Day-to-Day

New York – Day Six.

March 23, 2013

Ontem de noite, com medo de gripar, mandei um Cewin pra dentro, e hoje cedo mandei outro. Caprichei mais no café da manhã e vesti roupas duplicadas. Fiz uma rota mais simples, com menos coisas e uma ordem bonitinha, começando pela B&H. Tava precisando comprar um trequinho lá, que esqueci de procurar da outra vez. Qual o jeito mais divertido de descobrir que uma loja não abre aos Sábados? Chegando na porta e vendo as grades! Ahá! Fiquei muito decepcionado com o fato de estar fechado, e com a minha ignorância de não ter procurado antes. Mas tudo bem, já estava na 34th Street, e resolvi continuar descendo na direção do rio para pegar o caminho da High Line.

A High Line é um parque suspenso, acompanhando os trilhos de um bonde suspenso que perambulava por NY. Tem mais ou menos uma milha de comprimento, que equivale a 1.6km. No caminho para lá, passei numa deli e comprei uma maçã verde e uma água – não tô dando moleza pra essa gripe. Chegando onde deveria ser a entrada, me deparo com uma construção imensa, um terminal de trens, caminhões de carga e ruas desertas. Um pouco preocupado, voltei, pela 33th Street. Já tava quase desistindo de achar o parque quando vi que cruzava com a 30th Street, e eu tava bem perto. Fui beirando mais uma construção, e achei uma escadinha discreta. Pensei: “se for da obra, vão me expulsar em inglês”. Não vou morrer com isso. Subi, e era exatamente o lugar que eu procurava. Andar por cima das ruas (majoritariamente paralela à 10th Ave) e ver as janelinhas dos prédios na sua altura é uma experiência sensacional. Sem falar que lá em cima o vento era menor, e o Sol não era tampado pelos prédios. Percorri toda a extensão do caminho, parei pra olhar algumas paisagens, e no fim, sentei num banquinho sem vento pra me esquentar, descansar e organizar meu mapa.


Descendo, estava próximo da 14th Street, algumas quadras a oeste do meu novo (repetido) destino: a Forbidden Planet. Acho que não mencionei, mas comprei um quadrinho pós-apocalíptico por lá. Comecei a ler e o treco é bom. Aproveitei a deixa pra passar lá e pegar o segundo volume. Vou reservar essa leitura pro longuíssimo vôo de retorno. No caminho, passei por um grupo de pessoas uniformizadas, tocando bumbos e tambores e fazendo coreografias com bandeiras, bem desorganizados. Era um rolê com placas de “Stop TB!” e poucas pessoas assistindo. Achei meio engraçado, meio fofinho, porque tinham umas meninas muito pequenas tentando fazer a coreografia e o condutor parecia estar estressado. Coisa de filme comédia sessão da tarde, mas na vida vale a pena. Agora fui procurar e descobri que é um manifesto contra a tuberculose. Tô achando mais aleatório ainda!

De lá, peguei mais um metrô e saí em Chinatown. Ô lugar infeliz! Metade das placas é em chinês, trocentas pessoas na rua – essas aglomerações me incomodam bastante – e muitas lojas repetidas. Vale ressaltar que saí andando pro lado errado quando subi do subsolo, e tava achando muito estranho entrar em Chinatown e encontrar MENOS lojas chinesas. Tudo se corrigiu quando andei pro lado certo. Parece bastante com aqueles contrabandos que tem ali na Avenida Paulista, só que sem os eletrônicos, e só com tralhas/souvenirs da cidade, coisas estampadas I Love New York. O mais curioso era o McDonalds em chinês.

Acho que a temperatura tava baixando, e minhas mãos congelando. Voltei pra um Starbucks e peguei um chocolate quente. Depois, tomei o rumo de casa de novo, pra comer coisinhas saudáveis e não comidas desconhecidas da rua – ok, sei que é o máximo comer na rua, mas não tô querendo dar nenhuma chance pra essa gripe. Já combinei com ela que quando chegar em SP, ela pode inventar qualquer coisa, mas aqui, vai ser com as minhas regras! O pé também é outro que entrou na linha. Doeu um dia, no segundo ele percebeu que não ia adiantar e parou. Agora só vem de vez em quando. Enfim, em casa, conversei com a May, pra procurar coisinhas de presente pra ela – não são surpresa! – e descansei um pouquinho.

Saí de novo com destino na Apple Store, no encontro da 5th Avenue com o Central Park. A loja é toda no subsolo, e para cima da terra só tem um cubo de vidro com uma maçãzona branca brilhante. Mal sabia eu que seria a experiência mais surreal de todas, de quebra de expectativa. A Apple Store é pior que o mercadão municipal de São Paulo. Uma multidão infinita ocupa um salão aberto, disputando espaço com as mesas de teste dos produtos e os trocentos vendedores – sério, tem quase tantos vendedores quanto clientes lá dentro! Tem uma galera perto da escada, de boa, tomando sorvete, só descansando, outros assistindo a loja, outros comprando, uma loucura. Saí bem rápido, que já tava ficando tenso com tanta gente e tanto caos.

Diferente do Brasil, onde Macs tem um preço ridiculamente abusivo e tudo que é da Apple é sinônimo de status e riqueza, aqui a galera acha bem normal. No metrô, quase todo mundo anda com seu iPhone na mão, mandando mensagens e acessando a internet. Raros são os usuários de outras marcas. Isso também tem sentido com a superlotação da loja, uma vez que é um rolê mais popular. Também acho que é uma gargalhada em relação à nossa postura para com a Apple. Sinceramente, acho os produtos bons, mas pelo preço que chegam no Brasil, não é competitivo. Quem se dá melhor é quem revende, ao invés de quem usa.

Enfim, tive que continuar na muvuca da 5th Ave, que tem por ali todas as lojas mais famosas e caras, e multidões infinitas de turistas, porque era o caminho do MoMA. Museum of Modern Arts. Cheguei lá, e também tava lotado. A fila de entrada era imensa. Já não tava de bom humor, foi só mais um motivo pra me mandar. Volto lá amanhã cedo. Fiquei vagando pelas ruas mais um tempo, assistindo as pessoas, aproveitando a luz e curtindo o frio – sim, é possível.

Mais pra de noite, fui ao cinema. Vou entrar em detalhes sobre essa experiência num post extra. Amanhã temos mais programação, mas as idéias – e a energia – estão acabando. Acho que a viagem tá com a duração certa para a ocasião!