Nosso quarto dia foi exclusivo para uma única atração que se desdobrava em várias. Fomos à Universal City. Chegamos cedo e saímos tarde, vimos diversas apresentações e comemos uma legítima refeição norte-americana, constituída de um imenso cheeseburger e batatas fritas.
Como dessa vez fomos de metrô, não dava para descer no ponto errado, então nossa complicação se deu ANTES de começarmos a viagem. Por pouco a estação de embarque não passou despercebida por nossa visão. Uma vez lá dentro, apanhamos da maquininha de venda de tickets e compramos mais tickets do que o necessário. Os tickets aqui tem uma validade curta, de apenas algumas horas, então nossa manobra de comprar logo de cara as passagens de ida e volta foi pro espaço e perdemos dois dólares. Todo o teto da Hollywood/Vine é decorado com rolos vazios de filme, uma coisa absurda de se ver.
O complexo Universal é tão grande que a própria estação do metrô se chama Universal City. De lá pegamos um shuttle que nos levou direto até a City Walk, onde pessoas dispersas (nós) tiravam fotos antes de entrar no parque. A maioria das lojas estava fechada, então planejamos voltar aqui na saída. Entramos na fila, pagamos vinte dólares a mais que o planejado – porque esquecemos o papel do desconto no hotel – e finalmente entramos no parque com nossos Front Of Line Passes, que nos dava acesso privilegiado a todas as atrações e alguns backstage presentations que serão mencionados mais adiante.
Olhando nossa folhinha com os horários dos shows e o mapa da
área, descemos para o Lower Lot usando umas dez escadas rolantes imensas, e sentamos para esperar a abertura de uma apresentação sobre efeitos especiais. Dividida em três fases, a primeira mostrava um pouco do funcionamento de efeitos digitais: chromakey, combinação de backgrounds usando pessoas de verdade e uma miniatura, CGI (Computer Generated Imagery) e efeitos mais antigos como os moving backdrops. Na segunda etapa, efeitos especiais mesmo, captura de movimentos com sensores, sangue falso (corn syrup and food colouring) e membros de plástico bastante convincentes. Por fim, no terceiro momento a surpresa, quando o Geja foi escolhido, junto com outras pessoas, para participar da apresentação dublando o King Kong, ilustrando efeitos sonoros de foley, coisas simples que tornam tudo mais real quando combinados com a imagem.
De tão nervoso (ou distraído) que o cara ficou, ele perdeu o momento do grito e acabou numa saleta, isolado das outras pessoas, onde foi devorado por um lobisomem. Uma pena. Olhem a última imagem que consegui fazer dele…
Saindo desse show, entramos direto em outro logo ao lado, chamado Backdraft, onde vimos coisas bem interessantes sobre o making of do filme de mesmo nome (Mar de Chamas, em português) e uma montagem real com efeitos de fogo e explosões disparando direto nas nossas caras. No fim das contas, acho que isso colaborou com nosso visual bronzeado que estamos adquirindo.
Subimos de volta as milhares de escadas rolantes para ver o que tínhamos originalmente planejado: Studio Tour! Diferentemente da Warner, aqui a tour é mais voltada para multidões e diversão geral, deixando o aspecto cinéfilo um pouco de lado. Entretanto, ainda assim vimos belas imagens, sobrevivemos a uma tempestade cenográfica, uma enchente relâmpago e um terremoto de 8.2 na escala Richter – dentro de um metrô.
Percorremos parte de Jurassic Park, o porto de Tubarão, o Beco Japonês, onde vimos carros alemães dançando musica espanhola e ilustrando a operação de grandes braços – arm pods – que movem os veículos de acordo com a necessidade da cena. No set em miniatura, utilizado nas cenas do barco em King Kong, a muralha de pedra e o navio dividem um pequeno lago com vários patos. Como narrou nosso guia, a ilusão é filmar os pequenos objetos enquanto a câmera se desloca numa velocidade bem reduzida, dando a impressão de que eles são imensos. O que pode arruinar sua tomada é a eventual passagem de um pato!
Passamos pela casa de Psicose, o Motel Bates, no qual o Mr. Bates carregava para seu carro um corpo ensanguentado e por fim chegamos a Wisteria Lane, onde atualmente é rodada a série Desperate Housewives. Além disso, cada uma das casas já foi utilizada em diversos outros filmes (eram tantos, pra cada casa, que no fim das contas não consegui armazenar o nome de nenhum). O set de Guerra dos Mundos, onde há um avião real destruído, foi um dos mais caros de ser construídos, aparecendo por pouquíssimo tempo na tela do filme, mas ainda assim gerando extremo impacto.
Vimos rapidamente sets de De Volta Para o Futuro, Era Uma Vez no México, enormes soundstages (dessa vez só vimos o lado de fora), a grande cidade cenográfica da Universal e o maior backdrop do mundo, usado como oceano em muitos filmes e na clássica seqüência de O Show de Truman onde o personagem de Jim Carrey usa uma porta localizada na parede de sua “bolha de isolamento”. Na saída do tour, confirmamos o que Andy nos disse na Warner, de que as principais marcas do estúdio eram visíveis pelos chefões da concorrência. São perfeitamente visíveis ao longe, a partir dos estúdios da Universal, a torre de água e a grande logomarca da Warner situada na parede oeste do Soundstage 16.
Em seguida, vimos uma apresentação sobre o uso de animais em cena, o treinamento dos bichos, truques e outras coisitas mais. Eu e o Geja temos opiniões totalmente divergentes nesse ponto, eu ODEIO filme de bicho e ele ADORA filme de bicho. Independente disso, apareceram gatos e cachorros altamente treinados, assim como galinhas, araras, porcos, javalis, pombos, macacos e uma águia chamada Lila.
Para fazer aquelas cenas de pássaros voando, os caras usam um ventilador superpoderoso, um fundo verde, e um pássaro, que voa contra a corrente, basicamente sem sair do lugar – e com cara de felicidade, de peito aberto, sério mesmo. Uma arara ilustrou essa cena incrível.
Por fim, nos dirigimos à nossa última programação, Terminator 2: 3D. Show que combina atores de verdade, filmagens com os atores do filme (Arnold e sua trupe) e imagens tridimensionais. A sincronia é perfeita, assim como a interação entre a realidade e as imagens na tela. De acordo com o Geja, esse brinquedo foi construído em meados de 1996, e vai demorar muito até se aposentar. Novamente, nossos Front Of Line Passes nos deram privilégios e ficamos lá pelo saguão, batendo papo com os atores – dessa forma a gente descobre, fazendo um cálculo muitíssimo estranho, que Schwarzenegger recebeu em torno de 21 mil dólares para cada palavra dita no filme real, Terminator 2, e que a célebre “Hasta la vista, baby!” por conseqüência, vale aproximadamente 85 mil dólares! Tiramos uma foto com os atores da apresentação, mas tá na câmera do Geja e vai dar muito trabalho de pegar pra cá.
Na saída da apresentação, nos deparamos com uma enorme motocicleta e não resistimos a fazer algumas fotos. Acho que já posso começar a planejar meu próprio filme no estilo, estrelando a mim mesmo como ator principal. A ausência de expressões no papel facilitam minha performance!
Por fim, almoçamos aquele cheeseburger que mencionei no começo e tomamos nosso rumo de casa. Dessa vez conseguimos pegar o trem errado e fomos parar em North Hollywood, o que acabou prolongando nossa jornada um pouco mais. Descemos em Hollywood/Highland e caminhamos o que faltava para o hotel, passando mais uma vez pela 7-Eleven, onde o sujeito do caixa já está se tornando nosso amiguinho. “Best Inn Hollywood? So we’re almost neighbours!”
Câmbio, desligo.
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