Day-to-Day Tudo AV

Fatalmente Sua.

July 20, 2013

O texto abaixo foi escrito em 07 de Março de 2013. Acrescentei mais um pedacinho no final, mas tá identificado com data e negrito, então não dá pra misturar.

Um dos trabalhos mais inusitados, recompensadores e corridos que já tive, fazer o clipe da música de quase cinco minutos, totalmente em animação no After Effects foi um desafio e tanto. Esperar o lançamento – e ser pago – foi um desafio a parte.

Tudo começou há exatamente um ano, quando no dia 07 de Março eu recebi um email de uma moçoila chamada S. (o nome foi omitido por conta de um acordo de não-divulgação), com o título de “UK/Dublin Kinetic typography project”. Levei alguns dias até conseguir responder decentemente, mas respondi. A partir daí, marcamos uma série de conversas pelo skype, assinei um contrato de sigilo, e recebi a música – inédita – Yours Always (que depois mudaria de nome), na voz incrível de Cali. A letra é da própria S., que foi me passando as referências. Tarantino, Kill Bill, James Bond, lots of blood and lots of strong images – resumidamente. Ela queria o clipe pro meio de Abril (de 2012), e eram muitos minutos de música. Consideramos cortar fora um pedaço, mas concluímos – ainda bem – que isso prejudicaria a obra.

E lá fui eu, para uma maratona insana e irresponsável, de animação. Tive quatro semanas pros benditos quatro minutos e cinquenta e um segundos de música. E deu certo. Literalmente foi meu emprego fixo. Eram pelo menos 12h por dia mergulhado no After. Como tinha sido logo depois daquela tipografia de Portal 2, já tava inspirado pra brincar com câmeras e luzes, mas acabei passando dos limites e fui complicando mais e mais e mais, até acabar com tudo, usando o Newton – um plugin que simula física, e é um vício. Durante esse processo, mantive as reuniões com S., onde ela ia assistindo trechos renderizados e mandando sugestões. Nesse ponto, tenho que agradecer muito a ela, porque tudo que eu quis fazer, ela apoiou. E até as referências mais sutis ou os detalhes que eu jurava que passariam despercebidos foram notados e comentados. Se isso não for trabalhar com total liberdade criativa, céus, o que será! O pagamento pode não ter sido lá essas coisas – o combinado original foi bem barato, fato, mas, em função dessa liberdade, senti que foi justo.

Aí começou a parte problemática do processo: o encerramento. E ainda era Abril de 2012. Cali ia se apresentar em Los Angeles, e a equipe aproveitou pra levar o clipe e mostrar para equipes de cinema em Hollywood. S. me passou os mais diversos feedbacks da galera – segundo ela, “os responsáveis por Sin City adoraram o resultado”. Eu gosto de Sin City – na verdade, deu vontade de assistir agora!

Depois disso, tivemos mais alguns ajustes, mas, em Junho (de 2012) o clipe estava finalizado, completamente fechado, e eles iam providenciar o pagamento. Essa parte demorou, e se arrastou. Muito. Até agora (Março de 2013)! Com o lançamento pelo VEVO – S. me mandou um email desesperada, falando que uma oportunidade única tinha aparecido e que precisávamos fazer um ajuste no vídeo. Ela deu sorte, porque eu tinha chegado de volta a SP há dois dias! Enfim, aí fiz os ajustes – era só trocar o nome da música e o selo da gravadora, que tinha mudado nesse intervalo, e mandar o vídeo pra eles. Qual foi meu pensamento? “Ah, vai pro VEVO esse negócio! Se, na pior das hipóteses, eu não for pago, pelo menos já é uma puta história!”

Uma coisa que me deixou muito feliz nesse vídeo são os comentários. Tem uma galera curtindo e elogiando e, bem, 110 mil visualizações já é mais do que muito filme nacional faz no cinema, então tá valendo.

Agora, ainda temos algumas reuniões, e estamos discutindo seriamente o futuro do projeto. Quem sabe não tenho um emprego garantido em Londres quando sair do CTR? Sonhar nunca me fez nenhum mal!

Trecho adicional, escrito em 16 de Julho de 2013.
Desde que escrevi o texto acima, tenho sido enrolado com frequência variável e não sei nada exato sobre o pagamento. O valor foi ajustado em relação ao que fora combinado lá no começo do processo, mas o vídeo já está no ar – então cumpri minha parte do acordo -, e meus emails ficam sem respostas claras, ou respostas que pedem paciência e mais tempo.

Valeu a pena o trabalho, mesmo sem o pagamento? Valeu, porque tenho orgulho do resultado, e aprendi infinitamente no processo. Vou continuar enchendo a paciência do povo irlandês, pra ver se chegam alguns dinheiros por aqui, afinal, desistir é complicado. Uma pena que o sonho não durou nem dois parágrafos!

Ah, a arte no começo do post também é minha. Teoricamente, feita para o lançamento da faixa no iTunes, que ainda não aconteceu. A anterior, feita por um sujeito X, irlandês, era muito sem graça, e S. perguntou se eu não tinha vontade de tentar capturar o espírito do clipe numa única imagem, usando uma foto de Cali. Esse foi o resultado, e gosto bastante também.

  • lud July 20, 2013 at 4:44 pm

    eu não consigo acreditar que essa mina não tenha o dinheiro para te pagar. que fosse do bolso dela. acho que você deveria taggear ela no fb e denunciar que ainda não recebeu. ela te pagaria rapidinho e muitos outros profissionais saberiam que foi você quem fez o trabalho e te chamariam.

    ainda que a experiência tenha sido válida e que tenha 120 mil views, seu nome não tá lá, ti e só seus amigos sabem que você fez. o crédito público era o minimo. enfim, desculpa a intromissão. só fico muito, muito indignada. é má fé. simples e direta. bjo