Day-to-Day

Andi’s Room.

July 20, 2014

Nesse primeiro Term, na VFS, a gente tem muitas matérias técnicas. Ferramentas pra atingir resultados. Acho que a única matéria que não é técnica, é mais criativa, é Design 1. Nela, desde a primeira aula, estamos, divididos em cinco grupos de cinco ou seis integrantes, trabalhando na criação do estilo visual para uma animação cartunesca, que é resultado de uma mistura de Cloudy With a Chance of Meatballs e Super 8. É uma história com crianças e alienígenas, ambientada numa cidadezinha montanhosa do Canadá, Ladner (que na verdade tem o visual da cidade real de Revelstoke, e não da verdadeira Ladner), enfim. Recebemos um briefing, e cada equipe é responsável por criar os cinco personagens e um ambiente onde acontecem cenas importantes.

Nossa equipe, de número 2, ficou responsável pela casa e quarto de Andi. Andi é uma menina que vive com o pai, nos subúrbios da cidade, num loteamento barato, e mora no porão, onde fez seu quarto improvisado, dividindo espaço com o aquecedor e outras utilidades da casa. Andi não é muito sociável, gosta de fotografia e explora a cidade e seus arredores pegando carona. Ela não liga para seu visual, e poderia ser confundida com um garoto.

Na divisão de tarefas, cada integrante do grupo ficou responsável por desenvolver um dos personagens e, como temos seis pessoas, um seria responsável pelo desenvolvimento dos ambientes (o exterior da casa da garota, seu quarto no porão, e o banheiro, onde ela improvisou um estúdio de revelação fotográfica). Na primeira entrega, só precisávamos apresentar referências, então fiquei num papel meio de coordenar a equipe pra não faltar nada, e responsável pelo visual de um dos personagens. O resultado não foi muito legal. Na verdade, no geral, a gente ouviu muitas críticas e ganhamos sugestões de mudanças drásticas. As referências para o ambiente eram essas aqui embaixo. Os professores apontaram que a casa tava muito curta, o quarto não parecia um porão, ou improvisado, e não tínhamos nada representando o darkroom.

Para a segunda entrega, essa de forma não-oficial, eles só precisavam ver nossos esboços pós-críticas, e dar dicas do que desenvolver mais, ou o que mudar, para a segunda entrega oficial, que é nessa terça feira. Dessa vez, troquei de papel com o bróder que fez o ambiente, e agora ele ficou responsável por Eli, enquanto eu era o encarregado pelos ambientes.

Lembram quando eu tava declarando meu ódio pela pintura do escorpião robô? Então, com desenho eu tenho mais ou menos a mesma birra. Eu sei que não tá ficando bom, e isso dá uma desanimada enorme pra seguir adiante. Semana passada peguei várias horas durante o Sábado e Domingo, e fiquei rabiscando os três lugares. No fim, achei que eles tinham problemas, mas o visual estava consistente, sem estar demasiado pobre. Perspective is a bitch, então tava tudo torto mesmo, e assumi isso. Eram só esboços, então foda-se. O mais relevante, nesse tempo, é que eu realmente me diverti desenhando, e me sinto muito mais à vontade desenhando retas e coisas inorgânicas do que pessoas, ou poses. Ó aí o que saiu, se liga em como essa casa tá torta!

Como a casa tava ridiculamente torta, e a entrada do quarto da menina tava difícil de ver, adotei esse ponto de vista meio em primeira pessoa, com distorção de lente. Nessa hora, a experiência de fotografia ajudou um bocado, e segui a mesma linha para as internas.



No feedback dos professores, eles gostaram do nível de detalhe, apontaram umas questões estruturais na casa, várias alterações no quarto – tava tudo muito amontoado, e difícil de separar. Na realidade, Andi tinha mais ou menos metade do porão, e o resto do espaço é onde ficavam as tranqueiras da casa. Eles também sugeriram modelar os lugares no Maya, pra pegar os traços, perspectiva e dimensões, e depois desenhar com base nos modelos.

Quando chegou Quintafeira, resolvi tentar essa brincadeira, e fiz os modelos mais porcos do mundo, pra ter o que seguir. Não respeitei nada que diz respeito à um modelo organizado, ou limpo, e tenho muitos choques de linha, coisas tortas, faces faltando, enfim, mas conseguia ver o que queria, pra traçar em cima. Comecei com a casa. Depois de mais de uma hora apanhando do Maya, consegui renderizar com linhas e jogar o treco no Photoshop. O modelo e a primeira versão do traçado estão a seguir.


Isso foi na Quinta. Na Sexta, conversei com o resto da equipe, e pedi opiniões de pessoas que manjam de desenho, pra ver o que podia melhorar. Aí fiz uns ajustes e a versão final é essa aqui:

Aí, ontem o Paul – que foi uma das pessoas que pedi opinião, e que deu uma puta ajuda – precisava tirar umas fotos de textura pra um exercício dele, e combinamos de fazer isso juntos, aqui em downtown. Quando ele chegou eu tava terminando de modelar o quarto. Mostrei a casa finalizada, e ele ficou um tempão me explicando coisas de perspectiva, desenhanho, apontando, e provando que faz sentido, além de não ser impossível de dominar. Saímos, passamos horas na rua tirando fotos de becos, prédios, ruas, carros e tudo mais. Conversamos mais uma pá sobre desenho, perspectiva, e ele me passou várias técnicas pra melhorar o traço, e dominar melhor essa arte, afinal, uma pessoa que trabalha com imagem e sabe rabiscar coisas sensatas é mais apta a se expressar, do que outra que só consegue usar as palavras.

Voltei pra casa de noite, e terminei de modelar a parada.

Aí comecei a desenhar. Tinha um pedaço tosco, voltei pro modelo, redesenhei, terminei. Depois fui ajustando umas linhas, pra ficar mais bonito.

Depois de mais bonito, e tudo certinho onde deveria estar, fui brincando e colocando detalhes, coisas que caracterizassem o espaço como o quarto de Andi, e não um lugar aleatório, num porão. Quando já eram 2:40 da manhã, cheguei na versão final – enquanto conversava um monte com o Paul, mandando screenshots, e ele mandando screenshots do que tava fazendo lá, trocando opiniões em tudo.

O darkroom era o desenho que eu mais gostava. Achava que não dava pra melhorar a atmosfera que tava ali, e fiquei enrolando vários minutos até começar a modelar. Por fim, resolvi seguir um enquadramento bem parecido, e colocar mais detalhes, e de forma mais civilizada que no desenho original. Quando fui dormir, umas 3:30am, já tinha terminado, e esse tinha sido bem mais fácil – e mais limpo, em termos de modelo – que os dois anteriores.

De noite, sonhei com esse diabo de desenho, e ficava acordando o tempo todo, pensando que tinha esquecido de algo, que tinha perdido o prazo, etc, essas coisas normais de aflição com o trabalho. Depois de acordar às 6h30, 7h20, 8h40 e 9h30, resolvi levantar. Mal tomei café, e já tava desenhando. Esse foi mais demorado pra traçar. Tinha linhas mais longas, uma perspectiva mais louca. Depois de um tempo, já tava achando que o traço tava ficando limpo demais, e comecei a sujar. Não tive uma etapa intermediária, e depois de traçar as linhas principais, fui entupindo de detalhe. E ESSE TEM MUITA COISINHA.

Por fim, pra dar um clima de darkroom, fiz uma versão pintada de vermelho, com vinheta pro escuro. Na outra semana a gente deve colorir as coisas, e fazer as alterações sugeridas, então isso já é meio que um preview do que vem por aí, mas que vai contar com sombras muito mais trabalhadas – afinal, esse não tem nenhuma sombra mesmo!

Agora chega de desenhar por hoje – ou, pelo menos, pelas próximas horas. Tenho que almoçar e modelar uma garrafa de whiskey.

  • May Guimarães July 20, 2014 at 9:38 pm

    aiiiii *___________*