Day-to-Day

Sonhos Havaianos.

July 28, 2015

Fica uma sugestão aqui, leiam esse post ouvindo isso:

Acho que comentei por aqui, mas tô usando o Spotify já tem mais ou menos um mês e, devo dizer, estou deveras impressionado com uma série de possibilidades, desde poder tocar músicas offline até a variedade de artistas, playlists e tudo mais. Agora, voltando pra história que eu quero contar: ontem de noite, saímos para um passeio noturno pela seawall, percorrendo todo o Stanley Park, tipo o que eu faço todos os dias, só que começando às 11h30 da noite. Eu e o Petar já tínhamos ido uma vez na sexta, porque ambos estávamos muito curiosos sobre como seria tal experiência. Dessa segunda vez, levamos companhia, Luka, Luisa e Helô nos acompanharam ao longo do trajeto.

É a última semana do Petar aqui em Vancouver, e ele tava bem desanimado diante da perspectiva de voltar pra casa. Nessa onda, resolvi animar o menino – literalmente, ele não tem nem 21 anos – e estamos conversando um monte, fazendo esses programas de bike (eu) e patins (ele), além de planejando filmar umas coisinhas hoje.




Ontem já tinha sido um dia cheio de passeios de bike e carregando peso nas costas – fui na VFS (de bike) entregar uns arquivos de manhã cedo, antes das 8h, depois saí pra minha volta tradicional no parque, cheguei em casa quase meio dia, comi e saí pra VFS de novo (bike de novo), onde fiquei até 10 da noite. De lá, empacotei todas as minhas coisas e voltei pra casa, pra encontrar o Petar e a Helô. Daqui de casa, fomos pro Canada Place e lá começamos a nossa volta noturna, com várias paradas e um ritmo super leve, mas mesmo assim, minhas perninhas coitadas já estavam cansadas. Na real, eu inteiro estava cansado.

Chegamos de volta em casa umas 3 da manhã e estava me sentindo cheio de energia. Tão cheio de energia que resolvi tratar as fotos – essas aí em cima – e queria ficar ouvindo umas musiquinhas, mas nada porradão porque não era meu estado mental no momento. Aí finalmente chegamos ao título do post, porque o Spotify me sugeriu uma playlist chamada Sonhos Havaianos, que SÓ tem músicas tocadas com ukulele, e nenhuma tem vocal, é só o mini-violãozinho e cabou. Todas as músicas pareciam muito familiares, apesar de eu não conhecer nenhuma delas.

Essa parada me fez um bem, que quando terminei as fotos – levou tipo 15 minutos – tava tão em paz que já fui direto dormir, sem enrolar. Hoje acordei aqui e fui soterrado pelas notificações do facebook. Pra começar bem o dia, resolvi colocar essa playlist de novo, e ver se era o sono que deixava ela boa, ou se era boa de fato. Aí veio uma série de reflexões muito loucas, que se sucedem abaixo.

Eu adoro música “ao vivo” e, por “ao vivo” eu não quero dizer shows e coisa assim. Tentei aprender violão uma vez, mas no fim das contas eu não tinha a dedicação necessária pra isso, e acabei largando. Ainda sei umas poucas coisas, mas não toco mais nada. Eu gosto de ouvir pessoas tocando, sem compromisso, sem uma platéia. O mais comum é isso acontecer com violão, então adoro ficar perto de pessoas tocando violão, porque é algo que me deixa muito em paz.

Mais loucuras: enquanto crescia, sempre ia pro Arraial, seja como acampante, seja como comunicador, e o Arraial – na minha época de acampante – era MUITO musical. Depois, como comunicador, a pessoa mais próxima do meu trabalho era Gordo – muitas vezes formamos uma dupla dinâmica, quando a comunicação era super simples, e a gente praticamente morava no “escritório”. Gordo tem esse hábito de tocar violão para si próprio. Sem cantar, sem firula, só tocando de boa, umas tantas vezes ficando com sono no processo, então a gracinha/piada era que Gordo se ninava. E eu sempre tava meio que ali do lado, pra ouvir aquelas notinhas soltas, o dedilhado com umas correções pelo meio e o silêncio do sítio à noite.

Eu nunca falei isso pra ele mas, acho que é bem óbvio, Gordo é uma grande referência de pessoa que levo pra minha vida. Enquanto eu tava ouvindo a playlist, começou a tocar uma música aleatória, e me lembrou muito “O Filho que eu Quero Ter”. De certa forma, vejo Gordo um tanto como um pai, desses que a vida manda. As explicações são meio óbvias, porque passei uma boa parte da minha infância, toda a minha adolescência e mais alguns tantos anos como parte do Arraial. Como acampante, ele sempre era meu monitor. Como parte da equipe, era ele que ia me dando mais e mais responsabilidade, era quem me dava “o que precisava ser feito” e em quem eu me inspirava para fazê-lo. Como lidar com as crises, como aplacar os pais, era quem lia meus posts antes de eles irem pro ar – depois ganhei liberdade total porque, aparentemente, eu não ia fazer nenhuma cagada monstruosa, e por aí vai.

E aí, ouvindo essa playlist de Sonhos Havaianos, acho que tô mais num clima de Sonhos Baianos, remetido de volta a esse intervalo tão longo entre os 12 e os 26 anos onde vivi tanta loucura que nenhum trabalho normal me proporcionaria e conheci tanta gente incrível, mas que no fundo mesmo, eu sempre voltava porque tinha a chance de trabalhar lado a lado com esse sujeito, que tanto me inspirou (e inspira ainda) e que ia me dando mais e mais corda pra ser eu mesmo, incluindo aí umas broncas no meio do caminho.

Putamerda, agora eu tô chorando aqui, mas esse post vai pro ar agora. :)