Experiência puramente pessoal e possivelmente sem valor para terceiros, mas ainda assim narrarei a sequência de fatos.
Ainda estou em Salvador. Hoje é o dia da viagem. Anteontem minha mãe foi pra Manaus. Ficamos só eu e Lila em casa. Pendências mil. Nesta quarta feira, o dia passou num segundo, pois me desdobrei em três. Tito Ferradans, Fátima Sta. Rosa e TFerradans…
Na noite da véspera, curti uma movimentação na Manoel Dias, com diversas apresentações, na rua mesmo, de música, teatro, graffiti, cultura em geral. Eu e Donk. Depois, fui para um jantar de aniversário, quando por fim voltei pra casa, a fim de pegar minha irmã e verificar o endereço da clínica veterinária onde Nino estava internado, para fazermos uma visita. Cheguei em casa e descobri que o horário de visitas terminava às 18h. Eram 21h. Voltei para a cidade, para buscar Vick, que viria dormir aqui em casa. Chegamos de volta à casa em torno das 23h.
Logo cedo (acordando 5h10), me transformei em mamãe Fátima, e levei Lila de madrugada no colégio, enquanto Vick estava dormindo. Voltei pra casa. Um dos gatos tinha desaparecido por um tempo e ao reaparecer, foi levado para o veterinário. Minha missão era buscar o gato. Na mesma clínica do horário de visitas do dia anterior. Eu não sabia o endereço, então, buscaria Lia no caminho e iria resgatar o animal. Aproveitamos a viradinha pra deixar Vick em casa, pois ela iria arrumar a mala. Viagem hoje também, porém pela manhã. Depois de leves confusões, quebra-molas em alta velocidade, subir uma ladeira na terceira, desligar o ar-condicionado no meio da subida, e ainda assim ter que reduzir para a segunda e por fim para a primeira marcha, ser ultrapassado pela direita por um Siena muito acima do limite de velocidade e parar numa vaga estreita numa rua ainda mais estreita, conseguimos chegar na clínica.
Esperamos. Por 1h40 minutos. Pegamos o gato, compramos um dos remédios recomendados na clínica mesmo. Tomamos o caminho de casa. No meio da jornada (aproximadamente 15km já percorridos), paramos no mercado para comprar os outros remédios que faltavam ao felino. Dois colírios, de uso humano. Na farmácia só tinha um. Merda. Continuamos para casa. Já estávamos quase chegando quando o animalzinho resolve liberar suas excretas líquidas dentro da caixa de transporte, no banco de trás do carro. Admito: por pouco, não morremos todos sufocados, e olhem que a janela estava aberta. PUTAMERDA! Respingou um tanto no banco e até hoje o carro tá aberto lá embaixo, na garagem, pra sair o cheiro.
Pensei em relaxar por alguns instantes quando uma pilha de responsabilidades começa a se acumular sobre minha cabeça. Buscar Lila no colégio. Comprar o outro colírio do gato. Comprar mais remédios pois uma caixa só não seria suficiente. Fazer dois depósitos em bancos diferentes. Ir à terapia, no centro da cidade às 16h10. Sacar dinheiro. Devolver equipamentos de filmagem. Terminar e ajustar a gravação do CD do aniversário de minha prima de 2 anos. Fazer uma capa, label e menu de DVD para Diego e Cogo, para antes das 19h. Trocar a caixa do HD externo com Diego, por uma com e-Sata. Devolver OUTROS equipamentos de filmagem – a quase 35km de casa, que é a quase 15km de Salvador. Arrumar a mala. Dormir na casa de Vick. Gravar cenas durante a madrugada na casa de Donk. Descobrir onde deixar o carro estacionado antes de viajar. Levar mingau para a casa de minha tia, para Mel (a prima já referida neste mesmo parágrafo). Buscar dois filmes em casa, para a mãe de Vick. Acho que aí já tem tudo.
Não era nem meio dia e eu já tava na terceira ida-volta a Salvador (são mais ou menos 15km em cada trecho). Busquei Lila, passamos numa outra farmácia e encontramos o segundo colírio de gato. Em casa, almoçamos. Catei em casa tudo que ia precisar durante a tarde, umas roupas de dormir, escova de dentes, CDs vazios, pen-drive, receita médica de gato, telefones e endereços de lojas. Entrei no carro e percebi que a bateria do telefone só tinha mais um pininho antes de esgotar. Maravilha. Logo na ida, resolvi os dois depósitos. No segundo banco, o rapaz do estacionamento me parou e me deu um escalde porque, no dia anterior, eu tinha passado por lá, entrei e saí sem dizer “boa tarde”, extrapolei a tolerância e saí sem pagar. Fiquei abismado. Paguei a hora não-paga do dia anterior sem reclamar, pedi desculpas e saí. Quando já estava chegando na loja do remédio de gato, percebi que da última vez que estive naquele banco, usava um outro carro, e ainda mais: não tinha sido no dia anterior, nem sequer nessa semana! É, parece que a falta de gentileza de alguém recaiu sobre mim.
Por sinal, falta de gentileza foi o que mais testemunhei nos últimos tempos, em termos de trânsito soteropolitano. Há uma regra geral: é preferível BATER a dar passagem. Impressionante. Quase fui atingido. VÁRIAS vezes. Vi quatro carros quebrados e dois remendos de pista sendo feitos, em horários de pico, além de passar por cinco batidas convencionais, duas batidas de ônibus, sendo uma delas um engavetamento, envolvendo mais um caminhão e um carro, em frente à faculdade de Administração da UFBA, e um atropelamento fatal em frente à Madeireira Brotas, que até saiu no jornal de hoje. Conversava com Donk, na terça feira: o trânsito de Salvador piora a cada DIA, e não a cada mês ou ano.
Retomando. Comprei as cápsulas do felino. Duas caixas. Vick me liga, pedindo para alugar Otelo, na GPW. Decente. Já estava perto, tomei rumo pra lá. Estacionei, entrei na locadora. Eles não tinham esse filme “há vários anos”, nas palavras do atendente. Parti para a casa de tia K, para pegar os arquivos do CD de Mel e algumas anotações e correções a serem feitas, deixo por lá o isopor com o tal mingau. Cheguei na casa de Cogo para gravar o disco, fazer as tais correções e pegar um arquivo de vídeo com 8GB. Ignorantemente, tinha copiado uma série de músicas com proteções nos arquivos. Resultado: tive que ir mais uma vez na casa de minha tia, para buscar os discos originais e copiar tudo de novo, dessa vez acompanhado por Ju. De volta à casa de Cogo, terminamos de ripar os CDs e gravar a versão final. Peguei tudo e saí correndo para a terapia. Estava em cima da hora, mas se o trânsito ajudasse, daria pra chegar a tempo.
Erro grandioso. Trânsito ajudando? Só se fosse filme. Ao chegar na Garibaldi, tudo parado. TUDO mesmo. Quebrei pela Federação e cruzei boa parte da Cardeal da Silva, até descer na rótula do fim da Garibaldi. Cheguei com 15 minutos de atraso, para uma sessão de 30 minutos. A última da jornada soteropolitana. Ficou tudo bem amarradinho, apesar da falta de tempo. “Até o dia 23, eu só sou dia 22. As outras preocupações virão em seu devido tempo”. Essa e muitas outras conclusões resultaram desse processo genial de pouco mais de um mês.
Mais meia hora de engarrafamento. Retornei à casa de Cogo, já para adiantar as coisas do Ano da França. No caminho, deixei com minha tia o que seria a versão final do CD, com as músicas gravadas certinhas e bonitinhas. Comecei a empenhar minha criatividade na elaboração simples do material gráfico das filmagens do Ano da França no Brasil em Salvador. Material a ser finalizado e entregue ontem mesmo. Considerando que hoje cedo eu passei na casa de Cogo e e ele estava dormindo, presumo que tenha dado tudo certo. Montei as imagens enquanto Diego e Cogo trocavam as caixas dos HDs externos. Prometi a Diego a nota fiscal da minha caixa, para que ele fosse reclamar de um defeito. De acordo com ele, “o HD estava sambando dentro do case”. A nota estava em casa, pegaria quando fosse buscar os filmes para a mãe de Vick. Já são quase 19h.
Lila me liga desesperada, dizendo que tinha feito uma besteira em casa e pediu pra eu voltar correndo. Terminei o que estava fazendo, catei o HD já na caixa, e parti. Esqueci uma sacola com CDs virgens e outras coisinhas. No caminho, minha tia liga e diz que o CD não toca no rádio de jeito nenhum, e, quando tocou, depois de muito esforço, engasgou na faixa 18 e parou. DESGRAMA! Ainda vou ter que consertar isso! Junte tudo com trocentos quilos de trânsito. Lila liga de novo, diz que já tá mais calma. Minha mãe me liga, com idéias para um trabalho. Peço pra ela anotar tudo que a gente conversa no dia seguinte. Não tenho cabeça pra isso.
Chego em casa, avalio o prejuízo. Nada muito grave. Foi mais o susto mesmo. Duas opções: ou ligar pra contar e explicar pra meu pai e minha mãe, ou resolver tudo nas escondidas. Preferimos, definitivamente, a primeira opção. Mesmo porque, não há vantagem nenhuma em esconder esse erro. Peguei o DVD com os filmes, o pano verde de Diego e Cogo que tava aqui (encontrei por acaso), e a nota fiscal do HD. Joguei quase tudo em cima das malas no quarto, para arrumar no dia seguinte. Saí de novo, já para a casa de Vick. Mais trânsito. Nesse ponto, já tinha saturado tudo que podia saturar, em termos de stress por conta de barbaridades alheias. Fui viajando numa boa, calmo e ouvindo músicas relax. Antes das 21h eu já estava dormindo pesadamente na casa de Vick.
Deixei para o dia seguinte a entrega do pano verde e nota fiscal, além do resgate da sacola amarela que tinha ficado na casa de Cogo e os ajustes finais do CD de Mel. Ah, ainda tinha que levar Lila na aula, de novo.
Acordei 5h30, de novo. Vim em casa, peguei Lila. Levei pra aula. Passei na casa de Cogo, não eram nem 6h30. Ele dormia pesadamente. Devolvi o chroma e a nota. Peguei meus CDs e papéis esquecidos. Rumei para tia K e tio F. Tentamos de todas as formas gravar o CD por lá. Não rolou. Roubei todos os arquivos para meu pen drive e esquematizei a gravação para ser feita em casa, depois de trazer Lila, às 8h40. Voltei pra casa de Vick. Eram 8h. Dormi até o fim da aula de minha irmã e parti para seu resgate. Cheguei em casa e terminei POR FIM o disco de Mel. Fui na casa de Carlos e devolvi os brinquedos dele que estavam comigo, desde a ida à fazenda, na semana retrasada.
Arrumei minha mala e resolvi descansar escrevendo esse post. Acho que funcionou relativamente bem. Não consegui fazer todas as coisas da lista, caso algum perfeccionista volte pra verificar, mas, a maioria eu consegui. Tive que abrir mão de algumas, porque minhas três personalidades já não mais aguentavam. Ficam para a próxima. Para a próxima vinda ou para a próxima vida. Não sei ao certo.
DOMINGO, QUERO TODO MUNDO MENTALIZANDO SUCESSO NESSA BAGAÇA. E tenho dito.
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