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July 2009

Day-to-Day

A Partida.

July 25, 2009

É chegado o momento da partida. Fica no ar o sentimento de tanta coisa por fazer e uma forte sensação de que volto muito mais cansado do que quando cheguei.

Volto também muito mais feliz.

Day-to-Day

Cinema: Lazer e Educação reunidos a Mitos da cultura moderna.

July 24, 2009

Há uma enorme gama de aspectos que envolvem a sétima arte. Suprimindo todo o processo de criação e indo direto ao produto, podemos destacar três desses aspectos que são bastante considerados no nosso dia a dia em relação aos filmes. Seu papel como ferramenta educativa; como fonte de lazer; e a como criador de mitos ao redor, principalmente, do elenco principal ou, menos freqüentemente, de diretores e outros cargos.

Quando se fala do relacionamento entre educação e cinema, logo pensamos em filmes que retratam momentos históricos, vidas de grandes personalidades ou até mesmo documentários. Pensar nesses filmes não é errado, mas, não é só esse o tipo de educação que pode ser oferecida pelo cinema. Na verdade, a real educação oferecida pelos filmes é encontrada, muito mais, nos que retratam o dia a dia das pessoas, ou como determinado personagem passa por uma situação difícil em sua vida. “A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida” (BRANDÃO, 2006, p. 10). Praticamente todos os filmes passam uma lição do que é “certo” e o que é “errado”, lições de moral, de retidão ou ética. Segundo Camargo, a educação pode, sim, estar incluída no tempo de lazer, mas apenas quando utiliza uma abordagem diferente da tradicional, autoritária.

Sempre existirão aqueles que interpretam um filme somente por seu caráter como peça de entretenimento, esteja, ou não, a película associada a qualquer tipo de lição. É por esse motivo que Hollywood vende tanto. De lá saem obras que, muitas vezes, não contém nenhum elemento de destaque em particular, porém, quando todos esses atributos medianos (clichês, para uns) são combinados, obtém-se um produto capaz de divertir, por algumas horas, pessoas grande variedade de estilos, idades, pensamentos ou condições sociais. “Mas, como imaginar que alguma pessoa consiga algum equilíbrio na vida cotidiana, sem seu espaço de sonho, de aventura, de encantamento, de beleza?” (CAMARGO, 1986, p. 23). A habilidade e permissão de esquecer a realidade, por um breve tempo é, de longe, o maior trunfo da indústria do cinema.

Combinado a essa ampla abrangência, temos a equipe de produção valorizando o resultado. Muitas vezes um filme tem grande público somente pelo fato de ter no elenco uma grande estrela, ou um diretor de renome. Não que isso não mereça destaque, mas, atualmente há uma supervalorização das estrelas, dos mitos envolvidos.

O mito faz parte daquele conjunto de fenômenos cujo sentido é difuso, pouco nítido, múltiplo, Serve para significar muitas coisas, representar várias idéias, ser usado em diversos contextos. (…) O mito é uma palavra que está em moda. Um conceito amplo e complexo, por trás de uma palavra chique. (ROCHA, 1985, p. 7-8).

Supervalorização esta que se prolonga muito além do campo de trabalho, passando para a vida pessoal dos astros e criando uma verdadeira mitologia em torno do que esses famosos fazem no seu dia a dia e como encaram suas dificuldades fora das telas.

É preciso conseguir, na criação de um curta, ou longa metragem, embutir a educação de forma discreta e até imperceptível quando procurada diretamente. Encaixá-la abertamente estraga tanto o momento de lazer do cinema, quanto à lição, tornando o filme apenas mais um “produto educativo” que ninguém consome por livre vontade. A questão dos mitos se dá muito mais em meio ao público que, com o tempo, vai associando fortemente o ator aos personagens, desgastando a relação entre ambos (público e atores), seja o fã em busca de notícias de seu personagem favorito ou do ator, fugindo constantemente de fotógrafos e jornalistas.

REFERÊNCIAS

CAMARGO, Luiz O. Lima. O que é lazer. São Paulo: Brasiliense, 1986. (Coleção Primeiros Passos).

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2006. (Coleção Primeiros Passos).

ROCHA, Everardo, P. G.. O que é mito. São Paulo: Brasiliense, 1985. (Coleção Primeiros Passos).

Day-to-Day

Cinema e idealismo.

July 23, 2009

A maioria das pessoas só mantém seus ideais e princípios até entrar dinheiro na jogada. Não sei que tipo de idiota ainda pergunta “por que cinema é difícil no Brasil?”.

Não sei como passa despercebida a enorme quantidade de filmes iguais que se faz por aqui. Drama, romance, comédia romântica. Tá, isso é bom, mas é BARATO. E aqui é caro. O cinema barato brasileiro sai caro. Não consigo nem imaginar quando é que poderemos ter uma INDÚSTRIA cinematográfica de fato.

A mentalidade é tão atrasada, considerando uma associação absurda entre ficção e realidade, que acho mais fácil sair do país e trabalhar em outra parte do mundo do que tentar desenvolver as coisas por aqui. Não se leva fé nos que começam, e se dá muita glória a quem tá lá em cima.

Revolta em contexto, tô tentando filmar uma perseguição digna de hollywood (Hollywood mesmo, minha principal fonte e estilo, não nego, nem ligo pra quem quer reclamar. Mesmo porque, “principal” é (bem) diferente de “ÚNICA”), sem gastar mais do que R$50.

O que eu considerei que seria a parte mais fácil se revelou a mais complexa. Com alguns poucos telefonemas encontrei elenco, veículos adequados, motoristas, armas, câmeras e diversos tipos de equipamento. A parte de efeitos e pós produção fica totalmente comigo, o roteiro já está pronto, assim como storyboard. As filmagens propriamente ditas não tomariam mais do que  duas horas. Quando fui procurar a locação para tal projeto, começaram as frescuras. É frescura mesmo. O condomínio onde moro negou a permissão por conta de que as imagens podem vir a mostrar casas dos moradores, essa parte é até compreensível, mesmo considerando que filmaríamos, sem estardalhaço, num trecho sem casas, cercados por cones e equipe técnica.

Agora vem a parte que bate de frente com o “estímulo” ao cinema. Como principal ponto da negativa vem a idéia de que permitir a filmagem ia associar o condomínio com uma imagem de violência e desordem. Tá, isso porque quem quer filmar é um tal de Tito Ferradans, filho de desconhecidos. Agora, chama um diretor de comercial, pra fazer algo ainda mais absurdo, com a mesma temática, no mesmo lugar, oferecendo qualquer cinco mil reais pra filmar por um dia, pra ver o que acontece. Eu aposto minhas câmeras (pelas quais tenho muito apreço) que seria tudo aprovado rapidinho.

Aliás, não precisa nem ir tão longe, com essa história de diretor de comercial. Basta pegar um político mais destacado no cenário local, ou um morador mais influente. Nossa organização é PODRE por dentro. É altamente contraditória.

Honestamente, respondam a si mesmos, se você fosse administrador de um condomínio e aparecesse um rapaz à procura de uma locação para fazer um cena em especial. Alguns pontos devem ser considerados, assim como suas consequências.

O sujeito é uma pessoa séria no que faz? Ele vai mesmo cumprir o que diz, sem criar confusão? Ele tem histórico de propagar o caos por aí, sem motivo?

As filmagens vão expor os moradores? Elas vão ser absolutamente identificadas/identificáveis? A maioria dos filmes que assistimos por aí, nos cinemas ou em casa, nem sequer deixa descobrir onde as cenas foram rodadas no mundo físico real. Será que acham MESMO que eu vou pegar o vídeo, colocar no google, identificando onde foi feito, quem são os donos das casas, sua renda, quantos carros têm, família, etc? Ah, tenha paciência, né galera?

Só fecham as portas para o cinema aqueles que nunca participaram de nada do tipo. E isso eu digo de boca cheia.

Day-to-Day

Soteropaulistano.

July 23, 2009

Não faz muito tempo, meu ambiente mudou. Saí de Salvador em direção a São Paulo. Têm sempre aqueles que defendem que tal lugar é melhor que tal outro, mas, para mim, ambas as cidades são igualmente impressionantes, com suas belezas típicas e drasticamente distintas.

Numa terra onde o céu é sempre azul, as praias sempre cheias e maravilhosas, o povo afetivo e aberto, pode-se facilmente dizer que Salvador é um pequeno pedaço de paraíso original. Literalmente vive-se de festa e muito mais sossego do que gostamos de admitir. Por toda parte, manifesta-se uma cultura fortíssima e bela, incorporada ao dia-a-dia da população, sem exceções – “sexta-feira é dia de branco”.

Opondo-se ao Sol abrasador e constante brisa com cheiro de mar soteropolitanos, encontra-se em São Paulo uma beleza diferente da natural. Existe uma beleza técnica, artificial, humana. O belo é construído, é um belo lógico que nem todos conseguem reparar. São Paulo é uma metrópole compreensível, no sentido mais amplo da palavra, uma vez que tudo nela tem uma explicação baseada em fatos. A pluralidade está por todos os lados, indiscriminada, e muito do que não funciona, administrativamente, em outros lugares, funciona na capital financeira do país.

São belas, ambas, mas em diferentes aspectos. O caos organizado de São Paulo me atrai mais que a beleza paradisíaca de Salvador. Ao contrário do que deveria acontecer, São Paulo representa a tranqüilidade para mim, e Salvador uma correria com muitas experiências simultâneas. Quem entende?

Day-to-Day

A Crise do Senado: Sarney e os Atos Secretos.

July 21, 2009

É bastante difícil de se começar um texto sobre o cenário político brasileiro sem permear a obra com radicalismos ou ofensas. Aumentando o desafio, surge a crise do senado. Mas, no que consiste a crise do senado? A crise começou com a divulgação do excesso de diretorias, horas extras pagas durante o recesso parlamentar e também com a modesta casa – não declarada – de R$5 milhões, do ex-diretor Agaciel Maia, sem contar com as cotas aéreas distribuídas livremente entre parentes e amigos. Descobertas desenterradas entre fevereiro deste ano e que continuam revelando cada vez mais novidades a cada dia. Os focos, neste texto, são o presidente da câmara, José Sarney e os atos secretos.

Atos secretos “são atos de nomeações e medidas administrativas que constam em BAPs (Boletins Administrativos de Pessoal) não disponibilizados no site da intranet da Casa” (Folha de São Paulo, 12 de Junho de 2009), portanto, só os interessados nos mesmos é que sabiam de sua existência. “Os atos têm diferentes gradações dependendo de quem assina. As nomeações são assinadas pelo diretor-geral. As decisões da Mesa Diretora têm de ser assinadas por pelo menos 4 dos 7 senadores que ocupam o órgão. Há atos também assinados apenas pelo presidente do Senado ou pelo primeiro-secretário”. Estimava-se, num cálculo exagerado, que existissem 280 deles em vigor, mas, após breves investigações, chegou-se ao número de 663 atos, entre eles, o aumento salarial dos senadores e a contratação de mais de duzentos funcionários sem declaração no Diário da União.

A crise do Senado não é minha, a crise é do Senado. E é essa Instituição que devemos preservar, tanto quanto qualquer um aqui. Ninguém tem mais interesse nisso do que eu, até porque aceitei ser presidente da Casa” declarou José Sarney, em 16 de Junho de 2009, tentando proteger sua posição. Junto com sua participação nos atos secretos, foram se assomando sobre a cabeça de Sarney esquemas de empréstimo, nomeação de parentes para cargos públicos, desvio de dinheiro de uma fundação que ele alegou não ter participação e que novas investigações provaram o contrário, entre outras denúncias. Num jogo o qual ele faz parte, jogando sujo desde 1985, é bem complicado de imaginar sua queda, apesar de seus próprios colegas do senado insistirem em sua saída.

Apenas traçando um paralelo, enquanto essa crise se desenvolve aqui no Brasil e não apresenta resultados palpáveis, na Inglaterra, o parlamento também passa por uma crise no momento. “Crise histórica”, como definem os próprios ingleses. Lá, em questão de semanas, a pressão pública derrubou diversos parlamentares por conta de gastos irregulares das verbas de gabinete. Todos os partidos foram afetados, e o parlamento corre risco de dissolução completa e eleição para todos os cargos nos próximos meses, “só” por conta da opinião pública. “Deputados dos três maiores partidos do Reino Unido anunciaram que vão devolver o reembolso do dinheiro que gastaram supostamente no desempenho das funções. O anúncio foi feito depois que um jornal revelou uma lista de gastos que incluem de comida de cachorro a churrasqueiras e material para jardinagem.” (BBC News, 13 de Maio de 2009). Do outro lado do Atlântico, José Sarney se finge de morto perante as revelações absurdas de cada dia. Será que chegaremos ao ponto no qual os desonestos devolvam o que roubaram? Estará a solução na pressão pública?

Day-to-Day

Luz e calor portáteis.

July 20, 2009

Com algo em torno de cinco a sete centímetros de altura, meu pequeno colega de madeira e ponta de elementos químicos já me acompanhou por mais viagens do que eu posso lembrar. Seu nome, do grego, significa “o que traz luz” e, mesmo com sua fragilidade, de aparência e de espírito, consegue metaforizar o conhecimento, simbolizando a descoberta primordial da humanidade: o fogo.

Propagando seu pequeno e breve calor, ilumina os cantos escuros e afasta a solidão e o frio. Uma pequena gota em chamas, subjugável pela mais humilde brisa, segura por fina haste nas mãos cuidadosas de seu observador.

Acende fogões para jantares imensos, ou o braseiro de uma escassa refeição, acende a lenha de quem tem frio, as velas dos românticos, os charutos dos cubanos e acende os fogos de São João que tanto divertem às crianças. Acende incandescente e consome a si mesmo, o palito de fósforo.

Day-to-Day

Exaustão e mau humor.

July 17, 2009

Doze horas seguidas num mesmo trampo, ainda sem previsão de terminar, cheio de engasgos e problemas técnicos. Alguém vai ficar me devendo um trabalho de conclusão de mestrado.

Na expressão máxima da baianidade paulista: infeRno!

Atualização – 10h20/18 de Julho – Conseguimos terminar as edições de vídeo e som, aproximadamente, às 5h20 da manhã. Vamos ganhar um almoço no Tourão. No domingo, é claro. Hoje ninguém aguenta nada.

Por ora, vou voltar para meu sono.