Queria ter escrito isso no dia das eleições propriamente ditas, mas acabou não rolando. Escrevo hoje, então.
Nesses dois anos em São Paulo, já tive que justificar votos duas vezes. Não sei se é a cidade, o bairro, ou o processo mesmo, mas ‘não-votar’ é mais simples que votar. É só você ir lá, com um papelzinho preenchido que você pega na internet, com seu título de eleitor na mão, entregar para um camarada sentado numa mesa, e pronto. Ele te devolve o canhoto e você tá liberado. Não leva nem cinco minutos, contando a partir do instante que você entra até o segundo que você sai.
Isso é meio estranho, não? Digo, exercer seu dever como cidadão devia ser mais simples do que ‘não-exercê-lo’. Até evitei entrar no tema de “políticos” por aqui, por acreditar que isso é muito pessoal, e que estamos bem perto do fundo do poço com sujeitos como Tiririca sendo eleitos com quantidades avassaladoras de votos.
Quando era menor (antes de tirar Título de Eleitor), me lembro de quase todas as eleições, porque meus pais sempre levavam a gente para votar. SEMPRE. Não era permitido ficar em casa. Era sempre um dia muito ensolarado, e a gente ficava lá, com papeizinhos na mão, cheios de números naquela fila imensa que subia vários andares até chegar numa sala de aula, transformada em espaço para votação. Eu e Lila sempre entrávamos com nossos pais – um de cada vez, claro – para apertar os números na urna, de acordo com as indicações deles. Era a parte mais divertida do dia, e depois a gente sempre tomava um sorvete antes de voltar pra casa, a pé.
Lembro claramente da noite em 2002 na qual acompanhávamos, perto da praia, um painel que transmitia ao vivo a contagem de votos das urnas. A noite que Lula foi eleito para presidente. Foi um grande dia de festa.
Hoje eu olho ao redor e vejo que muitos dos meus colegas menores de dezoito ainda não têm Título. Olho pra trás e realmente não sei o que me deu na cabeça, talvez as companhias, ou a educação, mas tirei meu Título aos dezesseis, justamente porque queria votar nas próximas eleições, isso foi em 2006. Votei em Lula, colaborando na sua reeleição, e não me arrependo nem um pouco. Até hoje gosto muito do sujeito.
Só de falar em política, fico aborrecido em quanto nós, cidadãos comuns e honestos, somos prejudicados por tipos que andam pra lá e pra cá na Capital Federal. Melhor parar por aqui mesmo, pra não cair no clichê e acabar perdendo meus (poucos) leitores.
esse ano eu fui votar ‘sozinha’. estranho… cheguei cedinho e fui a segunda a votar na minha sessão. na minha frente votou um menininho vestido de super-herói (botas e capa) – digo que foi ele que votou porque foi quem apertou os botões da urna, mas estava com o pai (suponho que fosse o pai). imagine a minha recordação de umas pessoas e de um tempo…
Lembro da gente correndo a pé pelas mãos e contra mãos da paralela para tirar o título!
Idem! Hahaha! E o prédio do TRE, que para mim até hoje tem imagem de circo, preenchido com grandes salas vazias.
A gente tem um bocado de história correndo pela Paralela, hein?