09 de Janeiro de 2008
Dia de sol. Cruzamento movimentado, poucos pedestres caminhando na calçada. Os carros refletem a luz intensa, ofuscando a visão dos passantes.
Um jovem rapaz caminha tranquilamente à margem do trânsito. Ele veste uma calça jeans um tanto quanto gasta e uma camisa branca sem estampas. Seus olhos vagueam pelo ambiente, atentos a pequenos detalhes. Uma folha que se desprende da árvore, um criança tomando sorvete, uma calota solta no meio fio…
A alguns metros de distância, era possível ver o tecido bege do vestido marcar o corpo da garota que, com um singelo sorriso, caminhava, como que pisando sobre nuvens. Sua beleza se destacava, fosse pelas maçãs de seu rosto, tão vermelhas e redondas quanto as da estampa do vestido ou pelos olhos, que teimavam em brigar com o céu pra ver quem era o mais azul.
Andavam os dois, já numa mesma direção, mas em lados opostos do passeio. Cada um andando a seu jeito, estavam praticamente lado a lado, separados apenas pelos carros que passam velozes.
Num movimento fugaz, ambos se vêem, porém, não se reconhecem. Alguns metros mais adiante, ele pára. Seus olhos param de percorrer o cenário, voltando-se para o anjo do outro lado da rua. Ele se recorda de uma garota. Não, não é uma garota qualquer. É AQUELA garota. Ali, em sua frente, do outro lado da rua. Ele quer gritar por ela, mas as palavras parecem fugir de sua boca. E ele só consegue observá-la.
Percebendo o sujeito que a observa, a garota pára também, e vira em sua direção com ar de curiosidade. Ao bater os olhos nele, seus pensamentos se confundem e o mundo parece congelar. Uma eternidade se passa naqueles breves instantes em que seus olhos mergulham na profundidade, um do outro.
Então, como que guiados por uma força superior, eles pisam na pista de asfalto quente, que estranhamente agora não tem mais nenhum veículo. Sem desgrudar os olhos, eles se tocam, se abraçam…
Continua…
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