Anamorphic Day-to-Day

[Anamórficos VI] Cinemorph e Outros Filtros.

September 10, 2012

Não pude falar dele antes porque não tinha testado direito. Passei algumas horas da noite de ontem fazendo apenas isso, e comparando, entre lentes Canon e M42. Acho que cometi alguns deslizes nessas comparações, mas dá pra sobreviver. Para colaborar no efeito, cortei todas as fotos como se fossem anamórficas Cinemascope.

O filtro é basicamente um CPL, sem a parte polarizadora, só um UV que gira, com uma forma ovalada cortada em vinil preto e colada sobre ele, e um fio bem fino passando pelo meio. Esse que tenho aqui é 77mm, mas existe também uma versão de 58mm, para lentes menores. Não me é necessária, por causa daquela pilha de adaptadores. Algumas informações extras você pode achar no site do povo que fabrica, a Vid-Atlantic.

E porque esse treco estranho funcionaria como um simulador anamórfico? O corte oval modela a abertura da lente, tornando o bokeh ovalado, e o fio tem como único objetivo criar flares horizontais longos. Até que funciona bem, devo admitir, mas tem seus problemas. Um deles, é a rotação. O anel do CPL não é lá uma coisa muito firme, então qualquer esbarrão mais forte nele pode desalinhar a forma, e você ter bokehs diagonais, e flares tortos. Uma grande vantagem é que você continua com a facilidade natural das suas lentes para foco próximo, e pode fazer passagens de foco sem problemas. A desvantagem é que, devido ao contorno preto, você acaba perdendo 2 stops de luz.

Testando na 5D3, ele não funciona nada bem com lentes zoom. A 24-70mm tem vinheta SEMPRE (em 70mm é bem sutil) e a 70-200mm também (em 200mm é bem sutil). E qualquer coisa abaixo de 85mm também tem vinheta. Numa APS-C isso se reflete em distâncias focais acima de 50mm. Aproveitei que tava com lentes de distâncias focais iguais e incorporei isso ao teste, fazendo fotos o mais parecidas possível com as mesmas distâncias focais. Fiz besteira no teste da 200mm, mas dá pra sobreviver. Temos aqui, 200mm f/4 M42, 70-200mm f/2.8 Canon, 135mm f/2.8 M42, 100mm f/2.8 Canon, 85mm f/1.8 Canon e 85mm f/2 M42

Todas as compensações de variação de exposição sofridas pela iris ou filtro foram feitas com ajustes na ISO, seja para mais, seja para menos.

85mm




Na ordem, primeiro a 85mm Canon, com f/2 e f/4 com o filtro, depois f/2 e f/4 sem o filtro. Em seguida, a Jupiter 9, f/2 e f/4 com o filtro, e f/2 e f/4 sem o filtro. Dá pra sentir um bocadinho de vinheta na Canon, e também é fácil de ver que ela é MUITO mais contrastada e definida que a Jupiter. Quando reparei nessa diferença na câmera, quase não acreditei. Parece muito que foi aplicado um filtro nela pra aumentar o contraste.

100mm


Como não tenho equivalente da 100mm Canon no encaixe M42, ficamos só com ela mesmo pela rodada. Na ordem, primeiro f/2.8 e f/5.6 com o filtro – dá pra sentir um pouco de vinheta, e quando você vai fechando a lente, dá pra ver mais. Depois, já que é uma MACRO, resolvi testar até onde dava pra encostar e fazer foco, e foi bem assustador. Eu já ficaria bastante satisfeito se a foto 5 fosse o foco mínimo, mas não! Dá pra quase entrar no olho do Woody, e ainda ter foco. A definição dessa lente, por sinal, é uma coisa de louco, porque nenhuma outra das que tenho aqui consegue um foco tão incrível como ela.

135mm


Agora a 135mm, Tair-11, com f/2.8 e f/5.6 com o filtro, depois f/2.8 e f/5.6 sem o filtro. Até abrir aqui no computador, jurava que tinha feito essas fotos com a 135mm da Canon, mas algo sobrenatural desapareceu completamente com elas. A definição e contraste dela são maiores que os da Tair, assim como também ganha no foco mínimo (0,9m vs 1,2m) e abertura máxima (f/2 vs f/2.8), mas custa 5x o preço da M42…

200mm



Testei a 200mm logo depois da Macro, então ainda tava bem perto da mesa. Comecei pela Canon, em f/4 e f/5.6 com o filtro, depois recuei bem um metro e meio para conseguir foco com a Orestegor 200mm. Aí repeti as fotos, f/4 e f/5.6, com filtro e depois sem filtro. Mas a diferença de distância continua, por estupidez minha. Em todo caso, dá pra ver as vinhetas nas laterais da 200mm Canon, enquanto a M42 passa muito bem sem essa interferência.

Mesmo em uma situação favorável, com mil fontes de luz e as lentes apontadas direto para elas, senti falta de flares mais enfáticos. No máximo uma linhazinha aqui, outra ali, tudo muito sutil – mas ainda assim elegante. Além disso, é fácil de ver o fio no meio do filtro projetado no bokeh. Todos eles têm uma linha no meio. Ok, acho que isso passaria batido no meio de um filme, mas já que esse é um teste a sangue frio, o objetivo é pegar nos detalhes.

Por fim, o giro do anel permite que você mude o formato do bokeh, e é uma coisa que eu tinha dito que era um problema no começo, mas pode acabar sendo uma vantagem se você quiser usar de forma “não realista” e assumir que não tá usando uma lente anamórfica. O efeito é visível nessas duas fotos abaixo.

Uma grande questão envolvendo esse filtro é que existem muitos tutoriais na net de como fazer isso de forma barata. Tanto o bokeh como os flares. Testei alguns e não tive resultados decentes, mas, claro, sempre posso estar fazendo alguma coisa errada. O dos flares eu acho que funciona – tenta essa técnica – e que a intensidade dos mesmos depende completamente do diâmetro do fio utilizado. Peguei um muito fino – o único que tinha em casa, e o efeito foi bem pobre, mas acho que com um fio mais largo, fica legal que nem os testes do carinha.

Claro, se você for um flare-lover, com dinheiro pra gastar, você também pode ir atrás desse outro filtro – Flare/Streak Filter -, também da Vid-Atlantic, só com o rolê dos flares, e sem perder luminosidade porque ele não modela o bokeh. Os vídeos-teste são bem bonitinhos.

Não vou prometer nada pro post de amanhã porque ainda não sei se vou ter tempo de fazer qualquer coisa, peguei um job insano e hei de me empenhar nele até o dia 30. Pelo menos, há de financiar novas explorações e experiências!

  • Ferradans. · [Anamórficos XXIII] – Filtro Streak/Flare August 5, 2013 at 1:34 pm

    […] decorrentes do uso das lentes que verdadeiramente esticam a imagem. Alguns desses itens foram o filtro Cinemorph, modificações em lentes arrancando o anel de abertura original, a FlareFactory, que deu uma […]