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July 2013

Anamorphic Day-to-Day

[Anamórficos XXII] Advanced Close Ups.

July 13, 2013

AVISO! Esse post tem matemática, física, fórmulas, números e palavras repetidas, possivelmente muito confusas se você não tentar visualizar tudo.

Percebi que falo desses filtrinhos com grande frequência mas nunca cheguei a explicar decentemente como eles funcionam! Falei por alto que é numa pegada meio óculos de leitura lá atrás, nos primeiros posts sobre anamórficas, mas aqui vou aprofundar um pouco mais. Entender seu funcionamento ajuda a pensar mais rápido na hora de escolher qual filtro é o mais adequado a cada foto ou plano a ser capturado.

Close ups – ou dióptros – são lentes auxiliares na forma de filtros e podem ser compostas de um único elemento óptico ou dois elementos (acromáticos, ou achromatic diopters mais comumente chamados). São classificados de acordo com sua força, em dioptrias, da mesma forma que um óculos para miopia. Temos valores partindo de +0.25 até +10. Um close up é sempre colocado em frente a uma lente completa e o seu efeito é “limitar” a distância representada pela marca do foco infinito. O novo “infinito”, é bem mais próximo e representa a máxima distância focável, podendo ser calculada de acordo com a força do filtro.

A matemática é bem simples (vou exemplificar apenas com a medida em metros, afinal estamos no Brasil), mas primeiro precisamos definir duas variáveis.

MaxF = máxima distância focável, medida em metros
S = força do close up

\text{MaxF}=\frac{1}{\text{S}}

Bem fácil, né? Só pra garantir, vou colocar alguns exemplos práticos, com filtros de fora +0.5, +1.25 e +2, respectivamente.

\text{MaxF}=\frac{1}{0.5}=\frac{1}{\frac{1}{2}}=1\times\frac{2}{1}=2\text{m}

\text{MaxF}=\frac{1}{1.25}=\frac{1}{\frac{5}{4}}=1\times\frac{4}{5}=0.8\text{m}

\text{MaxF}=\frac{1}{2}=0.5\text{m}

Dá pra entender daí que quanto maior a força do close up, mais próximo é seu foco máximo. E por que diabos esses trecos melhoram a performance das anamórficas? Porque a performance das ditas cujas é consideravelmente superior quando focadas mais perto do infinito, enquanto que há grandes problemas de resolução quando você se aproxima mais do que 1.5-2m do seu assunto. Então, limitando o infinito alguns metros ou centímetros adiante, você consegue excelentes imagens nesse campo mais complicado.

Existem, claro, duas conseqüências muito óbvias. A primeira é que você não vai conseguir fazer foco em nada além dessa distância calculada, e a segunda é que as marcas de foco existentes lente não indicam as distâncias corretamente. Seria necessário fazer uma proporção adequada ao novo infinito da lente, o que é bem chatinho e (convenhamos) desnecessário. É só ir ajustando no olhômetro mesmo pra ver quando tá em foco.

Uma boa técnica, para todos os casos – focus through, single focus ou dual focus – é fazer foco no infinito e movimentar a câmera até que seu assunto entre perfeitamente em foco. Sua movimentação não deve passar de uns poucos centímetros.

Quanto ao foco mínimo, para dióptros de força até +1, considero que metade do foco máximo seja uma distância segura para conseguir uma qualidade de imagem aceitável. Algo mais próximo que isso já começa a cair na zona de “foco próximo” da lente. Nesse caso, é melhor trocar o filtro por um mais forte. No caso de dióptros mais fortes, de +1 em diante, 3/4 da distância máxima de foco é o limite de qualidade aceitável, para mim. Por exemplo, para um filtro +2, o foco máximo é de 50cm. Qualquer coisa a menos de 38-40cm da lente já começa a ficar com qualidade de imagem discutível.

Vamos a alguns exemplos. Já que o Woody nos ajudou num desses, escolhi agora Darth Vader, pra mostrar a Força dos close-ups. Reparem no desfoque das coisas lá atrás. Na primeira foto, tá praticamente tudo em foco, mas na última, não dá nem pra identificar os ícones do Windows.


Iscorama 54, lente 50mm, foco mínimo: 2m


Iscorama 54, lente 50mm, close up +0.5, foco mínimo: ~1m


Iscorama 54, lente 50mm, close up +1, foco mínimo: ~0.5m


Iscorama 54, lente 50mm, close up +0.5, foco mínimo: ~0.25m

Matematicamente, existe uma continha para determinar o foco mínimo de uma lente com um close up. É bom que você pode usar também pra determinar a força do close up, se souber o foco mínimo da lente.

X = foco mínimo da lente sem o close up, em metros
X’ = foco mínimo da lente com o close up, em metros
S = força do close up

\text{X'}=\frac{\text{X}}{(\text{SX}+1)}

Agora que você já sabe fazer as contas, é só caçar no ebay boas opções de filtros do tamanho da sua lente. Um padrão para as lentes menores (Century, Kowa, Optex, Sankor, Isco36, etc) é a rosca de 72mm. Lentes maiores como a Panasonic, Isco54 ou lentes de projeção exigem filtros maiores e aí começa a brincadeira de caça pelos preços baixos.

No fim do ano passado e começo desse ano, sempre que achava algo barato, mesmo que não precisasse, eu comprava. Nessa brincadeira achei uns filtros bem raros por preços baixos. A idéia é não se apegar a marcas. Comprei Fujinons, Canons, Spiratones, Tokina, Kenko e até Pentax, de tamanhos variados e forças variadas também. Claro, não ficaram de fora os tradicionais Tiffens Proxxar e Photar. Alguns deles eu comprei sem nem saber a força, estimando com base em informações do Google ou outros fóruns. Alguns tinham números estranhos na lateral que, depois fui descobrir, eram suas indicações de tamanho ou força. Mais especificamente Canons e Fujinons.

Fujinon: O primeiro número é a distância máxima de foco, o segundo número é o tamanho da rosca. Por exemplo, o Fujinon 16086 tem seu foco limite a 160cm (o que equivale a +0.6) e rosca de 86mm. 190101 vale pra 190cm de foco limite e 101mm de rosca.

Canon: As séries mais novas (250D e 500D) têm suas medidas em milímetros. 250mm equivale a +4 e 500mm equivale a +2. O “D” vem de “double element”, ou seja: são acromáticos. As séries mais antigas utilizam medidas semelhantes, mas com forças menores, como o 1300H, que equivale a 1300mm = 130cm ou +0.75, ou o 900H, de rosca 105mm, que tem força aproximada de +1.1.

Sobre os tamanhos de rosca não há muito segredo, afinal é algo padrão. Algumas lentes já tem a rosca, outras precisam de adaptadores (clamps) dianteiros, mas o tamanho é constante. Um filtro de 72mm sempre vai encaixar numa lente de rosca 72mm, pois eles seguem um padrão chamado fine, onde os sulcos da rosca tem um espaçamento de 0.75mm. As únicas exceções são para filtros maiores, a partir de 86mm, que podem não ser fine e sim coarse, indicados por um C depois do tamanho da rosca, como 86C, 95C ou 105C. O padrão de espaçamento entre os sulcos de filtros coarse é de 1mm. Como tudo na vida, existem adaptadores de fine para coarse como esse aqui.

Mudando radicalmente de assunto: E o que os dióptros de dois elementos, ou acromáticos, têm de tão especial? Afinal seus preços são bem mais altos que os normais, e sua raridade também. Felizmente esses filtros existem, e eram utilizados em aplicações que necessitavam de grande qualidade ainda que a curtíssimas distâncias. Os dois elementos são combinados para melhorar a qualidade de imagem geral e especialmente nas bordas da lente. O cálice sagrados dos acromáticos atualmente é o Tokina 72mm +0.4, aparecendo sempre por volta dos US$350. Claro, por conta do segundo elemento óptico, seu peso é mais que o dobro de um close up de elemento único.

Aqui embaixo tem um link pra uma listinha com vários acromáticos conhecidos, seus tamanhos e forças, além do fator de raridade.

Lista de Close Ups Acromáticos (achromatic diopters)

Para fins de conferência antes de fazer um investimento, aqui embaixo tem uma listinha dos tamanhos mais comuns ou procurados, e suas faixas de preço médias – em dólares -, entre Janeiro e Junho de 2013.

  • Tokina +0.5 72mm – $150
  • Kenko +0.5 72mm – $90
  • Tokina +0.4 72mm Achromatic – $350
  • Kenko +0.3 105mm – $350
  • Canon 500D +2 72mm Achromatic – $100
  • Sigma +1.6 62mm Achromatic – $20
  • Angenieux +0.25 82mm – $330
  • Kinoptik +1 82mm Achromatic – $530
  • Foton-A +1 or +1.25 – $900 (GONE!)
  • Tiffen +0.5 to +2 138mm – $50 and up
  • Tiffen +0.5 to +5 Series 9 – $1-50
  • Tiffen/Kodak Series 9 Adapters – $20-40
  • Tiffen +0.5 to +2 4.5″ – $10-50 (RARE)

Agora, uma dica pessoal: quando eu tava começando, minhas lentes eram as mais variadas, com roscas totalmente diferentes. A Hypergonar era 77mm, o Kowa era 72mm, Isco54 eu reduzi pra 86mm, sem falar no Isco Widescreen que era 67mm, ou o Panasonic, em 105mm. Uma solução é comprar filtros de vários tamanhos e trocentos anéis adaptadores para fazer os encaixes, mas isso acaba sendo muito demorado e exige um grande volume tanto de filtros como de step rings. O que eu resolvi fazer – e mantenho até hoje – foi comprar close ups sem rosca.

Os mais adequados são os chamados Series 9, que medem aproximadamente 83mm de diâmetro. Quando você tem os vidrinhos, é só providenciar o adaptador adequado. No caso da Series 9, os adaptadores eram fabricados pela Tiffen e Kodak em tamanhos variados de 67mm a 86mm. Ou seja, dá pra usar o mesmo filtro em lentes com roscas diferentes (67mm, 72mm, 77mm, 82mm e 86mm), cobrindo quase todas as opções de anamórficas por aí. Dá algum trabalho encontrar os anéis adaptadores, mas eles saem bem baratos quando aparecem. São compostos de dois anéis de alumínio onde um rosqueia na frente do outro, sanduichando o vidro entre deles, e depois encaixando na lente, como se fosse um filtro normal.

Até hoje mantenho meus close ups Series 9, e adquiri também alguns enormes, de 4.5″ (quatro polegadas e meia, aproximadamente 114mm), para os quais fiz adaptadores especiais – inspirados nos da Tiffen e Kodak – a fim de utilizá-los com segurança no Panasonic LA7200, Century WS-13 e Iscorama 54, que tem elementos frontais muito grandes para os Series 9.


Os adaptadores especiais, roscas de 95mm e 105mm/strong>

Esse post é uma espécie de tradução desse meu tópico no fórum EOSHD.

Anamorphic Day-to-Day

[Anamórficos XXI] – Flare Factory58

July 10, 2013

O que diabos é esse negócio de Flare Factory58? Como o nome já sugere, a lente tem, entre suas características mais fortes e marcantes, os flares produzidos. Mas que diabos de fabricante é esse? Bom, na real, o fabricaaaante, no sentido mais verdadeiro da palavra, a empresa que corta o metal e o vidro, não existe mais. Todas as FlareFactory são remanufaturadas. São uma mistura de modificações executadas – até agora – numa Helios 44 (58mm, f/2, M42), por uma empresa chamada Dog Schidt Optiks.

Entre essas mudanças constam alterações no contraste, na abertura, na pintura externa e, mais importante, nos flares. Essas lentes produzem flares coloridos. É só olhar pra dentro da ótica na foto abaixo que já dá pra ter uma noção da loucura. Atualmente eles fornecem as lentes com encaixe Canon EOS e Arri PL.


Imagem: Dog Shidt Optiks

Por muito tempo fiquei me perguntando como diabos isso só afetava os flares, e não pintava a imagem toda de uma cor só, como se fosse um filtro, afinal, parece que é o vidro que tá pintado ali dentro, não é? Pois bem, só depois de analisar com calma muitas fotos e conversar com Rich – camarada que encabeça a iniciativa – é que entendi que na verdade o que está pintado (com uma tinta automotiva que nunca seca completamente) são as paredes internas da lente, que normalmente são pretas justamente para impedir reflexos da luz que incide sobre elas. Como agora são coloridas, esses reflexos se manifestam como cores, que só aparecem quando a luz cai matando lá dentro. Pra ver (literalmente) como isso funciona, o vídeo abaixo é bem eficiente.

Outra modificação possível, além de escolher a cor dos flares, é a modificação da abertura. Vocês podem se lembrar disso a partir desse outro post, onde contei que abri umas lentes e arranquei fora as lâminas. O que a galera da DSO faz é colocar formatos diferentes, além do oval anamórfico. Assim como as minhas, isso faz com que a abertura fique travada para sempre num único valor. Eles também propoem uma modificação que abre quase um stop de luz, chamada Quasi f/1.5, através da remoção das lâminas. A questão é que o contraste acaba sendo reduzido drasticamente também.


Imagem: Dog Shidt Optiks

Essa brincadeira toda começou quando o Rich anunciou no fórum EOSHD que estava desenvolvendo lentes especiais, a partir da Helios 44, para melhorar o resultado obtido com os adaptadores anamórficos da Century Optics, Optex ou Panasonic. Com essas lentes seria possível obter o desfoque ovalado, além dos flares coloridos que unificam o look. Foi uma dessas que eu peguei, assim que foi disponível: flares azuis e abertura oval. Felizmente consegui fazer o pedido antes de eles fecharem por excesso de pedidos, justamente para não manter a galera em fila de espera. Agora eles fazem reservas por email.

O preço da lente é alto, em comparação com uma Helios comum, mas aceitável, quando se leva em conta o tanto de modificações – não falei de todas – e como isso torna cada lente única. A unidade sai por £100, que equivale a praticamente R$340. Tive GRANDES problemas com os Correios, porque o pacote ficou desaparecido por praticamente um mês entre a Inglaterra e o Brasil, mas no fim das contas, depois de muita espera, a lente chegou sem defeitos, funcionando maravilhosamente bem.

Vou colocar abaixo alguns links úteis fornecidos pela DSO para os interessados nas lentes, porque tem muito detalhezinho que iria prolongar demais esse post!

INFO

Mais informações, do fabricante, sobre as lentes, uma visão mais geral, falando dos processos de fabricação e objetivos do produto.

FAQ

Perguntas mais frequentes feitas por possíveis consumidores ou dúvidas bem plausíveis a partir da descrição da lente.

OPTIONS

Afinal, a tão alucinada lista de modificações possíveis. Atente que muitas delas permitem graus de intensidade diferentes!

Quando o Rich tava fazendo seus testes e divulgando as lentes, a maioria dos vídeos e fotos eram “cat test shots”, ou seja, coisinhas envolvendo gatos. Quem sou eu pra quebrar essa regra? Vão aí embaixo uma série de fotos feitas com os gatos aqui de casa, com muito sol entrando na lente. Algumas fotos estão sem flares, só pra dar uma noção comparativa entre as duas situações. Dá pra ver os ovais desfocados também!




Nesse segundo bloco de fotos, a lente está acoplada a anamórficas. Ou Century ou Isco Widescreen 2000 (como citado nesse post) e ambas funcionam muito bem. Claro, o uso de close ups é forte. Nessas aí tinha um Fujinon +1.25 e um Minolta +0.4, ambos de qualidade bem acima da média. Ah! Só a primeira foto não é anamórfica, também para critérios de comparação entre os dois casos. Acabei não conseguindo flares nessas, juro que tentei.







Conversando com Rich, ele me disse que lentes mais longas são mais fáceis de modificar para a criação de FlareFactories com outras distâncias focais (sei que eles já têm algumas outras em fase de testes), mas que grandes angulares complicam um pouco as coisas. Sugeri a bendita da Pentacon 29mm que modifiquei por conta própria, assim como uma 35mm que me foi indicada mas não tive chance de testar. Acho que ambas estão bem no limite aceitável para o Century em relação à 5D e vinhetas.

TRUMP 58

Por fim, um último item, que é a Trump, uma versão totalmente nova para a “casca” da lente, feita sob medida para a FlareFactory58, com engrenagens para follow focus, 270 graus de giro de foco e aberturas intercambiáveis através de um (simples?) processo. Como já está entendido nesse outro tópico, o pessoal da DSO tá na onda de desenvolver sua própria anamórfica, e aposto que a Trump é a forma de já criar uma série de primes para serem acopladas perfeitamente.

Se ainda estiver muito curioso, você pode ler aqui uma outra review dessas meninas, feita por Rob Bannister, no Canadá, com vários testes e comentários. Rob tem duas lentes, uma com pintura alaranjada e outra neutra, ambas para serem combinadas com um Iscorama 36.

Anamorphic Day-to-Day

LOMO 35OPF18-1 20-120mm T/3.3

July 5, 2013


Comparação com a 70-200mm f/2.8 IS II Canon.

Olha o tamanho desse brinquedo. Pesa uns seis quilos e é muito maravilhosa. 20-120mm, f/2.5 mas T/3.3. Tem um adaptador macro traseiro embutido que permite foco a distâncias absurdas – se eu encostar o dedo no elemento frontal da lente e girar o adaptador macro, dá pra focar na minha impressão digital. Sério! De acordo com pesquisas e fontes diversas – nada escrito, só depoimentos de amigos virtuais -, essa LOMO é cópia de uma Cooke, fabricada no fim da década de 80 e início da década de 1990, com padrões de qualidade muito superiores às suas predecessoras (como a Foton, que eu não canso de martelar). Essa foi fabricada em 1988, serial 880009. A título de curiosidade, todas as zooms russas atendem pela abreviação OPF que, em russo, significa “Objetiva com distância focal variável”.

As imagens produzidas pela bazuca são incrivelmente suaves e cinematográficas. Seguem algumas amostras dela combinada com uma 7D. Infelizmente – mas já esperado – ela vinheta na 5D, porque foi projetada para filme 35mm. Samples num próximo post, porque a 5D tá em casa e eu tô no Arraial…









Para nossa felicidade, ela veio com um adaptador anamórfico traseiro que elimina todas as características de anamórficos frontais, mas mantém a compressão. Foi uma medida temporária desenvolvida quando o padrão das telas virou widescreen, mas fabricar novas lentes ainda seria muito caro. Vieram então esses adaptadores. O dessa é de 2x e transforma a menina em uma 40-240mm na vertical, enquanto mantém 20-120mm na horizontal. Com esse adaptador ela preenche a mesma porção do sensor da 5D, só que com mais informação espremida. Assim, usando o MagicLantern em raw, posso selecionar para gravar só essa porção com imagem, à lá Alexa 4:3, e esticar para 2.66:1 tranquilamente. Já é mais que cinemascope, mantendo alta qualidade de imagem e usando a 5D.


O pepino – temporário, espero – é que a traseira anamórfica não encaixa no adaptador OCT-19 EOS. Preciso tirar uns poucos (dois ou três) milímetros do fundo pra dar certo. Só estou aguardando a resposta de Olex, confirmando se a peça “gorda” é só metal (acredito que sim) ou tem vidro muito próximo. Assim que tiver essa confirmação, começo os cortes pra tudo funcionar dentro dos conformes e ter uma lente anamórfica de cinema de verdade!

Anamorphic Day-to-Day Tudo AV

[Anamórficos XX] – Combinações Ideais.

July 4, 2013

Viemos pra Salvador nesse fim de semana. Estamos imersos no Arraial e aproveito a ocasião pra conduzir diversas experiências com nossas queridas lentes estranhas. Terei grandes novidades quando a temporada acabar, então é bom fazer esses testes logo! Essa primeira não tem nada de anamórfica, mas gostei muito do look, é uma lente de cinema mesmo, russa, LOMO, que não opera muito bem na 5D, mas contornamos as limitações para essa foto. Dá pra ver um tanto de vinheta nas bordas, e o foco máximo antes do elemento traseiro chegar no espelho é de mais ou menos 1m. O desfoque dessa lente é uma coisa linda e abençoada. Reparem nas luzinhas suaves lá no fundo, e na modelo incrível em foco na frente!


LOMO OKC11-35-1, traduzindo: 35mm T/2.2, OCT-19

Agora vamos às combinações ideais. A idéia desse post é explicar porque algumas lentes formam bons pares (esférica e anamórfica), aproveitando as características mais fortes de ambas as partes.

Mir-1B + Century Optics (1.33x)

Uma das minhas favoritas, já tem algum tempo, é a Mir-1B (37mm f/2.8) e o Century. Com ela, a gente tem algo perto de 24mm na horizontal, que já é bem grande-angular, e um pouquinho de vinheta nas bordas. Acho que a combinação é boa porque é praticamente o mais aberto possível de se chegar com o Century, enquanto mantemos uma profundidade de campo decente, e aproveitamos as diferenças visuais proporcionadas por grandes-angulares, como a desproporção entre assuntos mais próximos e mais distantes da lente.

Para planos mais distantes, não são necessários close ups, e quando a ação se aproxima da câmera não há nada que o dióptro certo não resolva – o que não é um fator negativo de forma alguma: as características do anamórfico são acentuadas com o bom uso de close ups. Infelizmente o Century não produz um desfoque ovalado, mas os flares são inconfundíveis: linhas azuis bem fortes e saturadas, numa pegada quase sci-fi futurista.

Um dos pareamentos mais leves de todos, ambas Mir e Century são levinhas, não passando dos 400g quando combinadas.




Jupiter 9 + Kowa for Bell & Howell (2x)

A próxima dupla é uma que já não tenho mais, mas era tão incrível que foi o grande motivo pelo qual demorei tanto de vender o Kowa Bell & Howell. Combinado com a Jupiter 9 (85mm f/2), o resultado era arrebatador. O grande ponto fraco dessa dupla é a necessidade de fazer foco separadamente em ambas as lentes. Isso consumia um tempo infinito – nunca peguei a prática de verdade – e por isso nem sempre ficava perfeito. 85mm também é o mínimo necessário pro Kowa não criar bordas pretas na imagem, e a imagem resultante equivale a algo perto de 40mm na dimensão horizontal.

Os flares do Kowa, por sua vez são quentes, amarelo alaranjados e menos definidos que os do Century, por exemplo. Combinada com close ups, essa dupla de lentes produz imagens verdadeiramente cinematográficas (dá pra ter uma noção disso com os meus exemplos fuleiros logo abaixo). O desfoque ovalado é acentuado com os close ups. Foi meu único flerte sincero com a janela de 3.56:1, que de tão comprida mais parece uma tirinha. Ainda gosto bastante do desenho e devo retomá-lo com as LOMOs: acho que combina muito com épicos e boa decupagem.


Kowa for Bell & Howell + Helios 44-2 Flare

Além de todo o resto, o peso dessa dupla já é bem maior, afinal tanto o Kowa como a Jupiter são pesadinhos, totalmente metálicos e resistentes. Combinadas, acho que ficam na casa dos 750g.





Helios 44 + Isco Widescreen 2000 (1.5x)

Juro que não foi proposital escolher lentes com stretches diferentes, mas acabou acontecendo! E o mais curioso, cada uma delas com a menor distância focal sem vinhetas. Anyway, retomando o assunto, assim que o Isco Widescreen 2000 chegou, testei pareá-lo com a Helios e desde então eles quase nunca se separam. O próprio visual do conjunto é de uma peça só, e não duas lentes conectadas, não acham?

Apesar do foco fixo (entre 6m e o infinito), a qualidade de imagem do Isco é muito superior à do Century. Com uma adaptação pra utilizar close ups, ele fica imbatível, especialmente em grandes aberturas, onde a maioria dos anamórficos sofre. Uma vez que seus elementos são circulares (os do Century são quadrados), ele já produz o desfoque ovalado tão desejável. Para planos próximos, com o uso de close ups, essa característica é evidenciada em imagens realmente cinematográficas.




Por ser uma lente mais nova/moderna, ela é multicoated, o que acaba influenciando terrivelmente nos flares. É bem difícil de conseguir borrões de luz nesse Isco, mas quando eles aparecem são bonitinhos e azuis. Como essa lente em particular tá meio desgraçada – separação nos elementos traseiros, decorrente de impacto, antes de chegar até mim – ocasionalmente aparecem umas manchas brancas quando a luz entra direto na direção do sensor, por se espalhar toscamente nessa área de separação. Fora isso, flares laterais funcionam direito, especialmente com lanternas potentes.

Apesar de o Isco ser mais pesadinho, a Helios é extremamente leve, e esse kit tem o peso de aproximadamente 450g.

Pra fechar o post, uma coleção inspiradora de um coleguinha do exterior. Não dá nem pra calcular direito o valor somado das lentes nessa foto, mas garanto: dá pra comprar um carro popular. Quem me dera fossem minhas!