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March 2013

Day-to-Day

Desentendimento com Montagem.

March 31, 2013

De todas as coisas que eu passei a desgostar no processo de produção de um filme, vídeo, projeto, etc, desde que entrei em AV, a montagem sempre foi a mais prejudicada. Eu gostava de fazer experiências, encaixar uma coisa na outra pra ver no que dava e geralmente, o primeiro corte de qualquer coisa era também o último. Não era sempre, e também não necessariamente rápido. Aí você aprende que tem que montar no Final Cut – que é o programa mais chato do mundo -, que tem que organizar o material seguindo as normas X e Y, que tem que converter o material – isso eu nunca vou engolir – se distanciar da experiência do set (de preferência, o montador não deve frequentar o set), sincronizar o som, fazer ajustes na imagem pro filme ficar com cara de produto final, e por aí segue a lista. Essas são as piores, pra mim, e vou explicar direito os motivos.

Começando pelo Final Cut, que é um programa imbecil. Sorry Apple, mas é. Se você importar uma sequência numérica de arquivos, ele vai ordenar: 1, 10, 11, 12, …, 2, 20, 21, …, 3, e assim por diante. Se um programa não é capaz de entender a ordem dos números naturais, me pergunto qual sua capacidade de entender de um filme. Os atalhos são nebulosos – não adianta deixar o mouse em cima do botãozinho da ferramenta, que nem num Adobe da vida, ele só vai mostrar o nome, mas não as hotkeys. O Final Cut 7, que é a última versão do programa – literalmente a última, porque a Apple abandonou o estilo “Pro” na sua atualização, automatizou todos os processos, e assim matou o editor de som e o camarada que faz a correção de cor, em outros programas (mais decentes) – foi lançado em 2009.

Eu te desafio a listar todas as câmeras que foram lançadas de 2009 pra cá. Ok, acho que foram muitas e a lista vai ficar muito longa. Te desafio então a listar todos os formatos/codecs que se popularizaram e aprimoraram de 2009 pra cá. Putz, ainda tem muita coisa, né? Então vamos focar em UM único codec, que mudou bastante coisa: MP4/H.264. Pois é, o FCP7 não tem suporte nativo a H.264, o que só faz aumentar minha ira, uma vez que tenha boa qualidade de imagem e preço acessível utiliza codificação H.264, como as Canons, Nikons, Panasonic, Sony, e por aí vai.

O que você faz, já que o programa não consegue lidar com formato original dos arquivos? Ah, sei lá, acho que é uma boa CONVERTER TODO O MATERIAL DO FILME. Vejamos bem. Um filme curtinho (3-5 minutos), feito sem muito exagero de planos e com material comprimido (H.264), fica com mais ou menos 7-10 gigabytes. Na hora que você converte pro formato amigável do FCP – o AppleProRes 422 – esse volume aumenta de 20 a 30 vezes. Aí o filme acabou de ficar mais caro, porque tá na hora de comprar um HD, o material não cabe mais num pendrive!

Acho que não vale a pena contra-argumentar dizendo que “Em ProRes o computador sofre menos pra interpretar as informações do vídeo”. Sério, estamos falando de computadores de 2009. Se você, em 2013, ainda usa um computador de 2009, e se esse computador REALMENTE não consegue abrir um MP4 da vida, vou te dar a dica que por menos de mil reais você consegue um netbook melhor. Em 2009, 2GB de RAM DDR era MUITO. Hoje, 16GB DDR3 é razoável. Os padrões são outros, a velocidade de processamento é estupidamente maior e, por consequência, a velocidade. Isso sem entrar no mérito de que você não vai GANHAR nada em relação ao arquivo original – sei lá, mais cores, mais latitude – só tamanho.

Sincronizar o som: ninguém nunca explica essa parte direito. Vendo no set, você entende que é a partir da clquete, afinal, a câmera vê a batida, e o som grava a batida, então, na montagem você faz a imagem juntar com o som nesse ponto, e pronto! E é isso mesmo! Fazer isso pra um plano, “moleza”. Pra dez planos, “ok, tolerável”. Pra TODOS os planos? Um inferno! Só pra achar a claquete no vídeo, e depois achar no som, você já vai perder o tempo de uma vida inteira, pra juntar os dois, no frame certinho, vão mais duas vidas.

Em aula, ninguém fala de outros métodos. Andando pelos corredores, ouvi rumores de um plugin e resolvi testar. É o bendito do PluralEyes – antes, da Singular Software, e agora da RedGiant. O que o PluralEyes (versão 2) fazia era pegar o string de som da câmera, comparar com os strings do som direto, e achar os pares perfeitos, em meio a todo o material. Desse jeito, você pode sincronizar múltiplas câmeras pra um único som direto, não precisa nem enquadrar a claquete – na verdade, NEM PRECISA de claquete – e tudo muito mais rápido e preciso do que fazer na unha. Essa versão era um plugin pros principais programas de edição. FCP, Premiere, Vegas e AVID. Agora, uma nova versão foi lançada, que é um programa independente. Ele faz o mesmo que o plugin fazia, só que vinte vezes mais rápido e mais certo. Sinceramente, essa porcaria devia ser apresentada no PRIMEIRO dia de aula. Se não, que fosse pelo menos no primeiro dia de Montagem!

Agora, como que essa história do som se relaciona com o set? Não é muito difícil derivar a partir da não-necessidade de claquete. Se você não tem que ficar batendo claquete, e mantém uma continuidade decente, seu set já tá mais rápido. Se você consegue andar mais rápido no set, seu filme tem menos dias e é mais barato. Na real, se esse “continuísta decente” for o montador, só vejo pontos positivos. Primeiro, porque ele não vai precisar ver todos os takes de tudo, pra saber o que está acontecendo. Ok, existem anotações que indicam qual é melhor, mas, melhor em relação a quê? Então, tem que ver tudo. Se ele tava no set, ele já viu todo o material e já sabe todos os truques – onde encaixa e desencaixa, onde tem que fazer uma cobertura, que sons podem ser gravados sem imagem, e por aí vai – pra fazer a montagem andar mais rápido, manter o clima da filmagem (quando isso é bom), além de já ter uma conversa/experiência com o diretor/diretora sobre o que se espera do resultado.

Sobre colocar sonzinhos extras e fazer alterações na imagem: pessoas, estamos falando de um filme. Um produto de imaginação. Se você não consegue assistir o negócio montado e imaginar como vai ficar com a cor final e os efeitos sonoros, acho que – mesmo tendo passado no vestibular, que não é fácil – você tá na área errada, e tá na hora de exercitar esse lado esquerdo do cérebro. Pra mim, o som é com a galera do som – eu não quero nem botar o dedo, a menos que eu acredite muito cegamente que minha contribuição será fundamental, e olha que isso requer uma boa dose de arrogância, pois parto do princípio de que “minhas idéias de montador sobre o som são melhores que as idéias do som sobre o som”.

Correção de cor é uma loucura do fotógrafo e do diretor. Se eu, montador, consigo fazer um chute de correção melhor que o fotógrafo, o filme já começou bem errado. E não tem essa de “pra ver se dá pra ficar parecido”, quando você encaixa um plano bem diferente de outro, numa mesma cena. Hoje em dia, qualquer coisa pode virar qualquer outra coisa, com o tempo apropriado de trabalho. Então, vamos deixar o trabalho do som pro som, e o trabalho da foto pra foto, que sua vida de montador vai ficar bem menos chata e com menos cara de estágiário-que-faz-o-trabalho-dos-outros.

Organizar o material é de fato saudável, mas geralmente, o que vale é o último take, então, dá pra viver muito bem sem isso. Além do mais, dá pra fazer no set, e não deixar pro montador (que não tem nem idéia daquela bagunça) arrumar.

Agora que estamos chegando ao fim, vocês devem estar se perguntando porque essa revolta toda. Se é só algo que eu tinha aqui, amargurando em meu âmago, ou se é novo, se eu não gosto de montagem, se eu gosto, enfim. Eu gostava de montagem. Aí comecei a fazer as aulas, e passei a nem sequer tolerar montagem. Aí montei um filme que tinha muito interesse, estive no set (fui co-produtor, co-fotografo, co-assistente de direção, co-ntinuísta e logger, então dá pra ver que a equipe era pequena, né?), e fiz do jeito que me veio na cabeça, baseado no que a gente tava conversando durante as filmagens e no que o material passava. As filmagens duraram um dia só: 47 planos, com uma média de 6 takes por plano, e não custou duzentos conto. Isso foi em Outubro do ano passado.


Luz Violácea

O filme ficou bacana. É um tema divertido, engraçadinho, ágil, sem drama, anamórfico, equipe bacana, enfim, só coisas positivas. Aí fiquei um dia inteiro montando, no Premiere. Sincronizei com o PluralEyes, o material já tinha sido organizado no set mesmo – por mim – e fui encaixando uma coisa na outra. A pegada era bem Scott Pilgrim e Kick-Ass, então tentei manter o ritmo.

Depois, com dois cliques – literalmente -, joguei a montagem pra dentro do After, DIRETO do Premiere, de forma rápida e civilizada para ajustes importantes como esticar a imagem e acelerar alguns planos. Renderizei e mandei pro povo. Já tive retorno e no dia seguinte, fiz a correção de cor, efeitos especiais e ajustes finais. Como tava na pegada one-man-band, entupi o filme de efeitos sonoros. Deixei a arrogância rolar. Depois, se a May quiser ela aproveita, se não ela pode jogar tudo fora, que meu apego a essas loucuras é bem pequeno, elas são mais sugestões de clima, uma vez que a May não estava no set.

Day-to-Day

New York – Day Eight.

March 26, 2013

Chegamos por fim ao último dia da jornada. Não consegui postar ontem mesmo porque era tarde, e hoje fiquei o dia com a May e resolvendo coisinhas bagunçadas em casa. Enfim, vamos aos eventos.

Acordei cedo. Bem mais cedo do que esperava, às 5h40am. Fiquei tentando voltar a dormir mas não tava rolando, então fui enrolar no computador. Fechei a mala com tudo que seria despachado, botei o computador na mochila, conferi se não tava esquecendo nada, tomei um café da manhã rápido e, por segurança, coloquei uma maçã e uma garrafinha de água na mochila também. Às 8 em ponto eu tava saindo na rua, em direção ao metrô. Esses cinco minutos foram os únicos de céu aberto que tive. Daí pra frente, foi só com teto na cabeça. Trem, estação subterrânea, mais trem, transferência subterrânea para o Airtrain, terminal com teto de vidro, salão de check-in, portões de embarque, avião. Pelo menos foi tudo quentinho!

Minha mala tava consideravelmente mais pesada do que na ida. Antes, tinha 15kg. Chutei que deveria estar com uns 25, e torci pro limite de peso ser 32kg, e não 23 (sempre troco a ordem dos números). Na hora de pesar, para despachar, acertei na mosca. O limite era 32, e a mala pesava exatamente 25 quilos. Acreditem, foi bem desafiador carregar ela pelos trens e trechos à pé. Ah, que alívio foi despachar aquilo sem ter que pagar um centavo a mais!

Os americanos são meio surtados com bagagem de mão. Tem três pessoas em pontos diferentes pra conferir sua passagem e seu passaporte, depois, no detector de metais, tem que tirar os sapatos e qualquer coisa metálica (até cincos com fivela de alumínio, que passam sem problemas no Brasil), tirar os líquidos da mochila, tirar notebooks e câmeras, fazer uma pose na máquina de raio-x e pegar tudo correndo na esteira pra se recompor lá atrás.

Pelo menos o aeroporto tava vazio. Comentário rápido: o AirTrain, que é um metrô só do JFK, que atende todos os terminais, tem MAIS estações que a Linha Amarela de São Paulo. Fica aí a informação pra pensarmos a respeito. Depois do stress do detector de metais, devorei minha maçãzinha, bebi aguinha e fiquei enrolando por uma meia hora com open wi-fi. O embarque começou e, assim como na vinda, o vôo tava bem vazio. Demoramos quase uma hora pra decolar, porque começou a nevar um pouco e, por motivos de segurança, a equipe de manutenção do aeroporto passou um anti-congelante nas asas do avião.

Logo no começo do vôo, acabei com minhas parcas páginas de quadrinhos da Forbidden Planet. O nome da série é Wasteland, tem 7 capítulos, e ainda não acabou. Li os dois primeiros e tô aqui me coçando pra arrumar o terceiro, porque é MUITO bem feito. Os desenhos são sensacionais e a trama em si, personagens e diálogos, mantém o nível lá em cima. Muito me surpreende ninguém ter adaptado isso pra filme/série ainda. Nessas trezentas páginas, a tensão só aumenta em torno dos personagens (são vários) que lutam para sobreviver num mundo pós-apocalíptico (sinto que nunca vou cansar desse tema).

Depois que acabaram os quadrinhos, as horas restantes de vôo se arrastaram. A sensação foi de muito mais demora que a ida. Escrevi, vi filme, dormi em todas as posições possíveis e imagináveis até que, por fim, chegamos. O desembarque em São Paulo foi infinitamente mais rápido. Check-in de passaporte, as malas já estavam na esteira, peguei a minha e fui enfrentar a alfândega. Como tava com relativamente pouca coisa, e tudo usado – as coisas novas não batiam nos 500 dólares permitidos, fui na cara e na coragem, primeiro do vôo a sair.

No corredor de “Nada a Declarar” tem uma bifurcação, e um camarada bem no meio. Ele indica se você vai pra “Saída” ou “Verificação de Bagagem”. E lá fui eu, apontado para a Verificação de Bagagem. Ê beleza! Ok, as coisas eram usadas, mas se não fossem com a minha cara, dava pra perder uma graninha boa ali. Na Verificação de Bagagem tinham umas seis pessoas operando um par de máquinas de raio-x. Como fui o primeiro, eles ainda estavam muito concentrados no papo, e acho que só queriam terminar o turno – já eram 22h. Botei a mala na esteira, a mochila também. As duas passaram pela máquina e saíram do outro lado. Ninguém nem olhou na minha cara. Acho que ninguém nem olhou no monitor. Peguei as coisas, disse um “boa noite” tímido – responderam! – e fui embora sem maiores incômodos ou taxas. E o coração quase saindo pela boca.

Peguei um táxi e, ainda não sei como, o bróder fez o caminho de Guarulhos até aqui em casa em 25 minutos, sem correr feito um alucinado – à lá taxistas do Rio. Esse turbo me fez recuperar o tempo perdido antes da decolagem, e cheguei em casa exatamente na hora que tinha previsto: 23h30. Lila tinha acabado de chegar também e ficamos conversando um pouco na sala. Vim pro quarto, desarrumei a mala – sou dessas pessoas que desfaz a mala assim que chega – e, devido à absoluta falta de sono, dei boa noite pra May e fiquei na sala arrumando os novos equipamentos (logo mais faço um post só pra explicar as novidades) e jogando fora um monte de lixo acumulado ao longo do tempo.

Lá pelas 3h o sono veio e apaguei. E assim acabou a saga novaiorquina.

Se algum dia esses posts virarem um livro, seria absurdo não agradecer a uma série de pessoas, então, vamos a elas. Em primeiro lugar, claro, meus pais, que me deram mil dicas do que providenciar – desde seguro-viagem à me entupir de vitamina C pra não gripar -, minha mãe, por buscar e despachar meu passaporte de Salvador pra São Paulo, que só ficou pronto uma semana antes da viagem, Alessandro, que me deu muitas dicas e arrumou uma casa pra eu ficar, e May que me deu coragem pra providenciar tudo – da compra das passagens ao retorno pro Brasil – em menos de um mês. Agradeço também a Lico e Lilian pelas dicas de programas pela cidade, a Ju, por mais outras tantas dicas e a Lila, pelo guia e mapa que mais usei na vida.

Por fim, agradeço à Kimi e seus amigos brasileiros (Ricardo, Nicolas e Otávio), pelo dia divertidíssimo em Poughkeepsie, e agora só à Kimi, por receber trocentas mil caixas que enviei pro endereço dela e ainda me fazer criar vontade de viajar! E, por último, ao Richard, por me receber em sua casa, mesmo sem me conhecer, e me ajudar em tudo que precisei! Tristan, meu caro, espero não ter te acordado todos os dias, quando tava de saída!

FIM

Day-to-Day

New York – Day Seven.

March 25, 2013

Antes tarde do que nunca. Hoje o dia foi leve. Acordei cedinho e pra não ficar ocioso em casa enquanto os donos dormiam, fui passear na High Line de novo, só que dessa vez vindo da 14th Street para cima, pra ver se encontrava a entrada perdida que me confundiu ontem. Descobri que tá interditado mesmo, e saí pelo mesmo lugar, na 30th Street. Dei uma enrolada porque ainda não tinha dado o horário de abertura da B&H, e voltei logo em seguida. Percebi que é difícil (impossível) andar duas quadras sem passar por um Starbucks!

Uma outra coisa curiosa que percebi nos primeiros dias e esqueci de comentar por aqui é: as portas em Nova York só abrem para fora. São raros os casos que abrem pra dentro. A conclusão lógica que encontrei foi que, como todos os ambientes são aquecidos, é preferível que um pouco de calor saia para a rua, do que o ar gelado entre no lugar! Ou então, pensando em casos de emergência, é muito mais eficiente sair de um lugar que abre para fora do que um que abre para dentro. Na verdade, acho que as duas coisas podem estar agindo em conjunto!

Hoje (quase) fez calor por aqui. Acredito que ultrapassou a marca imbatível dos cinco graus positivos. Fiquei muito curioso para saber qual a temperatura interna dos ambientes, porém! Todos são agradáveis, não quentes o suficiente pra suar, mas o bastante pra tirar todo o incômodo da rua! Falando em ambientes aquecidos, hoje criei vergonha na cara e fui – afinal – no MoMA, o Museum of Modern Arts.

Se eu tinha desistido ontem porque tinha fila, hoje então era pra nem ter passado da porta, porque a fila tava do lado de fora. Foda-se, se não fosse hoje, não ia mais, então era questão de honra! Fiquei duas horas lá dentro. Meu pé tava doendo infernalmente. O museu é um lugar interessante, as galerias são muito bem divididas, mas até chegar no quinto andar – amantes da arte, me perdoem – não tava vendo muito propósito em quase nada. Passei por umas fotos legais, umas coisas de Andy Warhol, mas nada que me justificasse os 25 dólares da entrada.

No quinto, estava em exposição “O Grito”, de Edvard Munch, assim como outras obras do rapaz. Essa aí embaixo é a que mais me impressionou, que é a irmã dele, ainda criança, que morreu, vítima da tuberculose. Fiquei muito tempo encarando esse quadro. Muito. Depois, terminei de passear pelo andar, vendo coisas de Cézanne, Salvador Dalí, Frida Kahlo, Matisse, Picasso, van Gogh, Monet e sua turminha. Conhecia algumas das obras expostas, não conhecia a maioria. Sou muito fraco de história da arte. Na verdade verdadeira, só esse quadro de Munch que me fez valer a ida (“O Grito” também, ok).


Det syke barn I (The Sick Child I), Edvard Munch

No caminho pra casa, passei em uma loja pra comprar uma lembrancinha pra May e, quando tava saindo, percebi que não me cobraram a taxa de venda. O estado de Nova York tem uma lei própria, que impõe 14.87% de impostos sobre praticamente qualquer venda. Não digo que são todas porque teve essa, e umas outras coisinhas, online, onde não fui taxado. Queria muito descobrir o motivo das exceções! Como percebi já fora da loja, resolvi não voltar e perguntar, mas se tivesse notado no caixa, teria perguntado na lata!

Comi um croissant recheado, deixei a mochila em casa – pela primeira vez em sete dias – e fiz um test-run até o aeroporto, pra achar o melhor caminho e o tempo de viagem, já me programando pro retorno, amanhã cedo. O vôo é às 11h45am, e preciso sair daqui às 8h00am porque a jornada leva mais ou menos 1h10, e vai ser um pouco mais atribulada porque é hora do rush no metrô, e eu tenho uma mala grande. Depois disso, voltei pra casa, tomei um banho e fiquei aqui, me entupindo de água e comida, pra ver se minha boca melhora alguma coisa – tá toda partida, coitada.

Amanhã temos as aventuras do retorno, e um vôo gigante. No mínimo, alguns agradecimentos a fazer e um comentário sobre aqueles quadrinhos! Inté!

Day-to-Day

Production Value.

March 24, 2013

“It will cost your life…”

Vi ontem na Forbidden Planet e esqueci de postar. Juro que só não comprei porque tô quase falido! Se alguém tiver interessado, tem no Amazon, que entrega no Brasil!

Day-to-Day

New York – Bonus Six.

March 23, 2013

Só hoje, no sexto dia, resolvi que era uma coisa decente ir ao cinema em NY. Não sei, pensei que ia ser igual a qualquer lugar do mundo, só que sem legendas. Não podia estar mais enganado. Agora tô dando graças aos céus de só ter ido hoje, porque se fosse no primeiro dia, todos os outros eu ia passar no cinema.

Comecei meio desanimado, porque não tinha nada muito incrível em cartaz. Por fim, me decidi por um, e joguei no Google Maps: “movie theater”. Trocentos pontinhos surgiram. Acho que tem mais salas de cinema nessa ilha minúscula do que em toda a cidade de São Paulo (esse é um “acho” com grande porcentagem de certeza). Fiquei entre três opções, uma 34th, um na 42nd e um na 68th, mais perto de casa. Por preguiça de muvuca, resolvi ir nesse mais próximo. O filme era The Call, e começava às 7h30pm. Saí de casa num horário bem adequado, com tranquilidade – até parece – às 7h10pm. Corri esbaforido até o metrô.

Tem uma coisa que eu esqueci de contar sobre o metrô. TODOS os dias, quando eu chego na estação e começo a descer as escadas, tem um trem saindo e eu nunca consigo pegar. Já com isso em mente, pensei que se fosse correndo, ia chegar a tempo de embarcar. Não deu outra. Cheguei na hora que as portas abriram, mas só faltavam quinze minutos pro filme começar, a 40 quadras de distância. Saí do metrô que nem uma bala, tentando não atropelar as pessoas na rua e correndo para atravessar – não tinha feito isso ainda. Comprei meu ingresso às 7h32pm. Ingresso caro da desgraça, me custou 14 doletas.

O espaço do cinema (um da rede AMC Loews) era totalmente decorado com um tema meio inca, meio celta, até pros nomes das salas. As paredes tinham entalhes de pedra, e a iluminação era delicada. Clima bacana. Entrei na sala, tava bem cheia. Me espremi entre dois casais, numa fila bem pra frente. Não perdi nem os trailers. Aí começou o espetáculo. O primeiro trailer foi de Gatsby, que vai ser um filme foda. O segundo, de Iron Man 3, depois, Kick Ass 2, seguido de Evil Dead. Tinha alguma coisa nesses trailers que tava sendo mais emocionante do que ver trailers nos cinemas do Brasil, e não era só a ausência das legendas. A legenda É mesmo uma muleta, então, sem ela, você se concentra muito mais no som, e nas cenas. Não consegui disfarçar o sorriso assistindo aos trailers.

Até a propagandinha da sala, sabe, de “desligue o seu celular”, etc etc, era muito bem feita, sem essas coisas bizarras de pipoquinha andando, ou pichações que saem da parede – pessoas, me perdoem, mas eu acho essas paradas muito toscas. É muito educativo, é falso, ninguém liga praquilo. Aqui era com personagens de uma animação que tá em cartaz, e uma situação clichê, mas bem executada, divertida. Ele não faz você lembrar que é ruim usar o celular na sala só porque é ruim. Há um clima de comédia, que, ao passar pela cena, você lembra do celular involuntariamente. Como diria Lila, it’s made to stick. And it sticks.

A sala era muito boa, com caixas de som de qualidade superior a todas as salas de São Paulo – convenhamos, é uma desgraça, o som vaza de uma sala pra outra! Só o IMAX escapa. A projeção digital, sem arranhões de película, também era mais imersiva, e a proximidade da tela (a sala era pequena, não em formato de arena, como costumamos ter no Brasil, e sim algo na linha HSBC Belas Artes) influenciavam no clima.

Começa o filme. Vou fazendo um resumo muito breve, cheio de spoilers, porque preciso ressaltar pontos importantes. É tipo um “Por Um Fio” às avessas. The Call conta a história de Jordan, uma operadora da central telefônica de emergência (911) de Los Angeles. Ela recebe uma ligação de uma menina, faz merda, a menina é sequestrada e morta. Ela não consegue lidar com a pressão e se demite, passando a treinadora de futuros operadores. Num desses treinamentos, uma colega iniciante recebe uma ligação crítica, de uma garota sendo sequestrada, e Jordan (Halle Berry) assume o lugar dela, guiando a garota.

Inicialmente, Chasey (a garota) é colocada num porta malas, e o celular não tem chip, então não é rastreável. Claro, o sequestrador é o mesmo que matou aquela outra garota. Jordan então vai acalmando a menina e dizendo o que ela deve fazer. Ela quebra o farol traseiro do carro, e começa a jogar tinta na pista. Em paralelo, Jordan vai passando informações para a polícia, enquanto tenta identificar o carro em meio à cidade, e a identidade do sequestrador.

A garota tenta fugir umas três vezes. Na segunda, o bróder dá um murro na cara dela. Nessa hora, O CINEMA INTEIRO fez um “oooouch!”. Não foi uma pessoa, nem duas. Foram TODAS. A tensão vai crescendo, o cara desliga o telefone e Jordan vai procurar a menina no último lugar que tem rastros. A polícia já não tinha encontrado nada. As pessoas no cinema iam se descontrolando. Ouvi muitos risos nervosos, e comentários do tipo “don’t go there”, “oh my god”, “He’s gonna get her!”. Os sustos não decepcionam, e não falham. No fim, as duas escapam – eles estavam num alçapão subterrâneo – e o bróder cai lá dentro, desmaiado. Jordan pega o celular para ligar para 911, quando a menina diz pra ela esperar.

Aqui foi a única parte do filme que me surpreendeu. Em condições normais, ela diria pra menina que a coisa certa é ligar, que ele vai ser preso e pagar pelo que fez, etc etc. Mas não. O bróder acorda, amarrado numa cadeira, nesse subsolo. As duas estão olhando pra ele, ele faz umas gracinhas com Jordan e diz que elas não podem deixar ele ali, que precisam chamar a polícia. E elas não chamam, e vão embora, deixando o bróder pra morrer lá dentro.

De todo o processo, a experiência mais incrível foi sentir as reações das pessoas. Numa hora que Jordan nocauteia o vilão, as pessoas aplaudiram! Sinto falta disso no nosso cinema, de envolver as pessoas. Comédia faz sucesso, ok, mas comédia é ir pro bar e ficar bebendo e contando piada. Resolvi fazer cinema pra divertir as pessoas com coisas que não são presentes no seu dia-a-dia. A única vez que vi reação parecida com essa, foi no mega-hit, sucesso imbatível, Tropa de Elite 2, quando Capitão Nascimento desce a porrada no político. É catártico, o cinema também pode ser um lugar de catarse.

Se aqui, com um filme qualquer, as pessoas estão se envolvendo, por que a gente não consegue fazer isso nem com as mega produções? Se eu tivesse que apostar, não diria que o problema está no público, e sim na mentalidade dos realizadores. Não vou entrar nessa discussão, mas vou falar do que eu quero fazer.

O principal motivo de ter saído de Salvador pra estudar é porque não tinha mercado pro que eu queria. Em São Paulo, tem um mercado de cinema e AV, mas agora que eu tô me dando conta, não é o mercado que eu quero também. A solução é migrar. Não é tão fácil quanto se escrever, mas escrever já é o começo.

Um bocado de gente já me perguntou: “e você pretende voltar, quando se formar, pra fortalecer o mercado lá?”. Para esses, respondo: Meus queridos, me perdoem, mas eu não sou o messias. Olha pra minha cara, e vê se eu tenho jeito pra fortalecer mercado. Eu não quero nem pensar em logística. Eu só quero fazer filmes, me divertir no processo, e – principalmente – que o resultado divirta as pessoas tanto ou mais quanto me divertiu! Mais especificamente, eu quero fazer filmes de ação, aventura, ficção, que envolvam efeitos visuais, mas o mercado brasileiro não tá preparado para uma linguagem de ação nacional, e não sou eu a pessoa que vai criar isso – deixo para colegas mais teóricos, que gostam de discutir as coisas.

Nesses últimos meses eu já tava ficando com a sensação de que São Paulo não era meu destino final, e agora, depois de assistir esse filme aleatório, que provavelmente tem muito menos significado planejado do que teve pra mim, tenho certeza que São Paulo não é o último ponto da estrada. Ainda vou sair, não sei exatamente quando, nem como nem pra onde, mas vai rolar e não há de estar tão longe! E sei que não vou sozinho.

Day-to-Day

New York – Day Six.

March 23, 2013

Ontem de noite, com medo de gripar, mandei um Cewin pra dentro, e hoje cedo mandei outro. Caprichei mais no café da manhã e vesti roupas duplicadas. Fiz uma rota mais simples, com menos coisas e uma ordem bonitinha, começando pela B&H. Tava precisando comprar um trequinho lá, que esqueci de procurar da outra vez. Qual o jeito mais divertido de descobrir que uma loja não abre aos Sábados? Chegando na porta e vendo as grades! Ahá! Fiquei muito decepcionado com o fato de estar fechado, e com a minha ignorância de não ter procurado antes. Mas tudo bem, já estava na 34th Street, e resolvi continuar descendo na direção do rio para pegar o caminho da High Line.

A High Line é um parque suspenso, acompanhando os trilhos de um bonde suspenso que perambulava por NY. Tem mais ou menos uma milha de comprimento, que equivale a 1.6km. No caminho para lá, passei numa deli e comprei uma maçã verde e uma água – não tô dando moleza pra essa gripe. Chegando onde deveria ser a entrada, me deparo com uma construção imensa, um terminal de trens, caminhões de carga e ruas desertas. Um pouco preocupado, voltei, pela 33th Street. Já tava quase desistindo de achar o parque quando vi que cruzava com a 30th Street, e eu tava bem perto. Fui beirando mais uma construção, e achei uma escadinha discreta. Pensei: “se for da obra, vão me expulsar em inglês”. Não vou morrer com isso. Subi, e era exatamente o lugar que eu procurava. Andar por cima das ruas (majoritariamente paralela à 10th Ave) e ver as janelinhas dos prédios na sua altura é uma experiência sensacional. Sem falar que lá em cima o vento era menor, e o Sol não era tampado pelos prédios. Percorri toda a extensão do caminho, parei pra olhar algumas paisagens, e no fim, sentei num banquinho sem vento pra me esquentar, descansar e organizar meu mapa.


Descendo, estava próximo da 14th Street, algumas quadras a oeste do meu novo (repetido) destino: a Forbidden Planet. Acho que não mencionei, mas comprei um quadrinho pós-apocalíptico por lá. Comecei a ler e o treco é bom. Aproveitei a deixa pra passar lá e pegar o segundo volume. Vou reservar essa leitura pro longuíssimo vôo de retorno. No caminho, passei por um grupo de pessoas uniformizadas, tocando bumbos e tambores e fazendo coreografias com bandeiras, bem desorganizados. Era um rolê com placas de “Stop TB!” e poucas pessoas assistindo. Achei meio engraçado, meio fofinho, porque tinham umas meninas muito pequenas tentando fazer a coreografia e o condutor parecia estar estressado. Coisa de filme comédia sessão da tarde, mas na vida vale a pena. Agora fui procurar e descobri que é um manifesto contra a tuberculose. Tô achando mais aleatório ainda!

De lá, peguei mais um metrô e saí em Chinatown. Ô lugar infeliz! Metade das placas é em chinês, trocentas pessoas na rua – essas aglomerações me incomodam bastante – e muitas lojas repetidas. Vale ressaltar que saí andando pro lado errado quando subi do subsolo, e tava achando muito estranho entrar em Chinatown e encontrar MENOS lojas chinesas. Tudo se corrigiu quando andei pro lado certo. Parece bastante com aqueles contrabandos que tem ali na Avenida Paulista, só que sem os eletrônicos, e só com tralhas/souvenirs da cidade, coisas estampadas I Love New York. O mais curioso era o McDonalds em chinês.

Acho que a temperatura tava baixando, e minhas mãos congelando. Voltei pra um Starbucks e peguei um chocolate quente. Depois, tomei o rumo de casa de novo, pra comer coisinhas saudáveis e não comidas desconhecidas da rua – ok, sei que é o máximo comer na rua, mas não tô querendo dar nenhuma chance pra essa gripe. Já combinei com ela que quando chegar em SP, ela pode inventar qualquer coisa, mas aqui, vai ser com as minhas regras! O pé também é outro que entrou na linha. Doeu um dia, no segundo ele percebeu que não ia adiantar e parou. Agora só vem de vez em quando. Enfim, em casa, conversei com a May, pra procurar coisinhas de presente pra ela – não são surpresa! – e descansei um pouquinho.

Saí de novo com destino na Apple Store, no encontro da 5th Avenue com o Central Park. A loja é toda no subsolo, e para cima da terra só tem um cubo de vidro com uma maçãzona branca brilhante. Mal sabia eu que seria a experiência mais surreal de todas, de quebra de expectativa. A Apple Store é pior que o mercadão municipal de São Paulo. Uma multidão infinita ocupa um salão aberto, disputando espaço com as mesas de teste dos produtos e os trocentos vendedores – sério, tem quase tantos vendedores quanto clientes lá dentro! Tem uma galera perto da escada, de boa, tomando sorvete, só descansando, outros assistindo a loja, outros comprando, uma loucura. Saí bem rápido, que já tava ficando tenso com tanta gente e tanto caos.

Diferente do Brasil, onde Macs tem um preço ridiculamente abusivo e tudo que é da Apple é sinônimo de status e riqueza, aqui a galera acha bem normal. No metrô, quase todo mundo anda com seu iPhone na mão, mandando mensagens e acessando a internet. Raros são os usuários de outras marcas. Isso também tem sentido com a superlotação da loja, uma vez que é um rolê mais popular. Também acho que é uma gargalhada em relação à nossa postura para com a Apple. Sinceramente, acho os produtos bons, mas pelo preço que chegam no Brasil, não é competitivo. Quem se dá melhor é quem revende, ao invés de quem usa.

Enfim, tive que continuar na muvuca da 5th Ave, que tem por ali todas as lojas mais famosas e caras, e multidões infinitas de turistas, porque era o caminho do MoMA. Museum of Modern Arts. Cheguei lá, e também tava lotado. A fila de entrada era imensa. Já não tava de bom humor, foi só mais um motivo pra me mandar. Volto lá amanhã cedo. Fiquei vagando pelas ruas mais um tempo, assistindo as pessoas, aproveitando a luz e curtindo o frio – sim, é possível.

Mais pra de noite, fui ao cinema. Vou entrar em detalhes sobre essa experiência num post extra. Amanhã temos mais programação, mas as idéias – e a energia – estão acabando. Acho que a viagem tá com a duração certa para a ocasião!

Day-to-Day

New York – Day Five.

March 22, 2013

Como ontem a parada foi pesada, hoje me programei pra ser mais leve, e não me destruir tanto (meus ombros ficaram doendo de tanto carregar a mochila – gradualmente cheia – nas costas o dia todo). A idéia era ir pro Bronx Zoo, e depois pro Jardim Botânico de NY. O zoológico só abria às 10am, então levantei nesse horário. 10h30 eu tava por lá. Um frio desgraçado, acho que o pior de todos. O fato de só ter mato e lagos e terra em volta reforça o frio, a civilização dá uma disfarçada. Quando abri o mapa do lugar, já comecei a repensar meu dia, de tão grande que é o espaço.

Por causa do frio, muitos bichos estavam “guardados” em lugares mais quentes, como os da savana. Zebras, girafas, gorilas, elefantes… Comecei pelas hienas, e fui passando por um monte de pássaros. Além de um desenho de cada bicho, eles tinham descrições e peculiaridades numa pequena placa. Mas não só de jaulas e frio vive esse zoológico. Tinham váááárias exposições especiais, como uma só sobre Madagascar, ou o ambiente do Himalaia, a casinha dos répteis, aves de rapina, tigres, uma recriação de floresta do Congo MUITO incrível (com direito a caixas de som enterradas na lama) e um aviário com muitos bichos passando por cima da sua cabeça.



A última vez que eu fui num zoológico, foi em 2010, em Los Angeles. Em São Paulo tem um, mas nunca tive curiosidade de conhecer. Não sei por que. Aqui, a maioria dos visitantes também é de fora. Muita gente falando em espanhol, várias excursões que passam – literalmente – correndo pelas coisas, com as crianças gritando e sem prestar atenção em nada. Fiquei meio indignado, e sempre que via um grupo, esperava eles passarem. Eu gostei de ir porque dá pra ver os bichos de perto, mas tem tanta coisa que incomoda – o fato de eles estarem presos, a barulheira dos visitantes, a sujeira dos visitantes – que acabei me questionando sobre o passeio. O interessante é que eles têm vários programas de pesquisa e reprodução em cativeiro de espécies ameaçadas de extinção – essas espécies estão indicadas nas plaquinhas.




Uma coisa curiosa sobre essa cidade é que você nunca sabe de onde as pessoas são. Ok, tem uma galera que tem traços muito fortes, mas, distinguir os europeus, por exemplo, é bem complicado. Só dá pra saber com alguma precisão a origem do camarada quando ele fala. Já achei vários brasileiros, e tenho certeza que eles não me identificaram como brasileiro, porque não dei um pio.

Retomando o passeio, em um dado momento, percebi que estava com fome. Achei que tava cedo e fui olhar o relógio. Já era 1pm, ou seja, eu tava ali há três horas e meia andando! Me dirigi pro refeitório e comi a pior comida da viagem. Um cachorro quente – só a salsicha, quase esturricada, num pão seco e esfarelante – com batata frita – fria. E foi caro! Pra acompanhar, tomei um copo gigante de água, que deu uma melhorada na boca – tá toda partida, ardendo, não achei manteiga de cacau.



Depois de passar nos lugares que ainda não tinha ido, saí do Zoo. Tava bem cansado e resolvi voltar pra casa ao invés de ir pro Jardim Botânico – imagino que a maioria das plantas esteja sem folhas! A jornada de metrô demorou um bocadinho, porque tava bem pro norte. Aproveitei e dei uma parada num mercadinho e me reabasteci de comidas domiciliares – morangos, iogurtes, manteiga, pão e recheios. Por aqui, tenho descansado, porque acho que tem uma gripe querendo entrar. O corpo tá cansado, mas a cabeça não tá deixando a doença chegar. Nunca tinha sentido isso tão claramente.

Comentário aleatório: como tomei banho logo antes de sair, quando fui pra rua, meu cabelo ainda tava molhado, e coloquei o gorro por cima. Só quando cheguei de volta em casa é que descobri o tamanho da tragédia visual. Parecia MUITO que eu tinha colado todo o meu cabelo na cabeça. Fui tentar bagunçar, e o caos não se instaurava! Do jeito que eu soltava, ele ficava, estático. Fiz uns penteados surreais, mas cansei da brincadeira e fiquei me debatendo pra ver se ele voltava ao normal. Ainda não voltou!