Day-to-Day

UP06 – Infravermelho

September 14, 2013

O mundo é muito mais do que podemos ver com os olhos, e a curiosidade humana é, certamente, maior que o mundo. Queremos ver o invisível. Como o assunto é imenso, aqui vamos focar só nas ondas do espectro luminoso e num filtro que permite à câmera ver o que os olhos não conseguem.

É com a luz que nossos olhos podem ver. A luz do Sol contém todas as cores – visíveis e invisíveis – e as que vemos são aquelas refletidas pelos objetos, que não foram absorvidas. Por exemplo, tudo o que se vê como verde, na verdade, está refletindo a cor verde. Esse princípio vale para todas as cores. Algo que absorve tudo é preto, e algo que reflete tudo é branco.

O filtro R-72 é bem avermelhado, quase totalmente preto: olhando através dele é impossível ver o outro lado. Sua função é absorver todas as cores visíveis e só permitir a passagem de infravermelho. Claro, a imagem não terá variação de cor, mas veremos intensidades de exposição diferentes. Tudo que absorve esse raios terá tonalidades mais escuras, e o que reflete fica bem brilhante, criando assim cenários dignos de ficção científica.

A maior fonte de infravermelho que se tem é o Sol, então, na hora de fazer a foto com o R-72, quanto mais intenso o Sol, maior o efeito obtido na imagem. As plantas e o céu chamam atenção assim que a imagem capturada surge. A atmosfera não reflete as ondas infravermelhas, então ela se torna totalmente transparente, uma porta direta para a via láctea, breu completo salpicado com nuvens brancas. Vegetação, por sua vez, reflete boa parte desses raios, então brilha com força, num branco fantasmagórico.

Câmeras digitais vêm com uma película sobre o sensor para bloquear infravermelho. Sem essa película tudo fica com uma coloração avermelhada, porque o sensor é bastante vulnerável a essa faixa de cor. Quanto ao rolo de filme existem os comuns, e os especialmente preparados para absorção de infravermelho, acelerando a exposição e intensificando o efeito.

Como dá pra reparar, a película sobre o sensor e o filme comum caminham em direção oposta à do R-72, portanto, é preciso ter paciência ao fazer as fotos, pois o tempo de exposição é prolongado! A paciência exigida do fotógrafo é um preço barato para ver o que se revela quando se captura o invisível.


Coluna Ultrapassagem, Publicada originalmente na Revista OLD #20, em Abril/2013