Day-to-Day

Fim de Semana de Filmagens.

January 20, 2015

Entre Sexta e Domingo, filmei quatro projetos de demo reel de pessoas diferentes – incluindo o meu – em locações totalmente diferentes, com estilos totalmente diferentes e diretores igualmente diferentes (“igualmente diferentes”? existe isso?). A sexta começou com aula, e depois cerimônia de graduação de uma turma (3D108). Depois, voltei pra retirar as toneladas de equipamento que eu tinha reservado pro meu set, e que ia usar partes nas filmagens dos outros também.

Eu e o Sean carregamos sacos de areia e prolongas pra casa dele, pra eu pegar no dia seguinte, e junto com o Petar, Pan, Clem e Bianca, carregamos dois kits de luz até o Seabus e fizemos a travessia para North Vancouver. De lá, pegamos uma carona com o primo do Pan, pra casa da tia dele, onde íamos rodar uns dez planinhos. A idéia é que fosse amanhecer, e já tava tudo escuro. Ah, o quarto era no porão, com uma janela que dava pra uma parede, com uma grade em cima, saindo pro quintal. Lá fomos nós, pendurar um refletor pela grade, pra luz rebatida entrar suave e funcionar como começo de dia. O Clem mandou muito bem na câmera, e os planos ficaram bem bonitos. Depois jantamos por lá, conversamos um bocado, desproduzimos e voltamos. Peguei um táxi de Waterfront pra casa, carregando todo o equipamento. Cheguei em casa umas 9h30 pm e tava acabado de cansaço.

De noite, dormi muito mal, preocupado com os meus planos, que ia rodar no Sábado de noite. Tenho a sensação de ter ficado metade da noite acordado, pensando nisso, em coisas que poderiam dar errado, e como resolvê-las pra nem dar chance de acontecer. No finzinho da manhã de Sábado, fui pra VFS, filmar com o Sean. Lá estavam a Rityka, Petar, Clem e Kaileene, que era a atriz do filme do Sean. No caminho pra escola, tive a idéia de adiantar uma etapa do meu projeto, aproveitando que a May já estaria com a gente pra fazer o photoscan dela na locação, então peguei o nosso greenscreen portátil pra carregar comigo. Enquanto o Sean imprimia autorizações de filmagem e as pessoas chegavam, o Petar dedicou vários minutos (e muitos metros de fita crepe verde) cobrindo a arma que seria usada nas filmagens, pra polícia não levar a gente em cana.

O dia foi bem nublado e escureceu cedo, mas conseguimos filmar tudo sem stress. Fui encontrar a May pra pegar o equipamento de som (estávamos filmando a duas quadras do campus dela), e depois reencontrar a equipe num café. Na saída, carregando uma porrada de equipamento, vejo meu ônibus passar. Saio correndo pra pegar o desgraçado e começo a contagem regressiva pra conseguir transportar tudo da escola pra casa usando um ticket só. Cheguei em casa, larguei tudo na sala e saí correndo pra pegar outro ônibus de volta pra escola. Pensei em avisar o vizinho, um papel falando que eram filmagens, pra ele não ficar alarmado com gritos. Por coincidência EXTREMA, encontrei o bróder DENTRO DO ÔNIBUS. Ele ficou super feliz que eu avisei. Da VFS, fomos para a casa do Sean buscar as coisas que tínhamos deixado por lá, e corri pra pegar o último ônibus de volta pra casa, carregando mais peso. Consegui não gastar mais bilhetes, mas foi por pouco: quando peguei o último ônibus tinha seis minutos pra usar o ticket!

Combinei com o Nicko pra vir aqui fazer som direto pra gente, o Petar veio dar uma mão em tudo que precisasse (ligar luzes, operar câmera, o que o plano pedisse). Começamos um pouco atrasados, mas acabamos antes do previsto, às 10h30 pm. Filmei em RAW, então foram toneladas de material. Lá pras tantas, ao invés de frio, a gente tava com calor. As luzes ligadas dentro do apartamento certamente colaboraram um bocado no processo. Tenho umas coisas de making of, e planos que deram errado que são ótimos pra compartilhar, mas preciso tratá-los primeiro, e tô com assignments mais urgentes pra fazer.

Acabamos de filmar de noite, e agora dependia do clima para ver se ia rodar no Domingo de manhã cedo ou não. Se estivesse chovendo ou com neblina, não ia rodar. Tinha deixado só alguns planos pendentes, que dependiam mesmo de luz natural, e de um horário muito específico de luz, entre 8 e 9 da manhã. Se eu tinha dormido mal de Sexta pra Sábado, acho que de Sábado pra Domingo eu só pisquei, preocupado com o que já tinha passado e com o que ainda tinha que fazer. Combinei com o Petar e o Nicko de chegarem por aqui às 7h20, e começamos a rodar pouco depois das 8h am. Aproveitando que o tempo tava BEM nublado, e a luz suave, levamos adiante o plano de fazer o photoscan da May em locação. Tinha uma caminhonete estacionada BEM NO MEIO de onde meu plano devia acontecer, mas deu pra contornar. Na verdade, se o plano der certo, esse carro vai ser um mega bônus em termos de coisas voadoras no final. Escaneamos ele também, por via das dúvidas.

Acabamos uns quarenta minutos atrasados em relação aos planos originais. A May tava liberada, mas pedi a ajuda do Petar pra fazer um photoscan do carro e HDRI da locação. Como eu tinha esquecido a 8-15mm em casa, voltamos acompanhando a May, e deixamos os equipamentos essenciais com o Nicko. Voltamos, torcemos pro carro ainda estar lá, e o estacionamento ainda estar vazio. Tudo certo. Chamamos o Nicko, ele desce sem os equipamentos, esqueceu em casa. Subimos com ele. Descemos, e tem um carro gigante, branco, estacionado na vaga mais importante pra gente tirar nossas fotos. PUTA QUE PARIU, SÉRIO?! VAI ME SACANEAR AGORA?!

Ficamos um pouco desesperados, consideramos escanear os dois carros e tentar separar depois, limpar o HDRI no Photoshop, escanear metade do carro e espelhar, várias loucuras. Depois de cinco minutos de crise, o dono do carro branco aparece, entra em sua SUV e vai embora. I-NA-CRE-DI-TÁ-VEL. Literalmente dou pulos de alegria. Enquanto o Petar se prepara pro photoscan, vou pro meio da rua fazer o HDRI (uma série de fotos no tripé, girando ao redor de um mesmo ponto). Ligo a câmera, tiro a primeira sequência (de seis), e começa a passar um monte de gente e um monte de carro. Fico indignado, desisto. O Petar tá no telefone. Espero ele terminar, e a rua fica deserta assim que tiro o tripé de lá. Volto pra tentar de novo, CARROS PACARAI! Tá me sacaneando, cidade dos infernos?! Dessa vez eu não arredo pé e todo mundo some em poucos segundos. Faço as fotos em tempo recorde. Depois disso, ainda vimos vários carros desistindo de entrar na rua porque a gente tava filmando/fotografando. Fiquei feliz com esse respeito (ou medo?) do trabalho alheio. Escaneamos o carro, são dez pras 11 da manhã.

O Nicko tá emprestando uns leds e circuitos pro Petar usar no reel dele, então subimos pra dar uma olhada nisso. Saímos, tô quase atrasado pra encontrar com a Rityka, pro reel dela. Passo em casa, pego o shoulder, câmera, baterias e lentes, descarrego o cartão e volto pra entregar as fotos dos scans pro Petar tentar processar qualquer coisa – a gente tava sem muita fé, achando que tava subexposto, e a May tava com roupas escuras, que também pioram os resultados. Enfim, entre ter chance de dar meio certo, e não ter nada, por não ter feito, escolhi ter chance. O Petar tá indo pro mesmo lado que eu, e vamos conversando até Waterfront.

Lá encontro com a Rityka e o Sean, pra ir pro Stanley Park filmar. Também tinha combinado com o Lucas Campos (AV12), que tá por aqui, de ir com a gente, pra conversar, e ver um set muito tranquilo. Pegamos o ônibus e a locação era DO LADO do ponto final, então nada de carregar peso até o meio do mato, ou congelar em Surrey. Fiquei muito feliz com isso! Armamos nossa bagunça e começamos a rodar. Acabamos relativamente rápido e os planos ficaram bem bonitos. O Lucas fez um monte de making of com a T3i da escola e me deu uma puta ajuda num plano de foco impossível, então tô devendo uma pro rapaz. Depois que terminamos, o Sean e a Rityka foram pegar o ônibus de volta pra escola e eu e o Lucas voltamos andando, carregando equipamento.


Conseguimos a proeza de andar vinte minutos na direção errada, e quase não achamos a saída do Stanley Park. No fim, saímos do lado oposto ao planejado, e tivemos que andar mais uma porrada até chegar na Davie de novo. Já tô sabendo de todas as últimas histórias do AV, rolês, tretas, greves, exercícios e professores. Sentamos pra conversar num restaurante japonês e é aí que o Lucas me conta que o Scavone (aka o orientador do meu TCC) usou meu TCC como base pro trabalho final de Imagem 4. EU NÃO SABIA DISSO! Fiquei muito curioso pra ler as análises da galera, e vou mandar um email pro Scavone, pedindo, de curiosidade mesmo. Isso é uma experiência nova, de ler o que alguém escreveu sobre algo que eu escrevi – e que não é só um comentário breve, e sim uma análise de algum ponto em particular do trabalho.

O apê onde ele tá ficando é no caminho pra minha casa, então nos separamos por lá e voltei pra cá com o resto das tralhas. Aí começou aquela parte do set que todo mundo adora, que é a desprodução. Como fui fazendo tudo correndo, a casa tava uma zona total. Aquela sensação imbatível de usar sua casa como base de produção, sabe? Refletores e tripé pra todo lado, cabos fazendo armadilhas pros distraídos, malas e mais malas escondidas atrás de todas as portas, greenscreen do lado da pia do banheiro, uma beleza. Quando acabei de fechar e conferir tudo já eram umas 7h30 pm e sentei no computador pra terminar de converter meus arquivos.

A May chegou mais ou menos nesse horário, e eu tava aqui na dúvida se tava morto de cansaço ou ficando doente, sendo que as duas coisas tinham probabilidades bem parecidas, com base no que eu tava sentindo. Às 8h30 eu era um zumbi na frente da tela, esperando a conversão terminar pra poder colocar tudo no HD externo pra levar pra escola na Segunda. Ainda fiquei mais umas horas acordado pra dar coragem pra May fazer os projetos dela, e morri assim que meu corpo atingiu a posição horizontal. Segunda feira eu acordei bem, melhor que o normal, então descartei a chance de estar doente. Era só cansaço mesmo. Meus músculos estavam todos doendo, tipo depois de malhar. Sensação terrível. Fazia muito tempo que não carregava tanto peso, andava, e me preocupava tanto, especialmente num intervalo de tempo tão curto.

De manhã, dei uma geral nos arquivos e comecei a montar o curtinha. Não consegui terminar a tempo da aula, mas já recebi meus objetivos para a apresentação da semana que vem. Nesse processo também descobri que tinha dois mega assignments pra fazer e entregar no mesmo dia, e que eu não tinha nem começado! Um de greenscreen, que a gente filmou no estúdio – e conseguiu derrubar o quadro de luz do porão da VFS – e foi meio gambiarra, porque eu tava de diretor – e vocês bem sabem como eu adoro dirigir qualquer coisa que não seja um carro. Cheguei em casa às 5h30 pm e comecei esse diabo de assignment. Quando a May chegou, 10h30 pm, eu tava acabando de acabar. Hoje de manhã gastei mais umas duas horinhas pra fazer os breakdowns exigidos e estou livre desse.

O segundo assignment é um rolê de camera projection. Não sei nem se tenho exemplos pra mostrar, mas comecei logo depois do greenscreen, usando uma foto daqui do apartamento mesmo, e acho que tá indo bem. Se eu conseguir fazer mais da metade hoje, já é lucro. Ainda tenho que terminar de editar o reel!

Bom, chega de escrever, que há muito pra fazer