Day-to-Day

Cuidado: Frágil! – Background 01 – O Roteiro

September 28, 2008

Estava a conversar com Diego, sobre o curta, tudo que deu certo e o que deu errado, quando me veio na cabeça escrever sobre os momentos de produção deste que foi meu último “trabalho” em terras soteropolitanas. Como também sinto falta de postar no blog da PBP, vou fazer um post meio gigante, narrando toda a história da produção. Dia por dia. Fase por fase, ETAPA por ETAPA.

Vou falar tudo que se passou por trás do filme, todos os pensamentos, ah, TUDO. Vocês entenderam o espírito. Alguns fatos podem não ser perfeitamente encaixados nas datas, mas estou me esforçando pra acertar todas.

Era uma tarde de segunda feira de Julho. Dia 07, para ser exato. Eu estava na casa de tia Ká, não me lembro mais por que motivo. Provavelmente buscando alguma encomenda. Então, no elevador, fiquei olhando para a câmera de segurança.

Algum tempo antes, logo que Fê e Ká se mudaram para aquele prédio, ela me mostrou que dava pra assistir as câmeras de segurança pela televisão, ver quem tava no elevador, na garagem, etecétera.

Enquanto encarava a câmera, pensava. “Quantas pessoas será que estão me assistindo nesse exato momento? Provavelmente nenhuma. Será que alguém fica fazendo isso o dia todo?”. Essa foi a semente. Enquanto fiquei por lá, conversando com minha tia e com Mel, imaginei uma garota que passava seus dias assistindo aquele canal da câmera de segurança dos elevadores, e se utilizava disso, junto com um tanto de charme, para conseguir os homens que queria, escolhidos a dedo.

Na saída, eu estava carregando caixas. Era isso que eu tinha ido buscar. Uma encomenda, numa caixa grande. E aí veio o segundo estalo do filme. O truque dela seria baseado em caixas. Ao chegar em casa, comentei com Lila que tava com uma idéia pra um curta, e falei que ia escrever o roteiro.

Nessa mesma noite, escrevi a primeira versão do dito cujo. Era algo bem precário, e ainda cheio de furos. Os diálogos não existiam também, só os assuntos que seriam tocados. Levei algumas horas pra fazer isso. Nada de estrutura ainda. Só alguns comentários sobre câmeras, e os personagens. Vamos entrar em mais detalhes, sim?

Em sua essência, o filme é conduzido por câmeras de segurança, imagens de elevadores. Coisas comuns, que qualquer um poderia estar assistindo, mas não o faz, por não ver conteúdo. Esses “olhos vazios” guiam a história adiante.

No lado dos personagens, temos uma garota que não conhece o “amor” própriamente dito. Ela até o entende, mas não o conhece. Só fica com a parte do prazer. No mundo em que vivemos, ela inclusive seria o sonho de qualquer rapaz. Só o prazer, sem nenhuma idéia de compromisso. Enquanto escrevia, essa personagem ia se moldando ao redor de uma pessoa em particular que tinha pincelado a minha existência. Mais para frente, saberão quem foi.

Contracenando com ela, temos o “rapaz escolhido da vez”. Ele cai no truque. Simples assim. Quase simples. Não é o tipo de rapaz que você encontra em qualquer lugar por aí. Também foi baseado em uma pessoa real. No caso, esse eu digo de antemão que eu era a fonte de inspiração. Hahahaha. Meio egocêntrico, mas… sigamos adiante.

Para quem assistisse o filme pela primeira vez, parece que se trata de um encontro aleatório que dá muito certo, iniciando uma linda história de amor. O final derruba essa idéia, com uma pitada de comédia e interação entre personagem e espectador.

No geral, pode-se dizer que Cuidado: Frágil é um filme sobre relacionamentos, sobre amor, sobre elevadores, caixas e câmeras de segurança. Também fala como a convivência nos tempos atuais é tão intensa e efêmera, quase banal. É um dos roteiros que eu mais gostei de ter escrito e acredito no potencial dele.

Então, aí estava eu. Um roteiro parcial pronto, às onze da noite. De uma quinta feira. Não sei se vocês já passaram por coisas assim, mas, quando você escreve algo, pra levar a sério, e precisa de uma opinião externa, sacam? Então, entro no MSN, e quem encontro? Vick, e Juliana. Eu não falava com Vick tinha muito tempo. Mas, ela ia ter que me aturar! Expliquei que tava trabalhando num roteiro novo, um último antes de vir embora, pedi uma opinião pra ela. Ela disse pra mandar o referido. Mandei. E Juliana, ah, mandei o arquivo e disse que era uma idéia de roteiro.

Não demorou muito, as duas responderam que gostaram da idéia. Juliana já começou a pensar no que tinha que providenciar, e Vick perguntou quando eu pretendia fazer os diálogos. Respondi que não sabia. Fazer as duas partes de um diálogo é bem complicado, ainda mais quando não se sabe discorrer sobre os assuntos. Ela riu. Perguntei se ela não topava me ajudar. “Tudo bem”. Já tava muito tarde, decidimos deixar pra a próxima oportunidade. Fomos os três dormir com o tal roteiro na cabeça.

Depois de escrever a primeira versão, não mexi mais no projeto até o dia seguinte, quando vi um panfleto do evento que mudou minha vida, da Computação para o Audiovisual. O Festival Dos 5 Minutos. Era isso. Eu tinha que fazer esse filme como minha última obra em Salvador, com a equipe que eu queria, tudo perfeito, custasse o que custasse, pra concorrer no festival!

Não sei quantos já estiveram envolvidos numa produção decente, mas, alguns pontos são fundamentais. Elenco, equipamento, tanto de som como de vídeo, locações, transportes, ensaios, fotos, trilha sonora e a produção de tudo mais que for necessário no dia, que, no nosso caso, eram as caixas. Parece bastante? Pois bem, é MUITO mais do que você imaginou.

Na noite seguinte, lá estava eu, encarando minha ‘semi-página em branco’, concentrado em começar os diálogos, mas completamente emperrado, quando pisca uma janelinha de MSN, de alguém falando comigo. Vick. Genial. Ela pergunta se dá pra a gente fazer as falas do roteiro agora. Respondo que tava começando a tentar. Rimos, os dois. Discutimos um tanto sobre os personagens, terminamos de criá-los, em seus mínimos detalhes. Suas vidas, suas maiores alegrias e tristezas, cores e comidas favoritas, hobbies, etc…

Até então, eles se chamavam “Ele” e “Ela”. Pra avivar o diálogo, provisoriamente passamos a chamá-los de Ulisses e Lóri, do Livro dos Prazeres. Depois do briefing, passamos para o diálogo. Vick fazia as falas de Lóri, eu, as de Ulisses. A qualquer momento, um podia opinar na fala do outro, sempre entre parênteses, como sinal de “em-off”. De uma levada, conseguimos fazer todos os diálogos. E olha que não foi fácil. Tinha tempo que eu não conversava tanto com a senhorita Vasconcelos.

Depois dessa primeira versão dos diálogos, no dia seguinte, parei por mais algum tempo para amarrar algumas pontas soltas, e terminar de fechar o roteiro. Vale lembrar que não tínhamos um título ainda.

O título apareceu enquanto eu voltava pra casa, num engarrafamento particularmente longo e chato de fim de tarde de sexta. Estava pensando em tudo que faltava, pra terminar o roteiro, quando concluí que precisávamos de um título. Depois de coisas como “Caixas”, “Amores e Elevadores”, “Caixas e Elevadores”, “Desconhecidos”, e mais bizarrices, ele me apareceu, brilhando em letras douradas: “Cuidado: Frágil”. É perfeito para a história. Bate perfeitamente com as caixas, numa referência direta, e também envolve o relacionamento, que é frágil, curto, breve e sem consistência, e além disso, inclui a mocinha, que, por trás de todo aquele “não-amor”, era frágil e delicada.

Pensei um bocado e, por fim, concluí que é melhor não colocar o roteiro aqui. Ele ainda vai sair do jeitinho que a gente sonhou.

Depois de mandar pra Vick e Juliana, e finalizar o bichinho, mandei para algumas várias pessoas cujas opiniões eu considero bastante, e só obtive boas respostas. Decidi seguir adiante. Vale ressaltar que entre a primeira versão e a versão final, tivemos quase uma semana de desenvolvimento, um bocadinho a cada dia.

A partir daqui começa a “produção” propriamente dita, então, essa parte já estará no próximo post!

Aguardem, e verão!

Ah, a marca do filme surgiu pouco mais de uma semana depois do primeiro rascunho de roteiro, sendo concluída no dia 15 de Julho. É essa famosa aí embaixo.

  • Jumô September 28, 2008 at 2:06 am

    tá no começo, as coisas tão lights. vamos ver mais pra frente! hahahahhaha ;)

  • Jupê September 28, 2008 at 4:27 pm

    oh semaninha infernal a de pre-producao..

  • Vick September 28, 2008 at 5:29 pm

    Nem fale…mas se não fosse esse curta,