Day-to-Day Specials

Lila.

October 21, 2014

Sabe aquela coisa de “irmão é assim mesmo, briga por qualquer coisa”? Eu não sei como é. Não sei se foi sorte ou se é muito amor mesmo, mas pra mim a frase vai “irmão é assim mesmo, ajuda pra qualquer coisa”. Crescer junto não é coisa fácil, e eu sinceramente não sei como a gente fez. Sei lá, acho que em algum momento a gente percebeu que era melhor pros dois se a gente trabalhasse junto do que competisse – tem uma história envolvendo palmadas que prova esse ponto, mas minha mãe seria a pessoa mais indicada pra contar.

Só de pensar em como eu sou e como Lila é, eu vejo e reconheço TUDO de meu pai e minha mãe. Falando em pai e mãe, sempre tem aquela coisa que a gente não pode contar pros pais, né? Mais uma das vantagens de ter uma irmã incrível é que a gente nunca tem um assunto restrito. Achou que o outro fez besteira? Fala! Achou que fez certo? Fala também! Tem um quê de comunicação telepática de dona Fátima e meticulosidade calma de doutor Luiz, onde um sempre tá lá pra ajudar o outro, seja com a louça na pia, dando carona, ajudando na figuração de madrugada, emprestando lente ou fazendo qualquer coisa no Arraial. Se um aparece com uma idéia muito louca, a primeira reação do outro não é “por que?” e sim “quando a gente começa?”. Eu sei que posso contar com ajuda de minha irmã pra qualquer coisa, mesmo sem pedir, e acredito que ela sinta a mesma coisa. Sei disso porque sempre que eu começo uma piada a partir de uma mentira e a história chega até Lila, ela vai aumentar. Aumentar a piada E a mentira, do mesmo jeito que eu faria (agradecimentos especiais para o Geja nesse aspecto!).

Minha irmã é a única pessoa no mundo na qual eu confio cem porcento quando o assunto é filmes de terror. Sobrinhos de Tio Geja, fomos escolados cedo na arte do suspense e é muito difícil achar um filme que assuste de verdade. Se Lila diz que um filme é bom, é porque o negócio deve ser bom mesmo. A gente gosta do mesmo “tipo” de terror, que segue as regras do gênero – porque é impossível fugir -, que não decepcione na história e tenha (pelo menos) um pouquinho de criatividade, pra se diferenciar dos outros.

Parceira número para fazer trabalhos em grupo de escola (fossem os meus, fossem os dela), presença ilustre em festas de fim de semana com meus mesmos cinco amigos TODA semana, e longas conversas sem sentido sentados à mesa de jantar. Quando eu tava aprendendo a dirigir, Lila era a cobaia mais alegre para passeios pela rua e caronas a qualquer hora. Parte fundamental do trio Vega/Taj Mahal, envolvida em rodadas épicas de esconde-esconde, madrugadas em Itapetinga, colecionar sapos no quintal, infinitas temporadas de Arraial, filmes e fotos completamente loucos (e outros muito bem feitos também!),

Lila tem um olhar diferente pras coisas. Eu sei que ela tem um mundinho próprio dentro da cabeça, que ela disfarça muito melhor do que eu! É uma criatura de um perfeccionismo absurdo, chegando a se sabotar as vezes. Sabe as histórias que minha mãe precisa contar? Lila tem as fotos que ela precisa mostrar, e eu vou fazer tudo que for possível pra ajudar nessa aventura.

Pra fechar, um curtinha que minha mãe achou por acaso. Pra variar, enrolei mil anos pra assistir, e chorei pra me acabar quando finalmente vi. Acho o título deveras adequado.

Eu queria muito que esse post ficasse incrível, no nível da minha irmã, mas as palavras não tão tavam vindo direito, acho que é saudade. Tô escrevendo esse post e chorando, porque quase seis meses longe de casa é moleza, mas quase seis meses longe de Lila é foda.