Day-to-Day

Quimicamente falando…

November 14, 2008

Fazendo analogias de sociedades, relacionamentos e personalidades através da química.

Tudo começa com um átomo. Tudo SEMPRE começa no átomo. Suponhamos então que cada um de nós seja um átomo de um elemento químico. Dessa forma, podemos manter as particularidades de cada um, nos adaptando à tabela periódica. Pode parecer confuso a princípio, mas, deixem-me convencê-los.

Se cada um é um átomo, o mais “perceptível”, como todos sabem, é a última camada da eletrosfera, sua personalidade mais externa. Ela indica para os outros como você se comporta, entretanto, só seus companheiros de ligação conhecem suas camadas mais internas, e apenas você conhece de verdade seu núcleo, que o identifica de forma individual e única. Ele é seu segredo mais precioso, é a base que te determina.

Tomando por base logo o mais perigoso de todos os sentimentos, o amor. Quando você ama, e é correspondido, você e sua cara-metade se unem, formando assim uma substância composta (dependendo dos casos, a substância pode ter mais de dois elementos…), um complementa a carga do outro. Geralmente um é mais positivo e o outro, mais negativo.

Puxando o dito popular, ‘os opostos se atraem’. E isso é verdade. Geralmente os casais conseguem surpreender a todos por serem tão diferentes ao mesmo tempo que continuam unidos. A ligação pode ser iônica, que é a tal ligação dos opostos e que desequilibra ambos os envolvidos numa louca transferência de elétrons em que as rupturas são dolorosas e violentas, com altas temperaturas. A ligação pode também ser covalente, algo mais… sutil, um compartilhamento de elétrons, entre átomos que não se atraem mas, quando juntos, se tornam estáveis.

Continuando a linha dos clichês, não é à toa que dizem que ‘depois do primeiro amor, a gente nunca é o mesmo’. Depois que acaba (se algum dia acabar), cada átomo na ligação se ioniza, desconectando-se do outro e, o que antes do relacionamento eram substâncias simples e estáveis, agora são íons instáveis, positivos ou negativos. E isso influencia diretamente a forma de cada um ver a vida.

Não querendo puxar sardinha pro meu lado, mas acho que o melhor exemplo “citável” sou eu mesmo, afinal, não vou chutar o elemento dos outros! Cada um que ache o seu! Após longas horas de pesquisa na tabela, concluo que sou um Hidrogênio. Eu sou positivo, o tempo todo, e tenho uma certa facilidade para me conectar a pessoas.

Em adição a isso, tenho também as famosas pontes (ou pontes de hidrogênio), ligações simples, porém extremamente poderosas, que requerem grande quantidade de energia para serem quebradas. Então, se eu já sou ligado a você, se livrar de mim não vai ser tão fácil assim. Não, isso nao significa que eu sou grudento! Só digo que é necessário um grande esforço pra se afastar, aumentando o estado de agitação dos envolvidos através de uma elevação de temperatura intensa.

Acho que nunca fiz parte ativa de cadeias carbônicas com centenas de milhares de átomos, ou polímeros e suas intermináveis ligações, entretanto, não muito tempo atrás, era pedra fundamental de um anel benzênico. E aqui eu era um Carbono, desempenhando a função de éster, conectando o anel a outros radicais livres ao longo do caminho, tirando o melhor possível para cada um dos envolvidos. Saí da substância, e ela foi aos poucos se degradando, alguns íons desgarrados se distanciavam, outros se combinavam ainda, formando outros novos compostos.

Retomando aqui o contexto geral, a teoria também explica a existência de gêmeos idênticos por fora e ao mesmo tempo tão diferentes em suas personalidades. Isomerias. Substâncias iguais na fórmula, e talvez até mesmo na estrutura, mas que se diferenciam através de sua disposição espacial. Um carinha que é aparentemente igual a outro, mas enquanto um é MUITO legal e simpático, o outro é deveras chato e irritante.

Com a velocidade de uma partícula gama, a radioatividade e o conceito de meia vida também fazem sentido. Por isso que quando somos jovens, somos tão instáveis, mudando em curtos intervalos, e conforme a idade vai avançando, nossas mudanças se tornam mais lentas até que atinjamos a estabilidade. Nossas ‘meias-vidas’ (tempo decorrido entre uma transformação e outra) continuam iguais, só as mudanças é que vão se atenuando, pois já não dispomos mais de tanta energia como no princípio. Para alguns, essas fases transformativas são extremamente rápidas e a estabilidade chega cedo, enquanto que para outros, mesmo que em idades mais avançadas, há o estado de instabilidade.

Nessas tantas linhas, expliquei um pouco da idéia alucinada que intitula o post. Ficaram muitos conceitos sem explicação, mas, sejam criativos, e vejam que tudo se encaixa. Ácidos e bases, condução de corrente, etc…Espero tê-los convencido, pelo menos um pouco, como me propus no começo. Agora, torço pra vocês irem até a tabela periódica e gastarem um tempinho, nem que seja um segundo, tentando descobrir que tipo de átomo vocês são!

Enfim, após tão longa reflexão, gostaria de agradecer a Mari Aguiar, que me fez começar esse texto.

  • Diego November 14, 2008 at 10:43 pm

    Muito boa analogia, me diverti um bocado concordando com milhares de coisas, mas dessa forma, ainda se torna uma teoria simplista.(apesar de eu não lembrar muito de química) sei que as coisas são muito “certas” e que se podem encaixar na ciência exata. Nenhuma ciência exata é capaz de exprimir aquilo que se é humano em sua integridade.

  • Jupê November 14, 2008 at 11:55 pm

    Acho que o vestibular ta te afetando demais.. deveras interessante though.

  • Albério Riccio Filho November 15, 2008 at 2:04 am

    Tito muito legal sua sacada com a química! Na verdade vc extrapolou a química, voltou para suas origens a “Alquimia”, acessou um dos Pricípios dessa ciência que foi tão pouco compreendida e o que é pior ficou limitada a ciência morta, perdeu-se a essência. O princípio acessado é o Princípio de Correspondência: “O que está acima eh como o que está abaixo, o micro eh como o macro, o interior eh como o exterior”, esse Princípio é atribuído a Hermes Trimegistrus (O Três vezes Grande), o Pai da Alquimia. Medite sobre ele e busque outras revelações.

  • Mari Aguiar November 15, 2008 at 2:10 am

    Essa analogia saiu melhor do que eu esperava! hahaha
    E vale resaltar, acho que o cursinho intensivo ta te afetando mesmo! Mil coisas que voce falou ai que eu nao tenho a minima ideia quimica mas que com certezissima ta certo! hahaha
    E VIVA DALTON! :)

    PS: apos uma longa e sofrida procura…PRATA! :D

  • Jupê November 15, 2008 at 2:16 am

    E eu nao preciso falar muito porque meu pai falou pela família toda =D

  • Lari November 15, 2008 at 4:43 am

    poxa, eu sempre tive pena do hidrogenio.. só pq vc se comparou a ele n tenho mais. O hidrogenio agora é genial xD~

  • fátima November 15, 2008 at 9:52 am

    Tito!

    só tenho uma vontade narcísica de dizer: eu sou a mãe dele. Do cara que escreveu isso!
    Realmente, como disse Albérico, está próximo da Alquimia, da homeopatia e dos mistérios da vida em cada partícula seja ela humana ou não…
    beijo

  • Vick November 15, 2008 at 12:14 pm

    Concordo com a maioria dos comentários.
    E gostaria de ressaltar…eu, burra como sou em química, li e tive a certeza de que tá tudo certo.
    GENIAL.

  • Jupê November 15, 2008 at 3:07 pm

    Lari é o Hélio! Tenho certeza!

  • igor November 16, 2008 at 6:21 pm

    GOOOOOOOOOOOD, QUE LOUCURA O.O
    mas faz sentido