Monthly Archives:

March 2010

Day-to-Day

Los Angeles – Day Four

March 4, 2010


Nosso quarto dia foi exclusivo para uma única atração que se desdobrava em várias. Fomos à Universal City. Chegamos cedo e saímos tarde, vimos diversas apresentações e comemos uma legítima refeição norte-americana, constituída de um imenso cheeseburger e batatas fritas.

Como dessa vez fomos de metrô, não dava para descer no ponto errado, então nossa complicação se deu ANTES de começarmos a viagem. Por pouco a estação de embarque não passou despercebida por nossa visão. Uma vez lá dentro, apanhamos da maquininha de venda de tickets e compramos mais tickets do que o necessário. Os tickets aqui tem uma validade curta, de apenas algumas horas, então nossa manobra de comprar logo de cara as passagens de ida e volta foi pro espaço e perdemos dois dólares. Todo o teto da Hollywood/Vine é decorado com rolos vazios de filme, uma coisa absurda de se ver.

O complexo Universal é tão grande que a própria estação do metrô se chama Universal City. De lá pegamos um shuttle que nos levou direto até a City Walk, onde pessoas dispersas (nós) tiravam fotos antes de entrar no parque. A maioria das lojas estava fechada, então planejamos voltar aqui na saída. Entramos na fila, pagamos vinte dólares a mais que o planejado – porque esquecemos o papel do desconto no hotel – e finalmente entramos no parque com nossos Front Of Line Passes, que nos dava acesso privilegiado a todas as atrações e alguns backstage presentations que serão mencionados mais adiante.

Olhando nossa folhinha com os horários dos shows e o mapa da
área, descemos para o Lower Lot usando umas dez escadas rolantes imensas, e sentamos para esperar a abertura de uma apresentação sobre efeitos especiais. Dividida em três fases, a primeira mostrava um pouco do funcionamento de efeitos digitais: chromakey, combinação de backgrounds usando pessoas de verdade e uma miniatura, CGI (Computer Generated Imagery) e efeitos mais antigos como os moving backdrops. Na segunda etapa, efeitos especiais mesmo, captura de movimentos com sensores, sangue falso (corn syrup and food colouring) e membros de plástico bastante convincentes. Por fim, no terceiro momento a surpresa, quando o Geja foi escolhido, junto com outras pessoas, para participar da apresentação dublando o King Kong, ilustrando efeitos sonoros de foley, coisas simples que tornam tudo mais real quando combinados com a imagem.

De tão nervoso (ou distraído) que o cara ficou, ele perdeu o momento do grito e acabou numa saleta, isolado das outras pessoas, onde foi devorado por um lobisomem. Uma pena. Olhem a última imagem que consegui fazer dele…

Saindo desse show, entramos direto em outro logo ao lado, chamado Backdraft, onde vimos coisas bem interessantes sobre o making of do filme de mesmo nome (Mar de Chamas, em português) e uma montagem real com efeitos de fogo e explosões disparando direto nas nossas caras. No fim das contas, acho que isso colaborou com nosso visual bronzeado que estamos adquirindo.

Subimos de volta as milhares de escadas rolantes para ver o que tínhamos originalmente planejado: Studio Tour! Diferentemente da Warner, aqui a tour é mais voltada para multidões e diversão geral, deixando o aspecto cinéfilo um pouco de lado. Entretanto, ainda assim vimos belas imagens, sobrevivemos a uma tempestade cenográfica, uma enchente relâmpago e um terremoto de 8.2 na escala Richter – dentro de um metrô.

Percorremos parte de Jurassic Park, o porto de Tubarão, o Beco Japonês, onde vimos carros alemães dançando musica espanhola e ilustrando a operação de grandes braços – arm pods – que movem os veículos de acordo com a necessidade da cena. No set em miniatura, utilizado nas cenas do barco em King Kong, a muralha de pedra e o navio dividem um pequeno lago com vários patos. Como narrou nosso guia, a ilusão é filmar os pequenos objetos enquanto a câmera se desloca numa velocidade bem reduzida, dando a impressão de que eles são imensos. O que pode arruinar sua tomada é a eventual passagem de um pato!

Passamos pela casa de Psicose, o Motel Bates, no qual o Mr. Bates carregava para seu carro um corpo ensanguentado e por fim chegamos a Wisteria Lane, onde atualmente é rodada a série Desperate Housewives. Além disso, cada uma das casas já foi utilizada em diversos outros filmes (eram tantos, pra cada casa, que no fim das contas não consegui armazenar o nome de nenhum). O set de Guerra dos Mundos, onde há um avião real destruído, foi um dos mais caros de ser construídos, aparecendo por pouquíssimo tempo na tela do filme, mas ainda assim gerando extremo impacto.

Vimos rapidamente sets de De Volta Para o Futuro, Era Uma Vez no México, enormes soundstages (dessa vez só vimos o lado de fora), a grande cidade cenográfica da Universal e o maior backdrop do mundo, usado como oceano em muitos filmes e na clássica seqüência de O Show de Truman onde o personagem de Jim Carrey usa uma porta localizada na parede de sua “bolha de isolamento”. Na saída do tour, confirmamos o que Andy nos disse na Warner, de que as principais marcas do estúdio eram visíveis pelos chefões da concorrência. São perfeitamente visíveis ao longe, a partir dos estúdios da Universal, a torre de água e a grande logomarca da Warner situada na parede oeste do Soundstage 16.

Em seguida, vimos uma apresentação sobre o uso de animais em cena, o treinamento dos bichos, truques e outras coisitas mais. Eu e o Geja temos opiniões totalmente divergentes nesse ponto, eu ODEIO filme de bicho e ele ADORA filme de bicho. Independente disso, apareceram gatos e cachorros altamente treinados, assim como galinhas, araras, porcos, javalis, pombos, macacos e uma águia chamada Lila.

Para fazer aquelas cenas de pássaros voando, os caras usam um ventilador superpoderoso, um fundo verde, e um pássaro, que voa contra a corrente, basicamente sem sair do lugar – e com cara de felicidade, de peito aberto, sério mesmo. Uma arara ilustrou essa cena incrível.

Por fim, nos dirigimos à nossa última programação, Terminator 2: 3D. Show que combina atores de verdade, filmagens com os atores do filme (Arnold e sua trupe) e imagens tridimensionais. A sincronia é perfeita, assim como a interação entre a realidade e as imagens na tela. De acordo com o Geja, esse brinquedo foi construído em meados de 1996, e vai demorar muito até se aposentar. Novamente, nossos Front Of Line Passes nos deram privilégios e ficamos lá pelo saguão, batendo papo com os atores – dessa forma a gente descobre, fazendo um cálculo muitíssimo estranho, que Schwarzenegger recebeu em torno de 21 mil dólares para cada palavra dita no filme real, Terminator 2, e que a célebre “Hasta la vista, baby!” por conseqüência, vale aproximadamente 85 mil dólares! Tiramos uma foto com os atores da apresentação, mas tá na câmera do Geja e vai dar muito trabalho de pegar pra cá.

Na saída da apresentação, nos deparamos com uma enorme motocicleta e não resistimos a fazer algumas fotos. Acho que já posso começar a planejar meu próprio filme no estilo, estrelando a mim mesmo como ator principal. A ausência de expressões no papel facilitam minha performance!

Por fim, almoçamos aquele cheeseburger que mencionei no começo e tomamos nosso rumo de casa. Dessa vez conseguimos pegar o trem errado e fomos parar em North Hollywood, o que acabou prolongando nossa jornada um pouco mais. Descemos em Hollywood/Highland e caminhamos o que faltava para o hotel, passando mais uma vez pela 7-Eleven, onde o sujeito do caixa já está se tornando nosso amiguinho. “Best Inn Hollywood? So we’re almost neighbours!”

Câmbio, desligo.

Day-to-Day

Los Angeles – Day Three

March 3, 2010

Post mais cedo que o usual, o terceiro dia foi exaustivo. Dormi às 19h. Que decepção, não é mesmo? Mas a gente andou durante a tarde inteira por Hollywood (só pra variar…), descemos a Cahuenga (nossa rua), atravessando Hollywood Blvd até Sunset Blvd, onde começamos a fuçar as mais diversas lojas, livrarias e tudo mais que atraísse atenção por mais de dez segundos. Essa caminhada toda tinha um objetivo original: chegar até uma loja de equipamentos fotográficos que vimos ontem, pois precisávamos de uma lente nova – de zoom poderoso -, em vista das novas condições fotográficas do Oscar.

Fomos cruzando as ruas até chegar em Highlands e descemos até Santa Monica Blvd, recriando a rota que fizemos para pegar o ônibus que nos levou para Beverly Hills, passando por ruas residenciais também e o silêncio local era digno de nota, mesmo num fervilhante centro comercial. Depois de caminhar por uns quarenta minutos, começamos a ficar na dúvida sobre a localização da loja. Eu insistia nessa esquina porque era minha única memória. O Geja confiou porque até então eu não tinha errado nenhum endereço e sou um “bom navegador” (palavras dele).

Fomos nos aproximando do destino e… ainda bem, o prédio não tinha sido levado por alienígenas. Entramos na Calumet (nome da loja) e saímos, minutos depois com uma incrível Canon 75-300mm. Até pegamos mais ânimo para caminhar tudo de volta, passando por mais e mais comércio. Já de volta em Hollywood Blvd, tínhamos duas horas de caminhada sem parar (literalmente) e tomamos rumo de uma loja de props onde o Geja procurou por brinquedos novos que não serão comentados por aqui (pedido do sujeito).

Rodamos por livrarias EXCLUSIVAS de cinema (sobrecarga de informação fez a gente passar uns dez minutos lá dentro, sem saber o que tava fazendo, olhando tudo), vimos novidades no esquema de isolamento da rua para a cerimônia – o carnaval de Salvador perde. Os caras já montaram até uma casa no meio da rua, e tudo monstruosamente cercado por grades e cercas. O oscar já está lá, embrulhado para presente, na frente de todo mundo.

Filmamos mais umas bobagenzinhas, tiramos umas fotos como essa que vocês acabaram de ver, subimos no Chinese Theater para ver melhor o letreiro de Hollywood (aquele clássico) e quando o frio estava começando a ficar forte, voltamos pra casa.

Tarde emocionante? Pulei a parte da manhã de propósito.

Acordamos cedo, 6h50, para irmos ao Studio Tour da Warner Bros. Tanto eu como o Geja meio ansiosos sobre o que veríamos, receosos de ser bobagem. Mas como um tour de duas horas e meia pode ser bobagem? Foi um dos programas mais loucos que já fiz na vida. Já estamos certos de ir em mais três estúdios, depois das coisas fantásticas que vimos ontem. Para variar, descemos no ponto errado e tivemos que caminhar trocentos metros, margeando o muro da Warner até chegar ao ponto de encontro do tour.

Um nova-iorquino chamado Andy foi nosso guia e, como o grupo era bem pequeno (sete pessoas apenas, mas normalmente são quase quinze), temos certeza que ele deixou a gente mais tempo nas coisas do que o normal, o que foi uma maravilha.

Entramos pelo backlot, onde temos cenários externos realistas até os últimos detalhes. As paredes externas são forradas de fibra de vidro, facilitando modificações, trocas, repinturas e quaisquer outras coisas que o filme precise. Nenhuma porta tem maçaneta, pois maçanetas são importantes detalhes de época, ficando a cargo da direção de arte do filme, entre outras coisas como postes, placas, toda a decoração externa. Ultrapassando as portas (nem todas abrem), você tem uma salinha de mais ou menos “three to five feet deep” (um a dois metros de profundidade), só para fazer o corte certo.

Cerca de 80% de O Último Samurai (inclusive as cenas de Tokyo) foram rodadas no backlot da Warner. Vimos também locais de filmagem de Ocean’s Eleven, You Don’t Mess With The Zohan, The Mask, Spiderman (o beco da cena do beijo), Batman and Robin (a minissérie antiga, em que uma mesma tomada foi usada em todos os 72 episódios), Terminator: Salvation (a cena da queda do helicóptero foi rodada no estacionamento dos funcionários. A título de curiosidade, o estúdio emprega 7500 pessoas, sem contar as equipes específicas de cada filme.

Andy comentou que é comum eles alugarem partes do estúdio para outros estúdios locais (Sony, Universal, Paramount, Disney, CBS). Vimos bem de perto a torre de água da Warner, que atualmente é um importante marco para a aviação em tempo ruim, indicando as redondezas do aeroporto de Burbank.





Se antes estávamos no backlot, agora estamos no frontlot. Todas as cenas internas são feitas nos soundstages. São esses galpões gigantes da foto anterior. Gigantes mesmo. Entramos em um (Soundstage 16), que é o maior de toda a América, com “98 feet high” (mais ou menos uns 30 metros de altura), e ainda tem, no subsolo, um depósito de água com “30 feet deep” (mais dez metros), que pode ser destampado de acordo com a necessidade. Cenas de Poseidon, Piratas do Caribe e Indiana Jones foram feitas aqui por aqui.

Todos os soundstages são conhecidos por seus números, exceto o 24 e 11, que são conhecidos, respectivamente por Friends Soundstage e E.R. Soundstage, onde foram rodadas boa parte das temporadas dessas duas ilustres séries. Detalhe sobre a foto abaixo: a escada ao fundo leva ao banheiro do soundstage, que fica no telhado. Jack Warner (um dos irmãos fundadores) mandou instalá-lo no alto do prédio para que ele pudesse ver quem ia ao banheiro, e por quanto tempo, para que no fim do mês ele não tivesse que pagar por aquele momento de trabalho desperdiçado.

Passamos depois pelo Museu dos Transportes, com veículos de Austin Powers, Scooby Doo, Matrix, Gran Torino, Artificial Intelligence, Harry Potter, Batman Begins, Batman, Troy e outros. Nota especial para o Gran Torino usado no filme homônimo de Clint Eastwood: o carro é do cara mesmo, e ele deixa no museu da Warner em troca de um aluguel. Andy também comentou que está em processo de negociação o aluguel da moto usada por James Dean em seus filmes, que será “the cherry on top”, para finalizar essa coleção fantástica.

Passamos então ao Prop Shop, onde diretores de arte fazem a festa entre os mais de 3,5 milhões de artigos armazenados e catalogados. Por lá encontramos um set clássico, que dispensa apresentações. Tiramos fotos no sofá e com a plaqueta do Central Perk ao fundo, mas estão na câmera do Geja.

Além do Prop Shop, o estúdio conta com imensas oficinas de madeira, metal e eletricidade para, literalmente, criar tudo que precisar ao longo de suas produções. Passamos por todos esses lugares até chegarmos a um ponto em que Andy pediu para que guardássemos todas as câmeras fotográficas pois iríamos ao set the The Mentalist, série atualmente no ar, onde seriam rodadas cenas naquela mesma tarde. O lugar é absurdo. De dentro, você não diz que é um set – exceto pela grande quantidade de luzes espalhadas pelo espaço vazio que seria o teto do ambiente. Construído entre paredes de madeira – montado originalmente na oficina de carpintaria e depois transferido para o soundstage -, o cenário é um “360 degree set”, onde a câmera pode perambular por todas as partes, que não há buracos no cenário. Me faltam palavras para descrever melhor.

A experiência foi tão convincente que vou começar a assistir The Mentalist quando voltar pra casa…

Pra finalizar a visita, passamos uma meia hora no Costume Museum, onde vimos figurinos de filmes famosos, estatuetas do Oscar que o estúdio ganhou, cartas, recortes de jornal, itens usados nos filmes. Artigos de Matrix, 300, Terminator, White Dragon, Watchmen e mais uma porrada de títulos estavam lá, à mostra. O segundo andar do prédio é totalmente dedicado a Harry Potter. A Firebolt está lá, junto com outras vassoras voadoras, bolas de quadribol e tacos de batedores. Aragogue, Dobby, Dementadores, o chapéu seletor, varinhas, frascos de poções e o Cálice de Fogo, além de muitos outros itens completam a exposição. Depois, retornamos ao ponto de partida e cada um tomou seu rumo de casa. Pegamos o ônibus de volta e almoçamos no hotel, animados, as nossas compras de Beverly Hills.

Agora, acho que o sono já voltou. Boa noite pra vocês.

Day-to-Day

Los Angeles – Day Two

March 2, 2010

Aqui estamos nós mais uma vez para posts madrugais. Não para vocês, mas aqui são 4h da manhã.

O segundo dia foi coisa de alto nível. Acordamos com tranquilidade, perto das 8h30 e desci para fuçar como era o tal “Continental Coffee” do hotel. Já estava esperando algo simples, mas era ainda mais simples. Uma cafeteira, uma jarra de café quente e uma caixa enorme de donuts. Nos afundamos nos donuts, que tinham as mais diversas coberturas, como por exemplo “Açúcar”, “Açúcar disfarçado de chocolate”, “Açúcar disfarçado de côco”, “Açúcar disfarçado de doce de leite”, e por aí vai. Ficamos com gosto doce na boca até a hora de dormir, MUITO tempo depois.

Descobrimos o ônibus que nos levaria até nosso destino endinheirado. Estávamos indo rumo a Beverly Hills. Caminhamos na direção errada, em busca de um passe semanal, que nos economizaria alguns dólares no fim das contas. Sem sucesso, tivemos que caminhar tudo de volta – o que não é nenhum problema quando o ambiente é Hollywood – até o ponto na Santa Monica and Wilcox.

Entramos no ônibus e fizemos uma viagem tranquila e silenciosa. Tão tranquila que passamos do ponto. Tivemos que caminhar tudo de volta, DE NOVO, o que é ainda menos problemático quando se está em Beverly Hills. Nessa caminhada de retorno vimos um sujeito com seu celular perseguindo e filmando uma moça, além de um fã interrogar seu ídolo solícito que andava com a família, dirigindo-lhe a pergunta “Mr Feldman, wait! Where are you going?”. Por fim, chegamos a nosso destino verdadeiro.

Saí tirando dezenas de fotos enquanto o Geja fazia filmagens do local, dos carros, das pessoas e narrava comentários para a câmera sobre sua cobertura. O ambiente transborda luxo, das calçadas ao alto dos prédios de arquitetura mais ornamentada. Os carros na rua são todos maravilhosos, todas as lojas são caríssimas e famosas. As celebridades moram nessa região, oras! Até brasileiras endinheiradas – MUITO endinheiradas – nós encontramos na Via Rodeo. Para escaldar geral, ao passarmos por um mercado, comentei que estava com fome e que podíamos comprar umas cenouras pra comer. Dito e feito: fizemos feira em Beverly Hills. Tenho a nota fiscal pra comprovar. Compramos maçãs, uvas, cenouras, mel e Häagen Dazs (que é absurdamente barato). Para entrar no mercado contamos com a ajuda solícita de algumas senhoras, moradoras da região, que nos indicaram a porta certa – tentei entrar por uma trancada…

Depois da feira, detonamos, logo na calçada mesmo, as uvas e algumas cenouras com mel. Lembramos que não tínhamos colheres, então deixamos o sorvete para mais tarde. Rumamos de volta para o ponto, observando a diferença arquitetônica entre os vários distritos de Los Angeles (Beverly Hills é muito diferente de West Hollywood, que é muito diferente de Torrance, Redondo Beach, e por aí vai). Ah, quando entramos no ônibus, a motorista informou que a máquina que recebia o dinheiro estava quebrada, então, estávamos rodando de graça. Esse tipo de coisa faz a gente pensar bastante em como as coisas são diferentes em casa.

Já de volta ao hotel, reorganizamos nossa programação em função de mudanças locais, juntamos algumas atividades, separamos outras, aumentamos a carga, arrumamos as mochilas, carregamos a câmera, percebemos que não tínhamos faca para cortar nosso queijo, detonamos umas maçãs como sobremesa e preparamos o programa de hoje, que é uma ida ao Studio Tour da Warner. Os segredos do cinema, finalmente revelados. Ainda na lista de programas temos os estúdios da Sony, Paramount e Universal (esse tem um dia inteiro dedicado a ele).

Por fim, quando já não aguentávamos o ambiente agradável do quarto, saímos para a rua novamente, muito mais agasalhados. A tarde vai caindo e as coisas vão ficando REALMENTE geladas. Vimos mais algumas várias lojas de souvenirs mas ainda não compramos nada, e continuamos em direção ao Chinese Theater, pois nosso foco estava exatamente ao seu lado. Madame Tussaud’s Wax Museum. Aí sim a câmera penou. As lentes novas foram de extrema serventia, pois a luz não era exatamente ideal para fotos sem flash.

Algumas das esculturas são realmente perfeitas, outras não tanto, mas nunca deixam de serem divertidas. Tiramos mais de duzentas fotos lá dentro, além de disfarçar nossa língua-mãe quando um bando (literalmente) de brasileiros passou barbarizando tudo. Até assustei – sem querer – uma moça, que achou que eu era uma estátua tirando uma foto.

Vimos Spielberg, Shrek, Jim Carrey, Marlon Brando, James Dean, Paul Neuman, Audrey Hepburn, Penélope Cruz, Julia Roberts, Anthony Hopkins, Pierce Brosnan, Beyoncè, Britney Spears, Michael Jackson, Uma Thurman, Hitchcock, Bruce Willis, Jackie Chan, Jennifer Aniston, Nicole Kidman, Meryl Streep, Morgan Freeman, Jack Nicholson e mais uma porrada de gente. No fim da rodada, estávamos exaustos com tantas celebridades congeladas e a criatividade para as fotos ia decaindo. “Hey Julia, watch the camera!”.

Na volta pro hotel, passamos pela frente do Kodak Theater, onde acontece a cerimônia do Oscar, e tem um exemplar da estatueta todo embrulhado, logo na entrada do hall. Passamos também num mercadinho e compramos INCRÍVEIS facas plásticas de festa, biscoitos recheados e… só. Depois da feira em Beverly Hills, não ficou faltando muita coisa. Finalmente pudemos comer sanduíches no jantar. O pão é bom, o mel é bom, o queijo é bom e, graças às facas, além de bom, é impossível de ser cortado fino. Pedaços da largura de um polegar, no mínimo, senão esfarelam. A fome é tempero pra tudo. Caí no sono enquanto assistia um cara fazendo stand-up na TV…

Day-to-Day

Los Angeles – Day One

March 1, 2010

Não sei se ficou claro o suficiente, mas, estou em Los Angeles, mais precisamente no bairro de West Hollywood. Para chegar até aqui entretanto, percorremos um longo caminho que começa a ser narrado neste exato instante.

Para mim as coisas começaram às 6h30 do dia 27, quando saí da minha confortável residência em direção ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. Pouco depois de minha chegada, o Geja chegou e fomos tomar as providências necessárias para saírmos do país. Foi algo meio “parque de diversões”, com várias atrações emocionantes, e que todas tinham filas acirradíssimas. Logo na primeira parte, atravessamos o aeroporto até o Customs Office (ou “Receita Federal”) para declarar os equipamentos que estávamos levando para fora. Câmera, câmera e… mais uma câmera. Pegamos duas filas aqui, uma para o brinquedo “Pegue e Preencha seu Papel”, outra para a diversão “Entregue seu Papel e Prove Que Transporta Seus Itens”. Saímos de lá e cruzamos o aeroporto todo de volta, rumo a Asa A (Guarulhos estava lotado de gente, e foi quase um “pular carnaval com mala na mão”, tamanha era a multidão).

Por fim, chegamos à Delta Airlines, e entramos numa nova fila, dessa vez para o incrível “Mostre Seu Passaporte, Passagens e Vistos”, seguida da fila de “Despache suas Malas e Responda Perguntas Cretinas”. O sujeito que fez nosso check-in perguntou se iríamos FICAR nos EUA. Eu entendo “FICAR” como algo de caráter permanente. Respondemos que não, ele então perguntou se a gente tava fazendo Bate-Volta, de ir pra um aeroporto fora do país e em seguida retornar para OUTRO aeroporto dentro do Brasil. A gente só não riu de tal disparate porque estávamos um pouco tensos.

Despachadas nossas malas pitorescas (a minha é estilo Forrest Gump, a do Geja tem um espartilho em volta), fomos pra a incrível aventura de “Checar a Passagem no Portão de Embarque”. Aqui pegamos uma fila colossal, cheia de estrangeiros dos mais diversos países. Por fim o carinha passou o leitor de códigos de barras em nossas passagens e entramos na fila do “How Much Metal do You Carry On You?”, onde as pessoas mais rápidas são aquelas que consegue tirar de seus trajes mais agilmente seus pertences metálicos. Para fazer o julgamento dos competidores, são usados portais que apitam quando o cara tá com uma chave no bolso, ou moedas.

Depois, dessa, fila para pegar o certificado de que você venceu todos os desafios até agora. Pegam seu passaporte e olham pra sua cara, por fim, a mulher (ou homem, no meu caso) levanta e grita “Você é um vencedor!”, fogos de artifício explodem, confete cai sobre sua cabeça, as pessoas ao redor cantam e comemoram e por fim ele carimba seu passaporte. Tá, só desconsiderem a parte das festividades.

Depois… fila no portão para o brinquedo mais emocionante: “O Mais Longo Simulador de Vôo da História”. Essa até foi rápida. Passamos por novos “Desafios de Metal”, agora com sensores portáteis, e não fui vencedor logo de primeira por causa dos fones de ouvido balançando no peito. Por fim, vasculharam nossa bagagem de mão à procura de líquidos. Não perdi nada, mas o Geja perdeu o desodorante e nosso creme de barbear. Droga.

Um ônibus nos levou até um Boeing 767. Embarcamos e sentamos fora de nossos lugares após um japonês afirmar categoricamente (em inglês) que o vôo iria vazio – o cara tava certo. Aqui tive uma série de surpresas desagradáveis. Pensem comigo. O vôo decola 23h30, aterrissa 7h30. Quanto tempo tem aí? 8h, não é? Engano seu. Para ir até a Califórnia você viaja CONTRA O TEMPO. Então o Geja me desiludiu dessas 8h de viagem e atualizou a informação: 11h de viagem. Assim que o piloto do avião nos passou as primeiras informações, fui desiludido de novo. Tempo de Vôo Definitivo: 12h46m. Assim que soube disso, me levantei e fui para o fundo da nave à procura de um banheiro, afinal a jornada seria longa. Perguntei para uma aeromoça no meu caminho:

“Oi, tem banheiros nessa direção?” – ela me olhou com uma cara de dúvida profunda e me pediu confirmação da pergunta com um sonoro “What?”. “Oook, here we go”, pensei já me adequando ao novo idioma. “Are there any bathrooms this way?” apontando ao longo do corredor que eu estava descendo. “Oh, yes! Just go ahead!”.

Agora umas coisinhas que escrevi no meio da noite de doze horas. Estavam no caderno, só estou transcrevendo, sem alterações, para cá.

“Acordando depois de 7h de viagem: ‘Aêê, já passou da metade!’. Novas informações, nossa previsão de chegada diminuiu em 2h. Vamos chegar às 5h da manhã.”

“O céu noturno lampeja de estrelas e a Lua cheia vai alta na dianteira da aeronave, iluminando tudo com sua luz branca. As nuvens cobrem quase todo o mundo lá embaixo, dando a sensação de estarmos em outra realidade, mais calma, dominada por enormes tubarões reluzentes que ocasionalmente mergulham até o solo.”

“Raros buracos nas nuvens revelam manchas escuras de superfície. Ainda mais raramente são visíveis lá embaixo as luzes de alguma região habitada.”

O dia nasce cedo na Califórnia. Às 5h30 o Sol já tá bem forte, como vi pelo avião e confirmo enquanto escrevo isso.

Após o pouso, no horário previsto inicialmente (7h30), pegamos filas para entregar um formulário que preenchemos durante a viagem, fila para autorizar de fato a entrada no país, fila para encontrar as malas (que uma pessoa gentil, mas não muito esperta tirou da esteira antes que as víssemos então ficamos lá com cara de tacho um tempão) e fila para sair do Luggage Claim (essa paradinha das malas). Uma vez fora do terminal do LAX, encontramos nosso contato local. A primeira palavra que Juliana nos dirigiu foi “Caralho!”, seguida por animadoras “achei que tinha gasto combustível à toa vindo até aqui!”. Ainda bem que não gastou. Peguei mais uma câmera que estava com ela, entreguei as duas barras de Laka que ela pediu e passamos por um momento negociativo com Sra. Suzi (vulga “Mãe de Ju”) em função do carro, um Ford Explorer 1991.

Fomos até o pier de Redondo Beach, onde vimos diversos tipos de aves, vivas. E pessoas pescando. Fiquei tirando foto de tudo enquanto o Geja e Ju conversavam sobre a existência americana. Passamos um trote para Dona Fátima, ligando do telefone mágico de Juliana, que faz ligações para fixo de graça. Vimos pelicanos! MUITOS! Até uma moradora das redondezas comentou que aquilo era raro. “I’ve never seen so many of them in just one spot, like this!”.

Depois, Starbucks Coffee e Del Amo Fashion Center. Ficamos por lá, rodando e conversando até o horário do carro com Ju estar bem próximo do final. Fomos então para a casa dela, descobrir uma rota segura até nosso hotel, via transporte público de Los Angeles. Conversamos com Suzi sobre a experiência de morar aqui. Vimos Jolie (a gata de Juliana) e achamos o caminho. Aproveitei para pegar uma lente nova para a câmera, que já tinha chegado na casa de Ju.

Nota do Autor: Sinceramente, se vocês estavam achando que até aqui estava sendo aventuresco, vos preparo: “Não viram NADA!”. O que está por vir é simplesmente inimaginável.

Juliana nos levou até o ponto de ônibus e ficou nos fazendo companhia por aproximadamente 40 minutos. Nesse meio tempo, as dúvidas existenciais e outras questões de menor importância afetaram a bexiga do Sr. Getro, que saiu correndo pelo estacionamento do shopping DUAS vezes até o banheiro, rezando para o ônibus não passar. Na primeira vez ele se perdeu e não achou o banheiro. Voltou. Ju explicou o caminho e ele foi novamente. Ao chegar na porta do shopping, uma mulher numa cadeira de rodas tomou um tombo tremendo ao abrir a porta. A voz do juízo apertou a cabeça do nosso aventureiro apertado.

Ele sabia que se ajudasse a moça, perderíamos o ônibus. “Porra, eu não tô com essa pressa toda!”. Ele parou e a ajudou, enquanto NINGUÉM apareceu. A mulher agradeceu e disse que já estava acostumada a cair ali naquele mesmo lugar.

Ao tempo que ele voltou pro ponto, onde eu estava com as malas, Juliana já havia partido e o ônibus já havia passado. O próximo só às 2h10 – dali a uma hora. Ficamos pelo shopping mesmo, enrolando, com nossas malas. Pontualmente às 2h10 o ônibus passou e embarcamos de volta para o LAX (aeroporto internacional de Los Angeles), de onde tomaríamos um shuttle que nos levaria direto pro hotel.

Simples. Só parece. Para chegar até a área dos shuttles teríamos que andar MUITO com nossas malas. Pedimos informações e um rapaz nos recomendou entrar num ônibus verde, que fazia a rota de Culver City. Se eu soubesse que anjos eram reais, garanto que dois deles estavam dentro desse ônibus. Ao entrarmos, perguntamos para a motorista se aquele ônibus nos deixava em West Hollywood. Com isso, causamos grande comoção. Ela perguntou se eu era estudante, para que pagasse só meia passagem e depois a moça começou a nos explicar os passos que deveríamos dar para chegar a nosso destino, que estava FAR, FAR AWAY.

Ela disse para ligarmos para o hotel e perguntar o melhor ponto para chegar lá de ônibus. Perguntou se tínhamos um telefone pra isso e EMPRESTOU O TELEFONE DELA para que fizéssemos a ligação. Falei com o bróder do hotel e descobri o cruzamento de duas grandes avenidas onde deveríamos descer. Ela disse que teríamos que pegar mais dois ônibus até chegar lá. Nesse momento o segundo anjo se manifestou, uma japonezinha que sugeriu uma rota ainda melhor que a da motorista, e as duas foram debatendo um bom tempo até chegarem num acordo de qual seria o melhor caminho a seguirmos.

Por fim, a motorista disse que precisaríamos trocar dinheiro para não perdermos 20 cents num dos transfers, e a japinha disse para descermos no mesmo ponto que ela, pois pegaria o mesmo próximo ônibus que nós deveríamos pegar. Agradecemos profundamente (MUITO, mais do que já agradeci a qualquer um nesse mundo) a motorista, por sua ajuda. Nesse meio tempo, entre ir de um ponto de ônibus a japinha se prestou a passar num Car Wash e trocar um dólar para nós, assim por espontânea vontade, afirmando “It’s just a dollar!”, insistindo para que não pagássemos a ela. O geja entregou a ela seu lucky-dollar (aquela nota de um dólar que muita gente leva na carteira, há muito tempo, acreditando trazer sorte), em retribuição ao favor.

Entramos no ônibus com nossas malas e a moça, que ainda explicou nossa situação para o motorista e pediu para ele nos avisar o ponto em que deveríamos descer, só por segurança. Venice and Fairfax. A japinha desceu não muito depois de embarcarmos e ainda prosseguimos nesse ônibus por um bom tempo. No próximo ponto, descobrimos que não tínhamos mais transfers e dinheiro trocado. Pagamos $5 no lugar de $3, e tomamos esse prejuízo. Mesmo assim, com todas essas viagens e prejuízo, ainda foi muito mais barato do que seria o shuttle ($25 por pessoa).

Depois de umas três horas de jornada após embarcar no primeiro ônibus, perto da casa de Ju, indo de um lado pro outro, chegamos na nossa esquina. Famintos e cansados, percorremos o caminho faltante num piscar de olhos, nem ligando mais para o peso das malas.

Fizemos check-in e pegamos diversos panfletos de atrações hollywoodianas. O quarto era bem maior, mais confortável e agradável que o previsto. Espalhamos as malas, testamos os brinquedos novos, tomamos um banho (alaguei o banheiro todo, além de molhar as roupas que estava usando até então…) e caímos na rua de novo, para jantar. Nossos estômagos reclamavam, e tínham motivo. Logo na primeira esquina, entramos numa pizzaria de mexicanos e detonamos uma Havaiana bastante saborosa. Fomos rodar por Hollywood Boulevard olhando as lojas e tirando fotos. Essas duas aí embaixo, por exemplo, são no Chinese Theater, de frente para o El Capitan (esse letreiro brilhante ao fundo), já com a lente nova de fotos.

Por fim, marcamos algumas lojas para irmos hoje e retornamos ao hotel. Na 7-Eleven fizemos umas compras alimentícias básicas para nosso frigobar, que preenchemos quando entramos no quarto. Dormimos cedo, antes das 23h, mas o dia foi puxado. Aí o sono passou, por volta das 4h30 da manhã e vim aqui pro PC escrever a primeira narrativa – agora que estou terminando já são 6h da manhã e o dia é claro lá fora. Voltarei para meu cochilo, até umas 9h, se me permitem. Mais novidades em breve, provavelmente durante a minha noite e a madrugada de vocês.