à escola, descarregamos a caminhonete com todo o equipamento que usamos no cinema, e preparamos uma nova carga, para a diária seguinte, numa locação também deveras espetacular.

E o frio cruel de São Roque continuava, onde chegamos a UM grau, durante a madrugada.