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April 2010

Specials

Sem Cabimento.

April 2, 2010

Não vejo tv. Prefiro saber que não sei o que se passa no mundo. Não, não é isso. Não assisto porque não tenho vontade. O meu tempo de viver, escolho passar longe da tv.

Quando digo isso para alguém, sempre ouço: “mas é importante saber o que se passa no mundo”. E quem me diz isso, realmente acredita que “sabe” o que “se passa no mundo”. Não sabe que não sabe.

O mundo é tão grande… A tv é uma caixa tão pequena.

por Fátima Sta. Rosa.

Essa, senhores e senhores, é minha genial mãe.

Specials

El Matador – Diários de Produção I

April 1, 2010

Depois de discutir (em trinta segundos) a idéia de um diário de produção com Mari, concordamos que seria algo útil e interessante, tanto para nós como para quem quer que esteja interessado na nossa saga tortuosa, partindo de uma idéia até o resultado final, um vídeo com algo em torno de três minutos.

El Matador começou a partir de uma piada. Isso mesmo, uma piada. Nosso argumento (idéia original/central do roteiro) é:

– Yo soy paraguayo e vim para matar-te!
– Para quê?!
– Para-guayo.

O plano – sugerido pela Mari – era apresentar essa piadinha como um trabalho da matéria Expressão Por Imagens e Sons I, num exercício chamado 3-9 Planos, onde devemos filmar uma ação em três planos estáticos, e depois a mesma ação, em nove planos, sendo o primeiro e o último sempre iguais. Existem outras regras, mas, enfim, elas não importam agora. O fator mais importante é que, depois de criar mil idéias, descobrimos que não tínhamos o direito de escolher nossos grupos. Então, é claro, ficamos em grupos diferentes. Aí fodeu tudo. A gente quebrou todas as regras do exercício e começou a planejar o Paraguayo (apelido do projeto, e nome do personagem, claro) da forma mais megalomaníaca possível.

Logo de cara, ambientamos o cara num perfil meio Western clássico, meio Mariachi (Robert Rodriguez e sua trilogia “El Mariachi”, “Desperado” e “Once Upon A Time In Mexico”). Dividimos as tarefas. Eu ficaria incumbido de criar a marca da coisa, e Mari ia rascunhar o roteiro e alguns conceitos úteis. A marca vocês já viram, o roteiro, bem, estamos na dúvida entre divulgar ou não. É meio… apelativo. Só pra ficar mais claro, nossas referências principais são Robert Rodriguez, Guy Ritchie, Clint Eastwood, Quentin Tarantino, Era Uma Vez no Oeste e Justified. Espero não ter esquecido nada nem ninguém.

Como sempre, a base é não gastar dinheiro e produzir a maior qualidade possível nessa restrição. Logo nos primeiros minutos do projeto, conseguimos o apoio do Victor (namorado da Mari), que deu várias referências para pesquisa, dicas e sugestões capazes de impressionar o público.

Quais são nossas vantagens em relação aos clássicos (e multimilionários)? Tudo nosso é digital. A gente tem equipe e equipamentos de excelente qualidade (alguém aí falou em Canon 7D? Efeitos visuais digitais?). Somos todos grandes fãs de filmes de ação e o desafio/proposta é justamente chegar num nível impressionante. Apelaremos para fumaça, tiros, sangue, explosões, fogo, trilhas sonoras latinas, roupas e chapéus de cowboy, um saloon e mais uma infinidade de improbabilidades.

Algumas tardes depois, passamos o dia decupando o começo do roteiro, definindo os planos – ângulos de câmera, movimentações, o que aparece em cada quadro -, formas de fazê-los, discutindo o cenário e rabiscando algumas coisas de análise técnica (em resumo: coisas que precisamos conseguir, que têm papel fundamental no filme). Chegamos à conclusão que planos detalhe (mostrar as coisas bem de perto) são excelentes para pré-apresentar um cenário. Faremos isso na cena que o Paraguayo entra no saloon.

Em algum dos inúmeros e-mails que estamos trocando, Mari sugeriu uma estratégia de publicidade para quando já estivermos na pós-produção – só editando e finalizando o flime – que consiste basicamente em espalhar cartazes de “Procurado” pela ECA. “Ok – pensei – vou rascunhar alguma coisa agora”, e comecei com uma base bem simplória, primeiro em inglês, depois em português, por fim, não terminei com nenhum dos dois. Conforme os elementos foram se encaixando, mais e mais detalhes eram incorporados quase automáticamente. Eles pulavam diante dos olhos dizendo “me coloca ali naquele canto!”. Por fim, acabou ficando um cartaz bem elaborado, com direito a pesquisas sobre o Paraguai, alguns rascunhos de gramática espanhola (com ajuda do Google) e espaço para uma foto. Claro, esse espaço no meio ainda vai ser tomado por uma foto estilosa de “quem-quer-que-seja-nosso-ator-Paraguayo”.

Mari: “Ah, e pensei em uma maneira de divulgar o Paraguayo… e se a gente espalhasse cartazes de WANTED com a foto dele por aí?!”

Tito: “Cartazes no estilo esse que vai em anexo? Tudo é sujeito a mudanças, sem comentar que não temos a foto ainda. Essa idéia dos cartazes é fantástica. Botei tudo em espanhol por motivos óbvios. O dinheiro (guarani) é a moeda do Paraguay (que por sinal devemos providenciar algum, nem que seja para a cena da maleta – ele não é vendido, não trabalha em troca de dólar. Orgulho nacional) e as outras referências são todas reais (Amambaya, fronteira, enfim).”

Decidimos então que, aproveitando a folga extrema que a USP nos dá na Semana Santa, iríamos a Ibiúna, visitar o Saloon onde vamos rodar tudo. Eu e Victor fomos de ônibus, a partir da Barra Funda. Chegamos faltando DOIS MINUTOS para o ônibus sair (sério), e a viagem passou por um trânsito bem pesado. Fomos conversando sobre diversas coisas, relacionadas ao Paraguayo ou não, e comentando planos de filmagens. Ao chegar, Mari nos resgatou na rodoviária e tomamos o rumo do sítio. Esqueci de comentar: a gente tem um confessionário pra usar em alguma cena ainda não definida!

Não vou me dar muito ao trabalho de descrever o local. A foto fala por si só sobre o clima da locação.

É genial. A gente rabiscou umas plantas, coisas que precisamos providenciar, movimentação da mobília, posicionamento dos atores/personagens, seus comportamentos e ações, detalhamos o tiroteio, e testamos algumas posições de câmera. Depois exploramos mais um bocado do sítio, confirmamos que as estradas nas proximidades são perfeitas para nossa seqüência de introdução. Fomos dormir relativamente cedo, e acabei acordando muito cedo, pra variar. Decupei o resto do roteiro, anotando um milhão de sugestões e idéias de como rodar cada cena enquanto os outros dois dormiam.

Ah, desde que começou o projeto, praticamente só tenho escutado trilhas sonoras do Rodriguez e música latina. Estamos à caça de um músico para compor nossas faixas de som. Falta pensar em muita coisa, para falar a verdade, mas acompanhem nosso andamento por aqui, e podemos ter uma grande surpresa ao final da viagem! Mais novidades chegando em breve!