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August 2009

Day-to-Day

O Eterno Conflito.

August 24, 2009

Desde o início do crescimento das cidades, há uma constante dúvida dentro do homem, que se expressa na forma do conflito “morar na cidade ou fugir para o campo?”. Os arcadistas já escreviam sobre as belezas e encantos do ambiente natural enquanto muitos modernistas ressaltam as características da cidade. Sua velocidade, suas possibilidades, suas vantagens.

Saindo do âmbito literário para algo mais real, palpável, facilmente podemos apontar os problemas do lugar de onde queremos sair, mas dificilmente conseguimos identificar os defeitos de onde sonhamos em chegar. Um morador das grandes cidades vai criticar a rotina, o stress, o trânsito, a constante sensação de que os dias são um turbilhão de coisas mal aproveitadas. Deslocando a pergunta para o campo, ouve-se do tédio, da falta de opções para o que fazer, do atraso tecnológico, da vagarosidade de tudo.

O ser humano, como um bom competidor da seleção natural, é uma criatura que se adapta ao ambiente onde vive. O homem da cidade, ao migrar para o campo, inicialmente vai achar tudo maravilhoso, porém, após algum tempo, começará a sentir falta de ir a um cinema, uma livraria ou sair para uma balada com os amigos. Estes são apenas alguns exemplos de situações dificilmente encontradas no campo. A pessoa do campo, por sua vez, ao pisar na cidade grande ficará maravilhada com as luzes, o progresso, os altos edifícios e as infinitas possibilidades de atividades. Não muito tempo depois, sua cabeça acostumada com a tranquilidade e silêncio do campo vai estar girando a toda velocidade, fazendo-o sentir como se não houvesse um momento sequer de descanso naquela terra.

Apesar de cada pessoa funcionar de uma forma diferente, há aquela condição que se adequa a quase todos os casos: férias. O habitante da cidade pode fugir para o campo por alguns dias ou semanas com o inutito de relaxar e fazer apenas o que lhe vier à cabeça, voltando à vida urbana antes que toda aquela calma comece a lhe dar nos nervos. Por sua vez, quem é do campo pode dedicar um tempinho à correria alucinante das metrópoles, voltando à sua paz quando lhe convier. Essa alternativa geralmente é mais benéfica que uma migração definitiva. Agora, em termos de adaptação e identificação com o local onde vivem, existem aqueles que encontram paz nas cidades ou aventuras no campo. Esses sim se identificam com seus lares.

Specials

Co-Respondentes – Parte V

August 23, 2009

Co-Respondentes

Salvador, 12 de Abril de 2009

Olá Rafa!

Poxa vida! Agora já posso dizer que conheço um publicitário de sucesso! Eu faço faculdade, ainda, mas você tem que me dar um crédito porque medicina demora mais pra terminar do que a maioria dos cursos! Tô no sétimo semestre, então ainda tem muito tempo a correr até eu conseguir meu diploma. É meio desapontador pensar assim, mas…

Sobre meu gosto musical, digamos que ele não é tão baiano-pop assim. Já tive minha fase de carnavais, mas agora não consigo sequer ouvir um começo de axé sem querer sair do ambiente. É tudo muito igual, muito clichê, sabe? Você pega uma das letras e, usando as mesmas palavras pode escrever todas as outras! Prefiro algo mais calmo, uma bossa, um rockzinho leve, um violino, que por sinal já tentei aprender a tocar, mas desisti. Em resumo, não posso dizer que contava com o apoio dos vizinhos. Você gosta de quê, além de Chiclete? Toca algum instrumento?

Abraços,
Carol.

PS – O Felix manda um miado pra você.


Belo Horizonte, 21 de Abril de 2009

Carol,

Medicina, hein? Caramba! Parabéns! E não fique tão apressada em pegar seu diploma! Aproveite bem a faculdade, conheça pessoas, aproveite que não tem que se sustentar ainda e curta o que puder! Momento nostalgia? Talvez… Eu gostava de cair na farra TODO FINAL DE SEMANA nos tempos de facul. Saía na sexta de manhã para a aula e só voltava no domingo, quase segunda feira.

Me chamar de publicitário de sucesso é um tanto quanto querer forçar a barra! Tô no começo da carreira e nenhum “contrato milionário” veio parar em minhas mãos (ainda) lá na agência. Mas te aviso assim que estiver fazendo comerciais com os bichinhos da Parmalat!

Pelo tipo de música, eu diria que você é uma moça comportada, que dorme antes das onze, não bebe, não fuma e só usa saias abaixo do joelho. Hahaha. Tô brincando! Falando de roupas, qual sua cor preferida?

Música é constante na minha vida, quase um vício!  Gosto de tudo que consiga me prender no ritmo. Pode ser axé, pagode, salsa, tango, funk, rock, techno, tudo! Assim como você, minhas aventuras com “tocar música” também não foram muito bem sucedidas. Tentei violão, baixo, bateria e até tuba, mas nunca consegui nada muito concreto. Acho que eu serei eternamente apenas um apreciador.

Abraço,
Rafa.

PS – Felix? Miado?
PS2 – Com base em meus cálculos e estimativas, você tem 25 anos. Aposto um sorvete nisso. Ganhei ou perdi?

Apesar de sentir que Rafael não é nada parecido com ela, Carol não consegue parar de responder as cartas. E enquanto nenhuma nova chega, ela relê as velhas, pensa em coisas para perguntar, imagina como ele é. Será que é alto, baixo, gordo, magro? Tem barba ou não tem? Cabelos claros ou escuros?. “Será que ele existe mesmo? Será que não é só alguém brincando comigo?”.

As dúvidas  são uma presença constante nessa sua linha de pensamentos. Por fim, concluiu que pediria uma foto na próxima resposta.

— Moça, são sessenta e cinco centavos – o atendente em treinamento dos Correios fala um pouco mais alto, tirando-a de seus devaneios.
— Oh, desculpe! Aqui estão. Obrigada – ela pega uma pequena pilha de moedas, contada e recontada antes de sair e separada no bolso da calça, entregando-a ao rapaz.
— Obrigado, tenha uma boa tarde – ele conclui, como manda o manual em cima do balcão – Próximo!

Salvador, 28 de Abril de 2009

Rafa,

Você é um garoto da farra, pelo visto! Não é, como você adivinhou, muito meu tipo de coisa, mas, sair com os amigos pra conversar e passear é sempre bom. É a companhia que faz cada situação especial, seja na praia, no teatro, num parque, enfim, acho que deu pra pegar o espírito da coisa. E nessa história de dormir antes das onze você se enganou feio. Por exemplo, só respondo suas cartas depois das duas da manhã!

Beber, até vale, de vez em quando, mas é coisa rara. Sobre o cigarro, eu te desafio a encontrar meia dúzia de estudantes de medicina, por aqui, que fumem. No primeiro semestre tem um professor fantástico de anatomia que, literalmente, te convence a parar de fumar! Todo ano, a primeira frase que ele solta ao entrar numa sala de calouros é: “Eu aposto meu carro que qualquer possível fumante nessa sala vai desistir do cigarro antes do fim do semestre”. Até hoje ele tem o carro. É uma coisa meio mágica, meio absurda, mas ele sempre vence.

Meu caro, saia abaixo do joelho nem minha mãe usava quando tinha minha idade! Hahaha!

Não posso dizer que entendi completamente sua pergunta. Você se refere à minha cor favorita, pura e simplesmente, ou à minha cor favorita para roupas? Em ambos os casos, a resposta é Laranja. Por que? Qual a sua favorita?

Beijo,
Carol.

PS – É, meu gatinho preto da carinha branca, igual ao desenho animado!
PS2 – Sinto muito em lhe informar, mas você perdeu! Passou perto, mas errou. Tenho 24. Agora me deve um sorvete. Vou cobrar!
PS3 – Desde ontem, só se fala em gripe suína na faculdade! O terror se alastra para todos os lados! É meio egoísta de se dizer, mas, ainda bem que não tenho amigos ou parentes em São Paulo ou Rio! Você tá acompanhando essa onda também, ou é só coisa de estudantes de medicina?

Day-to-Day

Cartas!

August 23, 2009

É impressionante como um assunto puxa outro, que puxa outro. Fatos ilustram os assuntos. Dificilmente uma carta vai ser menor que a que a precedeu!

Specials

Co-Respondentes – Parte IV

August 21, 2009

Co-Respondentes

Belo Horizonte, 25 de Março de 2009

Cara Carolina (gosto da sonoridade disso),

Cobrir minhas despesas não é necessário! A simples resposta de uma carta que eu não esperava já pagou essa suposta dívida. É tão raro trocar correspondências hoje em dia que, não posso negar, me parece uma coisa interessante. Quer tentar?

Atenciosamente,
Rafa.


Salvador, 29 de Março de 2009

Olá, Rafa.

Também gostei dessa sonoridade. Nunca tinha reparado nela. Acho que não posso dizer que recebo muitas cartas… É, de fato, cartas têm um charme peculiar, um toque de paciência, uma espera silenciosa e solitária. Tudo bem, aceito o convite das mensagens. Pode ser divertido!

Será que tenho intimidade suficiente para perguntar o que você faz da vida? Ops, acho que já perguntei!

Atenciosamente,
Carol.

Toda vez que respondia às cartas de Carol, Rafael percebia que era divertido fazer parte daquilo. Não era simplesmente jogar conversa fora ou uma atividade corriqueira. As cartas assumiam cada vez mais o clima descrito pela garota. Ele nunca sabia se, ou quando, uma resposta ia chegar, ou se o envelope chegaria a seu destino em segurança.

Na correria de sua vida profissional, esse momento da escrita lhe permitia relaxar e dar vazão a sentimentos e sensações que há muito tempo tinham se escondido sob as pranchetas e roteiros da agência. “É… Acho que as cartas têm mesmo seu charme…

Belo Horizonte, 05 de Abril de 2009

Cara Carol,

Cara, Caramba, Cara Caraô! – ok, piada infeliz, eu sei. Estou ouvindo Chiclete com Banana enquanto escrevo, e a música simplesmente começou a tocar. Axé da sua terra. Tentarei compensar! Hahaha. Aproveitando o assunto, que tipo de música você ouve?

Bem, acho que tem intimidade para perguntar sim. Humildemente respondo que trabalho numa agência de publicidade e honestamente admito que é muito mais cansativo e estressante do que eu jamais imaginei enquanto estava na faculdade! E a senhorita, a quê dedica seus dias?

Abraço,
Rafa.

Day-to-Day

Do Cangaço.

August 21, 2009

Lenine tem me inspirado bastante nos últimos dias. Vontade profunda de escrever algo com base nas terras de origem.

Sertão, cangaço, calor, seca, vida dura, contrastes sociais, gado, religiosidade, traição, vingança. Noites sem lua, terra dura, vermelha como sangue. Paixões, recompensas, negros, cabras machos. Cana, São Francisco, Canudos, governo.

Esse conjunto de palavras soltas tenta caracterizar os principais focos da coisa. A trama está logo acima do plano das ideias. Aposto que conhecem essa sensação, quando você sabe que tá ali, mas não dá pra vislumbrar claramente ainda.

“Sertão é onde manda quem é forte com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado! E bala é um pedacinhozinho de metal.”
Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa.

“A beleza do sertão é ligada ao grandioso. Ele é grandioso e terrível…”
Ariano Suassuna.

Nota do autor: Fugere Urbem? Eu saindo da minha fonte original de inspiração, que são as cidades e o mundo moderno? Quem sabe.

Day-to-Day

NATO [Reloaded]

August 21, 2009

The Papa has a brand new Alfa Romeo! Alfa!

Have you ever noticed that, in thaters, when someone shouts “Bravo!” we can clearly hear the echo of it?

On November, i’m gonna climb that sierra in my Golf and shout at the top of it so i can hear endless echo. Also on November, India will win an Oscar.

Alfabeto fonético da OTAN. Cada palavra em particular determina uma letra, identificada por sua inicial.
Decifrando, “Parabéns, Gênio“.

Day-to-Day

"Dez o quê?"

August 21, 2009

A partir de hoje, pra mim não existe tal coisa como “depois das dez [p.m.]”.